A abordagem sobre os aspectos relacionados ao desenvolvimento da
Metade Sul necessita sempre de um ensaio que contemple análise histórica
e resultados atuais da geopolítica desta mesorregião do Rio Grande do
Sul. A distribuição da propriedade rural e as unidades formadas por
grandes áreas acabaram sendo decisivas neste processo.
Ao longo de décadas, o modelo de desenvolvimento da Metade Sul esteve
centrado em monoculturas, como a criação extensiva de gado e a produção
de arroz irrigado. Estes meios de produção criaram diferentes
subserviências na relação entre capital e trabalho. O cidadão desta
parte do estado esteve por longo período submetido a hegemonias
conservadoras, muito próximas de orientações produtivas
pré-capitalistas.
Como resultados geográficos, a Metade Sul possui 54% do território
gaúcho com 154.099 km², 105 municípios, população estimada de 2.698.651,
equivalente a aproximadamente 25% do povo gaúcho. Contribui com
percentuais próximos a 17% da conformação do PIB estadual.
Neste quadro de dificuldades soma-se uma reduzida participação do
setor industrial na conformação da matriz produtiva regional. Longo
período de baixa articulação entre os municípios. Limitada representação
nos parlamentos estadual e federal, assim como, subrepresentação na
composição de diversos governos ao longo da história.
De outra parte, a região pode contar com uma qualificada oferta de
ensino superior, com Universidades de destaque como UFPel, FURG, UCPel,
ULBRA, UFSM e mais recentemente a UNIPAMPA. Excelente oferta de ensino
profissionalizante com instituições como os Institutos Federais de
Educação — IF-Sul e o Conjunto Agrotécnico Visconde da Graça — CAVG,
entre os principais. Porém, formando mão-de-obra qualificada para outros
centros com processos de industrialização mais avançados.
No período entre 1999 a 2002, o Estado do Rio Grande do Sul
apresentou estratégias claras de valorização dos Sistemas Locais de
Produção — SLP’s, ampliou a participação das Universidades em
iniciativas de aproximação com os setores produtivos como nas Redes de
Cooperação e criou ambientes de estímulos à integração regional,através
de setores como, por exemplo, o turismo com a criação dos Fóruns
Regionais de Turismo.
Desde 2005 se constata novas perspectivas nestes contextos sociais
estruturados. A organização regional do turismo ganhou força e
legitimidades com a criação da Agência de Desenvolvimento do Turismo na
Costa Doce — AD Costa Doce. As administrações municipais passaram a
ampliar sua integração através das Associações de Prefeitos e dos
Consórcios Intermunicipais do Centro-Sul, Extremo-Sul e Alto Camaquã.
Fóruns regionais como da agricultura familiar sedimentam coesões
determinantes à efetivação de programas como os territórios da cidadania. As Universidades estão expandindo suas áreas de atuação. E instituições de pesquisa como a EMBRAPA atuam decisivamente em todo este ambiente.
determinantes à efetivação de programas como os territórios da cidadania. As Universidades estão expandindo suas áreas de atuação. E instituições de pesquisa como a EMBRAPA atuam decisivamente em todo este ambiente.
O governo federal tomou decisões absolutamente relevantes como a
opção do Presidente Lula em valorizar a indústria brasileira para
fabricação de navios e plataformas de petróleo, criando o Polo Naval do
Rio Grande, com investimentos previstos na ordem de US$ 240 bilhões até
2014 e excepcionais perspectivas de ampliação com o Pré-Sal. Estas
iniciativas estão atraindo outros investimentos como as duplicações das
BRs 392 e 116. Desenvolvimento da Hidrovia do Mercosul. Demonstrando o
aumento da participação de setores industriais na economia regional. E
aumentando a agregação tecnológica e a inovação em setores potenciais
como a fabricação de equipamentos médico-hospitalares.
Porém, o planejamento territorial integrado deve preocupar-se com os
riscos destes fluxos financeiros e econômicos exógenos, pelo perigo do
aumento da concentração de renda, ainda muito presente. Empoderar as
comunidades locais neste novo momento é tarefa imprescindível. Estimular
a cidadania e a emancipação dos trabalhadores para que possam
protagonizar novas possibilidades endógenas representa uma nova agenda
extremamente positiva e necessária. Perspectivas que enalteçam saberes e
fazeres das populações autóctones. Consolidando um novo período de
possibilidades e perspectivas fundadas na valorização das pessoas,
construindo um futuro com sustentabilidade e justiça social.
Incorporando os aspectos ambientais na nova estratégia de
desenvolvimento da Metade Sul.
* Jornalista, chefe de Gabinete do Deputado Federal Henrique Fontana (PT/RS)
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