Processos e impactos da (agro)pecuária
1. Evolução da
produção/consumo de animais não-humanos
sencientes
.
Nos últimos dois séculos, sobretudo a partir da segunda metade do século XX, a relação dos animais não-humanos sencientes [1] com a espécie humana modificou-se consideravelmente, em particular, nos países mais desenvolvidos.
Com efeito, a industrialização modificou os dez mil anos de agricultura de base da civilização humana. Das primeiras máquinas debulhadoras de 1830 aos tractores modernos do pós-guerra, dos antibióticos aos modelos de negócios corporativos, a industrialização tem vindo a dominar as mentalidades e práticas da agricultura e da pecuária. A optimização tecnológica e as modificações económicas, políticas e socioculturais têm influenciado definitivamente o sector da pecuária.
Os/As criadores/as de gado do mundo ocidental adoptaram critérios de produção fundados num mercado livre, competitivo e em crescendo, sendo que o paradigma de criação de gado baseado num modelo de subsistência local se transformou num tipo de distribuição muito intensa e mais vasta em termos territoriais. O novo paradigma consiste na criação industrial de animais não-humanos sencientes ou " factory farming ", permitindo que, por exemplo, "carne de vaca" [2] da Argentina chegue ao distrito da Guarda, ou que "carne de porco" portuguesa chegue ao Brasil.
Hoje, vivemos sem a presença física de animais não-humanos sencientes; contudo, a sua produção mundial para abate aumentou substancialmente desde 1961 (71 milhões de toneladas), chegando, em 2007, às 275 milhões de toneladas. Peritas/os prevêem que, em 2050, a produção para abate duplicará, superando as 465 milhões de toneladas. [3]
Em seis mil milhões de pessoas, apenas dois mil milhões vivem primariamente de uma dieta à base de cadáveres de animais não-humanos, enquanto quatro mil milhões vivem de uma dieta essencialmente à base de produtos de origem vegetal. [4]
Portugal, um país económica e culturalmente globalizado, tende a revelar os mesmos padrões de produção e de consumo que os países mais desenvolvidos.
O Instituto Nacional de Estatística (INE) confirma esta tendência: as/os consumidoras/es portuguesas/es tendem a enveredar por uma dieta com índices excessivos em proteínas de origem animal, em detrimento dos frutos, legumes e leguminosas secas : de 2005 a 2010, "carne", "peixe" e ovos, óleos e gorduras registam um consumo excedentário em 11% para além "do recomendado" . Em relação ao grupo dos "hortícolas", a população portuguesa apresenta um consumo deficitário em 10%. Ao longo dos cinco anos em análise, o consumo de "carne" aumentou cerca de 7%, a uma taxa média anual de 1,1%. De acordo com o INE, esta tendência começou a verificar-se a partir de 1990. [5]
2. Corolários da produção/consumo de animais não-humanos sencientes
Desde 1950, a produção e consumo de animais não-humanos sencientes aumentou substancialmente nos países mais desenvolvidos. Todavia, a fabricação destes sujeitos com vista ao abate traduz-se em corolários drásticos a níveis vários, a saber:
–Malefícios na Saúde Pública
O consumo de animais não-humanos sencientes provoca obesidade, doenças cardiovasculares, diabetes e cancros (com maior incidência no cólon e próstata), que são, de resto, as principais causas de morte nos países ricos.
No panorama nacional, o INE certifica que a "disponibilidade para o consumo de gorduras saturadas excede as recomendações internacionais e é um dos principais factores de risco para o desenvolvimento das doenças cardiovasculares". [6]
Estudos referenciados internacionalmente têm relacionado o consumo da "carne vermelha" ou de "carnes processadas" com o aumento de riscos de várias doenças: o World Cancer Research aponta a "carne vermelha" como um dos factores de risco de cancro (acima dos 20%) do pulmão e do colo-rectal.
De acordo com estudos no Nutrition, Metabilism and Cardiovascular Diseases, ao consumo de "carnes vermelhas" está associado o aumento em 24% de doenças cardiovasculares, em particular ataques cardíacos.
No jornal Diabetologia, [7] cientistas da Universidade de Oslo concluem que o elevado consumo de "carne vermelha" ou de "carne processada" aumenta o risco de desenvolver diabetes tipo 2 em 40%. [8] Antibióticos provenientes de rações químicas, vacinas, pesticidas, drogas alopáticas variadas, carapaticidas, toxinas como o escatol, histamina, putrescina, cadaverina, notrosaminas, nitritos e nitratos, químicos como o formol, adrenalina, adrenocomo e adrenolutina, benzopireno, sagihate (verme intestinal perigoso); bactérias e vírus diversos; brucelose, tuberculose bovina; substâncias linfocitárias alergenos, antigenos, benzoqureno, e as hormonas sintéticas (dietiletilobestrol e sulfato de sódio) são administrados a animais não-humanos sencientes para múltiplas funções, a saber: prevenção de doenças, aumento da produção do leite; crescimento galopante, etc. E constam no conjunto de químicos nocivos assimilados pelo organismo humano aquando da ingestão de animais não-humanos sencientes ou de lacticínios. [9]
–Distribuição não equitativa de recursos: má nutrição e crises alimentares
De acordo com a Organização Mundial de Saúde (OMS) cerca de 3 mil milhões de pessoas apresentam má nutrição. Inúmeros estudos apontam que a produção intensiva de animais não-humanos sencientes constitui uma das causas para este facto, pois o ' factory farming ' encerra graves problemas de insustentabilidade atinentes ao uso de recursos naturais (e.g. água, solo e energia).
A produção de grão e cereais tem sido um pilar fundamental no sustento humano. Porém, a distribuição destes alimentos é desigual na rede económica global das sociedades contemporâneas: não atende às necessidades das populações mundiais, apenas às dos países desenvolvidos. Quem tem acesso à produção de animais não-humanos sencientes são os países mais ricos e as elites dos países mais pobres.
Cerca de 70% da produção mundial de grão e cereais é utilizada para a produção de "carne". A produção de proteína animal é demasiado exigente ao nível de recursos. Em termos concretos, uma dieta à base "carne" exige sete vezes mais solo que uma dieta à base de vegetais [10] ; produzir 1kg de carne requer cerca de 13kg de grão e 30kg de feno e 100.000L de água [11] . Em comparação, 900L de água são necessários para produzir 1kg de milho e são necessários 3,000L de água para produzir 1kg de arroz [12] . Na produção de 1kg soja, são necessários 2000L de água e 500L para produzir 1kg de batatas. Em grosso modo, usando os registos dos Estados Unidos, os animais não-humanos sencientes criados para abate consomem sete vezes mais grão/cereais que a população norte-americana. [13]
Assim, se a produção de animais não-humanos sencientes para abate fosse reduzida a cerca de 70%, o alimento básico produzido actualmente seria suficiente para colmatar as necessidades das populações mundiais, integralmente.
– Degradação ambiental
Em consonância com o relatório da ONU "Livestock´s Long Shadow – Environmental Issues and Options (2006), a indústria da pecuária constitui-se como um dos maiores responsáveis da degradação ambiental, nomeadamente pela poluição da água, degradação dos solos e perda de biodiversidade. [14]
O documento mostra que o "sector da agropecuária imerge como um dos dois ou três maiores contribuidores de problemas ambientais sérios, às escalas local e global". [15] O sector da agropecuária é responsável pela emissão de 18% de emissões de gazes poluentes, taxa ainda mais elevada que o sector dos transportes. [16]
A produção de proteína animal requer oito vezes mais energias fósseis do que a da proteína de origem vegetal. De acordo com Daniele Fanelli, a produção de 1kg de "carne" equivale à distância percorrida por um automóvel de 250 km, e queima energia o suficiente para acender uma lâmpada de 100W durante quase vinte dias [17] .
Os animais não-humanos sencientes, confinados em produções intensivas, geram uma quantidade de excrementos três vezes superior àquela que é gerada por humanas/os. Os resultados práticos são devastadores. A Ribeira dos Milagres, no conselho de Leiria, trata-se de um dos casos paradigmáticos em Portugal: apresenta frequentemente " espuma abundante" e "cheiro característico das suiniculturas" em virtude do excesso de produção de suínos, cujos dejectos são lançados para as águas, dizimando peixes e afectando as populações circundantes. [18]
–Pecuária como estímulo-resposta ao capitalismo
A pecuária promove/absorve/vivifica condutas apanágio do sistema capitalista, nomeadamente a violações dos direitos humanos (e.g. exploração da mão-de-obra, condições de trabalho insalubres, etc.) e a extinção de culturas e de negócios de subsistência local decorrentes do fluxo mercantil mundial de animais não-humanos sencientes abatidos e da proliferação de corporações (e.g. McDonalds, Burger king, Kentucky Fried Chicken , etc).
Portugal não é caso excepcional e é também palco para que estas grandes corporações possam expandir-se. Em 2008, a Burger King gerou 12 milhões de euros, uma subida de 34,9%, ao passo que a KFC conseguiu seis milhões (+2%). [19] A maior cadeia de restaurantes de fast-food do mundo – McDonalds – divulgou um aumento dos lucros da empresa em 10% no terceiro trimestre de 2010, tendo lucrado 1,39 mil milhões de dólares. [20] Em contraste, a Associação de Hotelaria, Restauração e Similares de Portugal (AHRESP) indica uma "quebra média do volume de negócios do sector entre 30 e 35%, no terceiro trimestre", em 2008 [21] .
–Violação dos direitos dos animais não-humanos sencientes
De acordo com a Compassion in World Farming Trust (2006), a senciência consiste na capacidade de sentir (e.g. dor, prazer, fome, sede, calor, frio, etc.) e na atribuição de emoções às sensações. O animal não-humano senciente é capaz de interpretar informação, compreender o contexto em que se insere, estabelecer relações com os seus pares, analisar perigos, solucionar problemas. A senciência não significa necessariamente a posse de capacidades complexas de entendimento, aprendizagem e/ou intelectualidade, embora também as possa incluir. [22]
O reconhecimento dos direitos dos animais não-humanos depende de construções ideológicas e assumpções socioculturais. É, nesta medida, que se justifica a chacina de uns e não de outros numa determinada região.
No Ocidente, por exemplo, há uma maior preocupação social em proteger cães e gatos, já que estes são pensados como "animais de companhia" [23] Por outro lado, a vaca, porco, galinha ou ovelha são consideradas/os "animais comestíveis" ou 'food animals'. São ignoradas/os, coisificadas/os, fragmentadas/os e consumidas/os em forma de "bife", "chouriço", etc. Tornam-se referenciais ausentes na/pela tecnologia, linguagem e representação cultural com vista a omitir os meandros atrozes da produção industrial de animais não-humanos sencientes. [24] Porém, antes ainda da sua objectificação, fragmentação e consumo, estes seres sencientes são expostos às mais ignóbeis formas de opressão, exploração e violência durante os processos industriais.
Com efeito, os animais não-humanos sencientes fabricados sofrem com a privação de liberdades, vontades, acções e movimentos. Milhões vivem fechados, acorrentados e circunscritos a espaços exíguos, insalubres e, muitas vezes, sem luz solar ou artificial. É frequente o desenvolvimento de infecções e/ou doenças, auto-mutilação, etc) [25] . Por exemplo, cerca de 850 milhões de galinhas estão enclausuradas no Reino Unido. Cada aviário contém 30-40 mil galinhas, as quais jamais vêem luz. Anualmente, 2,5 milhões galinhas são mortas para serem convertidas em "carne" [26] .
Os comportamentos naturais são mecanicamente regulados (e.g. procriação, aleitamento, etc.) e o tipo, frequência e modo de alimentação são definidos apenas com vista à maximização dos lucros das empresas pecuárias. [27] Mutilam-nos (e.g. castração, corte de cauda, debicar, descornar, etc.) sem uso de lenificantes ou anestesiantes; são-lhes injectados hormonas e antibióticos para acelerar o crescimento [28] ; são vítimas de abusos sexuais. [29]
As fêmeas tendem a desenvolver problemas de saúde graves, pois são obrigadas a procriar reiteradamente de forma a maximizar a produção máxima [30] . As vacas, por exemplo, sofrem de claudicação crónica, inflamações mamárias/infecções nos úberes. São forçadas a engravidar; é-lhes sorvido o leite para o consumo humano, ininterruptamente. Os bezerros machos, considerados inúteis na indústria de lacticínios, são geralmente mortos. [31] .
Os animais não-humanos sencientes fabricados são ainda impedidos de criar e participar em actividades lúdicas específicas da sua espécie, são-lhes quebradas as relações de parentesco desde a tenra idade, estabelecem relações sociais muito limitadas, não conseguem comunicar idoneamente com membros do seu grupo ou família. [32]
O transporte dos 'food animals' provoca-lhes frequentemente dor e doenças na medida em que são deslocados em grande número, carregados, descarregados e mantidos em espaços pequenos, sob o uso de violência [33] .
Na actualidade, inúmeros países reconhecem os direitos dos animais não-humanos sencientes e incluem-nos nos seus sistemas legais. Por exemplo, a Directiva da União Europeia de 1993 exige a imunização dos 'food animals' a qualquer "dor ou sofrimento evitáveis" durante a matança, impondo condições de criação destes indivíduos. No entanto, as práticas pecuárias (intensivas) são avessas a tais premissas [34] . Causam, ao invés, sofrimento físico e psicológico, provocando medo, angústia, stress, ansiedade e frustração, bem como debilitação física e/ou a morte. [35]
3. No alcance do veganismo: uma visão sustentável, consciente e não-especista
Em anuência com a Vegan Society (2006) [36] , o veganismo consiste numa posição ideológica que recusa a opressão/exploração de animais não-humanos, em absoluto.
Boicota a pecuária; erradica da dieta alimentar "carnes", gelatina, lacticínios, ovos, mel e quaisquer produtos de origem animal; opõe-se ao carnismo [37] ; veta a indústria de peles; exclui vestuário, medicamentos, cosmética, contraceptivos, ornamentação e produtos de higiene e limpeza que contenham substâncias de origem animal; repudia o uso de animais não-humanos no campo científico, em circos, touradas, rodeios, vaquejadas, jardins zoológicos, equitação, caça e pesca desportivas, etc. Nessa medida, as/os veganas/os visam promover a criação, desenvolvimento e uso de produtos de origem não-animal com vista a proteger os direitos dos sujeitos humanos e não-humanos (sencientes), bem como preservar o meio ambiente. [38]
Em sentido lato, o veganismo opõe-se ao especismo (ie. ideologia que pressupõe a superioridade da espécie humana sobre as restantes), assim como o vegetarianismo (ie. dieta alimentar à base de grãos, sementes, vegetais, cereais e frutas, com ou sem o uso de lacticínios e ovo) [39] antagoniza com o carnismo (ie. ideologia que induz as pessoas a comer (certos) animais, sob a premissa de que a "carne" é imprescindível ao organismo humano) [40] .
De acordo com a ideologia vegana, os animais não-humanos detêm autonomia própria e liberdades invioláveis; não existem para alimentar, vestir e entreter os animais humanos . O animal não-humano não é propriedade, herança ou objecto; é tão-só dono de si mesmo. Objectificá-lo e/ou comê-lo é promover o especismo, ou seja, uma ideologia discriminatória como o sexismo, racismo, transfobia, lesbofobia, xenofobia, homofobia ou islamofobia [41] .
As práticas veganas são, em suma, um caminho eficiente para reverter os corolários nocivos da pecuária, nomeadamente reduzir a violência exercida em animais não-humanos, proteger o meio ambiente, travar fomes e crises alimentares, melhorar a saúde pública. Para a ecofeminista Carol J. Adams [42] , é necessário um rompimento com a história dominante. Impõe-se um corte com a história hegemónica, discriminatória e especista – acrescentamos nós – no sentido da edificação de sociedades veganas, mais sustentáveis e conscientes. É também, este, um dos caminhos de luta: a veganização [43] . Tomemos parte.
Notas
Nos últimos dois séculos, sobretudo a partir da segunda metade do século XX, a relação dos animais não-humanos sencientes [1] com a espécie humana modificou-se consideravelmente, em particular, nos países mais desenvolvidos.
Com efeito, a industrialização modificou os dez mil anos de agricultura de base da civilização humana. Das primeiras máquinas debulhadoras de 1830 aos tractores modernos do pós-guerra, dos antibióticos aos modelos de negócios corporativos, a industrialização tem vindo a dominar as mentalidades e práticas da agricultura e da pecuária. A optimização tecnológica e as modificações económicas, políticas e socioculturais têm influenciado definitivamente o sector da pecuária.
Os/As criadores/as de gado do mundo ocidental adoptaram critérios de produção fundados num mercado livre, competitivo e em crescendo, sendo que o paradigma de criação de gado baseado num modelo de subsistência local se transformou num tipo de distribuição muito intensa e mais vasta em termos territoriais. O novo paradigma consiste na criação industrial de animais não-humanos sencientes ou " factory farming ", permitindo que, por exemplo, "carne de vaca" [2] da Argentina chegue ao distrito da Guarda, ou que "carne de porco" portuguesa chegue ao Brasil.
Hoje, vivemos sem a presença física de animais não-humanos sencientes; contudo, a sua produção mundial para abate aumentou substancialmente desde 1961 (71 milhões de toneladas), chegando, em 2007, às 275 milhões de toneladas. Peritas/os prevêem que, em 2050, a produção para abate duplicará, superando as 465 milhões de toneladas. [3]
Em seis mil milhões de pessoas, apenas dois mil milhões vivem primariamente de uma dieta à base de cadáveres de animais não-humanos, enquanto quatro mil milhões vivem de uma dieta essencialmente à base de produtos de origem vegetal. [4]
Portugal, um país económica e culturalmente globalizado, tende a revelar os mesmos padrões de produção e de consumo que os países mais desenvolvidos.
O Instituto Nacional de Estatística (INE) confirma esta tendência: as/os consumidoras/es portuguesas/es tendem a enveredar por uma dieta com índices excessivos em proteínas de origem animal, em detrimento dos frutos, legumes e leguminosas secas : de 2005 a 2010, "carne", "peixe" e ovos, óleos e gorduras registam um consumo excedentário em 11% para além "do recomendado" . Em relação ao grupo dos "hortícolas", a população portuguesa apresenta um consumo deficitário em 10%. Ao longo dos cinco anos em análise, o consumo de "carne" aumentou cerca de 7%, a uma taxa média anual de 1,1%. De acordo com o INE, esta tendência começou a verificar-se a partir de 1990. [5]
2. Corolários da produção/consumo de animais não-humanos sencientes
Desde 1950, a produção e consumo de animais não-humanos sencientes aumentou substancialmente nos países mais desenvolvidos. Todavia, a fabricação destes sujeitos com vista ao abate traduz-se em corolários drásticos a níveis vários, a saber:
–Malefícios na Saúde Pública
O consumo de animais não-humanos sencientes provoca obesidade, doenças cardiovasculares, diabetes e cancros (com maior incidência no cólon e próstata), que são, de resto, as principais causas de morte nos países ricos.
No panorama nacional, o INE certifica que a "disponibilidade para o consumo de gorduras saturadas excede as recomendações internacionais e é um dos principais factores de risco para o desenvolvimento das doenças cardiovasculares". [6]
Estudos referenciados internacionalmente têm relacionado o consumo da "carne vermelha" ou de "carnes processadas" com o aumento de riscos de várias doenças: o World Cancer Research aponta a "carne vermelha" como um dos factores de risco de cancro (acima dos 20%) do pulmão e do colo-rectal.
De acordo com estudos no Nutrition, Metabilism and Cardiovascular Diseases, ao consumo de "carnes vermelhas" está associado o aumento em 24% de doenças cardiovasculares, em particular ataques cardíacos.
No jornal Diabetologia, [7] cientistas da Universidade de Oslo concluem que o elevado consumo de "carne vermelha" ou de "carne processada" aumenta o risco de desenvolver diabetes tipo 2 em 40%. [8] Antibióticos provenientes de rações químicas, vacinas, pesticidas, drogas alopáticas variadas, carapaticidas, toxinas como o escatol, histamina, putrescina, cadaverina, notrosaminas, nitritos e nitratos, químicos como o formol, adrenalina, adrenocomo e adrenolutina, benzopireno, sagihate (verme intestinal perigoso); bactérias e vírus diversos; brucelose, tuberculose bovina; substâncias linfocitárias alergenos, antigenos, benzoqureno, e as hormonas sintéticas (dietiletilobestrol e sulfato de sódio) são administrados a animais não-humanos sencientes para múltiplas funções, a saber: prevenção de doenças, aumento da produção do leite; crescimento galopante, etc. E constam no conjunto de químicos nocivos assimilados pelo organismo humano aquando da ingestão de animais não-humanos sencientes ou de lacticínios. [9]
–Distribuição não equitativa de recursos: má nutrição e crises alimentares
De acordo com a Organização Mundial de Saúde (OMS) cerca de 3 mil milhões de pessoas apresentam má nutrição. Inúmeros estudos apontam que a produção intensiva de animais não-humanos sencientes constitui uma das causas para este facto, pois o ' factory farming ' encerra graves problemas de insustentabilidade atinentes ao uso de recursos naturais (e.g. água, solo e energia).
A produção de grão e cereais tem sido um pilar fundamental no sustento humano. Porém, a distribuição destes alimentos é desigual na rede económica global das sociedades contemporâneas: não atende às necessidades das populações mundiais, apenas às dos países desenvolvidos. Quem tem acesso à produção de animais não-humanos sencientes são os países mais ricos e as elites dos países mais pobres.
Cerca de 70% da produção mundial de grão e cereais é utilizada para a produção de "carne". A produção de proteína animal é demasiado exigente ao nível de recursos. Em termos concretos, uma dieta à base "carne" exige sete vezes mais solo que uma dieta à base de vegetais [10] ; produzir 1kg de carne requer cerca de 13kg de grão e 30kg de feno e 100.000L de água [11] . Em comparação, 900L de água são necessários para produzir 1kg de milho e são necessários 3,000L de água para produzir 1kg de arroz [12] . Na produção de 1kg soja, são necessários 2000L de água e 500L para produzir 1kg de batatas. Em grosso modo, usando os registos dos Estados Unidos, os animais não-humanos sencientes criados para abate consomem sete vezes mais grão/cereais que a população norte-americana. [13]
Assim, se a produção de animais não-humanos sencientes para abate fosse reduzida a cerca de 70%, o alimento básico produzido actualmente seria suficiente para colmatar as necessidades das populações mundiais, integralmente.
– Degradação ambiental
Em consonância com o relatório da ONU "Livestock´s Long Shadow – Environmental Issues and Options (2006), a indústria da pecuária constitui-se como um dos maiores responsáveis da degradação ambiental, nomeadamente pela poluição da água, degradação dos solos e perda de biodiversidade. [14]
O documento mostra que o "sector da agropecuária imerge como um dos dois ou três maiores contribuidores de problemas ambientais sérios, às escalas local e global". [15] O sector da agropecuária é responsável pela emissão de 18% de emissões de gazes poluentes, taxa ainda mais elevada que o sector dos transportes. [16]
A produção de proteína animal requer oito vezes mais energias fósseis do que a da proteína de origem vegetal. De acordo com Daniele Fanelli, a produção de 1kg de "carne" equivale à distância percorrida por um automóvel de 250 km, e queima energia o suficiente para acender uma lâmpada de 100W durante quase vinte dias [17] .
Os animais não-humanos sencientes, confinados em produções intensivas, geram uma quantidade de excrementos três vezes superior àquela que é gerada por humanas/os. Os resultados práticos são devastadores. A Ribeira dos Milagres, no conselho de Leiria, trata-se de um dos casos paradigmáticos em Portugal: apresenta frequentemente " espuma abundante" e "cheiro característico das suiniculturas" em virtude do excesso de produção de suínos, cujos dejectos são lançados para as águas, dizimando peixes e afectando as populações circundantes. [18]
–Pecuária como estímulo-resposta ao capitalismo
A pecuária promove/absorve/vivifica condutas apanágio do sistema capitalista, nomeadamente a violações dos direitos humanos (e.g. exploração da mão-de-obra, condições de trabalho insalubres, etc.) e a extinção de culturas e de negócios de subsistência local decorrentes do fluxo mercantil mundial de animais não-humanos sencientes abatidos e da proliferação de corporações (e.g. McDonalds, Burger king, Kentucky Fried Chicken , etc).
Portugal não é caso excepcional e é também palco para que estas grandes corporações possam expandir-se. Em 2008, a Burger King gerou 12 milhões de euros, uma subida de 34,9%, ao passo que a KFC conseguiu seis milhões (+2%). [19] A maior cadeia de restaurantes de fast-food do mundo – McDonalds – divulgou um aumento dos lucros da empresa em 10% no terceiro trimestre de 2010, tendo lucrado 1,39 mil milhões de dólares. [20] Em contraste, a Associação de Hotelaria, Restauração e Similares de Portugal (AHRESP) indica uma "quebra média do volume de negócios do sector entre 30 e 35%, no terceiro trimestre", em 2008 [21] .
–Violação dos direitos dos animais não-humanos sencientes
De acordo com a Compassion in World Farming Trust (2006), a senciência consiste na capacidade de sentir (e.g. dor, prazer, fome, sede, calor, frio, etc.) e na atribuição de emoções às sensações. O animal não-humano senciente é capaz de interpretar informação, compreender o contexto em que se insere, estabelecer relações com os seus pares, analisar perigos, solucionar problemas. A senciência não significa necessariamente a posse de capacidades complexas de entendimento, aprendizagem e/ou intelectualidade, embora também as possa incluir. [22]
O reconhecimento dos direitos dos animais não-humanos depende de construções ideológicas e assumpções socioculturais. É, nesta medida, que se justifica a chacina de uns e não de outros numa determinada região.
No Ocidente, por exemplo, há uma maior preocupação social em proteger cães e gatos, já que estes são pensados como "animais de companhia" [23] Por outro lado, a vaca, porco, galinha ou ovelha são consideradas/os "animais comestíveis" ou 'food animals'. São ignoradas/os, coisificadas/os, fragmentadas/os e consumidas/os em forma de "bife", "chouriço", etc. Tornam-se referenciais ausentes na/pela tecnologia, linguagem e representação cultural com vista a omitir os meandros atrozes da produção industrial de animais não-humanos sencientes. [24] Porém, antes ainda da sua objectificação, fragmentação e consumo, estes seres sencientes são expostos às mais ignóbeis formas de opressão, exploração e violência durante os processos industriais.
Com efeito, os animais não-humanos sencientes fabricados sofrem com a privação de liberdades, vontades, acções e movimentos. Milhões vivem fechados, acorrentados e circunscritos a espaços exíguos, insalubres e, muitas vezes, sem luz solar ou artificial. É frequente o desenvolvimento de infecções e/ou doenças, auto-mutilação, etc) [25] . Por exemplo, cerca de 850 milhões de galinhas estão enclausuradas no Reino Unido. Cada aviário contém 30-40 mil galinhas, as quais jamais vêem luz. Anualmente, 2,5 milhões galinhas são mortas para serem convertidas em "carne" [26] .
Os comportamentos naturais são mecanicamente regulados (e.g. procriação, aleitamento, etc.) e o tipo, frequência e modo de alimentação são definidos apenas com vista à maximização dos lucros das empresas pecuárias. [27] Mutilam-nos (e.g. castração, corte de cauda, debicar, descornar, etc.) sem uso de lenificantes ou anestesiantes; são-lhes injectados hormonas e antibióticos para acelerar o crescimento [28] ; são vítimas de abusos sexuais. [29]
As fêmeas tendem a desenvolver problemas de saúde graves, pois são obrigadas a procriar reiteradamente de forma a maximizar a produção máxima [30] . As vacas, por exemplo, sofrem de claudicação crónica, inflamações mamárias/infecções nos úberes. São forçadas a engravidar; é-lhes sorvido o leite para o consumo humano, ininterruptamente. Os bezerros machos, considerados inúteis na indústria de lacticínios, são geralmente mortos. [31] .
Os animais não-humanos sencientes fabricados são ainda impedidos de criar e participar em actividades lúdicas específicas da sua espécie, são-lhes quebradas as relações de parentesco desde a tenra idade, estabelecem relações sociais muito limitadas, não conseguem comunicar idoneamente com membros do seu grupo ou família. [32]
O transporte dos 'food animals' provoca-lhes frequentemente dor e doenças na medida em que são deslocados em grande número, carregados, descarregados e mantidos em espaços pequenos, sob o uso de violência [33] .
Na actualidade, inúmeros países reconhecem os direitos dos animais não-humanos sencientes e incluem-nos nos seus sistemas legais. Por exemplo, a Directiva da União Europeia de 1993 exige a imunização dos 'food animals' a qualquer "dor ou sofrimento evitáveis" durante a matança, impondo condições de criação destes indivíduos. No entanto, as práticas pecuárias (intensivas) são avessas a tais premissas [34] . Causam, ao invés, sofrimento físico e psicológico, provocando medo, angústia, stress, ansiedade e frustração, bem como debilitação física e/ou a morte. [35]
3. No alcance do veganismo: uma visão sustentável, consciente e não-especista
Em anuência com a Vegan Society (2006) [36] , o veganismo consiste numa posição ideológica que recusa a opressão/exploração de animais não-humanos, em absoluto.
Boicota a pecuária; erradica da dieta alimentar "carnes", gelatina, lacticínios, ovos, mel e quaisquer produtos de origem animal; opõe-se ao carnismo [37] ; veta a indústria de peles; exclui vestuário, medicamentos, cosmética, contraceptivos, ornamentação e produtos de higiene e limpeza que contenham substâncias de origem animal; repudia o uso de animais não-humanos no campo científico, em circos, touradas, rodeios, vaquejadas, jardins zoológicos, equitação, caça e pesca desportivas, etc. Nessa medida, as/os veganas/os visam promover a criação, desenvolvimento e uso de produtos de origem não-animal com vista a proteger os direitos dos sujeitos humanos e não-humanos (sencientes), bem como preservar o meio ambiente. [38]
Em sentido lato, o veganismo opõe-se ao especismo (ie. ideologia que pressupõe a superioridade da espécie humana sobre as restantes), assim como o vegetarianismo (ie. dieta alimentar à base de grãos, sementes, vegetais, cereais e frutas, com ou sem o uso de lacticínios e ovo) [39] antagoniza com o carnismo (ie. ideologia que induz as pessoas a comer (certos) animais, sob a premissa de que a "carne" é imprescindível ao organismo humano) [40] .
De acordo com a ideologia vegana, os animais não-humanos detêm autonomia própria e liberdades invioláveis; não existem para alimentar, vestir e entreter os animais humanos . O animal não-humano não é propriedade, herança ou objecto; é tão-só dono de si mesmo. Objectificá-lo e/ou comê-lo é promover o especismo, ou seja, uma ideologia discriminatória como o sexismo, racismo, transfobia, lesbofobia, xenofobia, homofobia ou islamofobia [41] .
As práticas veganas são, em suma, um caminho eficiente para reverter os corolários nocivos da pecuária, nomeadamente reduzir a violência exercida em animais não-humanos, proteger o meio ambiente, travar fomes e crises alimentares, melhorar a saúde pública. Para a ecofeminista Carol J. Adams [42] , é necessário um rompimento com a história dominante. Impõe-se um corte com a história hegemónica, discriminatória e especista – acrescentamos nós – no sentido da edificação de sociedades veganas, mais sustentáveis e conscientes. É também, este, um dos caminhos de luta: a veganização [43] . Tomemos parte.
1. Utiliza-se a expressão "animais não-humanos" como recusa à atribuição especista "animais irracionais". Seria ainda impreciso usar apenas "animais", pois esta categoria inclui também mulheres e homens.
2. Os vocábulos "carne", "bifes" e "chouriço" são atribuições gastronómicas. São utilizados entre-aspas no sentido de mostrar o nosso desacordo. Segundo um posicionamento não-especista/vegano – que é o que aqui sustentamos – os correspondentes seriam "cadáveres (de animais não-humanos)".
3. Cf. Meat Production Continues to Rise by Brian Halweil | August 20, 2008 – World Watch Institute http://www.worldwatch.org/node/5443
4. Sustainability of meat-based and plant-based diets and the environment by David Pimentel and Marcia Pimentel - American Journal of Clinical Nutrition, Vol. 78, No. 3, 660S-663S, September 2003 http://www.ajcn.org/content/78/3/660S.full
5. Cf. Portugueses optam por dietas cada vez mais calóricas Base de Dados de Qualidade e Segurança Alimentar 13-12-2010 http://qualfood.biostrument.com/?option=noticia&task=show&id=11807
6. Dieta portuguesa afasta-se das boas práticas nutricionais Balança Alimentar Portuguesa – 2003-2008 30 de Novembro de 2010 pág. 4 http://www.alea.pt/html/actual/pdf/actualidades_55.pdf
7. Cf.: Seeing red: The health implications of meat consumption By Stephen Daniell (2009, Vol. 52, pp. 2277-2287) www.foodnavigator.com/..,
8. Seeing red: The health implications of meat consumption By Stephen Daniell (2009, Vol. 52, pp. 2277-2287) www.foodnavigator.com/...
9. cf. Porque não comer carne? Suzete Barreto http://www.saudeintegral.com/artigos/por-que-nao-comer-carne.html 7 de Junho de 2007
10. Cf. Meat production's environmental toll Stephen Leckie Fevereiro 2002 Torono Vegetarian Association http://utcare.sa.utoronto.ca/resources/TVA_Meat_Environment.pdf
11. Sustainability of meat-based and plant-based diets and the environment David Pimentel and Marcia Pimentel in American Journal of Clinical Nutrition, Vol. 78, No. 3, 660S-663S, September 2003 http://www.ajcn.org/content/78/3/660S.full
12. Footprint 2008. The website was originally set up by prof. Arjen Y. Hoekstra and dr. Ashok K. Chapagain at UNESCO-IHE in 2004.
13. Idem
14. cf.p.408 Livestock´s Long Shadow – Environmental Issues and Options, 2006, 408 pp. http://www.shabkar.org/download/pdf/Livestock_s_Long_Shadow.pdf 2006
15. Livestock´s Long Shadow p.22 – Environmental Issues and Options , 2006, 408 pp. http://www.shabkar.org/download/pdf/Livestock_s_Long_Shadow.pdf
16. cf. Livestock´s Long Shadow p.23 – Environmental Issues and Options , 2006, 408 pp. http://www.shabkar.org/download/pdf/Livestock_s_Long_Shadow.pdf 2006
17. Cf. Meat is murder on the environment 18 July 2007 by Daniele Fanelli Magazine issue 2613 in Wannaveg.com - http://wannaveg.com/2007/07/19/meat-is-murderon-the-environment
18. Comissão denuncia nova descarga poluente para a ribeira dos Milagres Ecoesfera, OPublico 21.04.2010 Lusa http://ecosfera.publico.pt/noticia.aspx?id=1433254
19. Restaurantes trocados por fast-food – João Paulo Madeira, Jornal de Noticias 2008-11-20 - http://jn.sapo.pt/PaginaInicial/Economia/Interior.aspx?content_id=1047067
20. McDonald's aumenta lucros em 10% no terceiro trimestre - Pedro Carreira Garcia, 21 de Outubro 2010 Negócios Online http://www.jornaldenegocios.pt/home.php?template=SHOWNEWS_V2&id=449927
21. Restaurantes trocados por fast-food – João Paulo Madeira, Jornal de Notícias 2008-11-20 http://jn.sapo.pt/PaginaInicial/Economia/Interior.aspx?content_id=1047067
22. "Trust Stop – Look – Listen: Recognising the Sentience of Farm Animals" Compassion in World Farming Trust (2006) p. 6 http://www.ciwf.org.uk/
23. "Trust Stop – Look – Listen: Recognising the Sentience of Farm Animals" Compassion in World Farming Trust (2006) p. 9 http://www.ciwf.org.uk/
24. Why feminist-vegan now? Adams, Carol G.; p. 304 Feminism & Psychology, Vol. 20 No. 3, London: Sage Publications, Inc., 302-317, 2010.
25. "Trust Stop – Look – Listen: Recognising the Sentience of Farm Animals" Compassion in World Farming Trust (2006) p. 30 http://www.ciwf.org.uk/
26. Viva! p.2 - http://www.viva.org.uk/campaigns/chickens/broiler.htm
27. "Trust Stop – Look – Listen: Recognising the Sentience of Farm Animals" Compassion in World Farming Trust (2006) p. 40 http://www.ciwf.org.uk/
28. Idem
29. Does Eating Meat Support Bestiality? Bruce Friedrich, 2010 www.huffingtonpost.com/bruce-friedrich/does-eating-meat-support-_b_773166.html
30. "Trust Stop – Look – Listen: Recognising the Sentience of Farm Animals" Compassion in World Farming Trust (2006) p. 40 http://www.ciwf.org.uk/
31. Viva! - http://www.viva.org.uk/goingvegan/index.php
32. "Trust Stop – Look – Listen: Recognising the Sentience of Farm Animals" Compassion in World Farming Trust (2006) p. 40 http://www.ciwf.org.uk/
33. "Trust Stop – Look – Listen: Recognising the Sentience of Farm Animals" Compassion in World Farming Trust (2006) p. 33 http://www.ciwf.org.uk/
34. "Trust Stop – Look – Listen: Recognising the Sentience of Farm Animals" Compassion in World Farming Trust (2006) p. 30 http://www.ciwf.org.uk/
35. "Trust Stop – Look – Listen: Recognising the Sentience of Farm Animals" Compassion in World Farming Trust (2006) p. 40 http://www.ciwf.org.uk/
36. Vegan Society www.vegansociety.com/uploadedFiles/About_Us/Articles-of-Association-Nov-10.pdf
37. Melanie Joy http://www.carnism.com/
38. Idem
39. Centro Vegetariano - http://www.centrovegetariano.org/Article-70-Tipos%2Bde%2Bvegetarianos.html
40. Melanie Joy http://www.carnism.com/
41. Documentário Earthlings http://www.youtube.com/watch?v=ce4DJh-L7Ys
42. Why feminist-vegan now? Adams, Carol G. p.; 315 Feminism & Psychology, Vol. 20 No. 3, London: Sage Publications, Inc., 302-317, 2010.
43. A expressão 'veganização' é criação nossa. Refere-se ao processo de promoção, desenvolvimento e adopção de atitudes/comportamentos não-especistas, isto é, avessos à exploração de animais não-humanos.
[*] Doutorando em Sociologia da Arte e da Cultura na Faculdade Belas Artes Universidade do Pais Vasco, associado ao Instituto de Sociologia da Faculdade de Letras Universidade do Porto, ruipedro.fons@gmail.com . [**] Mestranda em Ciências Politicas da Universidade Estatal Estudos Humanísticos da Rússia, judith_anabela_santos@hotmail.com . O presente artigo resulta do estudo 'Realidades e imagens do especismo: impactos da indústria pecuária e representações publicitárias de animais não-humanos sencientes' de ambos os autores.
Este artigo encontra-se em http://resistir.info/ .