segunda-feira, 14 de dezembro de 2009

Interessante análise...

O que é adultério

By Paulo Ghiraldelli
1975
Os homens ainda traem mais que as mulheres, mas as estatísticas estão caminhando para uma situação igualitária de maneira rápida. Além disso, o número de pessoas que traem também cresce de modo contínuo e veloz. Não tardará o dia em que todos nós, ao menos uma vez, não só será corno (ou corna), mas saberá disso de modo bem claro. E isso não em situações de namoro ou casamentos pouco sugestivos, mas mesmo em casamentos promissores ou efetivamente duradouros.
Não é o caso aqui de falar de motivos para o adultério. A literatura diz melhor sobre isso que a filosofia. O que me interessa aqui é a própria situação de adultério, ou seja, o que a caracteriza se a olhamos não pelo que seria o vulgar, mas pela descrição tentada a partir da filosofia.
A traição é o rompimento de uma confiança que se imagina ser mútua. Na situação pré-moderna a traição entre amigos era mais condenada que a traição entre cônjuges. A modernidade – e todo o seu fundamento profundamente romântico – inaugurou a equiparação entre essas formas de traição e, de certo modo, até mesmo a ampliação da condenação no segundo caso. A adoção da união “por amor”, e não por qualquer outro motivo, fabricou essa nova situação.
ArendtO casamento “por amor” implica no consenso inicial pactuado na intimidade e, portanto, às relações sexuais e institucionais da união soma-se a própria cláusula da amizade. De um modo geral, nos meios caracteristicamente urbanos, a união atual que é a procurada é a que funde dois requisitos: satisfatórias relações sexuais e amizade. Sendo assim, toda a carga emotiva da amizade entra, agora, em um espaço que, em princípio, seria só do sexo e de resquícios de tradições das obrigações matrimoniais do passado. Na lírica de Rita Lee, amor sem sexo é amizade, no pentagrama da vida urbana contemporânea, amor para o casamento é exatamente, então, a amizade com sexo. Desse modo, a traição ganha força dupla – ela rompe não laços que podem ser formais, mas elos da confiança mútua – a amizade – que fixava o horizonte que se prometia comum. Por isso, nos tempos contemporâneos, justamente em uma época que os mais distraídos pensam que “uma traição amorosa não conta mais nada”, ela conta muito. Quem trai não ofende a honra do outro e, sim, se tudo é descoberto ou contado, magoa os sentimentos do outro e fere seu orgulho próprio de modo inaudito. Caso uma constelação celeste desfavorável se insinue, há então situações de confronto espetaculares e trágicas.
HeideggerO que se passa na traição que não temos coragem de contar, talvez nem para nós mesmos, diz respeito a uma completa complexidade de sentimentos. Muitos não se dão conta dos detalhes dos sentimentos ou porque que se observam pouco ou, inversamente, porque se observam muito e ficam chocados com suas reações psicológicas.
A primeira coisa que o cônjuge traído imagina diz respeito ao momento de intimidade que o parceiro ou a parceira viveu com o terceiro elemento. Tudo se passa como se o cônjuge traído fosse levado para a cama de um terceiro elemento a contragosto.  O traído sente-se invadido, devassado, exposto. Seu sentimento é o de que é ele que foi levado ao sexo – e de modo desagradável, pois com o estranho. Assim, não é de se achar esquisito que a mesma fantasia do “sexo com o estranho”, que deixa muitos homens e mulheres excitados, reapareça no momento exato em que os casais brigam por conta de traições Assim, não raro, em meio a fantásticas discussões, repentinamente eles se reconciliam, fazem sexo e, após isso, se não voltam a brigar logo em seguida, se engalfinham em bate-bocas e desforras no dia seguinte, ou em maquinações piores. O momento do sexo, no dia anterior, não foi uma reconciliação em toda a extensão da palavra, mas apenas uma situação opaca, criada pela fantasia latente do sexo com o estranho. O estranho, nesse caso, pode funcionar como um fantasma bem específico na imaginação dos dois envolvidos, inclusive cumprindo um papel homossexual, num sentido amplo da palavra.
Casais em meio a uma briga podem fazer sexo, sendo que o traído, nesta hora, imagina o parceiro fazendo sexo com o terceiro elemento – isso parece algo não homossexual, mas, em certo sentido, há sim um componente homoerótico aí envolvido. Há aí a competição, a luta imaginária entre rivais. É claro que as relações de sadismo e masoquismo emergem neste contexto, quase que invariavelmente. Sodomizo minha mulher porque quero, agora que sei que ela pode ter feito sexo com outro, puni-la e/ou mostrar para ela que sou mais homem que o outro. Sodomizo minha mulher porque sempre quis agir assim, mas nunca a vi como mulher sexualizada – objetificada – o suficiente para tal. Então, como ela se mostra ou se fez desejosa de outro, eu avanço o sinal que eu mesmo havia colocado (eis aí o meu erro) de não tratá-la de modo não objetificado. Essa sodomização pode ser simplesmente o coito anal ou mesmo o coito vaginal com alguns tapas etc., nada além. Mas, ao mesmo tempo em que meu sadismo se amplia, mantenho meu sofrimento latente na medida em que o outro que esteve no meu lugar, também esteve ali presente, na minha fantasia quase que impossível de deter. Esse outro fez da minha mulher o que quis, com o consentimento dela. Sofro com isso e o ato sexual perdura meu sofrimento, necessário agora para o meu prazer real – o masoquismo – e, enfim, também para a minha mulher. A mulher, nesta hora, percebe que despertou o marido para algo que ela queria e sabia que queria, ou que, talvez, nem soubesse tanto que queria.  Mutatis mutandis tudo isso vale inversamente, para a mulher.
Alguns casais seguem em frente após isso. Há quem diga: foram cicatrizadas as feridas. Não! Ou ao menos não no sentido de que os prazeres envolvidos no despertar do sadismo e do masoquismo desapareceram. Caso as feridas tenham sido cicatrizadas, as chances de ocorrer novamente são grandes. Pois a ferida misturada ao sexo pode ser um ingrediente necessário para aquele casal. Há mulheres que percebem isso e, amando de fato seus maridos, sugerem que os traíram para que a fantasia do jogo sado-masoquista possa estar presente, tênue ou não, no decorrer do casamento. Esquecem-se elas que talvez nem precisassem de tal coisa, pois seus homens, na calada da noite no sexo com elas, sempre estiveram fantasiando, imaginando situações em que elas os corneavam. Isso é muito mais comum do que podemos obter por mensurações estatísticas feitas por psicólogos amadores.
Os homens tendem menos a criar situações, reais ou fictícias, de que estão traindo suas mulheres. Uma boa parte dos homens acha que é melhor “andar na linha”, visivelmente ou realmente, pois podem machucar suas mulheres (ou perder o controle delas por falta de legitimidade moral nas relações de poder que montam um casamento). Há, ainda, uma grande culpa do homem em relação à mulher, pelo fato dele exercer, ainda que não individualmente, uma supremacia social. Mas, logo agirão assim também, ou seja, podendo insinuar uma pequena traição, pois em uma sociedade como a contemporânea os papéis masculinos e femininos, caracterizados antes por “psicologias”, vão desaparecendo em função de um comportamento semelhante e unificado.
Muitos que observam casais que viveram situações de traição imaginam que os divórcios não saíram porque os casais foram hipócritas e, se odiando eternamente, viveram juntos por “pressões sociais”. Às vezes essa verdade que não se conta é, no fundo, apenas uma mentira. Ou seja, a pressão social contou menos do que imaginamos. O grande filósofo alemão, Heidegger, que inclusive chegou por um momento a ter simpatias com o nazismo, viveu uma paixão com uma aluna bem mais jovem, a judia Hanna Arendt que, depois, se tornou também uma filósofa famosa. Heidegger nunca se divorciou. Depois, já sem os encontros com Arendt, ele manteve outros casos extraconjugais com alunas, cada vez mais distantes de sua idade. Sua mulher sempre esteve ali, ciente, consciente, vigilante e compreensiva. Sim, compreensiva, mas dona da situação. Arendt a odiou a vida toda. Todavia, sabe-se que a mulher de Heidegger confessou a ele que amou o médico do casal. As cartas mostram que Heidegger soube disso, inclusive soube (ou sempre soube) que um de seus filhos era, em verdade, filho do médico. Heidegger nunca deixou de amar o filho e jamais se separou da mulher. Eles tinham todo um conjunto de segredos de polichinelo para compartilhar. Olhando de fora, pode-se dizer: o grande filósofo nunca foi nada além de um babaca. Não teve coragem de deixar a família para viver o grande amor com a deliciosa e inteligente judia. Mas, será esta a verdade? Ou, a quatro paredes, este casal, o filósofo e sua esposa, não tiveram uma vida sexual das melhores, um amor aparentemente burguês e, no fundo, além do amor burguês? Caso tenha sido isto, talvez o mecanismo sado-masoquista, a que aludi acima, tenha estado presente na cama deles, segurando eternamente o casamento. Nunca saberemos a verdade. Por isso mesmo, a história é boa. E dá o que pensar.
A situação do adultério é evitável. Muitos que se sabem poligâmicos podem optar pela monogamia. Os que não se tomam como poligâmicos têm mais dificuldade em serem monogâmicos por opção. Mas, como já disse, não é esta a questão aqui. A questão aqui era só a de descrever a situação de adultério. Ou seja, o que queria era poder dizer: o que ocorre no adultério é isso – e foi o que eu disse. Ou quase, porque o que falei está longe de ser um padrão. Vamos continuar acreditando que não nos comportamos de modo padronizado e, assim, cada um que vier a ler este meu texto poderá, ainda, conversar comigo e dizer “Ah, Paulo, o que falou, não tem nada a ver – ao menos comigo”. Ou seja, poderá ainda conversar comigo.
Paulo Ghiraldelli Jr é filósofo e escritor e está lançando entre dezembro de 2009 e janeiro de 2010 dois áudio books, “O que é marxismo?” e “Nietzsche apaixonado” (Universidade Falada) e um livro A aventura da filosofia (Manole)

domingo, 13 de dezembro de 2009

Dois pesos,duas medidas...

O muro de Berlim vinte anos depois

Latuff2 Carlos Latuff

Chegou a hora de pôr fim à globalização?


Elaborado como uma alternativa,sobretudo para os países em desenvolvimento,o paradigma da Desglobalização não deixa de ser pertinente para as economias capitalistas centrais.11 pilares da alternativa.
Walden Bello* 
www.kaosenlared.net/noticia/chegou-hora-pr-fim-globalizaco
      
 Princípios de cooperação da Alternativa Bolivariana para las Américas (ALBA), "transcende a lógica do capitalismo".
O atual desmoronamento global,o pior desde a Grande Depressão de há 70 anos, veio cravar o último prego no ataúde da globalização. Já assediada por fatos que mostravam o incremento da pobreza e da desigualdade, quando os países mais pobres experimentaram pouco ou nenhum crescimento econômico, a globalização viu-se definitivamente desacreditada nos dois últimos anos, quando o processo, anunciado com pompa e circunstância, da interdependência financeira e comercial, inverteu a sua marcha, para se converter em correia de transmissão, não de prosperidade, mas de crise e colapso econômicos. Elaborado como uma alternativa, sobretudo para os países em desenvolvimento, o paradigma da Desglobalização não deixa de ser pertinente para as economias capitalistas centrais.

O fim de uma era

Nas suas respostas à atual crise econômica, os governos falam à boca pequena de coordenação global, mas incentivam programas separados de estímulo econômico para revitalizar os seus mercados nacionais. Ao fazê-lo, os governos adiaram o crescimento orientado para a exportação, motor principal de tantas economias, rendendo ainda tributo de rigor à promoção da liberalização comercial como meio de contrariar o afundamento global concluindo a Ronda Doha de negociações comerciais sob os auspícios da Organização Mundial de Comércio. Reconhece-se cada vez mais que não há possibilidade de regressar a um mundo centralmente dependente do gasto ilimitado dos consumidores norte-americanos, visto que estes se escondem na bancarrota e ninguém se apresenta a ocupar o seu lugar.
Para além disso, seja mediante acordos internacionais ou unilateralmente executadas por governos nacionais, é mais seguro que se imponha um montão de restrições ao capital financeiro, à desbragada mobilidade daquele qual foi o detonador da presente crise.
No entanto, o discurso intelectual não mostrou demasiados sinais de ruptura com a ortodoxia. O neoliberalismo, com a sua ênfase no livre comércio, a primazia da empresa privada e um papel minimalista do Estado continua sendo a língua franca dos fabricantes de políticas.
Os críticos do fundamentalismo de mercado que pertencem ao establishment, incluindo luminárias como os Prêmios Nobel Joseph Stigitz e Paul Krugman, emaranharam-se em intermináveis debates sobre o grau de duração que devem ter os programas de estímulos e sobre se o Estado deveria manter a sua presença intervencionista na indústria automóvel e no sector financeiro, ou, se, uma vez conseguida a estabilização, deveria devolver as companhias e os bancos ao sector privado. Além disso, alguns, como o próprio Stiglitz, continuam a crer no que eles entendem como benefícios econômicos da globalização, na condição de reduzir os seus custos sociais.
Mas as tendências em curso estão transbordando a toda a velocidade tanto aos ideólogos da globalização neoliberal como a muitos dos seus críticos, e desenvolvimentos impensáveis há poucos anos vão ganhando vida. "A integração da economia mundial está em retrocesso prático por toda a parte", escreve The Economist. Ainda que a revista observe que as corporações empresariais continuam crendo na eficácia das cadeias de oferta global, "como qualquer cadeia, estas são tão fortes como o seu elo mais fraco. O momento perigoso chegará quando as empresas decidirem que este modo de organizar a produção chegou ao seu fim".A "desglobalização", um termo que The Economist me atribui, é um desenvolvimento que a revista, o primeiro bastião mundial da ideologia do livre mercado, considera como negativo. No entanto, creio que a desglobalização é uma oportunidade. Com efeito, os meus colegas de Focus o­n the Global South e eu fomos os primeiros a propor a desglobalização como um paradigma geral para substituir a globalização neoliberal. E fizemo-lo há uma década, quando as tensões, as pressões e as contradições que esta trouxe consigo se tornaram dolorosamente evidentes.
 Elaborado como uma alternativa, sobretudo para os países em desenvolvimento, o paradigma da desglobalização não deixa de ser pertinente para as economias capitalistas centrais.

Os 11 pilares da alternativa

O paradigma da desglobalização tem 11 pontos chave:

• A produção para o mercado interno tem que voltar a ser o centro de gravidade da economia, antes da produção para os mercados de exportação.
 • O principio de subsidiariedade deveria respeitar-se como um tesouro na vida econômica, promovendo a produção de bens à escala comunitária e à escala nacional, se tal se puder fazer a custo razoável, a fim de preservar a comunidade.
• A política comercial – quer dizer, excedentes e tarifas— tem que servir para proteger a economia local da destruição induzida por mercadorias subsidiadas por grandes corporações com preços artificialmente baixos.
• A política industrial –incluídos os subsídios, tarifas e comércio— teria que servir para revitalizar e robustecer o sector manufatureiro.
• Algumas medidas, sempre adiadas, de redistribuição equitativa da renda e redistribuição da terra (incluindo uma reforma do solo urbano) poderiam criar um mercado interno vigoroso que serviria de âncora da economia e geraria os recursos financeiros locais para o investimento.
• Dar importância ao crescimento, dar importância à melhoria da qualidade de vida e maximizar a equidade reduzirá o desequilíbrio ambiental.
• Propiciar o desenvolvimento e a difusão de tecnologia que se conjugue bem com o meio ambiente, tanto na agricultura como na indústria.
• As decisões econômicas estratégicas não podem entregar-se nem ao mercado nem aos tecnocratas. Em seu lugar, deve-se aumentar o raio de alcance da tomada democrática de decisões na vida econômica, até que todas as questões vitais (como quais as indústrias a desenvolver ou condenar, que proporção de orçamento público se deve dedicar à agricultura, etc.) estejam sujeitas a discussão e a eleição democráticas.
• A sociedade civil tem que controlar e fiscalizar constantemente o sector privado e o Estado, um processo que deveria institucionalizar-se.
• O conjunto institucional da propriedade deveria transformar-se numa "economia mista" que incluiria cooperativas comunitárias, empresas privadas e empresas estatais e excluiria as corporações transnacionais.
• As instituições globais centralizadas, como o FMI e o Banco Mundial, deveriam ser substituídas por instituições regionais fundadas, não no livre comércio e no livre movimento de capitais, mas em princípios de cooperação que, para usar as palavras de Hugo Chávez na sua descrição da Alternativa Bolivariana para las Américas (ALBA), "transcenda a lógica do capitalismo".
Do culto à eficiência à economia eficaz
 O propósito do paradigma da desglobalização é superar a economia da eficiência estreita, cujo único critério chave é a redução do custo por unidade, para não falar na desestabilização social e ecológica que o processo induzido pelo respeito supersticioso desse critério traz consigo.
 É superar um sistema de cálculo econômico que, nas palavras de John Maynard Keynes, "converte todo o comportamento vital… numa espécie de paradoxal pesadelo de contadores". Uma economia eficaz, pelo contrário, robustece a solidariedade social subordinando as operações do mercado aos valores de equidade, justiça e comunidade e alargando a esfera do processo de tomada democrática de decisões. Para utilizarmos a linguagem do grande pensador húngaro Karl Polanyi no seu livro “A grande transformação”, para a desglobalização é mais importante como "reincrustar" a economia na sociedade, do que deixar a sociedade abandonada ao controlo da economia. O paradigma da desglobalização sustenta também que um modelo unidimensional extremista, como o neoliberalismo ou o socialismo burocrático centralizado, é disfuncional e desestabilizador. Em contrapartida, haveria que esperar e incentivar a diversidade, como na natureza. A teoria econômica alternativa tem princípios compartilhados, e esses princípios apareceram já substancialmente na luta contra e na reflexão crítica sobre o fracasso do capitalismo e do socialismo centralizados.No entanto, a articulação concreta desses princípios – os mais importantes dos quais acabam de ser mencionados — dependerá dos valores, dos ritmos e das opções estratégicas de cada sociedade.
 O pedigree da desglobalização
 Ainda que possa soar a radical, o certo é que a desglobalização não é nenhuma novidade. O seu pedigree inclui os escritos do eminente economista britânico Keynes, que, no momento culminante da Grande Depressão, ousou deixar dito isto: "Não desejamos… estar a mercê de forças mundiais que geram, ou tratam de gerar, algum equilíbrio uniforme, de acordo com princípios de capitalismo de laissez faire". Com efeito, prosseguia, para "um leque crescente de produtos industriais, e talvez também agrícolas, levantou-se-me a dúvida de o custo econômico da auto-suficiência ser bastante grande para contrabalançar as outras vantagens resultantes de reunir gradualmente o produtor e o consumidor no âmbito da mesma organização nacional, econômica e financeira. Acumula-se a experiência que comprova que o grosso dos processos da moderna produção em massa pode executar-se na maioria dos países e na maioria dos climas com uma eficiência praticamente idêntica".
 E com palavras que soam muito contemporâneas, concluía Keynes: "Eu simpatizo… mais com os que queriam minimizar do que com os que queriam maximizar a trama da conexão econômica entre as nações. As idéias, o saber, a arte, a hospitalidade, as viagens; todas essas coisas deveriam, pela sua própria natureza, ser internacionais. Mas deixemos que os bens se produzam em casa quando isso seja razoável e convenientemente possível; e, sobretudo, deixemos que as finanças sejam prioritariamente nacionais."

* Walden Bello, professor de ciências políticas e sociais na Universidade de Filipinas (Manila), é membro do Transnational Institute de Amsterdam e presidente da Freedom from Debt Coalition, assim como analista sênior na Focus o­n the Global South.
  Tradução: Guilherme Coelho

Um mundo maravilhoso...para Obama!

Por Elaine Tavares - Revista Pobres & Nojentas




Patética cena. Na platéia, de mãos dadas, a realeza. Olhos sorridentes, expressão de gozo e aquela serenidade dos saciados. No púlpito, o arrogante soberano do mundo. Recebia o Nobel da Paz e falava da necessidade da guerra . Nada poderia parecer mais cínico. Justificando a postura imperial dos Estados Unidos, Barak Obama insistia na sagrada missão que este país tem de levar a democracia ao mundo, nem que seja sob o fogo grosso. A imposição da “liberdade liberal” a todo custo, com canhões e bombas.

Grotesca cena, assistida por milhões de pessoas no mundo. Os reis, feito cortesãos, aplaudindo o imperador. E este anunciava a decisão de enviar mais tropas ao Afeganistão, mais mortes, mais destruição, mais dizimação da cultura, da vida. E os lambe-botas, assentindo, extasiados, vendo o dono do mundo, no seu terno vistoso, cuspindo balas. “A guerra é fundamental para preservar a paz...” Que o digam os estadunidenses empobrecidos, os que perderam as casas na crise imobiliária, os que ficaram sem emprego por conta da quebradeira de empresas privadas “competitivas”, os que tiveram de ver seu governo investindo um trilhão de dólares para salvar os bancos, enquanto eles mesmos tem de viver em tendas, sem saúde adequada, sem esperança. Que o digam as gentes dos EUA que observam o Nobel da paz gastar dez bilhões de dólares ao ano com a guerra no Iraque, os que vem seus filhos chegar em caixões.

A guerra dos Estados Unidos não é uma missão confiada por deus para levar boa vida às gentes. A guerra é uma imposição do capital que precisa se expandir. Quando a produção é demais e não há quem compre, é necessário criar alguma destruição para que as empresas possam ter a quem vender. Assim, destruir um país parece ser um bom negócio. Não tem nada a ver com democracia, liberdade e outros destes conceitos bonitos que os cínicos usam para enganar os incautos. O capital lambe os beiços e vai se sustentando mais um pouco, construindo países que foram arrasados pelas bombas.

A teologia que move a sede de poder dos Estados Unidos não nasceu agora, não é exclusividade do jovem imperador. Ela vem de longe na história, e nós, na América Latina, já a sentimos na pele desde quando este país decidiu roubar as terras mexicanas no início do século XIX. Desde lá, as doutrinas de guerra vem assolando nossas vidas, com invasões armadas, invenção de governos ditatoriais fantoches, invasões culturais, invasões empresariais. Tudo isso em nome do “deus” dinheiro, tudo em nome do poder.

Ontem, na entrega do cínico Nobel da Paz, o jovem imperador escrachou a doutrina. Sem pejo. “Não há paz sem a guerra!” E os poderosos – defendeu com seu nariz empinado - tem o direito de impor sua vontade ao mundo. Porque tem os canhões. Michele, vestida como uma imperatriz, deu o toque familiar, limpando tal qual uma dona de casa típica, o fato do marido sob os holofotes. A Globo terminou aí sua matéria, com um riso de admiração no rosto de Bonner e Fátima, eles próprios um casal modelo. E, nas casas, as gentes sorriram. “Quão lindo é esse homem, e quê coragem em defender a guerra!” Enquanto isso, lá longe, no Oriente Médio, as bombas seguem caindo, assim como no Afeganistão, em Honduras, na Colômbia. Mas tudo bem, são só luzes. E é natal...


A razão cínica domina o mundo. Já não há disfarces. Mas eu acredito que uma hora dessas, as gentes acordarão e, decididas, dirão: Já basta! Ou isso, ou a barbárie.

Eleições no Chile....

Candidato do partido comunista chileno convoca a esquerda a se unir

do site opera mundi

 Enviada especial Lamia Oualalou |

 A pedido do site chileno de notícias El Mostrador, o grafólogo Rodrigo Farías analisou as assinaturas dos quatro candidatos para a eleição presidencial de hoje. Ele reconhece na escritura do candidato da direita Sebastián Piñera, que lidera as pesquisas, um caráter de “empresário incansável e oportunista”, enquanto julga que a assinatura de Eduardo Frei, o candidato da Concertação, a coligação de centro-esquerda, e a de um bom “administrador da estabilidade”.
O ex-socialista Marco Enriquez Ominami, que decidiu ser candidato com apenas 36 anos, ganha a qualificação de “garoto inteligente, encantador de serpentes”. Mas é o outro dissidente da Concertação, o também ex-socialista Jorge Arrate, que recebeu às palavras mais positivas. O grafólogo considera que ele tem a assinatura de “um idealista diplomático”: “Sua escritura é uma mistura interessante de idéias sólidas, mas expressadas de um jeito afável e diplomático”.
Pelo grafólogo, a forma aguda de algumas letras é signo de convicções rígidas, e vinculadas com o passado. As curvas da assinatura indicam, porém, um hábil negociador, “um sedutor capaz de harmonizar posturas diametralmente opostas”.   
Assessores próximos de Arrate asseguram sorrindo, que o grafólogo acertou em seus comentários.  E apoiadores e adversários de Jorge Arrate concordam numa avaliação: a candidatura de Jorge Arrate é a única que pode realmente ser qualificada de esquerda.
Jorge Arrete discursa em comício 

Mundo empresarial
O economista Roberto Pizarro, um veterano da Unidade Popular nos anos 1970, decidiu apoiá-lo. “É verdade que Marco [Enriquez Ominami] acabou com o velho modelo da Concertação, ele expressa uma demanda de participação dos mais jovens, e tem propostas bem progressistas. Mas economicamente, ele é muito liberal”, explica Pizarro.
De fato, o principal assessor econômico de MEO, como é chamado o jovem candidato, é o liberal Paul Fontaine, que já anunciou que na hipótese de um segundo turno entre Eduardo Frei e Sebastián Piñera, ficaria com o candidato da direita.
O mundo empresarial é  da mesma opinião. “Dos quatro candidatos, o único que nos parece perigoso para os negócios é Arrate, os outros tem mais ou menos a mesma proposta, com um pouco mais, um pouco menos de intervenção do Estado”, avalia um grande empresário, pedindo anonimato. “Mas tem que reconhecer que este homem tem firmeza nas idéias, é o único realmente coerente”, completa.
Denunciando a falta de primárias na escolha do candidato da Concertação, Jorge Arrate costurou uma aliança com a esquerda. A coligação “Juntos podemos”  tem como núcleo o Partido Comunista, que tem uma votação expressiva no Chile, apesar de não ter peso no Congresso, por causa de seu sistema eleitoral.
“Nossa candidatura era muito forte no começo, agora temos que reconhecer que perdemos apoiadores, que foram captados pelo fenômeno MEO, muito midiático”, conta Roberto Pizarro.
Divisão da esquerda
Poucos dias antes da eleição, Jorge Arrate convidou Eduardo Frei, e o independente Marco Enríquez-Ominami para conversar sobre uma aliança em um eventual segundo turno. O objetivo da aproximação entre os três seria evitar a vitória do opositor Sebastián Piñera, favorito nas pesquisas.
Para a analista política Marta Lagos, diretora de do instituto Latinobarómetro, “é importante entender que esta liderança de Piñera não significa que o Chile foi para direita. Se adicionar os votos de Frei, Arrate, e MEO, chega-se a um resultado bem superior a 50%. A única razão da provável vitória da direita é a divisão da esquerda”, explica.

“Minha disposição segue sendo a mesma, a disposição para sentar e dialogar. Não queremos La Moneda [o palácio presidencial no centro de Santiago] para a direita”, explicou Arrate durante uma entrevista à rádio Cooperativa. Uma aliança entre os candidatos de esquerda e centro-esquerda, anunciada antes do primeiro turno seria uma maneira de “notificar ao país que Sebastián Piñera não será presidente do Chile”, acrescentou.
Intenções de voto
O postulante da Concertação, Eduardo Frei, anunciou durante seu último comício que aceitava a proposta do candidato de “Juntos Podemos”. O ex-presidente (1994-2000) afirmou ter entendido o chamado de Arrate. “Ele nos convidou a trabalhar juntos na segunda volta, os progressistas, os democráticos, os que acreditam na liberdade e no respeito dos direitos humanos”, disse na cidade de Concepción.
O apelo de Arrate pode ter resultado no aumento das intenções de votos em seu favor. “Ele cresce à medida que MEO baixa”, analisa o sociólogo Eugenio Tironi. “Arrate esta atraindo os eleitores da Concertação que não querem votar no Frei, mas que fazem questão de não ser confundidos com a direita”, completa.
Tironi considera que uma boa votação de Arrate no primeiro turno seria um sinal positivo para a esquerda, “já que seus votos irão automaticamente para o Frei no segundo turno”. Isso poderia contribuir na mudança do cenário eleitoral.
 
Créditos: Sitio da Marcia

"Povo na merda" em fim de mandato?


Milton Temer
Milton Temer
 Milton Temer - portal do PSOL

Nada mais justo do que reconhecer a peremptória declaração do presidente Lula. Fundamental é "tirar o povo da merda". Só alguém de muita sensibilidade popular, portador de imenso senso de comunicação com o coração e a alma dos mais humildes é capaz de expressar de forma tão profunda onde realmente chafurda o povo miserável do nosso país.
Mas fica no ar a pergunta óbvia que nenhum repórter "astuto", lamentavelmente,  se propôs fazer a propósito da afirmação. Depois de tantos anos no governo, a quem Lula dirigia o oportuno impropério?  A quem responsabilizava pelo que, de forma correta, estabelecia como prioridade naquele instante de retórica bem popular? Havia ali algum propósito de auto-crítica contra sua própria administração? Ou havia ali um ato falho, tendo em vista estar ele ao lado de Roseana Sarney, parte decisiva da família que não só assola os dramáticos espaços geográficos do estado do Maranhão, mas de todas as instituições ditas republicanas desta malfadada República? E com cuja família Lula mantém estreitos laços de aliança política.
Quem responder AMBOS terá, sem contestação, acertado.
Porque não chafurdam na merda outros segmentos - não tão numerosos, mas seguramente bem mais providos de poder sobre a riqueza nacional - ao qual, tanto Lula quanto Sarney prestam absoluta vassalagem. Recebendo, evidentemente, os bonus do que escapole às abas do chapéu que acoberta os privilégios que são constantemente ofertados a seus mentores.
Não chafurdam na merda os banqueiros que determinam, a partir dos prepostos bem distribuídos pelos postos-chave da economia nacional, a partir Conselho Monetário e do Banco Central, as linhas mestras de uma macroeconomia diretamente voltada para a defesa de seus interesses. São os juros, recorde em todo o mundo, dos títulos de nossa dívida pública que lhes enche, sem riscos, as burras com lucros pantagruélicos.
Não chafurdam na merda os ruralistas e latifundiários do agronegócio, a partir do papel de garoto-propaganda que o presidente da República lhes oferta em suas infindáveis viagens por todos os continentes. E a partir das infindáveis anistias para inadimplências fraudulentas que impõem, principalmente, ao Banco do Brasil. Estão aí os R$ 10 bilhões de multas perdoadas, por Lula, aos desmatadores, na contramão das desculpas esfarrapadas do ridículo ministro do Meio Ambiente, em seu esforço para demonstrar não ter sido bigodeado pela decisão presidencial à sua revelia.
Não chafurdam na merda os especuladores do famigerado "mercado", os de fora e seus cúmplices e dependentes internos, certos de que, a qualquer abalo no fluxo de ganhos sem produção de que se favorecem na esteira dos juros-recorde que o governo patrocina, o dinheiro público estará às ordens para garantir os lucros. Certos de que nada mudará na esteira de isenções tributárias com que são premiados, cada vez mais.
Não chafurdam na merda as grandes multinacionais, principalmente as montadoras de automóveis, com as constantes isenções de IPÌ que estimulam um consumismo predador, e incessante. Que terminam por transformar nossos espaços urbanos em corredores de eterno e fatigante engarrafamento. Um consumismo que cria ilusões permanentes nessa insaciável classe média concentrada na idéia de que é preciso ter o novo, jogando fora o velho, mesmo que continue funcionando bem.
Não chafurdam na merda as grandes empreiteiras, linhas de transmissão de um incessante e crescente processo de transferência de recursos públicos para poucos bolsos privados, em obras não raro desnecessárias, mas essenciais na manutenção das mamatas e comissões que as emendas ao Orçamento propiciam a eminentes parlamentares sem escrúpulos, mas com imensa capacidade de vender seus votos.
Chafurdam na merda, junto com o povo, a educação e a saúde públicas, sem recursos para atender demandas mínimas da população que mais delas necessita, por conta das migalhas que lhes são destinadas na sobra do que é destinado aos pagamentos dos serviços da ilegal dívida pública.Chafurdam na merda os que dependem da seguridade social pública, tendo em vista o ataque permanente que sofrem as instituições que a constituem, com a divulgação constante de falsos déficits para justificar maiores arrochos.
Sobre isto é que deveriam refletir os que tudo apostam, sem senso crítico, nas reduzidas e limitadas políticas públicas do atual governo. E sobre isto deve operar a esquerda combativa, que não se rendeu nem se vendeu. Sem sectarismo. Não se deixando embolar na hipocrisia e na cretinice que marcam os comportamentos de PSDB, dem-PFL,PMDB e PPS - a direita em todos os seus matizes -. Porque estes são totalmente identificados com as medidas mais reacionárias e concentradoras de riqueza da atual política, e só fazem oposição ao pouco que deve ser estimuladosó a avançar: a diplomacia independente para questões fundamentais da conjuntura internacional, tais como a ação correta no Oriente Médio e na América Latina. No essencial, combatem Lula pelo viés do mais desprezível preconceito, ou  para com ele disputar o controle privado das verbas e cargos públicos do aparelho do Estado.
 
Milton Temer é jornalista

sábado, 12 de dezembro de 2009

Cobertura da Confecom será ao vivo, com transmissão pela internet e NBR



Confecom terá cobertura ao vivo


do blog do Azenha

Evento terá participação de comunicadores de rádios e TVs comunitárias e haverá tenda para público não credenciado com telões

Brasília – Mais de 300 profissionais de imprensa de todo o país estarão acompanhando a 1ª Conferência Nacional de Comunicação (Confecom), que começa na próxima segunda-feira, 14 de dezembro, no Centro de Convenções Ulysses Guimarães, em Brasília. A informação é do Ministério das Comunicações e da Secretaria de Comunicação da Presidência da República. O tema da conferência, a primeira a ser realizada no Brasil, é “Comunicação: meios para a construção de direitos e de cidadania na era digital”.

A Empresa Brasil de Comunicação (EBC) montou uma grande estrutura para o evento, mobilizando a TV Brasil, a televisão a cabo NBR, oito emissoras de rádio e a Agência Brasil de notícias.

A conferência, inédita, gira em torno de três eixos temáticos: “produção de conteúdo”, “meios de distribuição” e “cidadania: direitos e deveres”. O evento atraiu a atenção de jornais, revistas, sites, portais, agências de notícia, rádios, emissoras de televisão, assessorias e mídia comunitária.

Além de jornalistas dos meios de comunicação tradicionais, a Confecom receberá cerca de 60 comunicadores de meios comunitários, que atuam em rádios, TVs e agências espalhadas pelo país. Uma tenda será montada do lado de fora do Centro de Convenções, com dois telões e rede wireless, para atender ainda a um público não credenciado, mas ligado à área de comunicação, como estudantes e blogueiros.

A TV Brasil e a Agência Brasil preparam uma cobertura intensa, com pelo menos dez jornalistas em cada um dos quatro dias da Confecom, que se encerra na quinta-feira, 17. Serão produzidas reportagens para os telejornais, e o programa Repórter Brasil, principal telejornal da emissora, promoverá debates todos os dias sobre os temas da conferência.

“Queremos passar ao telespectador a importância das comunicações, através do debate dos diferentes pontos de vista sobre o tema”, aponta Eduardo Castro, gerente executivo de jornalismo da EBC.

A NBR transmitirá a conferência ao vivo, desde a abertura, com a presença do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, às 19h de segunda-feira, até a plenária final, que ocorre no dia 17. O sinal estará à disposição de qualquer emissora que tenha interesse em pegar as imagens.

A NBR também será responsável pela transmissão da conferência pela internet, através do sítio oficial da Confecom e em seu próprio sítio.

Para esta cobertura, a NBR mobilizou 50 pessoas, entre técnicos e jornalistas. “Teremos um estúdio montado no Centro de Convenções para produzir entrevistas e boletins para os programas da grade e os telejornais”, afirma José Roberto Garcez, superintendente de Rede e Diretor de Serviços da EBC.

A programação da NBR é transmitida para mais de mil emissoras em todo o país, públicas e privadas, o que possibilitará um grande acesso da sociedade brasileira aos debates da Confecom. O sinal da NBR também pode ser captado por antenas parabólicas (veja abaixo os parâmetros para captá-la).

As emissoras de rádio da EBC farão uma cobertura especial da Confecom, com a realização de mesa redonda e entrevistas diretamente do Centro de Convenções, de terça a quinta-feira, entre 9h30 e 10h e das 16h às 16h30.

As rádios da EBC estão envolvidas com a Confecom desde as conferências estaduais que precederam a Conferência Nacional e, além de programas, mesas redondas e documentários produzidos, veiculam spots de 40 a 50 segundos com representantes dos segmentos que compõem a Confecom: representantes de organizações dos movimentos sociais, de entidades empresariais e poder público.

“Nossa proposta é permitir ao ouvinte participar da discussão e fazer o seu juízo de valor sobre um tema importante como a comunicação”, aponta Cristina Guimarães, gerente da Rádio Nacional, de Brasília, cabeça de rede da transmissão da Confecom.

A Associação de Rádios Públicas do Brasil (Arpub) também terá produção especialmente voltada para a Confecom, com equipe multiprofissional de diferentes emissoras públicas. A transmissão da Arpub será de terça a quinta-feira, de 18 às 18h30. As transmissões da EBC e da Arpub estarão disponíveis via satélite no mesmo canal da Voz do Brasil, que é transmitida para mais de 4 mil rádios do país.

No sítio da Radioagência Nacional (www.ebc.com/radioagencia), agência de rádio na Internet, há um link para acessar matérias, entrevistas e sonoras das equipes da EBC na Confecom. O dowload é livre e gratuito.

Seguem abaixo os parâmetros para assistir a NBR por parabólica:

Cidades que captam o sinal da NBR pela Net
12 - Anápolis - GO
02 - Belo Horizonte - MG
19 - Blumenau - SC
13 - Brasília - DF
06 - Campinas - SP
09 - Campo Grande - MS
19 - Florianópolis - SC
10 - Goiânia – GO
15 - Indaiatuba - SP
06 - Porto Alegre - RS
07 - Ribeirão Preto - SP
04 - Rio de Janeiro - RJ
14 - Santos - SP
07 - São José do Rio Preto - SP
05 - São Paulo - SP

Sky
Canal 146

OiTV
696 - Rio de Janeiro

Recepção Digital de Satélite (Antena Parabólica)
Satélite: Star One C2
Posição Orbital do Satélite: 70°W
Polarização: Horizontal
Frequência: 3632
Padrão: DVB-S
SYMBOL RATE: 4.6875
FEC 3/4
PID DE VÍDEO: 0308
PID DE ÁUDIO: 0256
PID DE PCR: 8190

Recepção Analógica de Satélite (Antena Parabólica):
Satélite: Star One C2
Posição Orbital do Satélite: 70°W
Freq.: 4030
Banda L : 1120
Polarização : Vertical

da Assessoria de Imprensa/Confecom/EBC/Ascom-Ministério das Comunicações

Mais uma lorota das elites econômicas??

O fim do aquecimento global


por Art Horn [*]


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Five-Year Average Global Temperature Anomalies from 1880 to 2006.
By: NASA/Goddard Space Flight Center Scientific Visualization


O conto (story) do aquecimento global feito pelo homem está acabado. Na realidade ele nunca existiu excepto nas cabeças e nos corações de cientistas e académicos à procura de subvenções, de redes de televisão obcecadas com classificações e dos seus mal informados espectadores, bem como de eco-activistas oportunistas.

Dito isto, a alteração climática é real. A terra tem estado a sair de uma era fria de 450 anos conhecida como a "Pequena idade do gelo" a partir do fim dos anos 1600. Centenas de estudos verificaram a existência deste período frio. O Intergovernamental Panel on Climate Change das Nações Unidas tentou apagar a história climática dos últimos 1000 anos no seu relatório de 2001. Eles substituíram todos os estudos revistos por pares (peer-reviewed) do passado climático por outros que se ajustavam às suas necessidades. O agora desacreditado gráfico do "bastão de hóquei" ("hockey stick") não mostrava virtualmente qualquer mudança significativa na temperatura do mundo ao longo dos últimos 1000 anos. Convenientemente, o gráfico mostrava então um rápido e abrupto aumento na temperatura global durante os últimos 100 anos. Isto, naturalmente, devido ao nosso pecado de queimar combustíveis fósseis e alimentar as chamas do aquecimento global.

A única evidência de que a actividade humana está a provocar aquecimento global provém de modelos de computador. Estes modelos tomam o que as pessoas que os desenvolvem sabem acerca de como funciona o sistema climático da terra e tentam prever o futuro. Modelos de computador não são evidência. Modelos de computador podem ser alterados pelo seu criador. De facto, o criador do modelo pode fazer com que o mesmo diga que ele criador quiser através do ajuste de parâmetros. Isto não é prova.

Em 2007, um estudo mostrou os defeitos das previsões modeladas em computador. Os modelos mostravam que existia uma "marca" de aquecimento global no ar. Esta marca era um aquecimento dramático da atmosfera, não sobre o solo, mas 20 mil a 50 mil pés [6 mil a 15 mil metros] no ar acima dos trópicos. O estudo de 2007 revelou que observações de temperatura no mundo real efectuadas por balões meteorológicos ao longo de um período de 50 anos não mostravam qualquer marca de aquecimento global, nenhuma. Os modelos de computador haviam super-estimado grosseiramente o aquecimento sobre os trópicos. As observações do mundo real são mais importantes do que os modelos de computador. Apesar desta revelação, os alarmistas do clima continuaram a trombetear a chegada do juízo final se não mudássemos os nossos comportamentos pecaminosos. Fazer ao contrário ameaçaria subvenções do governo a faculdades, universidades, unidades de investigação e agências governamentais. Grandes corporações estão a desenvolver tecnologias amistosas para substituir combustíveis fósseis e casas de corretagem estão à procura de dinheiro em grande escala nos mercados em desenvolvimento de comercialização de carbono. As Nações Unidas procuram utilizar tratados climáticos para lutar pelo controle de emissões de carbono dos países independentes. Isto elevará a ONU e os seus líderes ao papel de dominador efectivo do consumo mundial de energia como autoridade única.

A teoria do gás com efeito estufa / aquecimento global declara que quanto mais dióxido de carbono for disseminado no ar, mais diminuirá a capacidade da atmosfera para descarregar o excesso de calor no espaço. Esta é a lenga-lenga do alarmismo do aquecimento global. Mais dióxido de carbono significa mais calor a obstruir o sistema climático e a terra fica cada vez mais quente. A partir disto temos ficcionado todos os vários desastres climáticos em filmes, concertos, anúncios e burlas, com os seus variados benfeitores e vítimas políticos e económicos.

Em 2009 o Dr. Richard Lindzen e Yong-Sang Choi, do MIT, elaboraram um novo estudo que utiliza dados de temperatura provenientes de satélites. Como antecedente, começamos com as previsões. Os modelos climáticos dizem que como os oceanos aqueceram-se em um grau Celsius das décadas de 1980 para a de 1990, a quantidade de calor a escapar para o espaço diminuiria. Mais calor seria aprisionado na atmosfera, devido em última análise à queima de combustíveis fósseis. O aquecimento dos oceanos foi natural e parte das grandes mudanças de temperatura de múltiplas décadas que são conhecidos há anos. Agora, se tivermos um meio de medir a quantidade de calor a sair para o espaço, então poderíamos obter algumas respostas. Nós o fizemos, chama-se Earth Radiation Budget Experiment Satellite (ERBE). Esteve em órbita acima da terra a medir a saída de radiação de ondas longas (calor) durante 16 anos, desde meados da década de 1980 até o fim da de 1990. Isto é muito significativo. Agora tínhamos uma ferramenta, e dados do mundo real, que podíamos comparar com as previsões do modelo de computador. Isto é o árbitro supremo do sistema climático.

Os resultados do estudo de Lindzen e Choi foram impressionantes. Os modelos de computador, todos os 11 deles, previam que quando oceanos e atmosfera aqueciam, a quantidade de calor a escapar para o espaço deveria diminuir em 3 watts por metro quadrado. Se isto fosse verdade, então a teoria do aquecimento global antropogénico teria uma base forte. Mas os dados de satélite utilizados por Lindzen e Choi infligiram um golpe esmagador nesta suposição. Quando os oceanos e a atmosfera aqueceram, as mensurações mostravam que a quantidade de calor a escapara para o espaço aumentou em 4 watts por metro quadrado desde meados da década de 1980 até ao fim da de 1990. Todos os modelos de computador estavam errados. Se a atmosfera não está a aprisionar calor gerado pelo aquecimento dos oceanos então não está a verificar-se aquecimento global de origem antropogénica.

A atmosfera compensava o calor adicional abrindo a janela um pouco mais. A teoria do aquecimento global jaz agonizante sobre a lona ensanguentada. Os alarmistas tentarão ressuscitar a carcaça com gritos ainda mais altos de cataclismo iminente e apelos ao arrependimento. Mas este berreiro cairá em ouvidos moucos. A ciência em última análise determinará quem é o vencedor e o mundo enterrará o aquecimento global na sua devida sepultura de gelo.



[*] Meteorologista. Trabalhou para a CBS, NBC e ABC.

O original encontra-se em http://www.energytribune.com/articles.cfm?aid=2665#


Este artigo encontra-se em http://resistir.info/ .

11º Encontro Internacional de Partidos Comunistas e Operários




Declaração de Deli



(Texto aprovado no 11º Encontro Internacional de Partidos Comunistas e Operários)


Este 11º Encontro Internacional de Partidos Comunistas e Operários, decorrido em Deli de 20 a 22 de Novembro de 2009, teve como tema «A crise capitalista internacional, as lutas operárias e populares e as alternativas e o papel do movimento operário e comunista»:

• Reitera que a actual recessão internacional é uma crise sistémica do capitalismo, demonstrando os seus limites históricos e a necessidade da sua superação revolucionária. Demonstra o agudizar da principal contradição do capitalismo, entre a natureza social da produção e a apropriação individual capitalista. Os representantes do capital tentam conciliar esta contradição irresolúvel entre o capital e o trabalho que está no coração da própria crise. Esta crise tem intensificado rivalidades entre os poderes imperialistas que através de instituições internacionais – o FMI, o Banco Mundial, a OMC, entre outros – estão a implementar as suas «soluções» que, no essencial, buscam a intensificação da exploração capitalista. «Soluções» militares e políticas são agressivamente levadas a cabo globalmente pelo imperialismo. A NATO está a promover uma nova estratégia agressiva. Os sistemas políticos estão a tornar-se mais reaccionários, limitando liberdades democráticas, cívicas, sindicais, etc. Esta crise está a aprofundar a corrupção estrutural no capitalismo, que se encontra num estado de institucionalização.

• Reafirma que a actual crise, provavelmente a mais poderosa e mais vasta desde a Grande Depressão de 1929, não deixou nenhum campo intocado. Centenas de milhares de fábricas foram fechadas. As economias agrárias e rurais estão à beira da agonia intensificando a miséria e a pobreza de milhões de cultivadores e de agricultores. Milhões de pessoas são deixadas sem emprego e sem-abrigo. O desemprego está a crescer a níveis sem precedentes e é oficialmente esperado que venha a atingir a marca dos 50 milhões. As desigualdades estão a crescer por todo o mundo – os ricos estão a ficar mais ricos e os pobres mais pobres. Mais de mil milhões de pessoas, isto é, um sexto da humanidade, passa fome. A juventude, as mulheres e os imigrantes são as primeiras vítimas.


Coerentes com a sua natureza de classe, a resposta dos respectivos governos capitalistas para superar a crise falha por desconsiderar estas preocupações básicas. Todos os gestores neoliberais e social-democratas do capitalismo, que até há pouco atacavam o Estado, estão a utilizar o Estado para salvar o sistema. Sublinham, assim, um facto básico que o Estado capitalista sempre defendeu e ampliou as vias de acesso a super-lucros. Enquanto os custos dos pacotes de salvamento de bancos são custeados publicamente, os seus benefícios revertem apenas para uns poucos. Os planos de salvamento anunciados são sempre direccionados para resgatar e, por conseguinte, alargar as vias de produzir lucro. Os bancos e as corporações financeiras são de novo de volta aos negócios e fazendo lucros. O desemprego crescente e a depressão dos salários reais são o fardo para a população trabalhadora, em comparação com os enormes pacotes de salvamento financeiro destinados às grandes empresas.

• Esta declaração afirma que esta crise não é uma aberração baseada na ganância de uns poucos ou da ausência de mecanismos regulatórios efectivos. A maximização do lucro, razão de ser do capitalismo, ampliou fortemente as desigualdades económicas tanto entre países como dentro de cada país nestas décadas de “globalização”. A consequência natural foi o declínio do poder aquisitivo da vasta maioria da população mundial. A crise actual é, por conseguinte, uma crise sistémica. Mais uma vez se prova a análise marxista de que o sistema capitalista conduz necessariamente a crises. O capital, na sua busca pelo lucro, atravessa fronteiras e sobrepõe-se a tudo e todos. Neste processo, o capital intensifica a exploração da classe trabalhadora e de outras camadas assalariadas, impondo-lhes grandes dificuldades. O capitalismo requer a manutenção de um exército laboral de reserva. A libertação de tais barbaridades capitalistas apenas pode surgir com o estabelecimento de uma alternativa real, o socialismo. Isto requer o reforço das lutas anti-monopolistas e anti-imperialistas. A nossa luta por uma alternativa é, pois, uma luta contra o sistema capitalista. A nossa luta por uma alternativa é por um sistema sem exploração do homem pelo homem e de nações por outras nações. É a luta por outro mundo, um mundo de justiça, um mundo socialista.

• Conscientes do facto que os poderes imperialistas dominantes procuram o seu caminho para sair da crise ao colocar maiores fardos sobre a população trabalhadora, ao procurarem penetrar e dominar os mercados de países com níveis baixo e intermédio de desenvolvimento capitalista, os chamados países em desenvolvimento. Esses poderes estão a tentar atingir isso, em primeiro lugar, através dos acordos de Doha da OMC, que reflectem os acordos económicos desiguais à custa dos povos destes países, particularmente no referente aos padrões agrícolas e ao NAMA (Acesso ao Mercado Não-Agrícola).


Em segundo lugar, o capitalismo, principal responsável pela destruição ambiental, está a tentar passar o fardo da protecção do planeta das mudanças climática para os ombros da classe trabalhadora e da população laboriosa. A proposta capitalista para reestruturar em nome da mudança climática tem muito pouca relação com a protecção do ambiente. Os chamados «Desenvolvimento verde» e a «economia verde» são usados para impor novas regulações monopolistas que levam a mais maximização de lucros e à imposição de mais dificuldades aos povos. A maximização do lucro no capitalismo não é, assim, compatível com a protecção ambiental e com os direitos dos povos.

• Esta Declaração nota que a única saída desta crise para a classe trabalhadora e para o povo é a intensificação das lutas contra o domínio do capital. É da experiência da classe trabalhadora que só quando mobiliza as suas forças e resiste é que pode ser bem-sucedida na protecção dos seus direitos. Protestos laborais, ocupações de fábricas e outras acções militantes da classe trabalhadora têm forçado as classes dominantes a ter em consideração as reivindicações dos trabalhadores. Na América Latina, o palco corrente de mobilizações populares e de acções operárias, tem-se mostrado como os direitos podem ser protegidos e ganhos através da luta. Nestes tempos de crise, mais uma vez a classe trabalhadora está prenhe de descontentamento. Muitos países têm testemunhado enormes acções operárias, reivindicando melhores condições de vida. Estas acções de luta operárias necessitam de ser reforçadas pela mobilização da vasta massa do povo, não apenas para aliviar a situação imediata, mas para uma solução de longo-termo.

O imperialismo, aproveitando o desaparecimento da União Soviética e os períodos de boom económico anteriores a esta crise, tem levado a cabo ataques sem precedentes aos direitos da classe trabalhadora e dos povos. Isto tem sido acompanhado por uma frenética propaganda anti-comunista, não apenas em cada país, mas também em fóruns globais e internacionais (União Europeia, OSCE, Conselho da Europa). Contudo, por muito que tentem, as conquistas e as contribuições do socialismo para definir os contornos da civilização moderna são inegáveis. Defronte destes ataques, as nossas lutas até agora têm sido sobretudo lutas defensivas, lutas para proteger os direitos que conquistamos anteriormente. A conjuntura actual dificulta o lançamento de uma ofensiva, não apenas para proteger os nossos direitos mas para conquistar novos direitos. Não para conquistar alguns direitos mas para desmantelar todo o edifício capitalista, para o derrube do domínio do capital, por uma alternativa política – o socialismo.

• Esta Declaração afirma que, sob estas condições, os Partidos Comunistas e Operários devem trabalhar activamente para mobilizar as secções mais vastas possíveis das forças populares na luta pelo emprego estável e a tempo inteiro, pela saúde, educação e segurança social exclusivamente pública e gratuita, contra as desigualdades de género e contra o racismo, e pela protecção dos direitos de todos os sectores da população trabalhadora, incluindo jovens, mulheres, trabalhadores migrantes e aqueles provenientes de minorias étnicas e nacionais.

• Esta Declaração apela aos partidos comunistas e operários para levarem a cabo estas tarefas nos seus países respectivos e que lancem amplas lutas pelos direitos dos povos e contra o sistema capitalista. Apesar de o sistema capitalista inerentemente levar a crises, tal não significa que irá colapsar automaticamente. A ausência de uma contra-ofensiva liderada pelos comunistas engendra o perigo do crescimento de forças reaccionárias. As classes dominantes lançam todo um vasto ataque para prevenir o crescimento dos comunistas e dos partidos operários de forma a manter o seu status quo. A social-democracia continua a espalhar ilusões sobre o real carácter do capitalismo avançando com slogans «humanização do capitalismo», «regulação», «governança global», etc. Estes slogans apoiam a estratégia do capital ao negar a luta de classes e defendem o prosseguimento de políticas anti-populares. Nenhuma reforma consegue eliminar a exploração sob o capitalismo. O capitalismo tem de ser derrubado. Isto implica a intensificação da luta ideológica e política desencadeadas pela classe trabalhadora e pelos povos. Todas as teorias do género «não há alternativa» para a globalização imperialista estão difundidas. Contrapondo-lhes, a nossa resposta é «o socialismo é a alternativa».

Nós, os Partidos Comunistas e Operários vindos de todas as partes do globo e representando os interesses da classe trabalhadora e de todos os outros sectores oprimidos da sociedade (a vasta maioria da população global), sublinhamos o papel insubstituível dos Partidos Comunistas. Apelamos ao povo para que se junte a nós no reforço das lutas. O socialismo é a única alternativa real para o futuro da humanidade e o futuro é nosso.

Participantes:
Partido Comunista da Argentina
Partido Comunista da Austrália
Partido Comunista do Bangladesh
Partido do Trabalho (Bélgica)
Partido Comunista do Brasil (PCdoB)
Partido Comunista Brasileiro (PCB)
Partido Comunista da Grã-Bretanha
Partido Comunista do Canadá
Partido Comunista da China
Partido Comunista de Cuba
AKEL
Partido Comunista da Boémia e da Morávia
Partido do Trabalho da Coreia
Partido Comunista da Dinamarca
Partido Comunista da Finlândia
Partido Comunista Francês
Partido Comunista Alemão
Partido Comunista da Grécia
Partido Progressista dos Povos da Guiana
Partido Comunista Húngaro do Trabalho
Partido Comunista da Índia (Marxista)
Partido Comunista da Índia
Partido Tudeh do Irão
Partido Comunista do Iraque
Partido Comunista da Irlanda
Partido Comunista de Israel
Partido dos Comunistas Italianos
Partido da Refundação Comunista
Partido dos Comunistas da Quirguízia
Partido Revolucionário do Povo do Laos
Partido Socialista da Letónia
Partido Comunista Libanês
Partido Comunista do Luxemburgo
Partido Comunista do México
Partido Comunista do Nepal (Unido Marxista-Leninista)
Novo Partido Comunista da Holanda
Partido Comunista da Noruega
Partido Comunista do Paquistão
Partido Comunista Palestiniano
Partido do Povo Palestiniano
Partido Comunista Português
Partido Comunista da Federação Russa
Partido Comunista da União Soviética
Partido Comunista dos Trabalhadores Russos
Partido Comunista da África do Sul
Partido Comunista dos Povos de Espanha
Partido Comunista de Espanha
Partido Comunista do Sri Lanka
Partido Comunista da Suécia
Partido Comunista Sírio
Partido Comunista da Turquia
Partido Comunista dos EUA
Partido Comunista do Vietname
Partido Comunista da Jugoslávia


Tradução a partir do texto em inglês de João Aguiar

sexta-feira, 11 de dezembro de 2009

O "muro" não é somente dos comunistas....

Israel, o muro da vergonha

por Ellen Cantarow, Tom Dispatch

Ouve-se muito sobre a violência no conflito Israel-Palestina, mas raramente se ouve contar a história da determinada e longa resistência não-violenta, presente e muito importante, de muitas vilas palestinas, contra o roubo de suas terras. O que aqui escrevo é meu depoimento sobre o que vi numa dessas vilas na Cisjordânia.
Nunca, desde que começou a ocupação da Cisjordânia por Israel em 1967, o roubo de terras palestinas e o impedimento do acesso às fontes de água pareceram mais chocantes do que depois de terras e água passarem a serem usados exclusivamente para construir “o muro” – construção iniciada em 2002. Enorme, complexo, de várias caras e formatos, o muro é construção dramática, de quase oito metros de altura, com torres de vigilância ocupadas por soldados, com cercas eletrificadas instaladas na parte superior, e que se estende por enormes distâncias.
Em 2004, a Corte Internacional de Justiça (ICJ) declarou “ilegal” o muro; Israel ignorou completamente a sentença. Hoje, o muro ondula por mais de 280 km na Cisjordânia, envolvendo todas as principais colônias e várias colônias menores, todas exclusivas para judeus (e que são colônias, não são ‘assentamentos’). Quando estiver todo construído, o muro terá cercado 85% da população de colonos judeus da Cisjordânia – processo de anexação de facto de fatias significativas de território ocupado pela primeira vez em 1967. Aí está o sonho da “Grande Israel” sionista, rapidamente convertido em arquitetura e pedra. Do ponto de vista dos palestinos, o muro é como um monumento ao roubo de terras e água.
Jayyous, com população de 3.500 habitantes, é uma das vilas palestinas cujo acesso à água é impedido pelo muro israelense, inserida no nordeste montanhoso da Cisjordânia, com a cidade palestina de Qalqilya a oeste. O cenário é dos mais belos do Mediterrâneo, espécie de mistura, digamos, da Toscana e de partes da Iugoslávia, com inúmeros sítios arqueológicos e ruínas romanas. E é uma das regiões mais férteis da Cisjordânia. Ali sempre cresceram nogueiras, laranjeiras, limoeiros e oliveiras, além de hortaliças – sempre em torno de Jayyous e suas muitas fontes de água subterrânea e poços. Os aqüíferos da região de Jayyous e Qalqilya, de fato, são um dos principais tesouros da Cisjordânia. As terras que pertencem à vila de Jayyous e à cidade de Qalqilya são lindeiras da fronteira israelense de antes de 1967, a chamada “Linha Verde‍ ?.
Antes de haver o muro, os mercadores de Qalqilya mantinham comércio regular com os israelenses dos dois lados da fronteira; e os agricultores de Jayyous trabalhavam suas terras ao longo de toda a Linha Verde. Hoje, o monstruoso muro de concreto cerca Qalqilya completamente, fazendo lembrar os campos de prisioneiros e os ghettos de outros tempos. Jayyous vive segregada de suas terras férteis pelo muro, na modalidade que se pode classificar de “barreira” – um sistema de cercas de ferro, arame farpado e patrulhas militares, usuárias exclusivas das estradas exclusivas para judeus e controladas por soldados israelenses.
4.000 pés de oliveiras e limoeiros foram arrancados, ali, para dar lugar ao muro. Todos os poços da vila e 75% da terra estão hoje confiscados por trás do muro, isolados no lado oeste – o lado ‘israelense’ – do muro. Uma pequena colônia exclusiva para judeus, chamada Zufim, está instalada no coração do que, antes, foi a riqueza dos habitantes de Jayyous. Israel tem planejada a construção de 1.500 novas moradias nessas terras confiscadas da vila. As novas unidades destruirão a única estrada pela qual os agricultores de Jayyous ainda podem entrar e sair de suas terras; antes, havia seis estradas. Israel já bloqueou cinco. Os novos prédios bloquearão a última.
Sharif Omar Khalid, mais conhecido na região como Abu Azzam, 65 anos, lutou durante toda a vida para preservar as terras de Jayyous. Em 1980, com outros agricultores representantes de vilas na Cisjordânia, fundou o Comitê de Defesa da Terra [ing. Land Defense Committee], uma das 18 organizações que hoje conduzem a campanha “Parem o Muro” [ing. Stop the Wall]. Dotado de inabalável otimismo, Khalid contabiliza como vitória uma decisão da Suprema Corte israelense, de abril de 2006, que obrigou os israelenses a deslocar o muro, afastando-o dos limites sul da vila. A decisão devolveu aos proprietários palestinos 11% da terra de Jayyous – 750 dunams [1 dunam = 1.000 m2] dos 8.600 que o muro confiscou.
O muro lá permanece, e também permanece um dos componentes essenciais do muro: a “passagem agrícola”. Há duas nas terras de Jayyous – uma para o norte; outra para o sul. Praticamente todos os agricultores da vila são obrigados a usar a passagem norte. Mantida aberta por dois períodos de 45 minutos (um pela manhã, outro no final da tarde), a passagem é, de fato, um bloqueio controlado por soldados israelenses que leva a uma estrada também controlada por soldados israelenses.
Mas para usar a passagem, transitar pela estrada controlada por soldados e ir dali às suas terras, os agricultores de Jayyous tem de exibir uma “autorização para ‘visitantes’”. Desde 2003, Israel decretou que os agricultores são meros ‘visitantes’ nas terras nas quais vivem e plantam há gerações. Obter essas autorizações é processo praticamente sem fim, que começa pela comprovação da propriedade da terra. Abu Azzam é um dos maiores proprietários de terra da vila; seu título de propriedade é antigo, de várias gerações, do tempo em que a Jordânia ocupou a Cisjordânia. Conhecido ativista contra o muro, várias vezes a autorização de passagem lhe foi negada; até que a Suprema Corte de Israel garantiu-lhe um passe permanente, no qual se registra que o portador não representa “ameaça à segurança de Israel”. Mas o passe ‘perm anente’ tem criado problemas extra a Abu Azzam, na odisseia diária para entrar e sair de suas terras.
O Portão do Inferno
Vi uma “passagem agrícola”, pela primeira vez, em 2004, nos limites da vila de Mas’ha, no norte da Palestina. Terrível. Imensas garras de aço, pintadas de amarelo-ocre, que rangiam ao abrir, por especial obséquio das forças israelenses de ocupação; permaneciam abertas por cerca de 30 minutos, de madrugada e no início da noite. Entre uma abertura e outra, as garras permaneciam cerradas, e ninguém passava, nem para um lado nem para o outro; quem estivesse fora de casa, lá tinha de ficar por todo um dia ou uma noite; alguém que precisasse sair de casa para atender a alguma emergência, lá era detido, por um dia ou uma noite; e os campos ficavam sem irrigar (a irrigação é feita depois do por do sol), se o agricultor não chegasse a tempo de encontrar abertas aquelas garras rangentes.
Cada vez que o portão de Mas’ha era aberto, um agricultor solitário, Hani Amer – cujas terras ficaram cercadas pelo muro por três lados – conseguia visitar uma parte de seus campos. Dos dois lados do portão havia rolos de arame farpado e um fosso, ambos paralelos, contínuos, a perder de vista. Depois do fosso, mais arame farpado. E, depois, uma “estrada militar”, exclusiva para veículos militares que patrulhavam as fronteiras de um ‘mundo árabe’ do qual se supunha que viria o apocalipse sobre a “Grande Israel”.
Depois da estrada militar, mais arame farpado e outro fosso, antes que Hani Amer pudesse, afinal, chegar aos seus campos.
Mas, para saber o que realmente significa a ‘passagem agrícola’, é preciso passar pelo menos uma noite inteira, como eu passei, com um agricultor de Jayyous, em tempos de colheita. Acordamos – ele, sua esposa e eu – às 5h30 da manhã, tomamos um copo do forte café árabe, comemos pão com geleia de frutas do pequeno pomar que restava junto à casa, e saímos, montados no pequeno trator branco, enferrujado, sacolejando pela estrada de pedras. Depois, claro, paramos numa longa fila de outros agricultores, junto ao portão.
Vejam hoje, então, no nascer de mais um dia do 42º ano de ocupação israelense, em frente àquele monstro de aço amarelo, como cenário de filme de terror, que eles continuam a chegar, como sempre: um vem de trator; outro, em lombo de burro, carregado de instrumentos de colheita e sacos; vão chegando e a fila vai crescendo. Os rolos de arame farpado lá estão, como sempre; e há os fossos e há a estrada militar, e, assim, lá continuam os  mesmos muros que aprisionam, há tanto tempo, o povo palestino. Vejam os soldados que andam lentamente e destravam lentamente os portões, acintosamente sem pressa; as garras se abrem e imediatamente são substituídas por soldados pesadamente armados que convertem a abertura em ponto inexpugnável de controle; e, mesmo isso, só por alguns momentos, a cada manhã e a cada fim de ta rde.
Enquanto esperava, olhando em volta do trator de Abu Azzam, em outubro passado, lembrei de como era a colina do outro lado da estrada, há algumas décadas, quando eu trabalhava como correspondente na Cisjordânia. Toda a região era percorrida pela linha branca das muretas de pedra que demarcavam os terraços onde, há séculos, cresciam oliveiras, cujas folhas soavam como sininhos ao vento, e a folhagem verde-escura das vinhas e dos pomares. A expansão da ‘Grande Israel’ e seu estilo Califórnia-de-ser-e-viver, eram então,  no máximo, itens do sonho sionista. Hoje, estão em toda a Cisjordânia, sonho nenhum, dura realidade; claro que não havia muro, nem ‘estrada militar’ nem, é claro, “passagem agrícola”.
Hoje, lá estão, os agricultores e seu burro, seu trator, seus apetrechos de trabalho, e aproximam-se das garras amarelas do monstro. E passam por elas. E um a um passam pelo arame farpado e pelo fosso e entram na estrada militar; então param o trator ou o burro, desmontam e apresentam documentos a um impassível soldado israelense. O soldado, cuja retaguarda é protegida por outros dois soldados, vira-se e grita para outro soldado invisível dentro de uma torre de controle, em hebraico, todos os números e nomes que haja no documento que tem em mãos. Pensem no que há de estoicismo e coragem naqueles agricultores que aceitam o ritual que Israel impõe, porque sabem que, por hora, não há alternativa. E não esqueçam  de pensar que aqueles homens e mulheres passam por tudo aquilo exclusivamente para poder fazer uma cois a: colher suas olivas plantadas por eles em terra sua.
Antes disso, cada um tem de parar na estrada, cabeça baixa ou olhos arregalados, à espera de que seu destino seja decidido, por aquele dia; então, se a passagem é permitida, passa-se. E há mais arame farpado e outro fosso, até que – finalmente – chega-se a alguma coisa que bem poderia ser liberdade, mas não é. O agricultor pode, afinal, subir a colina com seu trator ou seu burro. E pode então começar a trabalhar na colheita das próprias olivas, nas próprias oliveiras, plantadas em sua própria terra; para chegar até ali, muitas vezes, o agricultor palestino já perdeu várias horas de trabalho. E esse tormento é diário.
Ao mesmo tempo, considere os colonos israelenses e os soldados israelenses, cuja única regra, na obsessão de tudo controlar e de não deixar passe livre a nenhum agricultor palestino, converte em pesadelo a milenar faina de colher olivas. Colonos da colônia israelense de Zufim já destruíam plantações de oliveiras em Jayyous em 2004. (Algumas árvores foram queimadas; outras foram arrancadas para ser vendidas em Israel; e o esgoto da colônia envenenou e matou outras inúmeras oliveiras naquela área.)
Uma semana depois de minha visita, segundo o jornal Haaretz, colonos judeus outra vez “entraram em confronto com palestinos que colhiam olivas na Cisjordânia”. Os colonos judeus atacaram os agricultores palestinos porque “os palestinos ali reunidos ameaçam a segurança da colônia e as covas de onde oliveiras foram arrancadas podem servir de esconderijo para terroristas.”
Em outro ponto da mesma região, as forças de segurança de Israel acompanharam grupos de colonos judeus que invadiram uma vila palestina para promover “pequena manifestação” contra a colheita das olivas. (O exército de Israel é hoje dominado em todos os escalões, dos mais altos aos mais baixos, por colonos expansionistas ultra-religiosos, para os quais “todo colono é soldado e todo soldado é colono”.) E também há notícias de que em outro ‘posto avançado’ (nome que Israel dá às primeiras instalações de novas colônias), denominado Adi Ad, colonos judeus fundamentalistas arrancaram “dúzias de oliveiras”. Agora, enquanto escrevo, continuam a chegar mensagens e e-mail que testemunham inúmeras outras ações semelhantes a essas.
Várias vezes, desde outubro, o exército de Israel impôs toques de recolher na vila de Jayyous – punição coletiva por demonstrações semanais contra o muro promovidas pelos moradores mais jovens da vila. Na maior parte dos casos, o toque de recolher foi imposto depois de os agricultores já estarem nos olivais e não chegou a impedir a colheita diária. Mas os demais habitantes de Jayyous foram punidos. Punição coletiva – represália contra todos, por ações de alguns – é considerada crime de guerra, nos termos da Convenção de Genebra de 1949.
Não parar!
“Israel é um Estado que enlouqueceu”, observou Raja Shehadeh, advogado e escritor palestino, quando, um dia depois de visitar Jayyous, narrei-lhe a cena a que assistira na ‘passagem agrícola’. Aquela específica barreira de aço e garras, aqueles específicos agricultores, aqueles específicos soldados israelenses convertidos em instrumentos vivos da banalização do mal – tudo isso faz pensar em alguma específica modalidade de loucura tão simplória quanto brutal, de que ainda se alimenta a “Grande Israel”. Documentarista holandesa que entrevistou alguns colonos judeus na Cisjordânia relata um eloquente fragmento de diálogo: “Qual é seu sonho?” – perguntou ela a um dos colonos judeus. “Meu sonho”, respondeu ele, “é que meus netos digam, algum dia, olhando essa terra: aqui, antigamente, viveram árabes.”
Na véspera da manhã em que todos saímos em direção ao muro e à passagem, Abu Azzam levou um visitante alemão para conhecer a prensa local na qual diariamente ele e outros agricultores descarregam a colheita diária de olivas. A visão das olivas de Jayyous andando por uma esteira em direção à prensa, para emergir numa torrente de garrafões de plástico cheios de azeite foi visão de alegria e sucesso. Crianças corriam e riam pelo pátio de piso escorregadio, comendo pedacinhos de pão molhados no azeite dourado, recém-prensado. Que tipo de loucura humana pensaria em infligir tormento eterno àquele tipo de comunidade tradicional de trabalho pacífico?
Depois, Abu Azzam contou-me sobre seus anos de ativista político, o casamento, os filhos. Preso pelos jordanianos por pertencer ao Partido Comunista, e depois por Israel por sua luta para defender os olivais de sua vila, diz que sua ideia fixa é prosseguir. “A verdade é que não temos escolha” – diz ele, com um sorriso e um dar de ombros.
Lembra de quando, em outubro de 2003, o muro ainda em construção, funcionários israelenses tentaram subornar os ativistas de Jayyous, oferecendo-lhes 650 autorizações que dariam passe livre a vários agricultores para chegar às suas terras. Mas o “Comitê de Defesa da Terra” decidiu “em decisão conjunta” não usar os passes. Aceitá-los seria reconhecer o muro e todo o sistema de sequestro e roubo de propriedade que o muro implica. Os soldados israelenses, então, mantiveram fechado o portão; isso, no auge da colheita de olivas, goiabas e mexericas. Abu Azzam e outros agricultores palestinos abriram brechas nas cercas e conseguiram chegar aos pomares, mas “sem um trator, sem uma mula, sem carrinhos, sem tudo. Só nossos braços e pernas e cabeças.”
Em seguida, mais prisões. Os agricultores decidiram acampar nos pomares e não voltar às casas na vila. “Minha mulher ficou furiosa” – lembra Abu Azzam. “Telefonou-me, dia 21 de outubro, perguntando “Estamos divorciados? Você abandonou a família?” e eu respondi “Estou resistindo”. E ela: “Resistindo? Enquanto as goiabas, os pepinos, os tomates apodrecem no pé?” Respondi: “Estamos na nossa terra. Só isso já é resistência.”
Desde 2003 Abu Azzam e outro agricultores de Jayyous continuam obcecadamente a resistir em suas terras. A determinação de continuar o cultivo dos 3.250 dunams que restam, dos 8.050 dunams de antes de Israel roubar-lhes a terra, de não afastar-se dali, é, só ela, ato de resistência. Na Palestina, chamam-se “samid” esses que tomaram a decisão de “apenas ficar”. A palavra significa “perseverante” e, também, ‘cabeça-dura’ e “obcecado” – e é tradução eloquente da antiga modalidade de resistência palestina não-violenta.
“Vocês têm tantos problemas”, disse a Abu Azzam. “Não pensam em partir?” Ele sorriu como se tivesse pena de mim. “Toda a nossa vida é um problema. Não quero viver como refugiado. E sou contra a emigração promovida à moda dos israelenses.”
Desde 2008, os mais jovens em Jayyous têm feito manifestações junto ao muro. Um dos líderes – Mohammed Othman – foi preso pelos israelenses no outono passado, quando desembarcou de volta de uma viagem à Noruega onde fez várias palestras. Continua preso, sem qualquer acusação formal e sem saber quando será solto.
Os líderes dos movimentos de jovens de Jayyous também enviaram cartas a altos funcionários dos governos da Noruega e de Dubai, pedindo que as empresas desses países deixem de investir nas empresas de propriedade do bilionário descendentes de emigrantes do Uzbequistão e nascido em Israel Lev Leviev. Com isso, Jayyous une-se a ampla campanha internacional contra empresas que negociem com as companhias de Leviev. É enorme conglomerado, muito diversificado, que inclui minas de diamantes em Angola, propriedades imobiliárias em Nova York e empresas construtoras que constroem colônias nos Territórios Palestinos Ocupados (inclusive em Zufim). Em março passado, Barak Ravid, repórter do jornal israelense Haaretz, noticiou que a embaixada britânica em Telavive “suspendera negociações para alugar um andar na Torre Kyria, empreendimento imobiliário africano-israelense, porque havia informações seguras de que a empresa construtora [de Leviev] estava envolvida na construção de colônias exclusivas para judeus.” Também a Oxfam rompeu inúmeros contratos, sempre pela mesma razão.
Dia 9/9/2009, um mês antes de minha chegada, a Suprema Corte Israelense outra vez aprovara pedido para alterar o traçado do muro, com a correspondente devolução de mais 2.448 dunams aos proprietários originais, de Jayyous. “Resultado de sua luta?” – perguntei a Azzam. “Resultado da luta de Jayyous,” ele respondeu. “Somos um grupo da resistência palestina.”
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