quinta-feira, 7 de julho de 2011

Para a crítica do capitalismo

Escrito por Duarte Pereira   no Correio da Cidadania

A Boitempo Editorial, numa iniciativa conjunta com a Editora da Universidade Federal do Rio de Janeiro, acaba de lançar a primeira tradução brasileira integral da obra de Karl Marx, celebrizada como Grundrisse (em português, Esboços ou Fundamentos para a crítica da economia política). Uma tradução brasileira da parte desses manuscritos relativa às chamadas Formen (ou Formações econômicas pré-capitalistas) já fora publicada pela Editora Paz e Terra em 1975, com importante introdução escrita pelo historiador britânico Eric Hobsbawn.

Os Grundrisse reúnem manuscritos redigidos por Marx em 1857 e 1858, no andamento de sua monumental investigação crítica do novo modo de produção e da nova formação social – capitalistas – que emergiam e se desenvolviam na Europa, assim como das primeiras interpretações dessa nova economia e dessa nova sociedade, feitas de um ângulo burguês, pelos economistas denominados clássicos, como Adam Smith e David Ricardo.

Aos Grundrisse, mantidos inéditos por Marx, se seguiria a Contribuição à crítica da economia política, publicada em 1859, e, num nível incomparavelmente superior de elaboração, o primeiro volume de O capital, publicado em 1867. Como se sabe, o 2º e o 3º volumes de O capital somente seriam publicados em 1885 e 1894, respectivamente, organizados e editados por Engels após a morte de Marx. O 4º volume, mais conhecido como Teorias da mais-valia ou como História crítica das doutrinas econômicas, reunindo os rascunhos escritos por Marx entre 1861 e 1863, seria organizado e editado por Karl Kautsky em vários tomos publicados entre 1905 e 1910. Existe uma edição brasileira integral dessa obra, traduzida diretamente do alemão por Reginaldo Sant’Anna e lançada pela Editora Civilização Brasileira em 1980.

Ao ler os Grundrisse, é preciso não perder de vista dois comentários feitos pelo próprio Marx, um ressaltando sua importância e outro alertando para seus limites. Primeiro, que os manuscritos foram “o resultado de 15 anos de pesquisa, ou seja, dos melhores anos de minha vida”. E segundo, que “as monografias foram escritas em períodos muito diversos, para meu próprio esclarecimento, não para publicação”. A maioria dos temas e das teses dos Grundisse seria reelaborada nas obras posteriores de Marx, principalmente em O capital, com mais rigor e cuidado no que diz respeito ao conteúdo e à forma e levando em conta o avanço das investigações do autor. Algumas passagens dos Grundisse não seriam reescritas por Marx, nem incorporadas a suas obras posteriores, talvez porque ele sentisse a necessidade de aprofundá-las.

A publicação da primeira edição integral em português dos Grundrisse, traduzida diretamente dos originais alemães por Mário Duayer e um grupo de colaboradores, representa um marco na história da cultura brasileira e uma contribuição muito importante para o estudo especializado e histórico-crítico do marxismo.

Quem ler esses manuscritos seminais com a mente despojada de preconceitos terá a oportunidade de verificar como permanece atual, em suas linhas essenciais, a crítica de Marx ao capitalismo e ao pensamento econômico burguês, feita do ponto de vista dos trabalhadores destituídos de meios modernos de produção e forçados a assalariar-se. 

Ficha técnica

Título: Grundrisse
Subtítulo: Manuscritos econômicos de 1857-1858: Esboços da crítica da economia política
Título original: Karl Marx Ökonomische Manuskripte 1857/58
Autor: Karl Marx
Tradução: Mario Duayer, Nélio Schneider, Alice Helga Werner e Rudiger Hoffman
Supervisão editorial e apresentação: Mario Duayer
Orelha: Jorge Grespan
Quarta capa: Francisco de Oliveira
Páginas: 792
Preço: R$ 79,00
ISBN: 978-85-7559-172-7
Editoras: Boitempo e UFRJ 
Duarte Pereira, 72 anos, é jornalista e escritor.
 
Para ajudar o Correio da Cidadania e a construção da mídia independente, você pode contribuir clicando abaixo.

“Inauguramos um novo momento na Educação Gaúcha”, diz Azevedo no 1º Encontro de Avaliação


O secretário de Estado da Educação, Prof. Dr. Jose Clovis de Azevedo, abriu o 1º Encontro de Avaliação das Coordenadorias Regionais de Educação, na manhã desta quinta-feira (7), no auditório da Caixa Econômica Federal, em Porto Alegre. Azevedo apresentou um diagnóstico das condições políticas e estruturais encontradas pela nova gestão. “Depois de oito anos de neoliberalismo, inauguramos um novo momento na Educação Gaúcha. Nossa concepção de Estado parte do princípio da equidade, onde o Estado tem a obrigação de garantir que todos tenham seus direitos atendidos, e não aumentar as disparidades entre a população”, disse o secretário ao iniciar seu pronunciamento.

Entre os principais pontos relatados: ausência de um centro de reflexão e produção de políticas e propostas para a atividade fim; fragmentação da gestão; ausência de planejamento; terceirização das obrigações do Estado, incluindo o programa de alfabetização; isolamento do governo federal; inexistência de diálogo com os professores e comunidades; priorização dos aspectos quantitativos em detrimento dos aspectos qualitativos e o fechamento de 435 escolas sem políticas para a Educação no campo.

Após, informou os avanços da Seduc nos primeiros seis meses de sua gestão, como: o reajuste de 10,91% que baixou de 66% para 50% a diferença salarial para a integralização do piso nacional; a revogação da ordem de serviço que impedia a participação dos professores em eventos de formação no horário de expediente; os seminários de formação regionais que já mobilizaram 24 mil docentes; a liberação de professores para os núcleos do CPERS, além da realização de concurso público neste ano.

O secretário também apresentou as metas para o próximo semestre, entre elas: a expansão do ensino médio, a ampliação dos programas de formação tanto para professores sem formação superior como para 2ª licenciatura e a formação continuada; a execução de 264 obras de ampliação e reforma das escolas somando R$ 61 milhões; a modernização tecnológica através do projeto piloto Santa Tecla em Bagé e avanço no regime de colaboração com os municípios para a resolução da questão do transporte escolar.

Também reafirmou o compromisso de que não
haverá mudanças no plano de carreira e sim um diálogo para alterações nos critérios de avaliação para a promoção dos professores, e que o piso nacional será integralizado durante os quatros anos de governo.

As atividades seguiram com o relato das coordenadorias com a apresentação do histórico administrativo e pedagógico percorrido até o momento. Os relatos seguem no período da tarde, que também terá a avaliação dos avanços da Seduc pelo chefe da Casa Civil, Carlos Pestana. 
 
Fonte: SEDUC