Por Gabriela Moncau
Criado
em 2006 na Suécia e com atuação em mais de 30 países, inclusive no
Brasil, a organização partidária defende a liberação dos direitos
autorais e adoção de software livre na Internet.
Com
o interesse de manter a exclusividade de exploração comercial sobre os
produtos, a indústria cultural elabora leis que visam conter a cópia e
o compartilhamento de conteúdos. Sérgio Amadeu, sociólogo e professor
da Faculdade de Comunicação Cásper Líbero, estudioso da questão da
exclusão digital e do software livre, explica que as práticas de
colaboração são intrínsecas à sociedade e surgiram muito antes da
internet. “As pessoas não acham que estão fazendo nada errado. Esse
costume sempre existiu. Antigamente, por exemplo, você pegava um vinil,
colocava num aparelho de som 3 em 1, escolhia 3 ou 4 músicas, tocava o
vinil, montava uma fita, levava pra uma festinha, dava pro seu amigo
que copiava”, assinala.
Com
o advento das redes, os controladores da indústria cultural
desenvolveram diferentes estratégias de repressão. A primeira delas foi
criar casos exemplares: identificavam uma pessoa que havia desenvolvido
algum programa de compartilhamento ou que copiava muitos conteúdos e
abriam grandes processos contra ela. Cobravam multas, ameaçavam de
prisão e davam grande publicidade ao caso. As pessoas, no entanto,
deram-se conta que a chance de ser identificado era irrisória.
Colocaram em prática, então, processos contra um grande número de
pessoas. No entanto, a popularização e o barateamento da banda larga
fizeram com que a estratégia tivesse alcance limitado.
Terceira onda repressiva
Vivemos agora a tentativa de implementação da terceira onda repressiva no âmbito digital, conhecida como “resposta gradual”, ou “three strikes”, que apesar de ainda não ter sido posta em prática, está tramitando em diversos parlamentos. Trata-se de transferir a responsabilidade do judiciário para os provedores de acesso à internet. Cria-se uma regulação do provedor na qual ele é obrigado a notificar a pessoa que está baixando conteúdo ilegal uma, duas vezes. Na terceira, corta-se definitivamente o acesso à internet. Estudiosos do tema e defensores da democratização do conhecimento recorrem à Constituição e afirmam que tal penalização é ilegal, já que impedir o acesso à internet significa restringir a liberdade de expressão, o acesso à informação, cultura e serviços governamentais.
De acordo com Pablo Ortellado, integrante do Grupo de Pesquisa
Defesa das licenças livres
Direitos autorais dão às pessoas a exclusividade de exploração comercial, o que permite controlar quem tem acesso ao produto por meio da barreira de preço. Só que se a pessoa tem o direito de fazer essa exclusão, ela pode também fazer a autorização. O software livre surgiu a partir dessa idéia de inverter a lógica da exclusão dos direitos autorais por meio das licenças livres. Nos anos 1980, o programador americano Richard Stallman fez essa inversão e criou o conceito de software livre, impedindo que fosse usado segundo a lógica tradicional competitiva. Nos anos 1990, várias iniciativas pegaram esse espírito do software livre e traduziram pra outros âmbitos de expressão da cultura.
Simultaneamente,
com o advento da tecnologia de reprodução e a possibilidade de cópias
digitais em massa e sem custo, houve a ascensão de práticas espalhadas
na sociedade de cópia e colaboração. Uma delas são as redes
“pear-to-pear” (P2P) ou
par-a-par,
uma arquitetura de rede caracterizada pela descentralização do sistema,
onde cada computador realiza, no compartilhamento de arquivos, tanto a
função de servidor quanto a de cliente. Ou seja, os arquivos são
enviados de computador para computador diretamente.
Lei dos direitos autorais
Entre os movimentos que surgiram com a ascensão do software livre e das práticas de compartilhamento, organizou-se um partido político internacional, tendo como principais bandeiras a reforma da lei dos direitos autorais, a extinção do sistema de patentes e a defesa dos direitos civis. O Partido Pirata surgiu na Suécia em 2006, como uma reação às alternativas de impor controle sobre a Internet, por razões de segurança e defesa da propriedade intelectual.
Gabriela Moncau é estudante de jornalismo.
Para ler a reportagem completa e outras matérias confira a edição de janeiro da revista Caros Amigos, já nas bancas, ou clique aqui e compre a versão digital da Caros Amigos. |
Um blog de informações culturais, políticas e sociais, fazendo o contra ponto à mídia de esgoto.
domingo, 17 de janeiro de 2010
Partido alternativo....
sábado, 16 de janeiro de 2010
Os inimigos da reforma agrária
Parlamentares, financiados por grandes empresas da agricultura, colocam seus mandatos a serviço do latifúndio e do agronegócio
Depois
de conseguir emplacar a CPMI contra a reforma agrária, os setores
mais conservadores do Congresso Nacional passaram a escalar o seu
time de parlamentares. Foram convocados inimigos do povo brasileiro
para atuar na CPMI e nos bastidores. Esses parlamentares têm como
características o ódio aos movimentos populares e o combate à
reforma agrária e às lutas sociais no nosso país.
São
fazendeiros e empresários rurais, que foram financiados por grandes
empresas da agricultura e colocaram seus mandatos a serviço do
latifúndio e do agronegócio. Nas costas, carregam denúncias de
roubo de terras, desvio de dinheiro público, rejeição à
desapropriação de donos de terras com trabalho escravo, utilização
de recursos ilícitos para campanha eleitoral, devastação ambiental
e tráfico de influência.
Essa
CPMI faz parte de uma ofensiva desses parlamentares, que tem mais
três frentes no Congresso (veja box). Até o fechamento desta
edição, os nomes dos parlamentares indicados para a CPMI contra a
reforma agrária já tinham sido lidos, mas os trabalhos não tinham
começado. A CPMI pode se arrastar até junho de 2010.
Apresentamos,
abaixo, os deputados e senadores que estão na linha de frente na
defesa dos interesses da classe dominante rural.
KÁTIA
ABREU / Senadora (DEM-TO) / Suplente na CPMI
• Formada
em psicologia.
• Presidente
da Confederação Nacional da Agricultura e Pecuária do Brasil
(CNA), eleita em 2008 para três anos de mandato. Foi presidente da
Federação da Agricultura e Pecuária do Estado do Tocantins
(1995-2005).
• Dona
de duas fazendas improdutivas que concentram 2.500 hectares de
terras.
• Apresentou
23 projetos no Senado e apenas três foram aprovados, mas
considerados sem relevância para o país, como a garantia de visita
dos avós aos netos.
• Torrou
60% das verbas do seu gabinete com propaganda (R$ 155.307,37).
• É
alvo de ação civil do Ministério Público na Justiça de Tocantins
por descumprir o Código Florestal, desrespeitar povos indígenas e
violar a Constituição.
• Integrante
de quadrilha que tomou 105 mil hectares de 80 famílias de camponeses
no município de Campos Lindos (TO). Ela e o irmão receberam 2,4 mil
hectares com o golpe contra camponeses, em que pagaram menos de R$ 8
por hectare.
• Documentos
internos da CNA apontam que a entidade bancou ilegalmente despesas da
sua campanha ao Senado. A CNA pagou R$ 650 mil à agência de
publicidade da campanha de Kátia Abreu.
RONALDO
CAIADO / Deputado Federal (DEM-GO)
• Formado
em Medicina.
• Foi
fundador e presidente nacional da União Democrática Ruralista
(UDR).
• É
latifundiário. Proprietário de mais 7.669 hectares de terras.
• Dono
de uma fortuna avaliada em mais de R$ 3 milhões
• Não
teve nenhum dos seus 19 projetos aprovados no Congresso.
• É
investigado pelo Ministério Público Eleitoral por captação e uso
ilícito de recursos para fins eleitorais. Não declarou despesas na
prestação de contas e fez vários saques “na boca do caixa”
para o pagamento de despesas em dinheiro vivo, num total de quase R$
332 mil (28,52% do gasto total da campanha).
• Foi
acusado de prática de crimes de racismo, apologia ou instigação ao
genocídio por classificar os nordestinos como “superpopulação
dos estratos sociais inferiores” e propor um plano para o
extermínio: adição à água potável de um remédio que
esterilizasse as mulheres.
ABELARDO
LUPION / Deputado federal (DEM-PR) / Titular na CPMI
• É
empresário e dono de diversas fazendas (três delas em São José
dos Pinhais).
• Foi
fundador e presidente da União Democrática Ruralista do Paraná.
• É
um dos líderes mais truculentos da bancada ruralista na Câmara dos
Deputados.
• Faz
campanha contra a emenda constitucional que propõe a expropriação
de fazendas que utilizam trabalho escravo.
• Apresentou
somente cinco projetos no exercício do mandato. Nenhum foi aprovado.
• Sua
fortuna totaliza R$ 3.240.361,21.
• Fez
movimentação ilícita de R$ 4 milhões na conta bancária da mãe
do coordenador de campanha. É réu no inquérito nº 1872, que
tramita no Supremo Tribunal Federal (STF), por crime eleitoral.
• Sofre
duas representações por apresentar - em troca de benefícios
financeiros – uma emenda para as transnacionais Nortox e Monsanto
na Câmara, liberando o herbicida glifosato.
• A
Nortox e a Monsanto financiaram a sua campanha em 2002. A Nortox
contribuiu com R$ 50 mil para o caixa de campanha; já a Monsanto
vendeu ao parlamentar uma fazenda de 145 alqueires, por um terço do
valor de mercado.
• Participou
de transação econômica fraudulenta e prejudicial ao patrimônio
público da União em intermediação junto à Cooperativa
Agropecuária Pratudinho, situada na Bahia, para adquirir 88 máquinas
pelo valor de R$ 3.146.000, das quais ficou com 24.
• Deu
para parentes a cota da Câmara dos Deputados, paga com dinheiro
público, para seis voos internacionais para Madri e Nova York.
ONYX
LORENZONI / Deputado Federal (DEM-RS) / Titular na CPMI
• Formado
em medicina veterinária. É empresário.
• Membro
da “Bancada da Bala”, defendeu a manutenção da venda de armas
de fogo no Brasil durante o referendo do desarmamento.
• Gastou
64,37% da verba do seu gabinete com propaganda (R$ 230.621) .
• Campanha
financiada por empresas como a Gerdau, Votorantin Celulose, Aracruz
Celulose, Klabin e Celulose Nipo.
• Teve
apenas um projeto aprovado em todo o seu mandato.
ALVARO
DIAS / Senador (PSDB-PR) / Titular na CPMI
• Formado
em história. É proprietário rural.
• Foi
presidente da CPMI da Terra (2003/2005), que classificou ocupações
de terra como “crime hediondo” e “ato terrorista”.
• Não
colocou em votação pedidos de quebra de sigilos bancários e
fiscais de entidades patronais, que movimentaram mais de R$ 1 bilhão
de recursos públicos. Não convocou fazendeiros envolvidos
em
ações ilegais de proibição de vistorias pelo Incra.
• Divulga
na imprensa de forma ilegal fatos mentirosos sobre dados sigilosos
das entidades de apoio às famílias de trabalhadores rurais para
desmoralizar a luta pela reforma agrária.
• Não
declarou R$ 6 milhões à Justiça Eleitoral em 2006. O montante é
referente à venda de uma fazenda em 2002.
LUIS
CARLOS HEINZE / Deputado Federal (PP-RS)
• Formado
em engenharia agrônoma.
• É
latifundiário. Dono de diversas frações de terras, totalizando
1162 hectares.
• Fundador
e primeiro-vice-presidente da Federação das Associações de
Arrozeiros do Rio Grande do Sul (1989-1990).
• Seus
bens somam mais de R$ 1 milhão.
• Nenhum
dos seus projetos foi aprovado durante esta legislatura.
• Campanha
foi financiada pela fumageira Alliance One, responsável por diversos
arrestos irregulares em propriedades de pequenos agricultores.
• Defendeu
o assassinato de três fiscais do trabalho em Unaí (MG), declarando
que “os caras tiveram que matar um fiscal, de tão acuado que
estava esse povo...”, justificando a chacina promovida pelo
agronegócio (2008).
• É
contra a regularização de terras quilombolas (descendentes de
escravos), que representaria, para ele, “mais um entulho para os
produtores rurais”.
VALDIR
COLATTO / Deputado Federal (PMDB/SC)
• Formado
em engenharia agrônoma. Proprietário rural.
• Foi
superintendente nacional da Organização das Cooperativas
Brasileiras (OCB) (2000-2002).
• Foi
superintendente estadual do Incra em Santa Catarina (1985-1986) e
secretário interino da Agricultura de Santa Catarina (1987).
• Desapropriou
área de 1.000 hectares para fins desconhecidos na mata nativa quando
presidiu o Incra, causando prejuízos de R$ 200 milhões para o
poder público.
• Apresentou
projeto que tira do Poder Executivo e do Poder Judiciário e passa
para o Congresso a responsabilidade pela desapropriação de terras
por descumprimento da função social.
• É
contra a demarcação das terras indígenas e quilombolas.
• Autor
do projeto que transfere da União para estados e municípios a
prerrogativa de fixar o tamanho das áreas de proteção permanente
nas margens dos rios e córregos. Com isso, interesses econômicos
locais terão maior margem para flexibilizar a legislação ambiental
e destruir a natureza.
• É
um dos pivôs de supostas irregularidades envolvendo o uso da verba
indenizatória na Câmara dos Deputados.
(Fonte:
Jornal Sem Terra, do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra
(MST)
sexta-feira, 15 de janeiro de 2010
Genocidio em Gaza.....
A luta dos palestinos é a luta de todos
os povos oprimidos do mundo
O Egito não vai abrir a passagem fronteiriça com a Faixa de Gaza porque isto significaria o reconhecimento do Hamas.
A afirmação é do o ministro de Assuntos Exteriores do Egito, Ahmed Aboul Gheit.
“Reconhecer o Hamas, afirmou, é uma violação das obrigações do Egito com Israel, a União Europeia (UE) e a comunidade internacional".
A Faixa de Gaza é hoje, reconhecidamente, um campo de concentração, graças ao brutal bloqueio que lhe é imposto por Israel.
E agora com apoio do governo egípcio.
Essa atitude de um governo ditatorial, submisso a um governo racista, só pode causar a indignação daqueles que amam a liberdade.
O Hamas (Ḥarakat al-Muqāwamat al-Islāmiyyah - Movimento de Resistência Islâmica), é um partido político e um movimento de libertação. Seus dirigentes foram eleitos naquela que é considerada a mais livre e transparente das eleições de que se tem notícia no Oriente Médio.
Em todo o Oriente Médio, incluindo-se aí Israel.
É impressionante como a democracia e a resistência palestinas assustam. E não é para menos. Afinal, tanto os ditadores quanto os racistas sabem que a luta dos palestinos é a luta de todos os povos oprimidos do mundo.
Ou alguém duvida?
A afirmação é do o ministro de Assuntos Exteriores do Egito, Ahmed Aboul Gheit.
“Reconhecer o Hamas, afirmou, é uma violação das obrigações do Egito com Israel, a União Europeia (UE) e a comunidade internacional".
A Faixa de Gaza é hoje, reconhecidamente, um campo de concentração, graças ao brutal bloqueio que lhe é imposto por Israel.
E agora com apoio do governo egípcio.
Essa atitude de um governo ditatorial, submisso a um governo racista, só pode causar a indignação daqueles que amam a liberdade.
O Hamas (Ḥarakat al-Muqāwamat al-Islāmiyyah - Movimento de Resistência Islâmica), é um partido político e um movimento de libertação. Seus dirigentes foram eleitos naquela que é considerada a mais livre e transparente das eleições de que se tem notícia no Oriente Médio.
Em todo o Oriente Médio, incluindo-se aí Israel.
É impressionante como a democracia e a resistência palestinas assustam. E não é para menos. Afinal, tanto os ditadores quanto os racistas sabem que a luta dos palestinos é a luta de todos os povos oprimidos do mundo.
Ou alguém duvida?
Haiti, vítima do imperialismo dos USA...
A verdade acerca do sofrimento do Haiti
por Finian Cunningham
Mesmo no seu momento de absoluta devastação, o Haiti, o
país mais pobre do hemisfério ocidental, ensina ao resto do mundo
algumas verdades valiosas.
Esta nação insular do Caribe com nove milhões de habitantes tem neste exacto momento um terço da sua população privada de abastecimentos básicos de comida, água, remédios ou abrigo. No piscar de um olho, o terramoto que atingiu o país enterrou uma capital de três milhões de pessoas sob entulho, pelo que a contagem final de mortos pode ir de 100 mil a 500 mil pessoas. Assim, sem mais nem menos.
Tal como o fecho da porta do estábulo proverbial após a fuga do cavalo, os EUA e outras potências mundiais estão a prometer o envio de ajuda de emergência ao Haiti. É bem intencionado, sem dúvida. Mas onde estava a ajuda e a assistência ao desenvolvimento económico ao Haiti – mais da metade da população vive com US$1 por dia e 80 por cento é classificada como pobre – nos anos anteriores a esta calamidade?
A pobreza do Haiti – tal como a de outros países pobre atingidos por desastres naturais – deixa o seu povo totalmente exposto à espécie de devastação que se abaste sobre ele. E sem dúvida a pobreza do Haiti não é apenas um bocado de má sorte ou alguma coisa fundamentalmente errada quanto aos seus recursos naturais e ao seu povo. O país tem sido mantido subdesenvolvidos por décadas de interferência política e económica de Washington a fim de assegurar que esta antiga colónia de escravos continue a servir como uma fonte barata de exportações agrícolas para os EUA e como uma fonte de trabalho semi-escravo para corporações americanas que fabricam têxteis e outros bens de consumo.
Enquanto Washington gasta US$1.000 mil milhões em guerras alegadamente para combater a ameaça do terrorismo, os pobres do Haiti – cuja economia é avaliada em US$7 mil milhões – mostram-nos uma sóbria perspectiva do que é uma ameaça real. Vivemos num mundo físico onde inundações, tsunamis e terramotos acontecem. Estes desastres ceifam muito mais vidas do que as ameaças que obcecam os EUA e com as quais gastam muito mais dinheiro. Pode imaginar quantas vivas poderiam ter sido salvas no terramoto do Haiti se uma fracção do dinheiro dissipado em guerras fúteis houvesse sido dirigida ao desenvolvimento económico e social daquele país?
Naturalmente, a moral e a lógica sensata desta ideia não se aplica num mundo ditado pela política externa de Washington. Isto é assim devido aos imperativos e à lógica do capitalismo conduzido pelos EUA, o qual exige que países como o Haiti sejam mantidos num estado de pobreza em prol do lucro corporativo e que exige a fixação de ameaças ilusório para encobrir a sua necessidade de controlar recursos geopolíticos (principalmente energia). Esta é a face verdadeira do sistema económico que Washington e seus aliados impõem ao mundo. E o Haiti arrancou a máscara desta cara feia.
A angustiante aflição e o sofrimento do Haiti ensina-nos ainda outra coisa. Relatos de cortar o coração de ruas cheias de cadáveres e sangue a escorrer de debaixo do entulho, crianças a chorarem pelos pais, pais a escavarem com os seus dedos à procura dos filhos, o som de vozes moribundas a encherem a escuridão da noite. Isto é o horror de centenas de milhares de pessoas subitamente afundadas no sofrimento. Alguns observadores compararam o que aconteceu no Haiti às consequências de uma bomba atómica. De modo que da próxima vez em que numa manhã de domingo um porta-voz de Washington acenar em fóruns de chat com planos para obliterar o Irão – a outra "ameaça séria" (o que quer dizer nenhuma ameaça séria) – deveríamos recordar: isto é ao que se assemelha o sofrimento humano em escala maciça.
Esta nação insular do Caribe com nove milhões de habitantes tem neste exacto momento um terço da sua população privada de abastecimentos básicos de comida, água, remédios ou abrigo. No piscar de um olho, o terramoto que atingiu o país enterrou uma capital de três milhões de pessoas sob entulho, pelo que a contagem final de mortos pode ir de 100 mil a 500 mil pessoas. Assim, sem mais nem menos.
Tal como o fecho da porta do estábulo proverbial após a fuga do cavalo, os EUA e outras potências mundiais estão a prometer o envio de ajuda de emergência ao Haiti. É bem intencionado, sem dúvida. Mas onde estava a ajuda e a assistência ao desenvolvimento económico ao Haiti – mais da metade da população vive com US$1 por dia e 80 por cento é classificada como pobre – nos anos anteriores a esta calamidade?
A pobreza do Haiti – tal como a de outros países pobre atingidos por desastres naturais – deixa o seu povo totalmente exposto à espécie de devastação que se abaste sobre ele. E sem dúvida a pobreza do Haiti não é apenas um bocado de má sorte ou alguma coisa fundamentalmente errada quanto aos seus recursos naturais e ao seu povo. O país tem sido mantido subdesenvolvidos por décadas de interferência política e económica de Washington a fim de assegurar que esta antiga colónia de escravos continue a servir como uma fonte barata de exportações agrícolas para os EUA e como uma fonte de trabalho semi-escravo para corporações americanas que fabricam têxteis e outros bens de consumo.
Enquanto Washington gasta US$1.000 mil milhões em guerras alegadamente para combater a ameaça do terrorismo, os pobres do Haiti – cuja economia é avaliada em US$7 mil milhões – mostram-nos uma sóbria perspectiva do que é uma ameaça real. Vivemos num mundo físico onde inundações, tsunamis e terramotos acontecem. Estes desastres ceifam muito mais vidas do que as ameaças que obcecam os EUA e com as quais gastam muito mais dinheiro. Pode imaginar quantas vivas poderiam ter sido salvas no terramoto do Haiti se uma fracção do dinheiro dissipado em guerras fúteis houvesse sido dirigida ao desenvolvimento económico e social daquele país?
Naturalmente, a moral e a lógica sensata desta ideia não se aplica num mundo ditado pela política externa de Washington. Isto é assim devido aos imperativos e à lógica do capitalismo conduzido pelos EUA, o qual exige que países como o Haiti sejam mantidos num estado de pobreza em prol do lucro corporativo e que exige a fixação de ameaças ilusório para encobrir a sua necessidade de controlar recursos geopolíticos (principalmente energia). Esta é a face verdadeira do sistema económico que Washington e seus aliados impõem ao mundo. E o Haiti arrancou a máscara desta cara feia.
A angustiante aflição e o sofrimento do Haiti ensina-nos ainda outra coisa. Relatos de cortar o coração de ruas cheias de cadáveres e sangue a escorrer de debaixo do entulho, crianças a chorarem pelos pais, pais a escavarem com os seus dedos à procura dos filhos, o som de vozes moribundas a encherem a escuridão da noite. Isto é o horror de centenas de milhares de pessoas subitamente afundadas no sofrimento. Alguns observadores compararam o que aconteceu no Haiti às consequências de uma bomba atómica. De modo que da próxima vez em que numa manhã de domingo um porta-voz de Washington acenar em fóruns de chat com planos para obliterar o Irão – a outra "ameaça séria" (o que quer dizer nenhuma ameaça séria) – deveríamos recordar: isto é ao que se assemelha o sofrimento humano em escala maciça.
14/Janeiro/2010
O original encontra-se em http://globalresearch.ca/index.php?context=va&aid=16964
Este artigo encontra-se em http://resistir.info/ .
quinta-feira, 14 de janeiro de 2010
A ideologia da midia corporativa a serviço da mercantilização...
Filmes Ruins, Árabes Malvados: Como Hollywood transforma um povo em Vilão - Reel Bad Arabs (2007)
(EUA, 2007, 50 min. - Direção: Sut Jhally - Media Education Foundation)
Imperdível!
Créditos: DocVerdade
Nesse documentário franco, humano e sensível, Dr. Jack
Shaheen, autor do livro de enorme sucesso "Reel Bad Arabs", analisa
quase mil filmes envolvendo a figura do árabe no cinema norteamericano.
Cerca de 25% de todos os filmes já produzidos em Hollywood denigrem a imagem dos árabes.
Eles são retratados como cruéis, machistas, idiotas, fanáticos e as mulheres como objetos sexuais, submissas ou tolas. Presente desde o desenho animado até as superproduções, a estratégia segue a mesma forma covarde de como os judeus eram retratados pela propaganda nazista.
Esse tipo de preconceito acaba trazendo para o ocidente convenientes ingredientes sociais para uma guerra: o ódio e o medo.
Nada é por acaso, a política norteamericana no oriente médio e Hollywood estão intrinsecamente ligados.
É ótimo para os grupos armamentistas, petroleiras e banqueiros que financiam as guerras, que os árabes sejam vistos como vilões, pois dessa maneira, a opinião pública estará sempre ao seu lado, garantindo enormes lucros com um eventual conflito. Vale a pena destacar que vários desses grupos são os próprios donos das indústrias cinematográficas e canais de TV, que veiculam esses filmes.
Um dos povos que mais tem sofrido desse preconceito são os palestinos, que apesar de serem oprimidos, vítimas de uma ocupação massiva, cruel e hedionda, são retratados como terroristas.
O documentário, além dessas denúncias, apresenta lindas propostas de como acabar com o preconceito descabido.
Trailer - Torrent - Legendas pt-br
Cerca de 25% de todos os filmes já produzidos em Hollywood denigrem a imagem dos árabes.
Eles são retratados como cruéis, machistas, idiotas, fanáticos e as mulheres como objetos sexuais, submissas ou tolas. Presente desde o desenho animado até as superproduções, a estratégia segue a mesma forma covarde de como os judeus eram retratados pela propaganda nazista.
Esse tipo de preconceito acaba trazendo para o ocidente convenientes ingredientes sociais para uma guerra: o ódio e o medo.
Nada é por acaso, a política norteamericana no oriente médio e Hollywood estão intrinsecamente ligados.
É ótimo para os grupos armamentistas, petroleiras e banqueiros que financiam as guerras, que os árabes sejam vistos como vilões, pois dessa maneira, a opinião pública estará sempre ao seu lado, garantindo enormes lucros com um eventual conflito. Vale a pena destacar que vários desses grupos são os próprios donos das indústrias cinematográficas e canais de TV, que veiculam esses filmes.
Um dos povos que mais tem sofrido desse preconceito são os palestinos, que apesar de serem oprimidos, vítimas de uma ocupação massiva, cruel e hedionda, são retratados como terroristas.
O documentário, além dessas denúncias, apresenta lindas propostas de como acabar com o preconceito descabido.
Trailer - Torrent - Legendas pt-br
Mais uma perda lamentável...
Daniel Bensaid: a atualidade de um comunismo radical
A crise, social,
econômica, ecológica e moral de um capitalismo que não retrocede diante
de seus próprios limites e cuja desmedida e irracionalidade crescentes
ameaçam ao mesmo tempo a espécie humana e o planeta, volta a colocar na
ordem do dia “a atualidade de um comunismo radical”, invocado por
Benjamin diante do aumento dos perigos do período entre guerras. Em seu
último artigo, Daniel Bensaïd, falecido terça-feira, em Paris, analisa
a atualidade do Manfiesto Comunista.
Daniel Bensaïd
Gravemente
enfermo há vários meses, morreu terça-feira (12), em Paris, Daniel
Bensaïd. Militante de esquerda desde a adolescência, Bensaïd foi um dos
fundadores da Jeunesse Communiste Révolutionnaire (JCR), em 1966, e
participou ativamente do movimento de Maio de 68, antes de participar
da criação da Ligue Communiste (LCR), em 1969. Durante muitos anos, foi
dirigente da LCR e da Quarta Internacional. Em 2009, engajou-se na
criação de um novo partido de esquerda na França, o NPA (Novo Partido
Anti-Capitalista).
Professor de Filosofia na Universidade de
Paris VIII, Bensaid publicou diversos livros de filosofia e debate
político, ajudou a construir as revistas Critique Communiste e
ContreTemps e participou ativamente da criação da Fundação Louise
Michel, defendendo nestes espaços um marxismo aberto e não dogmático.
Também foi um participante ativo do processo de construção do Fórum
Social Mundial.
Publicamos a seguir o último texto de Daniel Bensaïd, intitulado “Potências do comunismo”, uma análise sobre a atualidade do Manifesto Comunista:
Publicamos a seguir o último texto de Daniel Bensaïd, intitulado “Potências do comunismo”, uma análise sobre a atualidade do Manifesto Comunista:
Potências do comunismo
Em
um artigo de 1843 sobre “os progressos da reforma social no
continente”, o jovem Engels (20 anos) via o comunismo como “uma
conclusão necessária que se é claramente obrigado a tirar a partir das
condições gerais da civilização moderna”. Um comunismo lógico em
resumo, produto da revolução de 1830, na qual os operários “voltaram às
fontes vivas e ao estudo da grande revolução e se apoderaram vivamente
do comunismo de Babeuf”. Para o jovem Marx, em troca, este comunismo
não era ainda mais do que “uma abstração dogmática”, uma “manifestação
original do princípio do humanismo”. O proletariado nascente havia “se
jogado nos braços dos doutrinários de sua emancipação”, das “seitas
socialistas”, e dos espíritos confusos que “divagam como humanistas”
sobre “o milênio da fraternidade universal” como “abolição imaginária
das relações de classe”.
Antes de 1848, este comunismo espectral, sem programa preciso, estava presente na atmosfera do tempo sob as formas “pouco polidas” das seitas igualitárias ou dos sonhos icarianos. No entanto, já então a superação do ateísmo abstrato implicava um novo materialismo social que não era outra coisa que o comunismo. “Assim como o ateísmo, enquanto negação de Deus, é o desenvolvimento do humanismo teórico, também o comunismo, enquanto negação da propriedade privada, é a reivindicação da vida humana verdadeira”. Longe de todo anticlericalismo vulgar, este comunismo era “o desenvolvimento de um humanismo prático”, para o qual não se tratava já só de combater a alienação religiosa, mas sim a alienação e a miséria sociais reais de onde nasce a necessidade da religião.
Da experiência fundadora de 1848 - ano que marca a primeira publicação do Manifesto Comunista, de Marx - à experiência da Comuna de Paris (1871), o “movimento real” que busca abolir a ordem estabelecida tomou forma e também força, dissipando as “loucuras sectárias” de então e expondo ao ridículo “o tom de oráculo da infalibilidade científica”. Dito de outra forma, o comunismo, que foi primeiramente mais um estado de espírito ou um, por assim dizer, “comunismo filosófico”, encontrava finalmente a sua forma de expressão política. Em um quarto de século, concretizou-se a sua mudança: de seus modos iniciais de aparição, de caráter filosófico e utópico, à sua forma política, por fim encontrada: a da emancipação.
1. As palavras da emancipação não saíram incólumes das tormentas do século passado. Pode-se dizer delas, como dos animais da fábula, que não morreram todas, mas que todas foram gravemente feridas. “Socialismo”, “revolução”, “anarquia” não estão em situação muito melhor que “comunismo”. O socialismo implicou-se no assassinato de Karl Liebknecht e Rosa Luxemburgo, nas guerras coloniais e colaborações governamentais até o ponto de perder todo o conteúdo à medida que ganhava em extensão. Uma metódica campanha ideológica conseguiu identificar, aos olhos de muitos, a revolução com a violência e o terror. Mas, de todas as palavras ontem portadoras de grandes promessas e sonhos de futuro, a do comunismo foi a que sofreu maior dano, por causa de sua captura pela razão burocrática do Estado e sua submissão a um empreendimento totalitário. Resta saber se, entre todas essas palavras feridas, há algumas que vale a pena reparar e pôr de novo em movimento.
2. É necessário para isso pensar o que ocorreu com o comunismo do século XX. A palavra e a coisa não podem ficar fora do tempo das provas históricas a que foram submetidos. O uso massivo do título “comunista” para designar o Estado liberal autoritário chinês pesará muito mais durante longo tempo, aos olhos da grande maioria, do que os frágeis brotos teóricos e experimentais de uma hipótese comunista. A tentação de subtrair um inventário histórico crítico conduziria a reduzir a idéia comunista a “invariantes” atemporais, a fazer dela um sinônimo das idéias indeterminadas de justiça ou de emancipação, e não a forma específica da emancipação na época da dominação capitalista. A palavra perde então em precisão política o que ganha em extensão ética ou filosófica. Uma das questões cruciais é saber se o despotismo burocrático é a continuação legítima da Revolução de Outubro ou o fruto de uma contra-revolução burocrática, verificada não só pelos processos, as purgas, as deportações massivas, mas também pelas convulsões dos anos 30 na sociedade e no aparato de Estado soviético.
3. Não se inventa uma nova palavra por decreto. O vocabulário se forma com o tempo, por meio de usos e experiências. Ceder à identificação do comunismo com a ditadura totalitária stalinista seria capitular diante dos vencedores provisórios, confundir a revolução e a contra-revolução burocrática, e fechar assim o capítulo das bifurcações, o único aberto à esperança. E seria cometer uma irreparável injustiça para com os vencidos, todas as pessoas, anônimas ou não, que viveram apaixonadamente a idéia comunista e que a vivenciaram contra suas caricaturas e falsificações. Vergonha daqueles que deixaram de ser comunistas ao deixar de ser stalinistas e que só foram comunistas enquanto foram stalinistas! (1)
4. De todas as formas de nomear “ao outro” necessário e possível do capitalismo imundo, a palavra comunismo é que conserva maior sentido histórico e carga programática explosiva. É a que evoca melhor o comum da partilha e da igualdade, o funcionamento comum do poder, a solidariedade frente ao cálculo egoísta e à concorrência generalizada, a defesa dos bens comuns da humanidade, naturais e culturais, a extensão aos bens de primeira necessidade de um espaço de gratuidade (desmercantilização) dos serviços, contra a rapina generalizada e a privatização do mundo.
5. É também o nome de uma medida diferente da riqueza social daquela da lei do valor e da avaliação mercantil. A competição “livre e não falseada” repousa sobre “o roubo do tempo de trabalho do outro”. Pretende quantificar o inquantificável e reduzir a sua miserável medida comum, mediante o tempo de trabalho abstrato, a incomensurável relação da espécie humana com as condições naturais de sua reprodução. O comunismo é o nome de um critério diferente de riqueza, de um desenvolvimento ecológico qualitativamente diferente da corrida quantitativa pelo crescimento. A lógica da acumulação do capital exige não só a produção para o lucro e não para as necessidades sociais, mas também “a produção de novo consumo”, a ampliação constante do círculo do consumo “mediante a criação de novas necessidades e pela criação de novos valores de uso”... “Daí a exploração da natureza inteira” e “a exploração da terra em todos os sentidos”. Esta desmedida devastadora do capital funda a atualidade de um eco-comunismo radical.
6. A questão do comunismo é primeiro, no Manifesto Comunista, a da propriedade: “Os comunistas podem resumir sua teoria nesta fórmula única: supressão da propriedade privada” dos meios de produção e de troca; não confundir com a propriedade individual dos bens de uso. Em “todos os movimentos, põem na frente a questão da propriedade, seja qual for o grau de evolução que tenha atingido, como a questão fundamental do movimento”. Dos dez pontos que concluem o primeiro capítulo, sete concernem às formas de propriedade: a expropriação da propriedade latifundiária e a vinculação da renda da terra aos gastos do Estado; a instauração de uma tributação fortemente progressiva; a supressão da herança dos meios de produção e de troca; o confisco dos bens dos emigrados rebeldes; a centralização do crédito em um banco público; a socialização dos meios de transporte e a construção de uma educação pública e gratuita para todos; a criação de manufaturas nacionais e a ocupação (para plantio) das terras sem cultivar. Estas medidas tendem todas elas a estabelecer o controle da democracia política sobre a economia, a primazia do bem comum sobre o interesse egoísta, do espaço público sobre o espaço privado. Não se trata de abolir toda forma de propriedade, mas sim “a propriedade privada de hoje, a propriedade burguesa”, o “modo de apropriação” fundado na exploração de uns pelos outros.
7. Entre dois direitos, o dos proprietários apropriarem-se dos bens comuns, e o dos despossuídos à existência, “é a força que decide”, diz Marx. Toda a história moderna da luta de classes, da guerra dos camponeses na Alemanha às revoluções sociais do século passado, passando pelas revoluções inglesa e francesa, é a história deste conflito. Resolve-se pela emergência de uma legitimidade oposta à legalidade dos dominantes. Como “forma política encontrada da emancipação”, como “abolição” do poder de Estado, como realização da república social, a Comuna ilustra a emergência desta nova legitimidade. Sua experiência inspirou as formas de auto-organização e de auto-gestão populares aparecidas nas crises revolucionárias: conselhos operários, soviets, comitês de milícias, cordões industriais, associações de vizinhos, comunas agrárias, que tendem a desprofissionalizar a política, a modificar a divisão social do trabalho, a criar as condições de extinção do Estado enquanto corpo burocrático separado.
8. Sob o reino do capital, todo progresso aparente tem sua contrapartida de regressão e de destruição. Em última instância, não consiste em mais do que mudar a forma de servidão. O comunismo exige uma idéia diferente e alguns critérios diferentes do que os do rendimento e da rentabilidade monetária. A começar pela redução drástica do tempo de trabalho obrigatório e a mudança da própria noção de trabalho: não poderá haver completo desenvolvimento individual no ócio ou no “tempo livre” enquanto o trabalhador permanecer alienado e mutilado no trabalho. A perspectiva comunista exige também uma mudança radical da relação entre o homem e a mulher: a experiência da relação entre os gêneros é a primeira experiência da alteridade e enquanto subsista essa relação de opressão, todo ser diferente, por sua cultura, sua cor, ou sua orientação sexual, será vítima de formas de discriminação e de dominação. O progresso autêntico reside, enfim, no desenvolvimento e na diferenciação de necessidades cuja combinação original faz de cada um e de cada uma um ser único, cuja singularidade contribui para o enriquecimento da espécie.
9. O Manifesto concebe o comunismo como “uma associação na qual o livre desenvolvimento de um é condição do livre desenvolvimento de todos”. Aparece assim como a máxima de um livre desenvolvimento individual que não deveria ser confundido nem com as ilusões de um individualismo sem individualidade submetido ao conformismo publicitário, nem como igualitarismo grosseiro de um socialismo de quartel. O desenvolvimento das necessidades e das capacidades singulares de cada um e de cada uma contribui para o desenvolvimento universal da espécie humana. Reciprocamente, o livre desenvolvimento de cada um e de cada uma implica o livre desenvolvimento de todos, pois a emancipação não é um prazer solitário.
10. O comunismo não é uma idéia pura, nem um modelo doutrinário de sociedade. Não é o nome de um regime estatal, nem o de um novo modo de produção. É o de um movimento que, de forma permanente, supera/suprime a ordem estabelecida. Mas é também o objetivo que, surgido deste movimento, o orienta e permite, contra políticas sem princípios, ações sem continuidade, improvisações diárias, determinar o que aproxima e o que afasta deste objetivo. Neste sentido, não é um conhecimento científico do objetivo e do caminho, mas sim uma hipótese estratégica reguladora. Nomeia, indissociavelmente, o sonho irredutível de um mundo diferente, de justiça, de igualdade e de solidariedade; o movimento permanente que aponta para a derrocada da ordem existente na época do capitalismo; e a hipótese que orienta este movimento na direção de uma mudança radical das relações de propriedade e de poder, a distância dos acomodamentos com um mal menor que seria o caminho mais curto para o pior.
11. A crise, social, econômica, ecológica e moral de um capitalismo que não retrocede diante de seus próprios limites e cuja desmedida e irracionalidade crescentes ameaçam ao mesmo tempo a espécie humana e o planeta, volta a colocar na ordem do dia “a atualidade de um comunismo radical”, invocado por Benjamin diante do aumento dos perigos do período entre guerras.
Nota
(1) Ver Mascolo, D. (2000) A la recherche d´un communisme de pensée. Paris : Editions Fourbis, p. 113.
Versão em espanhol publicada na Revista Viento Sur, traducción de Alberto Nadal (http://www.vientosur.info/). Tradução para o português: Marco Aurélio Weissheimer.
Antes de 1848, este comunismo espectral, sem programa preciso, estava presente na atmosfera do tempo sob as formas “pouco polidas” das seitas igualitárias ou dos sonhos icarianos. No entanto, já então a superação do ateísmo abstrato implicava um novo materialismo social que não era outra coisa que o comunismo. “Assim como o ateísmo, enquanto negação de Deus, é o desenvolvimento do humanismo teórico, também o comunismo, enquanto negação da propriedade privada, é a reivindicação da vida humana verdadeira”. Longe de todo anticlericalismo vulgar, este comunismo era “o desenvolvimento de um humanismo prático”, para o qual não se tratava já só de combater a alienação religiosa, mas sim a alienação e a miséria sociais reais de onde nasce a necessidade da religião.
Da experiência fundadora de 1848 - ano que marca a primeira publicação do Manifesto Comunista, de Marx - à experiência da Comuna de Paris (1871), o “movimento real” que busca abolir a ordem estabelecida tomou forma e também força, dissipando as “loucuras sectárias” de então e expondo ao ridículo “o tom de oráculo da infalibilidade científica”. Dito de outra forma, o comunismo, que foi primeiramente mais um estado de espírito ou um, por assim dizer, “comunismo filosófico”, encontrava finalmente a sua forma de expressão política. Em um quarto de século, concretizou-se a sua mudança: de seus modos iniciais de aparição, de caráter filosófico e utópico, à sua forma política, por fim encontrada: a da emancipação.
1. As palavras da emancipação não saíram incólumes das tormentas do século passado. Pode-se dizer delas, como dos animais da fábula, que não morreram todas, mas que todas foram gravemente feridas. “Socialismo”, “revolução”, “anarquia” não estão em situação muito melhor que “comunismo”. O socialismo implicou-se no assassinato de Karl Liebknecht e Rosa Luxemburgo, nas guerras coloniais e colaborações governamentais até o ponto de perder todo o conteúdo à medida que ganhava em extensão. Uma metódica campanha ideológica conseguiu identificar, aos olhos de muitos, a revolução com a violência e o terror. Mas, de todas as palavras ontem portadoras de grandes promessas e sonhos de futuro, a do comunismo foi a que sofreu maior dano, por causa de sua captura pela razão burocrática do Estado e sua submissão a um empreendimento totalitário. Resta saber se, entre todas essas palavras feridas, há algumas que vale a pena reparar e pôr de novo em movimento.
2. É necessário para isso pensar o que ocorreu com o comunismo do século XX. A palavra e a coisa não podem ficar fora do tempo das provas históricas a que foram submetidos. O uso massivo do título “comunista” para designar o Estado liberal autoritário chinês pesará muito mais durante longo tempo, aos olhos da grande maioria, do que os frágeis brotos teóricos e experimentais de uma hipótese comunista. A tentação de subtrair um inventário histórico crítico conduziria a reduzir a idéia comunista a “invariantes” atemporais, a fazer dela um sinônimo das idéias indeterminadas de justiça ou de emancipação, e não a forma específica da emancipação na época da dominação capitalista. A palavra perde então em precisão política o que ganha em extensão ética ou filosófica. Uma das questões cruciais é saber se o despotismo burocrático é a continuação legítima da Revolução de Outubro ou o fruto de uma contra-revolução burocrática, verificada não só pelos processos, as purgas, as deportações massivas, mas também pelas convulsões dos anos 30 na sociedade e no aparato de Estado soviético.
3. Não se inventa uma nova palavra por decreto. O vocabulário se forma com o tempo, por meio de usos e experiências. Ceder à identificação do comunismo com a ditadura totalitária stalinista seria capitular diante dos vencedores provisórios, confundir a revolução e a contra-revolução burocrática, e fechar assim o capítulo das bifurcações, o único aberto à esperança. E seria cometer uma irreparável injustiça para com os vencidos, todas as pessoas, anônimas ou não, que viveram apaixonadamente a idéia comunista e que a vivenciaram contra suas caricaturas e falsificações. Vergonha daqueles que deixaram de ser comunistas ao deixar de ser stalinistas e que só foram comunistas enquanto foram stalinistas! (1)
4. De todas as formas de nomear “ao outro” necessário e possível do capitalismo imundo, a palavra comunismo é que conserva maior sentido histórico e carga programática explosiva. É a que evoca melhor o comum da partilha e da igualdade, o funcionamento comum do poder, a solidariedade frente ao cálculo egoísta e à concorrência generalizada, a defesa dos bens comuns da humanidade, naturais e culturais, a extensão aos bens de primeira necessidade de um espaço de gratuidade (desmercantilização) dos serviços, contra a rapina generalizada e a privatização do mundo.
5. É também o nome de uma medida diferente da riqueza social daquela da lei do valor e da avaliação mercantil. A competição “livre e não falseada” repousa sobre “o roubo do tempo de trabalho do outro”. Pretende quantificar o inquantificável e reduzir a sua miserável medida comum, mediante o tempo de trabalho abstrato, a incomensurável relação da espécie humana com as condições naturais de sua reprodução. O comunismo é o nome de um critério diferente de riqueza, de um desenvolvimento ecológico qualitativamente diferente da corrida quantitativa pelo crescimento. A lógica da acumulação do capital exige não só a produção para o lucro e não para as necessidades sociais, mas também “a produção de novo consumo”, a ampliação constante do círculo do consumo “mediante a criação de novas necessidades e pela criação de novos valores de uso”... “Daí a exploração da natureza inteira” e “a exploração da terra em todos os sentidos”. Esta desmedida devastadora do capital funda a atualidade de um eco-comunismo radical.
6. A questão do comunismo é primeiro, no Manifesto Comunista, a da propriedade: “Os comunistas podem resumir sua teoria nesta fórmula única: supressão da propriedade privada” dos meios de produção e de troca; não confundir com a propriedade individual dos bens de uso. Em “todos os movimentos, põem na frente a questão da propriedade, seja qual for o grau de evolução que tenha atingido, como a questão fundamental do movimento”. Dos dez pontos que concluem o primeiro capítulo, sete concernem às formas de propriedade: a expropriação da propriedade latifundiária e a vinculação da renda da terra aos gastos do Estado; a instauração de uma tributação fortemente progressiva; a supressão da herança dos meios de produção e de troca; o confisco dos bens dos emigrados rebeldes; a centralização do crédito em um banco público; a socialização dos meios de transporte e a construção de uma educação pública e gratuita para todos; a criação de manufaturas nacionais e a ocupação (para plantio) das terras sem cultivar. Estas medidas tendem todas elas a estabelecer o controle da democracia política sobre a economia, a primazia do bem comum sobre o interesse egoísta, do espaço público sobre o espaço privado. Não se trata de abolir toda forma de propriedade, mas sim “a propriedade privada de hoje, a propriedade burguesa”, o “modo de apropriação” fundado na exploração de uns pelos outros.
7. Entre dois direitos, o dos proprietários apropriarem-se dos bens comuns, e o dos despossuídos à existência, “é a força que decide”, diz Marx. Toda a história moderna da luta de classes, da guerra dos camponeses na Alemanha às revoluções sociais do século passado, passando pelas revoluções inglesa e francesa, é a história deste conflito. Resolve-se pela emergência de uma legitimidade oposta à legalidade dos dominantes. Como “forma política encontrada da emancipação”, como “abolição” do poder de Estado, como realização da república social, a Comuna ilustra a emergência desta nova legitimidade. Sua experiência inspirou as formas de auto-organização e de auto-gestão populares aparecidas nas crises revolucionárias: conselhos operários, soviets, comitês de milícias, cordões industriais, associações de vizinhos, comunas agrárias, que tendem a desprofissionalizar a política, a modificar a divisão social do trabalho, a criar as condições de extinção do Estado enquanto corpo burocrático separado.
8. Sob o reino do capital, todo progresso aparente tem sua contrapartida de regressão e de destruição. Em última instância, não consiste em mais do que mudar a forma de servidão. O comunismo exige uma idéia diferente e alguns critérios diferentes do que os do rendimento e da rentabilidade monetária. A começar pela redução drástica do tempo de trabalho obrigatório e a mudança da própria noção de trabalho: não poderá haver completo desenvolvimento individual no ócio ou no “tempo livre” enquanto o trabalhador permanecer alienado e mutilado no trabalho. A perspectiva comunista exige também uma mudança radical da relação entre o homem e a mulher: a experiência da relação entre os gêneros é a primeira experiência da alteridade e enquanto subsista essa relação de opressão, todo ser diferente, por sua cultura, sua cor, ou sua orientação sexual, será vítima de formas de discriminação e de dominação. O progresso autêntico reside, enfim, no desenvolvimento e na diferenciação de necessidades cuja combinação original faz de cada um e de cada uma um ser único, cuja singularidade contribui para o enriquecimento da espécie.
9. O Manifesto concebe o comunismo como “uma associação na qual o livre desenvolvimento de um é condição do livre desenvolvimento de todos”. Aparece assim como a máxima de um livre desenvolvimento individual que não deveria ser confundido nem com as ilusões de um individualismo sem individualidade submetido ao conformismo publicitário, nem como igualitarismo grosseiro de um socialismo de quartel. O desenvolvimento das necessidades e das capacidades singulares de cada um e de cada uma contribui para o desenvolvimento universal da espécie humana. Reciprocamente, o livre desenvolvimento de cada um e de cada uma implica o livre desenvolvimento de todos, pois a emancipação não é um prazer solitário.
10. O comunismo não é uma idéia pura, nem um modelo doutrinário de sociedade. Não é o nome de um regime estatal, nem o de um novo modo de produção. É o de um movimento que, de forma permanente, supera/suprime a ordem estabelecida. Mas é também o objetivo que, surgido deste movimento, o orienta e permite, contra políticas sem princípios, ações sem continuidade, improvisações diárias, determinar o que aproxima e o que afasta deste objetivo. Neste sentido, não é um conhecimento científico do objetivo e do caminho, mas sim uma hipótese estratégica reguladora. Nomeia, indissociavelmente, o sonho irredutível de um mundo diferente, de justiça, de igualdade e de solidariedade; o movimento permanente que aponta para a derrocada da ordem existente na época do capitalismo; e a hipótese que orienta este movimento na direção de uma mudança radical das relações de propriedade e de poder, a distância dos acomodamentos com um mal menor que seria o caminho mais curto para o pior.
11. A crise, social, econômica, ecológica e moral de um capitalismo que não retrocede diante de seus próprios limites e cuja desmedida e irracionalidade crescentes ameaçam ao mesmo tempo a espécie humana e o planeta, volta a colocar na ordem do dia “a atualidade de um comunismo radical”, invocado por Benjamin diante do aumento dos perigos do período entre guerras.
Nota
(1) Ver Mascolo, D. (2000) A la recherche d´un communisme de pensée. Paris : Editions Fourbis, p. 113.
Versão em espanhol publicada na Revista Viento Sur, traducción de Alberto Nadal (http://www.vientosur.info/). Tradução para o português: Marco Aurélio Weissheimer.
EUA já têm 13 bases militares em torno da Venezuela
Ignacio Ramonet - Carta Maior via Patria Latina
A
Venezuela e sua Revolução Bolivariana estão rodeadas hoje por nada
menos do que 13 bases estadunidenses na Colômbia, Panamá, Aruba e
Curazao, assim como pelos porta-aviões e navios de guerra da IV Frota.
Em outubro, o presidente conservador do Panamá, Ricardo Martinelli,
admite que cedeu aos EUA o uso de quatro novas bases militares. O
presidente Barack Obama parece ter deixado o Pentágono de mãos livres
neste tema. E o presidente venezuelano Hugo Chávez denuncia que está
sendo tramada uma agressão contra o país. O artigo é de Ignacio Ramonet.
Em
troca, o Pentágono escolheu quatro localidades para controlar a região:
Manta, no Equador; Comalapa, em El Salvador, e as ilhas de Aruba e
Curazao (de soberania holandesa). A suas – por assim dizer
–“tradicionais” missões de espionagem, acrescentou novas atribuições
oficiais a estas bases (vigiar o narcotráfico e combater a imigração
clandestina para os EUA) e outras tarefas encobertas: lutar contra os
insurgentes colombianos; controlar os fluxos de petróleo e minerais, os
recursos de água doce e a biodiversidade. Mas, desde o início, seus
principais objetivos foram vigiar a Venezuela e desestabilizar a
Revolução Bolivariana.
Após
os atentados de 11 de setembro de 2001, o Secretário de Defesa dos EUA,
Donald Rumsfeld, definiu uma nova doutrina militar para enfrentar o
“terrorismo internacional”. Modificou a estratégia de deslocamento no
exterior, fundada na existência de enormes bases dotados de numeroso
pessoal. E decidiu substituir essas mega-bases por um número mais
elevado de Foreing Operating Location (FOL) e de Cooperative Security
Locations (CSL), com pouco pessoal militar, mas equipado com
tecnologias ultramodernas de detecção.
Resultado:
em pouco tempo, a quantidade de instalações militares estadunidenses no
estrangeiro de multiplicou, alcançando a insólita soma de 865 bases de
tipo FOL ou CSL distribuídas em 46 países. Jamais na história uma
potência multiplicou de tal modo seus postos militares de controle para
espalhar-se pelo planeta.
Na
América Latina, a reorganização de bases permitiu que a de Manta
(Equador) colaborasse com o fracassado golpe de Estado de 11 de abril
de 2002 contra o presidente Chávez. A partir daí, uma campanha
midiática dirigida por Washington começou a difundir falsas informações
sobre a suposta presença neste país de céculas de organizações como
Hamás, Hezbolá e até Al Qaeda.
Com
o pretexto de vigiar tais movimentos e em represália contra o governo
de Caracas que, em maio de 2004, pôs fim a meio século de presença
militar estadunidense na Venezuela, o Pentágono ampliou o uso de suas
bases militares nas ilhas de Aruba e Curazao, situadas muito perto das
costas venezuelanas, onde ultimamente tem se incrementado a visita de
navios de guerra dos EUA. Esse fato foi recentemente denunciado pelo
presidente Chávez:
“É
bom que a Europa saiba que o império norte-americano está armando-se
até os dentes, enchendo de aviões e navios de guerra as ilhas de Aruba
e Curazao. (...) Estou acusando a Holanda de estar preparando, junto
com o império yanqui, uma agressão contra a Venezuela” (1).
Em
2006, começa-se a falar em Caracas do “socialismo do século XXI, nasce
a Aliança Bolivariana para as Américas (ALBA) e Hugo Chávez é reeleito
presidente. Washington reage impondo um embargo sobre a venda de armas
para a Venezuela, sob o pretexto de que Caracas “não colabora
suficientemente na guerra contra o terrorismo”. Os aviões F-16 da Força
Aérea Venezuela ficaram sem peças de reposição. Diante desta situação,
as autoridades venezuelanas estabeleceram um acordo com a Rússia para
dotar a sua força aérea de aviões Sukhoi. Washington denunciou um
suposto “rearmamento massivo” da Venezuela, omitindo que os principais
orçamentos militares na América Latina, hoje, são os do Brasil, da
Colômbia e do Chile. E que, a cada ano, a Colômbia recebe uma ajuda
militar estadunidense de 630 milhões de dólares.
A
partir daí, os acontecimentos se aceleram. No dia 1° de março de 2008,
apoiadas pela base de Manta, as forças colombianas atacam um
acampamento das Forças Armadas Revolucionarias da Colômbia (FARC),
situado no interior do território do Equador. Quito, em represália,
decide não renovar o acordo sobre a base de Manta, que vencia em
novembro de 2009. Washington respondeu, no mês seguinte, com a
reativação da IV Frota (desativada em 1948, há 60 anos...) cuja missão
é vigiar a costa atlântica da América do Sul. Um mês mais tarde, os
Estados sulamericanos, reunidos em Brasília, replicam criando a União
de Nações Sulamericanas (UNASUL) e, em março de 2009, o Conselho de
Defesa Sulamericano.
Algumas
semanas depois, o embaixador do EUA em Bogotá anuncia que a base de
Manta seria transferida para Palanquero, na Colômbia.
Em
junho, com o apoio da base estadunidense de Soto Cano, se produz o
golpe de Estado em Honduras contra o presidente Manuel Zelaya que havia
conseguido integrar seu país na ALBA. Em agosto, o pentágono anuncia
que terá sete novas bases militares na Colômbia. E, em outubro, o
presidente conservador do Panamá, Ricardo Martinelli, admite que cedeu
aos EUA o uso de quatro novas bases militares.
Deste
modo, a Venezuela e a Revolução Bolivariana se vêem hoje rodeadas por
nada menos do que 13 bases estadunidenses na Colômbia, Panamá, Aruba e
Curazao, assim como pelos porta-aviões e navios de guerra da IV Frota.
O presidente Obama parece ter deixado o Pentágono de mãos livres neste
tema. Tudo anuncia uma agressão iminente. Os povos da América Latina
consentirão que um novo crime contra a democracia seja cometido na
região?
(1) Discurso no Encontro da ALBA com movimentos sociais da Dinamarca, em Copenhague, dia 17 de dezembro de 2009
Ignacio Ramonet é jornalista, foi diretor do Le Monde Diplomatique entre 1990 e 2008.
Tradução: Katarina Peixoto
|
quarta-feira, 13 de janeiro de 2010
Você acha que o Brasil deve dialogar com o grupo islâmico Hamas?
do Blog do Bourdoukan, por ele mesmo...
A propósito da manifestação do chanceler Celso Amorim em dialogar com o Hamas, o jornal O Estado de São Paulo de ontem, domingo, em seu caderno Aliàs pediu
dois textos a "dois especialistas", favoráveis e contrários ao diálogo,
para responderem a peregunta acima. O meu texto foi que sim. O não, ficou por conta de outra pessoa.
A seguir, o meu texto:
O Brasil deve sim, dialogar com o Hamas.
O Hamas é um movimento político e de libertação.
Seus dirigentes foram escolhidos em eleições transparentes, sobejamente reconhecidas pelos observadores internacionais.
O Hamas representa o povo palestino e como tal não deve ser marginalizado.
O Brasil, ao dialogar com o Hamas, envia um recado claro a todos aqueles que se opõem ao diálogo. Nada substitui o diálogo.
A Palestina é uma nação ocupada e tem direito a resistir. E isto está na Carta da ONU. A mesma ONU que deu legitimidade ao Estado de Israel e também ao Estado palestino.
O Brasil reconhece essa legitimidade e por isso não pode se omitir. Essa atitude reforça a grandeza do país no concerto das nações.
Hoje o Brasil é reconhecido internacionalmente como um interlocutor isento e de primeira linha.
Não é visto com desconfiança como, por exemplo, os Estados Unidos que não tem interesse real na paz.
Que o Brasil dialogue com o Hamas.
Palestinos, israelenses e todos os que privilegiam a paz, agradecem.
Casoy e Gandra: CCC e Opus Dei unidos
Não deixem de ler este artigo de Altamiro Borges, postado hoje em seu blog, onde ele desmascara a midia de esgoto, principalmente Borys Cazoy, membro do CCC(comando de caça aos comunistas, da época da ditadura) e suas ligações com a Opus Dei( de Gandra)...muito esclarecedor, e demonstra como o PIG está escancarando a campanha eleitoral de 2010 pró-serra....leia aqui...
Ipea: Brasil pode erradicar pobreza extrema em 2016
Se
o Brasil mantiver o mesmo ritmo de diminuição da pobreza extrema e da
desigualdade de renda observados nos últimos cinco anos (2003 a 2008)
poderá obter indicadores sociais próximos aos de países desenvolvidos
em 2016. Da mesma forma, poderá alcançar uma taxa de pobreza absoluta
de 4%.
Os dados,
divulgados nesta terça, constam de documento do Instituto de Pesquisa
Econômica Aplicada (Ipea), vinculado a Secretaria de Assuntos
Estratégicos da Presidência da República. São considerados pobres
extremos aqueles que recebem até 25% de um salário mínimo por mês,
enquanto os pobres absolutos dispõem mensalmente de até 50% de um
salário mínimo.
"Se projetados os melhores desempenhos brasileiros alcançados recentemente em termos de diminuição da pobreza e da desigualdade (período 2003-2008) para o ano de 2016, o resultado seria um quadro social muito positivo. O Brasil pode praticamente superar o problema da pobreza extrema, assim como alcançar uma taxa nacional de pobreza absoluta de apenas 4%, o que significa quase a sua erradicação", diz o texto do documento.
O documento do Ipea revela a tendência de o país ter em 2016, seguido o ritmo dos últimos cinco anos, a desigualdade da renda do trabalho em 0,488 do índice Gini - coeficiente que varia de 0 a 1, segundo o qual quanto mais próximo do zero, menor é a desigualdade de renda num país e quanto mais próximo de 1, maior a concentração de renda. Em 1960, ano da primeira pesquisa sobre desigualdade no Brasil, verificou-se índice Gini de 0,499 no país. Em 2005, o índice Gini nos EUA era de 0,46; na Itália, 0,33; e na Dinamarca, 0,24.
Segundo o documento, a maior parte dos avanços atualmente alcançados pelo Brasil no enfrentamento da pobreza e da desigualdade está direta ou indiretamente associada à estruturação das políticas públicas de intervenção social do estado, motivadas pela Constituição de 1988.
O Ipea aponta ainda outros três fatores decisivos no combate a pobreza e desigualdade: a elevação do gasto social no país, que cresceu de 19% do Produto Interno Bruto (PIB) em 1990 para 21,9% do PIB em 2005; a descentralização da política social, com o aumento do papel do município na implementação das políticas sociais, instância que saltou 53,8% em participação nos gastos sociais no período de 1980 a 2008; e a participação social na formatação e gestão das políticas sociais.
De acordo com o instituto, a consolidação institucional do quadro geral das leis sociais no Brasil seria um passo importante para a manutenção, nos próximos anos, do enfrentamento da pobreza e da desigualdade no país.
"O estabelecimento de uma nova lei que regule a responsabilidade e o compromisso social, com metas, recursos, cronogramas e coordenação, se mostra importante para que o Brasil possa chegar a alcançar indicadores sociais observados atualmente nos países desenvolvidos. Tudo isso, é claro, sem retrocessos em termos de maior participação da sociedade na formatação, monitoramento e controle das políticas públicas", diz o documento.
O estudo, intitulado "Retratos dos Brasileiros em Quatro Décadas: a Pobreza e o Seu Perfil", foi apresentado pelo presidente do Ipea, Márcio Pochmann, na sede da Caixa Econômica Federal, em São Paulo.
A informação é da Agência Brasil, os créditos são do sitio vermelho
"Se projetados os melhores desempenhos brasileiros alcançados recentemente em termos de diminuição da pobreza e da desigualdade (período 2003-2008) para o ano de 2016, o resultado seria um quadro social muito positivo. O Brasil pode praticamente superar o problema da pobreza extrema, assim como alcançar uma taxa nacional de pobreza absoluta de apenas 4%, o que significa quase a sua erradicação", diz o texto do documento.
O documento do Ipea revela a tendência de o país ter em 2016, seguido o ritmo dos últimos cinco anos, a desigualdade da renda do trabalho em 0,488 do índice Gini - coeficiente que varia de 0 a 1, segundo o qual quanto mais próximo do zero, menor é a desigualdade de renda num país e quanto mais próximo de 1, maior a concentração de renda. Em 1960, ano da primeira pesquisa sobre desigualdade no Brasil, verificou-se índice Gini de 0,499 no país. Em 2005, o índice Gini nos EUA era de 0,46; na Itália, 0,33; e na Dinamarca, 0,24.
Segundo o documento, a maior parte dos avanços atualmente alcançados pelo Brasil no enfrentamento da pobreza e da desigualdade está direta ou indiretamente associada à estruturação das políticas públicas de intervenção social do estado, motivadas pela Constituição de 1988.
O Ipea aponta ainda outros três fatores decisivos no combate a pobreza e desigualdade: a elevação do gasto social no país, que cresceu de 19% do Produto Interno Bruto (PIB) em 1990 para 21,9% do PIB em 2005; a descentralização da política social, com o aumento do papel do município na implementação das políticas sociais, instância que saltou 53,8% em participação nos gastos sociais no período de 1980 a 2008; e a participação social na formatação e gestão das políticas sociais.
De acordo com o instituto, a consolidação institucional do quadro geral das leis sociais no Brasil seria um passo importante para a manutenção, nos próximos anos, do enfrentamento da pobreza e da desigualdade no país.
"O estabelecimento de uma nova lei que regule a responsabilidade e o compromisso social, com metas, recursos, cronogramas e coordenação, se mostra importante para que o Brasil possa chegar a alcançar indicadores sociais observados atualmente nos países desenvolvidos. Tudo isso, é claro, sem retrocessos em termos de maior participação da sociedade na formatação, monitoramento e controle das políticas públicas", diz o documento.
O estudo, intitulado "Retratos dos Brasileiros em Quatro Décadas: a Pobreza e o Seu Perfil", foi apresentado pelo presidente do Ipea, Márcio Pochmann, na sede da Caixa Econômica Federal, em São Paulo.
A informação é da Agência Brasil, os créditos são do sitio vermelho
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