Por: Anselmo Massad e Paulo Salvador, da Rede Brasil Atual e Revista do Brasil
Danny Glover, com um boné da CUT, diz que se considera,
nesta ordem, pai, cidadão e, também, ator (Foto: © Jailton Garcia)
São Paulo - O ator e produtor de cinema Danny Glover acredita que o
Brasil é um "laboratório" no sentido de se buscar um mundo melhor e mais
digno para todos. Em visita à capital paulista para participar das
comemorações do 1º de maio e de uma campanha internacional de
trabalhadores da multinacional Sodexo, Glover concedeu entrevista de
duas horas e 15 minutos a veículos da Rede Brasil Atual na manhã deste sábado (30).
Com um boné da Central Única dos Trabalhadores (CUT), o ator de 64
anos
mostrou muito bom humor e disposição, apesar de
dois dias de viagens seguidas de avião. Rapidamente ele superou o
cansaço inicial para falar a respeito de seu engajamento social e de
pontos de vista sobre o movimento negro, de trabalhadores e de mulheres.
Glover considera que o mundo todo presta atenção no Brasil neste
momento, já que o país passa por importantes transformações, com sua
economia a caminho de tornar-se a quinta maior do mundo. Ele lembrou que
o movimento sindical emergiu e cresceu em um período de grandes
mudanças e, neste momento, está na linha de frente da construção das
formas para se lidar com essas alterações.
"A importância dos sindicatos no Brasil pode ser expressa pelo fato
de que os dois últimos presidentes do país vêm de forças políticas
ligadas a trabalhadores", destacou. "Mas o que vai acontecer no futuro é
o que vai definir este país na relação com sindicatos."
Apesar de mostrar interesse pelos caminhos trilhados no país até
aqui, ele sustenta que é preciso encontrar respostas para os novos
desafios. "Sentar à mesa para negociar é uma forma de lidar com essa
realidade, que inclui tudo, pobreza, segurança alimentar, como proteger a
Mãe Terra", enumera.
"Tudo isso vai estar no 'laboratório' do Brasil", insiste. "Não
podemos estar à margem, nem ser coadjuvantes, temos de apoiar esses
esforços, se eles nos levarem a um mundo melhor, que permita uma vida
digna a todos nós."
Pai, cidadão e também ator
Um dos sócios da produtora L'Overture,
Glover falou ainda sobre cinema e a indústria cultural. Ele acredita
que é possível apostar em produções diferentes das atuais, em que apenas
filmes de ação e certa dose de violência têm espaço. "Bom, é o que meu
neto quer assistir", diverte-se. "Mas não precisa haver apenas isso, as
pessoas acabam sendo condicionadas na medida em que há apenas esse tipo
de produção", criticou.
Ele explicou que, muito antes de se tornar um ator de Hollywood, já
se considerava um ativista social, engajado em lutas do movimento de
afrodescendentes e, especialmente, em questões comunitárias. "Antes de
tudo, sou pai – aliás, tenho certeza de que é meu melhor trabalho (risos). Depois, sou um cidadão. E só depois, ator", resumiu.
Os principais trechos da entrevista serão publicados na edição de junho da Revista do Brasil, além de ser veiculada pela Rádio Brasil Atual. A TVT também participou da coletiva.
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