terça-feira, 30 de janeiro de 2007

Líder do Hezbolá acusa Bush de fomentar o caos no Líbano



Hassan Nasralá, dirigente do Hezbolá, acusou o presidente dos EUA de "fomentar o caos no Líbano" e rejeitou os recentes ataques de George W. Bush ao Partido de Deus. Falando em Beirute, nas cerimônias que marcaram o clímax do Destival Muçulmano de Ashura, nesta terça-feira (30), Nasralá acusou os EUA de ordenar o mal-sucedido ataque de Israel ao Sul do Líbano, em julho-agosto do ano passado.

"Quem fomentou o caos no Líbano, quem destruiu o Líbano, quem matou mulheres e crianças, anciãos e jovens no Líbano foram George Bush e (a secretária de Estado) Condoleezza Rice. Foram eles que ordenaram aos sionistas que levassem a guerra ao Líbano", disse o líder do mais forte partido da coalizão oposicionista.


"Ele quer castigar vocês porque vocês venceram"


Na segunda-feira (30) o presidente americano acusou o Hezbolá e seus aliados iranianos e sírios de instigarem as recentes violências no Lìbano, na tentativa de derrubar o governo pró-ocidental de Fuad Siniora. "Aqueles que são responsáveis por criar o caos devem ser chamados a pagar por ele", afirmou.
Nasralá contestou Bush. "Quem deve ser punido, quem deve ser julgado, é aquele que levou a guerra ao Líbano", declarou. A guerra de julho-agosto matou cerca de 1.200 libaneses, principalmente civis, e 157 israelenses, na maioria soldados.
"George Bush quer castigar vocês porque vocês resistiram. Quer castigar vocês porque vocês venceram", disse Nasralá.


Religião e antiimperialismo


O público era formado por milhares de muçulanos xiitas dos subúrbios ao sul de Beirute, que rememoravam a morte em combate do imã Hussein, filho mais velho do profeta Maomé, no ano 680.
Antes, a multidão marchara pelo reduto do Hezbolá na capital, golpeando ritmicamente o peito com o punho, em sinal de pesar pelo martírio de Hussein e gritando "Morte aos EUA, morte a Israel!". Alguns carregavam bandeiras negras e amarelas com lemas religiosos. Outros usavam bandanas verdes. Um dos lemas era "Nunca seremos humilhados".
"George Bush sabe. E reiteramos a ele e o mundo inteiro deve ouvir, que somos uma nação que não vai sucumbir e não pode ser humilhada", disse Nasralá.
Conflitos entre libaneses favoráveis e contrários ao governo, na semana passada, resultaram em sete mortos. O Hezbolá e os demais membros da cligação oposicionista exigem um veto ao governo Siniora e a realização de eleições antecipadas. Com este objetivo eles realizaram desde dezembro uma série de protestos e também uma greve geral, na terça-feira passada (23).