Lucas Santos
A informação de que o Governo Federal pretende fixar o preço do 1Mbps de internet banda larga a R$35,00, confesso que me decepcionou em um primeiro momento.
Apesar de ser um grande avanço em relação ao preço absurdo que vigora hoje no mercado nacional, comparando-se a outros países - e mesmo à condição de muitos brasileiros pobres - vemos que ainda teremos um preço de conexão banda larga elevado.
Leia
também: Comparação do preço da banda larga, no Brasil e no mundo.
Pareceu-me que o Governo estava agindo da mesma maneira que na questão da Tv Digital – privilegiando o intere$$e das empresas privadas, em detrimento do interesse público.
Pareceu-me que o Governo estava agindo da mesma maneira que na questão da Tv Digital – privilegiando o intere$$e das empresas privadas, em detrimento do interesse público.
Porém, hoje pensando sobre o assunto cheguei à conclusão de que o
Governo, ao ser moderado, agiu corretamente.
Primeiro: as Teles já estão fulas da vida com esse preço de 35,00R$ (já com impostos) a ser praticado pela Telebrás. Se o preço fosse mais baixo, obviamente a oposição desse grupo de poderosas empresas seria ainda maior – o que tem suas consequências, inclusive na questão da eleição de Dilma.
Quanto mais o Governo Lula mexer com o intere$$e das Teles, mais elas entram com entusiasmo na candidatura Serra. E se Dilma não for eleita, adeus inclusão digital.
Segundo: um preço muito baixo geraria uma enorme demanda, logo de início. A Telebrás, como ainda está se estruturando, é possível que não consiga atender a essa demanda inicialmente, deixando muitos potenciais compradores frustrados. O PiG obviamente iria bombardear a estatal, relembrando os tempos em que ela não conseguia (na verdade, não podia) atender à demanda por telefonia.
Primeiro: as Teles já estão fulas da vida com esse preço de 35,00R$ (já com impostos) a ser praticado pela Telebrás. Se o preço fosse mais baixo, obviamente a oposição desse grupo de poderosas empresas seria ainda maior – o que tem suas consequências, inclusive na questão da eleição de Dilma.
Quanto mais o Governo Lula mexer com o intere$$e das Teles, mais elas entram com entusiasmo na candidatura Serra. E se Dilma não for eleita, adeus inclusão digital.
Segundo: um preço muito baixo geraria uma enorme demanda, logo de início. A Telebrás, como ainda está se estruturando, é possível que não consiga atender a essa demanda inicialmente, deixando muitos potenciais compradores frustrados. O PiG obviamente iria bombardear a estatal, relembrando os tempos em que ela não conseguia (na verdade, não podia) atender à demanda por telefonia.
Ou seja, a esse preço - R$35,00 - o Governo consegue
enfrentar a chiadeira das Teles, e a Telebrás não enfrentará logo de
início uma demanda altíssima por seus serviços, o que lhe permite se
organizar melhor para, futuramente, expandir sua oferta de banda larga.
E como o preço cairá mais, permitindo a inclusão plena?
A entrada de uma estatal no ramo da banda larga permite um pulo
do gato que, talvez, já se esconda por trás dessa moderada decisão
de preço/velocidade anunciada pelo Governo.
Por exemplo: de
início, vende-se 1 Mb a R$35,00. Amplia-se consideravelmente o número de
pessoas conectadas à rede, porém muitos ainda ficariam de fora. A este
valor, as Teles esperneiam mas aceitam.
Num segundo momento, a
Telebrás pode dar um passo a frente, aumentando a velocidade e mantendo
os preços. Por exemplo: passa-se a vender 2 Mb por 35,00 reais e 1 Mb a
R$20,00. Ou seja, a estatal – e, no caso brasileiro, somente uma estatal
pode fazer isso – fará com que os preços caiam, aumentando a
velocidade.
A 20 reais, o número de brasileiros ligados à rede
será ainda maior. Em um terceiro momento pode-se repetir a dose,
aumentando de 2 para 4 Mb de velocidade, mantendo os preços. Isso faria
com que os preços caíssem, por exemplo: 2 Mb por 20,00 e 1 Mb por 15,00.
Isso só é possível porque uma estatal pode e deve operar não apenas
com a lógica de mercado (visando o lucro), mas também como uma indutora
do bem-estar da sociedade.
A lógica das telefônicas da vida é investimento zero, lucro máximo. Já a Telebrás terá papel de investir e gerar concorrência, o que forçará as empresas do ramo a investir também. Essa concorrência trará melhores serviços, preços mais baixos e, por conseguinte, a inclusão digital. Mas isso só se dará – ao contrário do que os liberais pensam – com a intervenção do Estado no Mercado. O Mercado livre gerou esse monstro das Teles no Brasil.
A lógica das telefônicas da vida é investimento zero, lucro máximo. Já a Telebrás terá papel de investir e gerar concorrência, o que forçará as empresas do ramo a investir também. Essa concorrência trará melhores serviços, preços mais baixos e, por conseguinte, a inclusão digital. Mas isso só se dará – ao contrário do que os liberais pensam – com a intervenção do Estado no Mercado. O Mercado livre gerou esse monstro das Teles no Brasil.