Selvino Heck* no ADITAL
O
Presidente Pepe Mujica, do Uruguai, fez um discurso que comoveu e empolgou
todas e todos que estavam no encerramento da Cúpula Social do Mercosul, como
eu, a delegação da Secretaria Geral da Presidência da República e de movimentos
sociais brasileiros, dia 28 de junho, em Assunção, Paraguai:
"Ocupamos uma parte importante de
nossa vida para trabalhar pelos outros para um mundo melhor. A vida é
maravilhosa, quase um milagre. E a vida vale a pena quando é vivida com gana.
Apesar de todas as dores, muitas graças à vida. Mas para que a vida seja bela,
precisa dar-lhe um conteúdo.Vocês, companheiros da militância social, estão
lutando por uma causa que necessita vocês fazerem algo, para não serem uma onda
ao vento.
Temos
duas mãos. Uma mão para lutar por salário e emprego, para mover a matéria, para
mudar as condições materiais do mundo. Mas temos a outra, para dar algo aos
demais. Sempre, por mais difícil que seja,vocês poderão dar algo aos demais.
Temos
que nos juntar para ter algo neste mundo, para ter presença internacional.
Temos que nos juntar, juntar, juntar. Juntar nossas debilidades para ter força.
Não é simples, porque a herança cultural nos tem imobilizado. Uma pátria tem
que estar junto da outra.Tendemos a permanecer atomizados e diluídos, porque
não vemos as ataduras que temos, não nos damos conta.
Por
isso, companheiros, esta luta não tem fim na nossa geração. Nós herdamos a
herança de outros que romperam a alma pra chegar aqui. Senão teríamos ainda
gente escrava. Isso tudo não serve para nada se não aparece o humano.
Necessitamos precisamente de um grande grau de tolerância para construir esse
coletivo forte.
A
humanidade progrediu porque teve gente que lutou, lutou, lutou e lutou. Não só
para que os reconheçam, mas para dar um conteúdo à vida. Nós temos que fazer a
nossa parte, para que os que venham depois possam ser convocados à vida. Para
que se tenha um mundo um pouco melhor que o nosso. Muito obrigado,
companheiros.”
A
Cúpula Social do Mercosul aconteceu paralelamente à Cúpula dos Presidentes.
Teve dezenas de mesas e trabalho sobre comunicação social, educação popular,
tecnologia social, cultura, soberania alimentar, economia solidária, terra e
reforma agrária, saúde, juventude, gênero e diversidade, povos originários,
migração e tráfico de pessoas, mudanças climáticas, esportes.
O
documento sobre educação popular, de cuja Mesa de Trabalho participei, com o
tema central formação de professores, diz: "Décadas de luta dos setores
comprometidos com a superação da situação - influência dos países centrais,
dependência científica e tecnológica, limitação das liberdades e derrubada dos
governos democráticos – e com a construção de uma sociedade mais justa, solidária,
democrática nos situam hoje em um momento histórico propício para que as
reivindicações, bandeiras e experiências dos setores populares e sociais se
encontrem com os projetos políticos dos governos de nossa região.
Ninguém
pode negar que a transformação do destino de nossas nações assenta-se na
unidade e na mudança cultural. Pode-se pensar, sem dramatizar o futuro, que a
‘exclusão social’ constitui o eixo que se deve abordar com urgência para
construir instâncias genuínas de organização, educação, trabalho, justiça
social e esperanças compartilhadas.
Neste Espaço Social do Mercosul,
destacamos que a Educação, seja a formal, seja a popular, é uma ferramenta
possível para instalar, durante os próximos 30 anos, os desafios da modificação
cultural necessária que assegure e afirme a vontade ideológica e política que
imaginaram os homens e mulheres sábios de nossa América do Sul.
O
educador, a educadora são atores específicos que colaboram para promover
espaços coletivos de diálogo na sociedade e oferecem as ferramentas chaves para
compreender porque as coisas são assim e instalar as competências necessárias e
a esperança para modificar os sistemas injustos, a partir da pluralidade das
organizações do povo.
É
necessário um debate profundo da sociedade latino-americana para articular
estratégias no interior do MERCOSUL e da UNASUL sobre a educação que
necessitamos. As ferramentas a utilizar são numerosas, outras a construir,
porém não deixemos que voltem a interromper o caminho que iniciamos.
Necessita-se o compromisso de TODAS e TODOS para assegurar uma mudança
substancial e democrática para a felicidade de nossos povos.”
O
presidente Lugo do Paraguai, o presidente Rafael Correa do Equador, o
presidente Pepe Mujica do Uruguai, a presidenta Dilma do Brasil reafirmaram a
unidade sul-americana num momento especial de mudanças, de desenvolvimento
sustentável, de participação social, de democracia e de protagonismo no mundo.
Como
disse Maria Eugênia Insaurralde, Coordenadora Geral do Centro de Estudos e
Educação Popular de Assunção, Paraguai, na Mesa de Trabalho sobre educação
popular: "Este é um momento histórico na nossa América Latina. Estamos
construindo algo novo e diferente. Tenho 33 anos e me sinto parte desta
caminhada de lutadoras e lutadores do povo ao longo do tempo.”
Nenhum comentário:
Postar um comentário