sexta-feira, 27 de agosto de 2010

Crack Nunca Mais, pela reabilitação do RS




Por Katarina Peixoto

Programas de reabilitação de drogados costumam prescrever a aceitação de que o mundo é maior que a dependência do drogadito. Ou, em outras palavras, que o drogadito não é maior do que o mundo. Versões mais grosseiras dessas tentativas de desintoxicação costumam meter deus no meio dessa superação. Fato é que desintoxicar exige humildade. E uma consciência da própria finitude, quer dizer, um compromisso inadiável com a própria carne, com as próprias dores e possibilidades. Desintoxicar, por isso, exige um compromisso com a verdade. Não há espaço para mentira e suas variantes do auto-engano no caminho de luta contra a dependência.
Por isso falar em desintoxicação do Rio Grande do Sul faz sentido, e não exatamente como metáfora.
Um Estado que padeceu com a experiência Yeda Crusius não precisa de metáfora, mas de realidade e, portanto, de um compromisso inadiável com a verdade. A viagem tem sempre vida curta e a chapação, ao longo do tempo, mata. De 2003 para cá, quando a direita gaúcha rearticulou seu projeto de poder no estado do Rio Grande do Sul, a situação do Estado, perante si mesmo e perante o país realmente merece uma campanha como “Crack, nunca mais”. Não é sem propósito que o esteio propagandístico da chapação lança essa campanha. E, mais uma vez, não há metáfora, aqui.
A decadência econômica vem caminhando de mãos dadas com a degeneração política. Se esse vínculo é necessário ou não, pouco importa. Fato é que constatar sua existência no RS dos dias que correm é dizer a verdade. O lero-lero delirante do Déficit Zero é propagandeado a despeito do declínio nos índices de qualidade de ensino, de saúde, dos serviços públicos e nos grandes esquemas de saque do erário já combalido. Saques, por sua vez, investigados e denunciados antes pelo Ministério Público Federal e pela Polícia Federal. A chapação e a dependência não deram lugar à oposição. Mas esta, como um fígado, seguiu se regenerando.
Seria simplesmente ridículo ver Yeda Crusius na televisão, com aquela sua peculiar mirada ao infinito, não fosse desagradável. É constrangedor e triste ver no que as drogas podem transformar uma pessoa. E a mentira das sanhas ideológicas não apenas alienam politicamente, como demenciam. Tem algo demente, ali, naquele queixo acrítico, naquele déficit zero que outro dia até a representante não escolhida pelo voto do sofrido Ministério Público Estadual repetia. Diabos, o que pode querer dizer déficit zero no MP estadual???
Para criticar o Olívio Dutra, diziam que nas Assembléias do OP se discutia até a compra de carteiras para escolas. Para criticar, diga-se. Porque o que fizeram com este homem é inominável. Agora, não podem mais fazê-lo. Não falam mais sozinhos, não intoxicam plenamente, não asseguram a terra das palavras delirantes nas mentes incautas. E o Rio Grande do Sul fica mais saudável.
Posso discordar de que tudo seja discutido numa assembléia de OP. Mas frente ao crime o que está em jogo não é a concórdia ou a discórdia; é a justiça, a lei. Ambas, em tempo, vêm sendo destroçadas neste estado. Desmantelaram a legislação ambiental, esquartejaram a legislação dos incentivos fiscais e, com isso, a mínima decência tributária (o Fundopem do governo Rigotto tornaria Britto um republicano), desinvestiram deliberada e sistematicamente na saúde, recusaram e se abstiveram do recebimento e do empenho de verbas federais destinadas a políticas públicas para jovens, crianças, mulheres, mulheres negras, comunidades indígenas, catadores de papel, usuários do SUS.
Esse acúmulo de perdas só reforçou a dependência da máquina propagandística, o estuário de verbas estaduais para seguir tentando perpetuar o vício. Como se sabe, o vício tem muitos aspectos: culpa-se o outro, projeta-se a própria miséria e se denega qualquer responsabilidade. Assim se pode ver motoristas de táxi, lobotomizados via rádio o dia inteiro, bradarem contra a Dilma porque os azuiszinhos não fiscalizam as pessoas que estacionam nas ruas. Crack,nunca mais.
E por falar nisso, o senador Simon está calado. O paladino da imparcialidade ativa que embruteceu, empobreceu e corrompeu o Estado em níveis nunca dantes vividos. Seu candidato, até que se prove o contrário, é um senhor tão obscuro como descompromissado, cujo discurso vazio só é superado pela ausência de vitalidade.
Quem quer manter essa carcaça em que o RS se tornou? Como um resto de gente, com dentes empodrecidos, ira contra o mundo, sobretudo incompreensível; quem caminha pelas ruas e vê as hordas de jovens chapados sabe do que se trata a imparcialidade ativa do déficit zero. Sabe o que desinvestimento, abstenção e recusa de assistência geram. Ainda virá à tona o quanto foi devolvido à união pelos governos (sic) da imparcialidade ativa e do déficit zero, em recursos sem empenho, destinados a políticas públicas no âmbito da assistência social, médica, à criança e ao adolescente, à juventude. Crack, nunca mais.
Reabilitação é um processo doloroso, mas diariamente fortalecido. Toda desintoxicação exige mais do fígado do que os porres de palavras cruzadas e falsas polêmicas. Mas funciona, constitui, faz sentido. É um caminho incerto, com recaídas, ou sem. Mas aponta para a agregação, a consciência do mundo e a independência moral. Sem chapação, sem mentira, sem saque do erário e sobretudo sem o delírio destruidor de futuro, de responsabilidade e de saúde.
O que será do RS reabilitado não se sabe, visto que a destruição não foi pouca nem irrelevante. Mas cessar a dependência, hoje, é vencer o vício, ganhar da mentira, recusar o auto-engano mistificador e empenhar-se com o futuro. Crack, nunca mais.

Quando as prisões de Israel se inundam de crianças palestinas



AVN - [Tradução do Diário Liberdade] Enquanto os grandes meios de comunicação mostram os preparativos para a próxima reunião entre a Palestina e Israel, sob os auspícios do governo estadunidense, pouco se fala das meninas e meninos palestinos detidos nas prisões judias.
Até agora, as declarações diplomáticas realizadas no marco do reinício do diálogo que busca pôr fim ao conflito no Oriente Médio deixou óbvia a situação dos menores.
As acusações levadas a cabo por Israel nos últimos tempos, como o avanço sobre os territórios palestinos ou as incursões militares em todas as escalas, revelam que o governo de Benjamín Netanyahu não tem incluída em sua agenda a questão das crianças presas.
A esta altura, não é estranho que o Estado judaico neguem todas as acusações que são feitas contra eles, ainda que as denúncias estejam documentadas e na maioria dos casos respaldadas por organismos de direitos humanos internacionais.
Como exemplo mais recente, encontra-se o ataque das forças armadas israelenses contra seis embarcações em maio. As embarcações transportavam ajuda humanitária à Faixa de Gaza, região palestina que desde 2006 sofre um forte bloqueio imposto por Israel. Nessa ação militar, os soldados hebreus assassinaram nove tripulantes do barco Mavi Marmara.
Ainda que a comunidade internacional tenha condenado o fato e a Organização das Nações Unidas (ONU) tenha criado uma comissão para investigar o sucedido, as autoridades judias se empenham em justificar o ataque.
O argumento é repetido: as embarcações transportavam materiais para a construção de armas que favoreciam os "inimigos" de Israel. A fome e as mortes evitáveis em Gaza devido ao bloqueio, pelo visto, tampouco estão na agenda da administração Netanyahu.

Os métodos de Israel para caçar menores

Incursões em plena noite, golpes e amordaçamentos, interrogatórios sem nenhum marco legal que seja respeitado e a agressão psicológica são as características que Israel impõe às crianças palestinas.
Mas a esta situação há que somar que os menores nos territórios ocupados vivem com o assédio militar permanente do exército judeu, sofrem graves problemas de alimentação, suas escolas foram destruídas e muitos deles viram morrer seus pais e familiares.
Na atualidade, nas prisões israelenses há quase 8 mil presos palestinos, incluindo crianças e mulheres, muitos deles em detenção administrativa.
Este último procedimento permite às forças armadas israelenses manter um palestino preso por três meses sem acusá-lo ante a justiça, com um período de prisão prorrogável por outros três meses.
O Centro Palestino para a Defesa dos Detidos (PCDD) revelou no início de 2010 que Israel mantém cativos cerca de 340 crianças palestinas, privando-lhes seus direitos básicos.
Segundo o diário francês L'Humanité, de julho passado, cada ano 700 menores palestinos "são detidos, interrogados e perseguidos pelo sistema militar israelenses".

Quando as leis internacionais não tem validade

Ainda que Israel figure entre os 191 firmantes da Convenção dos Direitos da Infância, vigente desde 1990, os fatos demonstram o incumprimento da norma.
A Convenção aponta que "a detenção, encarceramento ou prisão de uma criança será levado a cabo em conformidade com a lei e se utilizará tão somente como medida de último recurso e durante o período mais breve que proceda".
Em janeiro de 2010, o Comitê para os direitos das crianças da Organização das Nações Unidas (ONU), publicou um informe onde assegurou que Israel não responde as exigências referentes à detenção e interrogatório de crianças nos territórios ocupados.
O organismo internacional também denunciou as ordens militares 378 e 1.591 que "violam os padrões internacionais para a justiça dos menores e o direito a um processo justo".
O primeiro dos decretos prisionais prevê uma pena máxima de 20 anos contra os menores que se defendam jogando pedras contra soldados israelenses.
O Comitê da ONU também se mostrou muito preocupado porque "mais de 2 mil crianças, entre eles alguns de 12 anos, foram acusados de infrações contra a segurança entre 2005 e 2009, detidos sem acusações por um período superior a 8 dias e levados ante tribunais militares".
De sua parte, a ONG Defesa de Meninas e Meninos Internacional (DNI em espanhol) alertou no ano passado sobre a situação que atravessam os menores quando são detidos.
Para a organização, nos interrogatórios às crianças não é permitido chamar um advogado ou que os acompanhe algum familiar.
Segundo o DNI, os menores "são submetidos a técnicas proibidas, com o uso excessivo de vendas e algemas, bofetadas, patadas, posições dolorosas por tempo prolongado, confinamento solitário, privação de sono e combinações de ameaças físicas e psicológicas".
A isto, há que agregar que neste ano foi apresentado à ONU a denúncia de que mais de 100 crianças receberam maltratos e abusos sexuais enquanto estiveram detidos em 2009 pelo Exército israelense.
No entanto, a organização israelense de direitos humanos B'Tselem explicou que para o confinamento das crianças utilizam-se vários tipos de celas.
Entre elas encontram-se as denominadas "bloqueio", sem luz e de 1,5 por 1,5 metros; "armário", com teto baixo, na qual o detido pode ficar parado, mas é incapaz de se sentar ou se mover; e a "tumba", uma caixa de um metro de altura, 80 centímetros de frente e 60 de profundidade.
Quando em 1948 Israel começou a invasão da Palestina, os meninos e meninas desse país observaram como suas casas eram ocupadas e muitos de seus familiares expulsos à diáspora.
Depois de sessenta anos de políticas sistemáticas de ocupação por parte dos governos hebreus, os atuais pequenos palestinos sofrem ao lado de seu povo e suas vidas, muitas vezes, dependem de como se possam defender, ainda que Israel criminalize o lançamento de pedras contra seus soldados.

Fonte: AVN

Traduzido para o Diário Liberdade por Lucas Morais (@luckaz)





Fórum Mundial de Educação na Palestina

Entre os dias 28 e 31 de outubro, será realizado o Fórum Mundial de Educação em Ramalah, cidade palestina. Não será mais um fórum temático. Realizá-lo na Palestina tem um significado especial.
Ao não obedecer a Resolução da ONU do direito de criação de um Estado palestino, com os mesmos direitos do Estado de Israel, ocupando os territórios que deveriam constituir esse Estado, Israel – com o apoio solitário dos EUA – impede que a decisão das Nações Unidas seja cumprida. Para chegar à Palestina, é necessário chegar ao aeroporto principal de Israel – Aeroporto Ben Gurion –, onde é necessário submeter-se aos interrogatórios dos serviços de segurança israelenses, que detêm o poder arbitrário de deixar uma pessoa passar ou não. A alternativa é descer na Jordânia e fazer uma longa viagem por terra até o território palestino.
Embora com uma forte identidade, uma história milenar e uma extraordinária trajetória de lutas, a Palestina ainda não existe como território soberano, como Estado independente. Está invadida militarmente por Israel, que ocupa seus territórios, mantém o país separado entre a Faixa de Gaza e a Cisjordânia, sendo esta, por sua vez, esquartejada pelos muros que a cruzam, pelos assentamentos de judeus em pleno território palestino.
Os palestinos são dominados, oprimidos, humilhados. Tenta-se fazer com que a vida deles seja impossível nesses territórios para que se submetam definitivamente a ser superexplorados por Israel ou a abandonar a Palestina, deixando o campo livre para o objetivo de Israel – apropriar-se de todo o território palestino e incorporá-lo a Israel.
A realização do Fórum na Palestina tem muito mais significado do que simplesmente mais um espaço de discussão e intercâmbio dos movimentos que lutam por “um outro mundo possível”. Significa legitimar a existência da Palestina, dar voz aos palestinos, integrá-los às suas lutas no movimento global do Fórum Social Mundial. Da mesma forma que foi importante que Lula não apenas visitasse a Palestina, mas fizesse o que os outros mandatários não fazem: dormisse lá, convivesse com o povo palestino, conhecesse as reais e opressivas condições de vida deles.
Mas, ao mesmo tempo, o fórum deve conhecer diretamente as condições muito precárias de funcionamento das escolas na Palestina, tanto materiais, como de materiais que permitam o conhecimento, o estudo, a continuidade do conhecimento e da consciência da identidade palestina com as novas gerações.

Emir Sader é cientista político.

Créditos: Caros Amigos

Considerada inimiga da educação, Yeda não foi convidada para debate com candidatos ao governo do estado

O CPERS/Sindicato realiza na sexta-feira 27, às 9h30, debate com os candidatos ao governo do Estado. O encontro será no salão de eventos do hotel Plaza São Rafael, no centro de Porto Alegre (Av. Alberto Bins, 509). O debate terá a participação de mil educadores.

Inimiga da educação pública, dos educadores e dos movimentos sociais, a governadora Yeda Crusius não foi convidada. Na educação, ela passou sua gestão atacando a organização dos trabalhadores e os direitos conquistados pela categoria. Além disso, tem reafirmado que, em caso de reeleição, manterá entre suas propostas a implementação da meritocracia e a realização de mudanças nas carreiras dos educadores.

“Durante quase quatro anos de governo, Yeda nunca quis sentar e discutir a educação pública com o CPERS. Portanto, não será agora, a convite do sindicato, que ocuparemos uma mesma mesa”, finalizou Rejane de Oliveira, presidente do CPERS/Sindicato.

João dos Santos e Silva, assessor de imprensa do CPERS/Sindicato
http://www.cpers.com.br/index.php?&menu=1&cd_noticia=2565