Fetraf e Greenpeace criticam ato com megaestrutura para defender alterações de Aldo Rebelo ao Código Florestal
Vinicius Mansur
de Brasília (DF) para o Brasil de Fato
Milhares
de produtores rurais e uma megaestrutura estavam em Brasília, nesta
terça-feira (5), para um ato que pediu a aprovação do novo Código
Florestal. O custo do evento, de acordo com seus organizadores, a
Confederação Nacional da Agricultura Pecuária (CNA) e instituições
ligadas ao lobby ruralista, foi de R$ 2 milhões.
O
cenário montado serviu de palco para o discurso parlamentares
ruralistas: o novo código é uma urgência para todos os produtores rurais
do país. Uma farsa, de acordo com o coordenador da Federação Nacional
dos Trabalhadores e Trabalhadoras na Agricultura Familiar (Fetraf),
Francisco Lucena:
“Os ruralistas querem ludibriar
a cabeça de milhares de agricultores familiares com a ilusão de que
essa proposta vai elevar a renda e a produção. É uma forma de esconder o
interesse da bancada ruralista e dos grandes produtores”.
Lucena
explica que uma das ofertas dos ruralistas é dispensar da Reserva Legal
as propriedades com até 4 módulos fiscais. Isso é, desobrigar estas
propriedades de reservar 20% da área para preservação do ambiente
natural da região. A questão é que, enquanto o módulo fiscal mede 5
hectares no Distrito Federal, por exemplo, na Amazônia Legal ele mede
100. “Ou seja, representará uma brutal ampliação da degradação. O que
eles querem é ampliar a fronteira agrícola do agronegócio,
justificando-se pelos pequenos. Dizem ampliar espaço para produção, mas
essa propostas, e muitas outras que vem no pacote, na verdade, podem
acabar rápido com nossos recursos naturais.”, diz Lucena.
Para
Rafael Cruz, da ONG Greenpeace, os pequenos agricultores serão os
maiores prejudicados caso o novo Código Florestal seja aprovado:
“Um
estudo da Embrapa concluiu que o Nordeste está ficando impraticável
para o plantio de milho, produto básico da dieta do nordestino, por
causa da desertificação. Acentuada pelo aquecimento global. E no Brasil a
derrubada e queima de florestas é responsável por 61% de todas as
emissões dos gases de efeito estufa. No médio e longo prazo o
aquecimento vai impactar ainda mais a produção e quem está mais
preparado para receber esse tipo de perda é o agronegócio, que tem mais
financiamento, maquinaria agrícola, etc. O pequeno não aguenta perda de
safras sucessivas.”
Para Cruz, a proposta de novo
Código Florestal beneficia, sobretudo, aos parlamentares ruralistas,
“que montaram um grande palanque próprio, como o desta terça-feira, com
muito dinheiro”.
De acordo com informações do
Tribunal Superior Eleitoral (TSE), dos 18 deputados federais que
integraram a comissão especial do Código Florestal, em julho de 2010, 13
receberam juntos aproximadamente R$ 6,5 milhões doados por empresas do
setor do agronegócio, pecuária e até do ramo de papel e celulose durante
campanha à reeleição. À época da análise do projeto por esta comissão, o
novo Código foi aprovado por 13 votos a 5.
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