quinta-feira, 2 de outubro de 2008

OS MITOS DA "ASSISTÊNCIA DEMOCRÁTICA": INTERVENÇÃO DOS ESTADOS UNIDOS NA EUROPA ORIENTAL PÓS-SOVIÉTICA

Gerald Sussman

Professor de estudos urbanos e comunicações na Portland State University. Seu livro mais recente é Global Electioneering: Campaign Consulting, Communications, and Corporate Financing (Rowman & Littlefield, 2005).

Uma das mudanças notáveis no mundo da política pós-soviética é o envolvimento quase desimpedido de agentes ocidentais, consultores e instituições públicas e privadas no gerenciamento de processos nacionais eleitorais em todo o mundo -- incluindo nos ex-estados soviéticos. Quando os aparatos partidários comunistas nestes países começaram a entrar em colapso no final dos anos 80 e quase sem derramamento de sangue deram espaço a forças políticas emergentes, o Ocidente, especialmente os Estados Unidos, foram rápidos em interceder em assuntos políticos e econômicos.

Os métodos de manipular eleições estrangeiras foram modificados desde os tempos das operações da CIA, mas os objetivos gerais de intervenção imperial não mudaram. Hoje, os Estados Unidos dependem menos da CIA na maior parte dos casos e mais de iniciativas relativamente transparentes de organizações públicas e privadas como o National Endowment for Democracy (NED), a Agência para Desenvolvimento Internacional (USAID), Freedom House, Open Society (de George Soros) e uma rede de organizações políticas profissionais bem financiadas, primariamente americanas, que operam a serviço dos objetivos paralelos do estado neoliberal em política e economia. Allen Weinstein, que ajudou a estabelecer o NED, notou: "Muito do que fazemos hoje era feito pela CIA 25 anos atrás".

Entre os principais alvos do NED estão os assim chamados estados em transitoriedade que fizeram parte do bloco soviético. Tanto republicanos quanto democratas assumiram uma estratégia pós-contenção em relação à Europa Central e Oriental e mesmo um democrata "liberal" como John Kerry criticou George Bush durante a campanha de 2004 por não colocar mais dinheiro no NED. Agindo como uma organização guarda-chuva dos programas de "assistência democrática", o NED canaliza fundos aprovados pelo Congresso para dois sub-grupos, o Instituto Internacional Republicano (IRI) e o Instituto Nacional Democrático (NDI) - representando os dois partidos - assim como para o Centro Internacional da Iniciativa Privada (CIPE), ligado à Câmara de Comércio dos Estados Unidos, e o Centro Internacional para a Solidariedade do Trabalho (Centro da Solidariedade), da central sindical AFL-CIO, que se encarregam de apoiar iniciativas eleitorais e da sociedade civil em países-alvo.

Um dos líderes do Congresso por trás da criação do NED, Damte Fascell, ex-presidente do Comitê de Relações Exteriores da Câmara, disse que o desenho institucional do NED tinha como objetivo dar a cada grupo "um pedaço da torta. Eles foram pagos. Democratas, republicanos, a câmara de comércio e os sindicatos".

Pedaço por pedaço, os experts dos Estados Unidos esperam promover líderes nos países da Europa Central e Oriental que vão abrir os bens estatais ao investimento de corporações transnacionais, ajudar a isolar ou forçar a Rússia, permitir a hegemonia militar dos Estados Unidos na região e proteger o oleoduto euro-asiático controlado pelos Estados Unidos. Rússia, Ucrânia, Geórgia, Sérvia e Bielorrússia estão entre os países da região em que consultores, pessoal diplomático, o NED e as organizações que o integram e outras agências públicas e privadas recentemente interviram em eleições nacionais.

Esses países se juntam a uma longa lista onde o dinheiro dos Estados Unidos foi usado em políticos e partidos promovidos pela Casa Branca, o Departamento de Estado e a CIA. Comparadas às formas clandestinas ou agressivas aplicadas tipicamente pela CIA do fim dos anos 40 até a metade dos anos 70, as formas correntes de manipulação eleitoral são conduzidas largamente como espetáculos de manipulação e drama moral.

Promovidas como "construção democrática", as intervenções eleitorais são criticamente importantes para os objetivos globais dos Estados Unidos, contribuindo para o planejamento corporativo e estatal de longo prazo ao solidificar ligações americanas a governos estrangeiros e para o estabelecimento de alianças econômicas e militares.

68% dos americanos desaprovam administração Bush


Em meio a pior crise financeira vivida pelos Estados Unidos desde a Grande Depressão dos anos 30, a aprovação do presidente americano, George W. Bush, atingiu seu mais baixo índice nos últimos oito anos. Segundo pesquisa Gallup, mais de 68% desaprovam seu governo, enquanto 27% dos entrevistados acham Bush um ''bom administrador''.


Charge de Paixão para A Gazeta do Povo

O resultado representa uma queda de quatro pontos percentuais desde a pesquisa Gallup anterior, realizada antes do agravamento da crise financeira e do plano de ajuda aos bancos financeiro proposto pela administração Bush para injeção de US$ 700 bilhões para a compra de títulos ''podres'' dos bancos pelo Estado.


A queda é ainda maior se considerar pesquisa similar realizada logo após a Convenção Nacional Republicana, no começo de setembro, que oficializou a candidatura do presidenciável John McCain.


O mais novo aumento da impopularidade de Bush tem relação direta com a crise financeira, embora a pesquisa tenha sido realizada antes da Casa dos Representantes reprovar o plano.


Segundo a enquete, conduzida entre 26 e 27 de setembro, apenas 28% dos americanos entrevistados aprovavam a resposta de Bush à crise. A maioria, 68%, indicou desaprovar o governo no pior índice dos últimos seis presidentes americanos.


Os baixos índices de aprovação são comuns no governo Bush. O presidente republicano não teve uma aprovação superior a 40% nos últimos dois anos. Bush já registrou aprovação de 28% várias vezes neste ano, principalmente nos meses de verão e primavera, quando os americanos viram suas férias prejudicadas pelo aumento do combustível.


Ainda há tempo, segundo as más línguas, para Bush tentar quebrar o recorde de impopularidade, que pertence a Harry Truman, aprovado por apenas 22% dos entrevistados em fevereiro de 1952.


Bush agora se junta a Truman e ao republicano Richard Nixon como os únicos três presidentes com médias de aprovação de 27% ou mais baixas.


A pesquisa Gallup foi realizada entre 26 e 27 de setembro, com 1.011 adultos. A margem de erro é de três pontos percentuais para mais ou para menos.





Informe analisa exclusão juvenil na Venezuela






Adital



O Observatório de Participação e Convivência Cidadã do Centro Gumilla publicou seu primeiro relatório sobre a situação de exclusão que vivem os jovens da Venezuela. O estudo aborda uma linha de autopercepção juvenil e avalia as aproximações necessárias para a elaboração de ferramentas e mecanismos de participação política e social que melhorem sua integração com a sociedade.

"As políticas públicas de juventude são mecanismos que afetam de maneira direta a vida dos e das jovens. Por isso, é necessário observar seu desempenho e impacto com detalhamento, tanto pelos executores das políticas, como pela sociedade civil que deve vigiar e realizar o controle sobre os processos de elaboração, execução, validação e impacto", assinala o informe.

Para a realização do estudo, foram definidos cinco domínios: Anzoátegui, Lara, Bolívar, Carabobo e Zulia. A escolha desses domínios se deu por dois motivos: limitações dos recursos humanos e financeiros e grande densidade populacional nessas regiões. A faixa etária avaliada ficou entre 16 e 29 anos, com subclassificações por intervalos de idade não homogêneos. A metodologia aplicada é conhecida como grupos de discussão ou grupo focais, com entrevistas semi-estruturadas a especialista na área da juventude.

Entre as conclusões encontradas, o informe aponta que os jovens se percebem como pessoas responsáveis, capazes de ter controle sobre suas vidas. A responsabilidade, o compromisso e a importância das decisões que dizem respeito a seu futuro desenvolvimento foram um papel fundamental nas sessões grupais: "Esse dinamismo é importante porque os converte em sujeitos de seu próprio desenvolvimento permitindo-lhes enfrentar obstáculos e dificuldades".

Além disso, os jovens se dizem críticos da família, dos valores socioculturais dominantes, das relações políticas e econômicas, do uso das drogas, da violência juvenil. Segundo o estudo, essa característica faz que esses jovens se convertam em sujeitos potenciais de mudança e transformação. Os idosos criticam os mais jovens por suas condutas, porém os consideram muito mais adaptados a novas circunstâncias e especialmente hábeis no uso de tecnologias modernas.

"As mulheres apresentam notável interesse pela educação, inclusive mais que pelo emprego. Em suas prioridades de vida, primeiro está o estudo e depois o trabalho. Os homens dão mais importância e relevância ao desfrute como tal da juventude. Querem trabalhar e estudar", acrescenta.

As principias formas de exclusão encontradas pelo estudo foram: familiar, educativa, social, de gênero e política. Sobre a exclusão política, o informe explica que há uma divisão entre "chavistas" e "oposicionistas", havendo um constante enfrentamento entre essas tendências: "O que estão a favor do governo excluem a oposição, os da oposição excluem os que estão a favor do governo. As posições políticas também são causas de exclusão no emprego". De acordo com a análise, em geral, considera-se que a exclusão é gerada pelas pessoas que detêm poder, independentemente da posição política que tenham, fazendo-se necessário administrar o poder de forma que todos possam ter acesso às mesmas oportunidades e benefícios.

O relatório recomenda que o jovem seja concebido como agente de mudança, capaz, responsável e comprometido a solucionar os problemas que se apresentam em seu entorno. Por isso, o poder público deve fornecer-lhes ferramentas, além de capacidade técnica e recursos. Além disso, deve promover mecanismos de acesso à educação superior que consiga abranger a maior quantidade de estudantes possível ou criar institutos técnicos.