quarta-feira, 4 de março de 2009

texto para reflexão...

Revolução versus Reforma




Frank Svensson
- CORREIO DA CIDADANIA

A idéia de revolução como meio de emancipação política não é uma invenção de Marx ou de marxistas. Inicialmente se viu como a volta às origens do desenvolvimento, a reevolução análoga à circularidade do movimento dos astros. Na Antigüidade, o conceito de revolução caracteriza o processo em que se sucedem as formas de Estado.

Na revolução inglesa derrubam-se governantes, e na francesa o conceito associa-se ao de emancipação, por ser o levantamento das massas que subsitui governantes e muda regras básicas de governar e de viver.

Marx e marxistas são filhos da revolução republicana francesa, defensora de instituições públicas laicas e do pacto federativo, ideário do Brasil Republicano inicial. A vitória da maioria do povo sobre a minoria reinante - e a implantação de nova forma de sociedade - origina-se aí. Difere lutar por revolução socialista ou por revolução burguesa. Questão central é formar a nova maioria. As teorias político-econômicas de Marx evidenciaram o forçoso crescimento do proletariado, ao passar de classe em si a classe para si. O marxismo aclarou aos revolucionários a classe social em que o desenvolvimento torná-la-ia a mais numerosa. Se a burguesia considerasse a classe a mais perigosa, mais instigante seria aos revolucionários.

A maior contribuição de Marx à teoria e à estratégia republicana foi vincular o proletariado à revolução socialista. Por que Marx vê a classe trabalhadora como coveira na sociedade capitalista-burguesa? Reconhece o trabalho assalariado, gerador de mais-valia, base da sociedade capitalista, do consumo e da acumulação de capital. Mostra que os trabalhadores sustentam toda a sociedade, porém ficam excluídos da superestrutura, do controle do trabalho, dos resultados, decisões e ideologias dominantes.

A estratégia socialista real inicia-se neste contraditório duplo papel dos proletários, revolucionários simultaneamente expostos à socialização pelo capital. Precisam ser ressocializados para imporem um modelo de sociedade, explica-se Marx ao dar a conhecer a relação capital x trabalho assalariado aos trabalhadores. Era o objetivo revolucionário-mor por que lutava: abolir essa relação. Quis fazer com que o objetivo nascesse do proletariado.

A ação recíproca da organização do proletariado requer compreensão científica da sociedade burguesa, de sua economia, para haver a revolução socialista. Configura-se o empenho irrestrito da formação teórico-política de trabalhadores da produção material e da produção espiritual a seu serviço. Da ambivalência da estratégia, Marx compreendia as reformas burguesas. Não era contrário a melhores condições de trabalho e vida por reformas, mas conquistadas por meio das lutas de classe que trabalhadores empreendessem. Marx pregava que a via pacífica parlamentar, à luz das lutas de classe, eliminava-as. Reconhecida, nações poderiam alcançar o objetivo pacificamente, a depender do avanço progressista do Estado, das instituições.

Ver a violência revolucionária desligada da correlação das forças das classes em enfrentamento é voluntarismo idealista. Estimula ao caracterizado por Lênin como política amiga do povo e de pena dos pobres. A classe trabalhadora deve valer-se das instituições existentes, entre as quais o parlamento é a arena de luta, que Karl Marx salientava ao se contrapor a anarquistas. Marcava que a transição para o socialismo implica emancipar o trabalho, mudar o papel do Estado na transformação social.

Na crítica aos participantes da Comuna de Paris aponta:

a) O proletariado não pode, como fazem as classes dominantes, apoderar-se do Estado e fazê-lo funcionar simplesmente conforme os propósitos das mesmas.

b) O Estado Burguês não pode servir de instrumento político à emancipação e à concomitante opressão a trabalhadores.

c) O marxismo reconhece ser a Comuna de Paris prenúncio de nova sociedade, à medida que nega a antiga forma de Estado.

A questão é como trabalhadores conquistarão o Estado, que, após socializarem-se meios de produção, desaparece. Na obra A Origem da Família, do Estado e da Propriedade Privada, Engels sustenta que a mais desenvolta forma de Estado é a República Democrática, última e decisiva etapa a se desenrolar da luta trabalhadores x burguesia.

O amplo direito ao voto constitui o instrumento superior da luta política, apesar de a classe dominante detê-lo por vias do domínio, até quando trabalhadores amadurecerem sua própria emancipação.

É típico do reformista querer alcançar o socialismo sem teoria revolucionária. Partidos reformistas reduzem a luta à conquista e à manutenção do poder sem deliberarem transformar o Estado para a sociedade sem classes. Limitam-se a manter conquistas trabalhistas que não superam a Sociedade do Bem-Estar. Pretensão a uma forma de socialismo inserida no capitalismo é o entendimento dominante dos reformistas.

Para Marx, o exercício democrático é a precondição para se eliminar a sociedade de classes. É forma política que possibilita a trabalhadores, a quem produz mais-valia, constituir a maioria da sociedade. Para liquidar as desigualdades da sociedade capitalista não basta ao proletariado ser maioria. Necessita realizar sua emancipação, ter sob total domínio os resquícios da sociedade de classes.

Na luta para mudar o Estado e emancipar trabalhadores reside o caráter revolucionário não reformista, independentemente do que as particularidades históricas impõem à disputa.

Frank Svensson é professor titular aposentado da Arquitetura da UnB e membro do CC do PCB.

E-mail : alva@yawl.com.brEste endereço de e-mail está protegido contra spam bots, pelo que o Javascript terá de estar activado para poder visualizar o endereço de email

Clássico de Sergei Mikhailovitch Eisenstein...

IVAN, O TERRÍVEL PARTE I (Ivan Groznyy I, RUS, 1943)
IVAN, O TERRÍVEL PARTE II (Ivan Groznyy II: Boyarsky zagovor, RUS, 1946-1958)



Créditos: F.A.R.R.A. - Shadows V.

Formato: RMVB
Áudio: Russo
Legendas: Português (embutidas)
Duração: 1:39 / 1:26
Tamanho: 505 MB / 434MB (06 e 05 partes)
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Direção: Sergei Eisenstein e M. Filimonova (colaboração)
Roteiro: Sergei Eisenstein
Fotografia: Andrei Moskvin e Eduard Tisse
Produção: Sergei Eisenstein (não creditado), I. Bakar, A. Eidus, e I. Soluyanov
Música: Sergei Prokofiev
Montagem: Sergei Eisenstein, Eleonora Praksina e Esfir Tobak
Direção de Arte: Sergei Eisenstein e Isaak Shpinel
Figurino: Leonid Naumov, Nadezhda Buzina e M. Safonova
Maquiagem: Vasili Goryunov

Elenco:
Nikolai Cherkasov ... Czar Ivan IV
Lyudmila Tselikovskaya ... Czarina Anastasia Romanovna
Serafima Birman ... Boyarina Efrosinia Staritskaya
Mikhail Nazvanov ... Príncipe Andrei Kurbsky
Mikhail Zharov ... Guarda Malyuta Skuratov
Amvrosi Buchma ... Guarda Aleksei Basmanov
Mikhail Kuznetsov ... Fyodor Basmanov
Pavel Kadochnikov ... Vladimir Andreyevich Staritsky
Vsevolod Pudovkin ... Nikolay

Sinopse: Parte 1: No século 16, Ivan se auto proclama Czar de todas as Rússias entrando em choque com os senhores Feudais chamados de Boiardos, ao tentar fazer um governo centralizado.
Parte 2: O Czar Ivan engana os nobres de sua corte enquanto cria um exército particular, que o ajudará a reinar novamente e unificar os diversos territórios russos em um Império único. Alia-se a sua poderosa tia Eufrosinia, que trama colocar seu filho no trono. Nesta segunda parte, o espetáculo pictorial continua, agora acrescido de cores vistosas. Stalin fez objeções à forma como o Czar foi retratado, frágil e vacilante, o que resultou a proibição do filme na Rússia até 1958.

TRAILER (Parte 1)



Em 1941, Eisenstein iniciou a produção de um épico histórico de grande escala, um filme em três partes glorificando a personagem mentalmente desequilibrada e assassina do czar russo do séc. XVI Ivan, o terrível. "Ivan, o terrível, parte I" (1943) foi um enorme sucesso. Já "Ivan, o terrível, parte II" (1946) mostrava uma visão bem diferente do czar: um tirano sanguinário que era o indiscutível predecessor de Stalin. Naturalmente, o filme foi proibido e o material filmado da terceira parte da obra foi destruído. Eisenstein foi hospitalizado devido a um ataque cardíaco mas conseguiu se recuperar e pediu a Stalin que "Ivan, o terrível, parte II" fosse revisto pelo comitê burocrático, tendo sido mais uma vez proibido. Eisenstein estava demasiado fraco para continuar a rodagem do filme e acabou por falecer em 1948, rodeado por trabalhos teóricos inacabados e planos para novos filmes. A segunda parte do seu filme foi mostrada pela primeira vez em 1958 no sexagésimo aniversário do nascimento do cineasta russo. Em 1988, no simpósio internacional de Oxford que marcou o nonagésimo aniversário do nascimento de Eisenstein, Naum Kleiman, o director do Museu Eisenstein de Moscovo, mostrou uma cena de "Ivan, o terrível, parte III" que sobreviveu. Nela, estava representado um interrogatório de um mercenário de um modo que fazia lembrar a própria polícia secreta de Stalin.

Graças à abundante literatura sobre os crimes de Stalin que está hoje disponível, mesmo nas antigas repúblicas soviéticas, a importância de "Ivan, o terrível, parte II" como um documento do seu tempo aumentou de sobremaneira sendo, paralelamente, uma obra de arte de uma qualidade e perfeição raras vezes atingidas na história do cinema. No seu último filme completo, Eisenstein conseguiu alcançar aquilo com que havia sonhado desde 1928, quando viu uma trupe japonesa de teatro kabuki: a síntese dos gestos, dos sons, do guarda-roupa, dos cenários e da cor numa só experiência polifónica. Já a encenação de "Alexander Nevsky" tenha sido uma tentativa para alcançar essa direção, mas apenas a famosa dança macabra dos súditos de Ivan consegue alcançar a síntese artística perseguida pelo realizador durante anos.

Carlos Leandro Figueiredo