CCS
Centro de Colaborações Solidárias
Adital
Por Ana Muñoz Álvarez
ccs@solidarios.org.es
Twitter: @CCS_Solidarios y @anaismunoz
Tradução: ADITAL
ccs@solidarios.org.es
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Tradução: ADITAL
Mais de
400.000 famílias vivem graças à pensão dos avós. 22% da população estão em
risco de pobreza e, segundo a ONU, a pobreza infantil atinge 26% das crianças. Não
estamos falando de um longínquo país asiático ou da pobreza na África. São
cifras da Espanha, até agora a quarta economia da zona do Euro.
A crise
alterou a agenda e o calendário de muitas famílias. Pessoas que até agora
viviam bem, tinham trabalho, casa, seus filhos, sua hipoteca... e que, hoje,
têm que buscar ajuda junto a organizações como a Cáritas ou a Cruz Vermelha,
para poder dar de comer a seus filhos. Um milhão e setecentas mil famílias espanholas estão
com 100% de seus membros em situação de desemprego, e seiscentas mil famílias
não dispõem de nenhuma fonte de renda. As organizações da sociedade civil
espanhola já vinham alertando sobre a situação que poderia atingir a Espanha.
"A crise trouxe à tona as coisas que estavam aí, mas parece que não eram
vistas: desigualdades, injustiças...”, explicam membros da Cáritas. Relatórios
de antes de 2008, quando a crise estava no começo, falavam que a Espanha não
estava reduzindo os índices de pobreza. E essa era época de bonança! Hoje,
colhemos o que foi plantado. Se crescia, havia trabalho...; porém, eram
empregos precários e de baixa qualificação.
A infância e
a terceira idade são os grupos mais vulneráveis em qualquer crise; e também no
caso espanhol isso se repete. Segundo a Unicef, mais de dois milhões de
crianças vivem em famílias cujo salário não chega ao fim do mês; recortaram sua
lista de compras; não podem arcar com os gastos da lista de material escola.
Porém, o pior, segundo os especialistas, ainda está por vir; e explicam que a
pobreza infantil ainda pode crescer mais. Há uns dois anos, o perfil de pobreza
infantil era o de uma crianças de classe baixa, de famílias desestruturadas ou
unifamiliares. Atualmente, isso mudou. São crianças de classe média, que viviam
bem, tinham de tudo...; porém, seus pais perderam o trabalho e enfrentam uma
realidade difícil.
Na Cáritas
explicam que muitas crianças que sofrem fracasso escolar passam por isso como
um reflexo do fracasso social e familiar em que vivem. No entanto, a partir das
organizações ressalta-se que não se trata de um fracasso do indivíduo, mas de
um fracasso coletivo, do conjunto da sociedade, que não soube criar as redes
suficientes para que as famílias não caiam no vazio.
Para muitas
famílias, as pensões dos avós são a única entrada que recebem. Os avós voltam a
exercer o papel de pais de família; os pais, o de filhos mais velhos; e os
netos passam a ser filhos caçulas. Para os avós, essa é a quarta crise grave
que viveram em democracia. São pessoas que trabalharam durante toda a sua vida
e, hoje, voltam a ser o suporte da família; pagam as hipotecas dos filhos;
ajudam a pagar o carrinho de compras...
A Cruz
Vermelha alerta que 23% das famílias não podem comer nenhum tipo de proteína na
semana; nem frango e nem embutidos. Muitas famílias não podem ligar a
calefação, nem usar água aquecida.
O rosto da
pobreza mudou nos últimos anos. Hoje, finalmente, percebemos que qualquer um de
nós pode estar sujeito a fazer fila para receber alimentos da "caridade”. O
egoísmo, a avareza, o individualismo, um capitalismo levado ao extremo... nos
trouxe uma sociedade onde as desigualdades crescem. Estamos colhendo o que vou
plantado. Porém, ainda podemos mudar as coisas. Vamos nos unir para que a voz
do povo seja escutada, porque queremos outra Europa, outra sociedade, outra
maneira de fazer política e de viver. E hoje, mais do que nunca, porque é necessário.
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