EUA respaldam eleição em Honduras; Brasil e Argentina não
Contraditório com a decisão de seu país de condenar o golpe, o enviado dos EUA a Honduras, Craig Kelly, defendeu nesta quarta-feira (19) a realização da eleição presidencial do próximo dia 29. O respaldo ao pleito aconteceu apesar do rompimento das negociações entre o governo golpista e o presidente deposto Manuel Zelaya. Já os governos brasileiro e argentino declararam que não reconhecerão o resultado das eleições de Honduras a menos que Zelaya seja restituído antes da votação.
"As
eleições hondurenhas são uma parte importante da solução para avançar
rumo ao futuro", disse, em Tegucigalpa, Craig Kelly, número dois do
Departamento de Estado americano para a América Latina, antes de voltar
aos EUA. "Ninguém tem o direito de tirar do povo hondurenho o direito
de votar e de escolher os seus líderes", disse a jornalistas.
Kelly, contudo, se negou a responder a perguntas da imprensa. Deu tais declarações sem levar em consideração que esse mesmo direito do quel fala foi ignorado justamente pelo grupo que organiza o pleito, e que arrancou do poder o presidente eleito por esse mesmo povo a qeu se refere.
Na semana passada, o embaixador dos EUA em Honduras, Hugo Llorens, já havia defendido a realização das eleições. Kelly esteve, pela segunda vez em uma semana, em Tegucigalpa para novamente se reunir com Zelaya e Micheletti e tentar salvar o acordo intermediado pelos Estados Unidos e assinado por ambas as partes em 30 de outubro.
Em Washington, o porta-voz do Departamento de Estado, Ian Kelly, deu mais um sinal de que os EUA estão se afastando de Zelaya ao afirmar que a decisão do Congresso hondurenho de votar a restituição de Zelaya após as eleições, anunciada anteontem, "não contradiz o acordo alcançado para resolver a crise política".
"Como o acordo não estabelece prazos para essa votação do Congresso, realizar a votação em 2 de dezembro não é necessariamente incoerente com o acordo", afirmou Kelly. A posição dos EUA, principal parceiro econômico de Honduras, vai contra à de países como Brasil, Argentina e Venezuela, que têm afirmado que não reconhecerão as eleições do dia 29 caso Zelaya não seja restituído antes. Também se opõe ao posicionamento defendido por organizações como a OEA e a ONU, que condenaram o golpe e exigiram a restituição imediata de Zelaya.
A postura atual dos EUA, na verdade, apenas explicita o que a dubiedade vista até então colocava apenas no campo da desconfiança: não há interesse real dos norte-americanos na retomada da ordem constitucional, por meio do retorno de Zelaya ao cargo.
Em declarações de dentro da Embaixada do Brasil em Tegucigalpa, onde está refugiado há quase dois meses, Zelaya voltou a acusar os EUA de contraditórios. "Sou reconhecido como presidente, dizem que sou o líder democrático, mas [Kelly] está atendendo a decisões do governo que eles não reconhecem", disse o presidente deposto.
Há duas semanas, Zelaya desistiu do acordo, depois que o Congresso, cuja direção é controlada por Micheletti, não votou a sua restituição até o dia 5, prazo final para a criação de um "governo de unidade". O presidente deposto disse que era "inaceitável" indicar ministros para um governo interino chefiado por Micheletti.
O acordo previa que a volta de Zelaya estava condicionada à ratificação pelo Congresso, que poderia pedir consultas a outras instituições, sem estipular um prazo para a votação. Estava claro, contudo, que seu retorno não poderia se dar após as eleições, uma vez que realizar o pleito sob o comando de um regime golpista, ilegal, retiraria sua validade ou significaria dar legitimidade ao golpe.
Ontem, a Suprema Corte de Justiça se reuniu para dar seu parecer sobre a volta de Zelaya, mas o teor só deverá ser revelado no dia 2, data estipulara para a a votação sobre o tema.
Brasil e Argentina
Os governos brasileiro e argentino declararam, nesta quarta, oficialmente, que não reconhecerão o resultado das eleições de Honduras a menos que o presidente deposto Manuel Zelaya seja restituído antes do pleito.
A declaração conjunta, feita após visita da presidente argentina, Cristina Kirchner, ao colega Luiz Inácio Lula da Silva, vem um dia após o Congresso hondurenho anunciar que só pretende avaliar a possibilidade de restituição de Zelaya no dia 2 de dezembro, três dias após as eleições.
"[Caso Zelaya não volte ao poder] estará lançado um precedente extremamente perigoso. Este é o consenso de toda a América Latina e Caribe", disse Lula em discurso. Os mandatários também pediram o fim das hostilidades em relação à representação diplomática do Brasil em Tegucigalpa, que abriga Zelaya e correligionários desde meados de setembro.
O documento pede a preservação da inviolabilidade da embaixada e seus ocupantes, assim como a segurança e a liberdade de movimento dos funcionários da missão.
Com agências - www.vermelho.org.br
Kelly, contudo, se negou a responder a perguntas da imprensa. Deu tais declarações sem levar em consideração que esse mesmo direito do quel fala foi ignorado justamente pelo grupo que organiza o pleito, e que arrancou do poder o presidente eleito por esse mesmo povo a qeu se refere.
Na semana passada, o embaixador dos EUA em Honduras, Hugo Llorens, já havia defendido a realização das eleições. Kelly esteve, pela segunda vez em uma semana, em Tegucigalpa para novamente se reunir com Zelaya e Micheletti e tentar salvar o acordo intermediado pelos Estados Unidos e assinado por ambas as partes em 30 de outubro.
Em Washington, o porta-voz do Departamento de Estado, Ian Kelly, deu mais um sinal de que os EUA estão se afastando de Zelaya ao afirmar que a decisão do Congresso hondurenho de votar a restituição de Zelaya após as eleições, anunciada anteontem, "não contradiz o acordo alcançado para resolver a crise política".
"Como o acordo não estabelece prazos para essa votação do Congresso, realizar a votação em 2 de dezembro não é necessariamente incoerente com o acordo", afirmou Kelly. A posição dos EUA, principal parceiro econômico de Honduras, vai contra à de países como Brasil, Argentina e Venezuela, que têm afirmado que não reconhecerão as eleições do dia 29 caso Zelaya não seja restituído antes. Também se opõe ao posicionamento defendido por organizações como a OEA e a ONU, que condenaram o golpe e exigiram a restituição imediata de Zelaya.
A postura atual dos EUA, na verdade, apenas explicita o que a dubiedade vista até então colocava apenas no campo da desconfiança: não há interesse real dos norte-americanos na retomada da ordem constitucional, por meio do retorno de Zelaya ao cargo.
Em declarações de dentro da Embaixada do Brasil em Tegucigalpa, onde está refugiado há quase dois meses, Zelaya voltou a acusar os EUA de contraditórios. "Sou reconhecido como presidente, dizem que sou o líder democrático, mas [Kelly] está atendendo a decisões do governo que eles não reconhecem", disse o presidente deposto.
Há duas semanas, Zelaya desistiu do acordo, depois que o Congresso, cuja direção é controlada por Micheletti, não votou a sua restituição até o dia 5, prazo final para a criação de um "governo de unidade". O presidente deposto disse que era "inaceitável" indicar ministros para um governo interino chefiado por Micheletti.
O acordo previa que a volta de Zelaya estava condicionada à ratificação pelo Congresso, que poderia pedir consultas a outras instituições, sem estipular um prazo para a votação. Estava claro, contudo, que seu retorno não poderia se dar após as eleições, uma vez que realizar o pleito sob o comando de um regime golpista, ilegal, retiraria sua validade ou significaria dar legitimidade ao golpe.
Ontem, a Suprema Corte de Justiça se reuniu para dar seu parecer sobre a volta de Zelaya, mas o teor só deverá ser revelado no dia 2, data estipulara para a a votação sobre o tema.
Brasil e Argentina
Os governos brasileiro e argentino declararam, nesta quarta, oficialmente, que não reconhecerão o resultado das eleições de Honduras a menos que o presidente deposto Manuel Zelaya seja restituído antes do pleito.
A declaração conjunta, feita após visita da presidente argentina, Cristina Kirchner, ao colega Luiz Inácio Lula da Silva, vem um dia após o Congresso hondurenho anunciar que só pretende avaliar a possibilidade de restituição de Zelaya no dia 2 de dezembro, três dias após as eleições.
"[Caso Zelaya não volte ao poder] estará lançado um precedente extremamente perigoso. Este é o consenso de toda a América Latina e Caribe", disse Lula em discurso. Os mandatários também pediram o fim das hostilidades em relação à representação diplomática do Brasil em Tegucigalpa, que abriga Zelaya e correligionários desde meados de setembro.
O documento pede a preservação da inviolabilidade da embaixada e seus ocupantes, assim como a segurança e a liberdade de movimento dos funcionários da missão.
Com agências - www.vermelho.org.br