terça-feira, 17 de junho de 2008

Eugênio Neves

“O Rio Grande do Sul vive um Estado de Exceção. Toda e qualquer manifestação social é reprimida com violência pela Brigada Militar sob ordens da Governadora Yeda Crusius. São freqüentes os episódios de trabalhadores e trabalhadoras algemados, feridos com balas de borracha e atingidos por bombas de gás lacrimogêneo e pimenta. Professores, metalúrgicos, sem terras, desempregados... A violência do Estado contra os pobres é cotidiana nas abordagens da polícia para os trabalhadores, sejam nos bairros, sejam nos movimentos sociais”. Essa é a avaliação de um conjunto de movimentos sociais e da Comissão Pastoral da Terra (CPT), em nota oficial divulgada nesta segunda-feira (16) sobre os rumos do governo tucano no RS. O objetivo da violência, dizem os movimento, é impedir as denúncias contra a corrupção no governo Yeda.

"Os episódios do dia 11 de junho”, diz a nota, “são apenas a página mais recente desta história”. “Movimentos sociais que protestavam contra a alta do preço dos alimentos,antes de um ato contra a corrupção, foram cercados e feridos pela BrigadaMilitar. O objetivo da polícia era evidente: impedir que os movimentos sociais denunciassem a corrupção que sustenta o governo Yeda”. Essa corrupção, prossegue o texto, “não se dá apenas no desvio de recursos de órgãos públicos, como os R$ 44 milhões desviados do Detran”. “A corrupção também é institucionalizada e formalizada nos financiamentos de campanha. A Governadora foi financiada por grandes grupos financeiros e por empresas transnacionais. Apenas três empresas de celulose - Stora Enso, Aracruz Celulose e Votorantim - doaram meio milhão de Reais para a campanha de Yeda”.

O agradecimento às doações é pago em políticas da governadora, denunciam os movimentos sociais: “desregulamentação ambiental para beneficiar a compra de áreas porpapeleiras, fechamento de salas de aulas e turmas de Educação de Jovens e Adultos, privatização do Banrisul, concessões fiscais aos financiadores da sua campanha”. “Para o movimento social organizado, violência e repressão. Repressão que não é apenas um método, mas é parte desta política, gestada pelos mesmos setores que ordenaram o Massacre de Eldorado de Carajás no Pará e o massacre de Felisburgo em Minas Gerais”. Os movimentos sociais prometem reagir e seguir “lutando não apenas para que todos os casos de corrupção sejam apurados, mas para que tenhamos uma verdadeira reforma política, que impeça que grupos transnacionais governem através do financiamento de campanha”.

“Nosso compromisso é com a construção de um projeto popular para o Brasil que garanta educação, saúde, terra e trabalho para todos e com dignidade”, conclui a nota assinada pelas seguintes organizações: Comissão Pastoral da Terra (CPT), Federação dos Trabalhadores da Indústria da Alimentação do Rio Grande do Sul, Federação dos Trabalhadores Metalúrgicos do Rio Grande do Sul, Levante Popular da Juventude, Movimento dos Atingidos por Barragens (MAB), Movimento das Mulheres Camponesas (MMC), Movimento Nacional dos Catadores de Materiais Recicláveis (MNCR), Movimento dos Pequenos Agricultores (MPA), Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST), Movimento dos Trabalhadores Desempregados (MTD), Pastoral da Juventude Rural (PJR) e Resistência Popular.