ONU aprova sanções ao Irã. Brasil e Turquia dizem não.
Acaba de sair a notícia de que o
Conselho de Segurança da ONU aprovou novas sanções contra o Irã, com 12
votos favoráveis e dois contrários, o do Brasil e o da Turquia. O
Líbano, que se opõe às sanções mas ocupa a presidência (rotativa) do
Conselho, se absteve.
Era um resultado esperado. Rússia e China fizeram os EUA diminuirem o
peso das sanções, mantendo, pragmaticamente, seus negócios com aquele
país. Mas evitaram explicitar o confronto que mantém com os Estados
Unidos em matéria de influência externa. Afinal, estão na “primeira
divisão” do Mundo, com direito a veto a qualquer decisão da ONU. E a
ambos também não interessa muito um vizinho mais desenvolvido, inclusive
em termos de tecnologia.
Eu quero cumprimentar a postura do nosso Itamaraty. Foram muitas as
pressões para que o Brasil se abstivesse, como forma de não criar
“mal-estar” maior com as grandes potências. O Brasil e a Turquia
conservaram estatura moral para continuarem a ser aceitos como
interlocutores por teerã.
Seria uma desmoralização impensável que Brasil e Turquia, que
apresentaram uma proposta efetiva para encontrar-se o caminho da paz,
aceitassem uma dança hipócrita em torno de sanções que não resolvem
coisa alguma e servem apenas para mostrar “quem manda aqui” e se
abstivessem.
Não sou eu quem diz que estas sanções não ajudam, senão, a agravar a
crise. Quem o diz é o próprio premier russo, e homem-forte do governo
daquele país. Embora tenha votado pela sanção, o primeiro-ministro
russo, Vladimir Putin, afirmou que a punição contra o Irã é ineficaz.
“Você conhece um único exemplo de sanções eficazes? Em seu conjunto,
são ineficazes”, declarou Putin.
As grandes potências – e seus aliados “de confiança” – não querem um
mundo livre de armas atômicas. Querem, apenas, que ninguém, além deles,
as possua. Olhe o mapa, publicado pelo UOL, que ilustra este post.
Procure o Irã. Não está lá. Mas é quem vai pagar o pato atômico.