Escrito por a Força, a UGT, CGTB, CTB | |
Com o início da industrialização, lá por volta de 1775, com a criação da
máquina a vapor, surgem duas classes sociais distintas: o Empresariado
Industrial e a Classe Operária.
Aproveitando-se da forte migração campo-cidade da época em busca de
trabalho assalariado, os empresários passaram a exigir dos seus
empregados jornadas longas, que chegavam a 16 e até 18 horas diárias. Os
descansos dos fins de semanas eram raros. Os salários baixos, o que
levava a que muitas donas de casa fossem para as fábricas, assim como
crianças, visando a melhora do rendimento para o lar.
A jornada prolongada fazia com que muitos adoecessem, sofressem
acidentes graves e provocou muitas mortes. Foi daí que começaram as
reações dos operários (os que operam as máquinas). As reações iniciais
foram individuais, isoladas, o que permitiu a repressão patronal. Essas
derrotas individuais forçaram o aprendizado de que era necessário
organizar a luta coletiva. Encontros internacionais de trabalhadores
decidiram organizar movimentos pela redução da jornada em todos os
países industrializados: oito horas de trabalho, oito horas de descanso e
oito horas para convívio familiar, atividades sociais e culturais.
No dia 1º de Maio de 1886, nos Estados Unidos, grande greve paralisou
mais de um milhão de operários. Mais de 100 mil pararam a cidade de
Chicago. Ali houve forte repressão policial, com gente ferida e mortes.
Quatro dias depois uma greve ainda maior, nova repressão, outras mortes e
a prisão de oito dirigentes daquela manifestação. Num julgamento a
"toque de caixa" e com "cartas marcadas", os jurados decidiram pela
condenação dos oito como os responsáveis pelos acontecimentos. Dois
foram condenados à prisão perpétua e um a 15 anos de prisão (Miguel
Schwab, Oscar Neeb e Samuel Fielden). Os outros cinco foram condenados à
morte pela forca em praça pública: August Spies, Albert Parsons, Adolph
Fischer, George Engel e Luiz Lingg - este último preferiu o suicídio na
cela.
As lutas se intensificaram em todos os países e, aos poucos, as oito
horas foram sendo conquistadas, assim como condições específicas para o
trabalho das mulheres e menores e tantos outros benefícios.
Passados 125 anos, o Capital desfecha novos golpes contra a classe
trabalhadora em todo o mundo capitalista, roubando direitos conquistados
com muita luta e muito sangue derramado. No Brasil não é diferente. Os
empresários querem o fim da jornada de 44 horas.
Na prática, obrigam seus trabalhadores a jornadas mais longas,
superiores até a 10 horas, inclusive aos sábados, domingos e feriados.
Exigem reformas da Previdência para que os trabalhadores se aposentem
após 65 anos (mulheres aos 60) de idade, e um mínimo de 35 anos de
contribuição. Com a rotatividade no emprego, o desemprego e os trabalhos
precários, poucos chegarão à aposentadoria: morrerão trabalhando.
Querem o fim do 13º salário, diminuição das férias, eliminação da
licença gestação/maternidade e a livre negociação por empresas para
facilitar o achatamento dos salários e quebrar de vez o papel
representativo dos sindicatos.
Quantos outros direitos já não vêm sendo surrupiados aos trabalhadores,
disfarçadamente? Um exemplo: a contratação para trabalhar sem registro
por experiência ou temporariamente.
Nossas esperanças foram depositadas na formação da Central Única dos
Trabalhadores (CUT), em 1983. O momento político da época e o avanço da
consciência da classe trabalhadora foram determinantes para esse novo
passo do conjunto do movimento sindical.
Entretanto, o empresariado não estava dormindo. Buscou novos aliados e
provocou o racha no movimento dos trabalhadores. Da união do peleguismo
comandado por Joaquinzão com a direção do então PCB, do PC do B e do
MR-8, nasce a divisionista CGT para combater as greves por categorias
profissionais ou mesmo gerais, como vinha acontecendo. Era o esforço
para dividir a classe operária, colocando-a a serviço dos interesses
patronais.
Contrariados com os fracos resultados dessa divisão, os homens do
capital patrocinaram a formação de mais uma central: A Força Sindical
(ou Farsa sindical?). O "sindicalismo de resultados", troca dos dedos
por alguns anéis, levou à capitulação progressiva da direção cutista. Já
nos anos 90 percebia-se que a direção da CUT não estava mais
interessada em defender os interesses dos trabalhadores. Sua meta era
outra: levar Lula à presidência da República, a qualquer preço. E esse
preço incluía a passividade do movimento sindical.
Hoje, estamos assistindo à mais vergonhosa capitulação das centrais
sindicais tradicionais aos interesses do capital nacional e
internacional. Sobretudo a CUT e a Força Sindical - verdadeiras inimigas
entre si nos anos 90 -, tornaram-se cúmplices da entrega dos nossos
direitos ao capital e se unem para abafar a consciência e a memória
histórica dos trabalhadores. Em São Paulo, estão unidas na promoção do
show no dia 1º de maio, a Força, a UGT, CGTB, CTB (esta correia de
transmissão do PC do B) e Nova Central. Show financiado por empresas
estatais (Petrobras, Caixa, Eletrobrás) e muitas empresas particulares
(Brahma, Carrefour, Casas Bahia, Pão de Açúcar, BMG, Banco Itaú,
Bradesco*), que financiarão também 20 carros a serem sorteados durante o
show.
O que é, então, celebrar o 1º de Maio, hoje, 125 anos depois dos
acontecimentos de Chicago? É retomar a organização autônoma dos
trabalhadores, a começar pelos locais de trabalho (fábricas, comércio,
hospitais, escolas, unidades públicas e também nas comunidades), para
reforçar os sindicatos que continuam comprometidos com os trabalhadores;
é fazer novas experiências de organização e de lutas visando a
construção de um outro instrumento de lutas, que não repita os desvios
ideológicos como vem acontecendo nos últimos 20 anos; é entrar nas lutas
em defesa dos nossos direitos, pelas 40 horas semanais, contra as
reformas que visam eliminar direitos conquistados e que estão circulando
no Congresso Nacional, entre tantas outras importantes.
Participe dos atos em memória dos nossos mártires! É urgente somar
forças com os setores do movimento sindical e popular que ainda resistem
aos ataques do capital e renovar o compromisso de lutar em defesa dos
nossos direitos.
Em São Paulo, ato na Praça da Sé, a partir das 10,00 horas
Atividades culturais, memória dos 125 anos de lutas e apresentação da
pauta de lutas da Classe Trabalhadora. Patrocínio das Pastorais Sociais,
de parcela do movimento social, dos sindicatos ligados à Conlutas e
Intersindical, Consulta Popular e partidos da esquerda (PSOL, PCB,
PSTU).
* Fonte: Folha de 24/04, página A10.
Waldemar Rossi é metalúrgico aposentado e coordenador da Pastoral Operária da Arquidiocese de São Paulo.
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Um blog de informações culturais, políticas e sociais, fazendo o contra ponto à mídia de esgoto.
quinta-feira, 28 de abril de 2011
Celebrar 1º de Maio hoje significa lutar pela retomada da organização autônoma dos trabalhadores
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