domingo, 23 de março de 2008

Roy Hargrove - Nothing Serious (2006)

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Roy Hargrove - Nothing Serious (2006)


Personagens:
Roy Hargrove (trumpet, flugelhorn)
Justin Robinson alto saxophone (flute)
Slide Hampton (trombone)
Ronnie Matthews (piano)
Dwayne Burno (bass)
Willie Jones III (drums)


faixas:
1. Nothing Serious
2. A Day In Vienna
3. Trust
4. Camaraderie
5. Devil Eyes
6. The Gift
7. Salima's Dance
8. Invitation

OEA DIZ QUE COLÔMBIA VIOLOU ARTIGO 21; EQUADOR DIZ QUE BOMBAS AMERICANAS FORAM USADAS NO ATAQUE ÀS FARC

Luiz Carlos Azenha

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De acordo com o jornal colombiano El Tiempo, o relatório da Organização dos Estados Americanos (OEA) sobre o ataque da Colômbia ao acampamento das Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (FARC) no Equador apresenta pontos de divergência.
O presidente do Equador, Rafael Correa, disse que considera o incidente político "superado", porém disse ser difícil "ter confiança novamente em meu interlocutor", numa referência ao presidente da Colômbia, Álvaro Uribe.
Os equatorianos alegam que alguns dos mortos receberam tiros pelas costas a curta distância. Colocam em dúvida a afirmação da Colômbia de que teria localizado o número dois das FARC, Raúl Reyes, através de uma "fonte humana". Alegam que a Colômbia lançou seis bombas GBU12 de aviões que voavam do sul para o norte e outras quatro de aviões que voavam do norte para o sul.
As bombas lançadas do sul para o norte implicariam em violação do espaço aéreo do Equador.
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É que o acampamento ficava na fronteira entre os dois países, em área demarcada pelo rio Putumayo. Ou seja, se algum avião lançou uma bomba voando do sul para o norte significa que voava do Equador para a Colômbia, ou seja, teria violado o espaço aéreo equatoriano.
Os peritos do Equador determinaram a trajetória das bombas pela forma como caíram as árvores que cercavam o acampamento.
De acordo com o relatório da OEA, o Equador alega que o lançamento das bombas requer tecnologia que a Colômbia não tem.
Já a versão da Colômbia é de que as bombas foram disparadas a partir de espaço aéreo colombiano, que eram bombas convencionais, algumas guiadas por GPS, e que foram utilizados os aviões SuperTucano e A37, da Força Aérea Colombiana.
A Colômbia diz que cruzou a fronteira apenas para recuperar o corpo do líder das FARC, Raúl Reyes - e que soldados colombianos foram atacados por guerrilheiros e revidaram, o que seria a explicação para os mortos por tiros disparados à curta distância.
A OEA conclui que a Colômbia violou o artigo 21 da Carta da organização.
O artigo diz: "O território de um estado é inviolável; não pode ser objeto, mesmo que temporariamente, de ocupação militar ou quaisquer outras medidas de força de outro estado, direta ou indiretamente, qualquer que seja a situação. Nenhuma aquisição territorial ou vantagem especial obtida pela força ou outras medidas coercitivas deverá ser reconhecida."
Segundo Sergio Maseri, correspondente do El Tiempo em Washington, o relatório conclui:
As versões dos fatos são contraditórias;
As relações bilaterais foram afetadas gravemente pelo incidente;
A situação na área fronteiriça é complexa.
Eu, Azenha, teria chegado a essas mesmas conclusões sem nem sair de casa. Ou seja, o que a Organização dos Estados Americanos (OEA) fez foi produzir um documento para agradar a todos. A principal recomendação é que Colômbia e Equador restabeleçam as relações diplomáticas imediatamente.
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Há três probleminhas básicos a resolver:
  • Se a Colômbia usou mesmo as bombas americanas a coisa vai ficar feia entre os militares da região;
  • O Equador alega que um Hércules dos Estados Unidos decolou da base aérea de Eloy Alfaro, em Manta, na costa do Equador, às 19 horas locais na noite que precedeu o ataque, retornando no dia seguinte. Os americanos dizem que o Hércules estava em missão de rotina no monitoramento do narcotráfico; a base de Manta é a que o presidente Rafael Correa quer tirar dos americanos em 2009, quando vencer o arrendamento;
  • Os pais de um equatoriano dizem que, além de levar o corpo de Raúl Reyes para a Colômbia, os colombianos também levaram o corpo do filho deles. O presidente do Equador afirmou que, se isso se confirmar, o caso será muito mais grave, já que envolveria a morte de um cidadão equatoriano causada pelo bombardeio de um vizinho.
CONTAGEM REGRESSIVA: NÚMERO DE SOLDADOS AMERICANOS MORTOS NO IRAQUE ATINGIRÁ QUATRO MIL


Luiz Carlos Azenha

SÃO PAULO - Nos próximos minutos o número de soldados americanos mortos desde a invasão do Iraque atingirá 4 mil. É simbólico. É o número que interessa aos eleitores e contribuintes americanos. Quatro mil mortos em cinco anos. Mas não parece. Não parece porque o desembarque dos corpos nos Estados Unidos não pode ser filmado. Não parece porque os 30 mil feridos americanos não aparecem feridos em campo de batalha. É raro ver uma foto de um soldado ferido na capa de um jornal americano ou imagens de um fuzileiro naval morto no Iraque em alguma rede nacional de televisão. É atestado de competência do gerenciamento de imagens e da mídia feito pelo Pentágono e pela Casa Branca.

Qual é a diferença essencial entre o Vietnã e o Iraque? É que, durante a guerra do Vietnã, em que 50 mil sodados americanos morreram, o exército americano era de voluntários. Qualquer jovem de mais de 18 anos de idade podia ser convocado. No Iraque, os americanos colocaram um exército profissional. Os jovens são atraídos com promessas de emprego, educação e vários outros benefícios. Além disso, dessa vez a guerra foi terceirizada: bilhões e bilhões de dólares em dinheiro público foram transferidos para empresas privadas ligadas a integrantes do governo Bush que fazem de tudo, de transportar e alimentar os soldados a interrogatórios e serviços de segurança.

Quais as consequências políticas, esperadas ou inesperadas, da invasão e da ocupação?

1) Um governo majoritariamente xiita no Iraque;

2) Fortalecimento do Irã, que com isso projeta o seu poder regional através de aliados na região - do Hezbollah no Líbano ao Hamas nos territórios palestinos;

3) Instabilidade no norte do Iraque, com o aumento da tensão entre curdos e sunitas, que disputam o controle das reservas de petróleo na região; temendo a ascensão dos curdos, a Turquia promoveu sua própria guerra preventiva, com ataques a guerrilheiros no Iraque. A guerrilha do PKK quer reunir os curdos do Iraque, Irã, Turquia e Síria em um país independente;

4) Liberdade absoluta para Israel tomar as medidas que achou necessárias nos territórios palestinos, o que levou o ex-presidente Jimmy Carter a escrever em livro que os israelenses implantaram um regime de apartheid contra os palestinos, com muro e tudo;

5) Transformação do Iraque em campo de treinamento terrorista para o desenvolvimento dos chamadas IEDs, aparatos explosivos improvisados, acionados através de controle remoto ou telefone celular; e para que os Estados Unidos aplicassem novas técnicas de combate à insurgência, envolvendo a guerra psicológica, de informação e social. No Afeganistão, alguns antropólogos agora acompanham as tropas, participando de missões de "resolução de conflito."

Os democratas querem acabar com a guerra, levar as tropas de volta para casa e aplicar parte do dinheiro hoje investido no Iraque na economia doméstica. O orçamento militar não deverá sofrer cortes. Tanto Hillary Clinton quanto Barack Obama prometem manter os gastos militares, só que focados no combate ao terrorismo no Afeganistão.

Os republicanos acham que a vitória no Iraque está ao alcance das mãos. É obvio que os Estados Unidos já venceram, do ponto de vista militar. Mas perderam politicamente. Porém, a turma de Bush mira em interesses econômicos bastante claros: na manutenção de gastos militares que favorecem os amigos e no controle das reservas de petróleo do Iraque.

O republicano John McCain falou em até "um século" de presença americana no Iraque. Falou no modelo da Alemanha e do Japão, países em que até hoje os Estados Unidos mantém bases militares. Ao custo de 4 mil vidas a cada 5 anos, em mais dez anos o número de soldados mortos no Iraque chegaria a 12 mil.

O cálculo de McCain e dos republicanos é de que a população americana estaria disposta a topar esse "sacrifício" em nome de um triunfo completo. A contrapartida seria o acesso americano às maiores reservas de petróleo de qualidade do mundo. Petróleo de primeira, à flor da terra - se comparado com o que a Petrobras retira do mar - e que será essencial para tocar a economia americana pelos próximos 30 anos.

Os democratas parecem apostar na diplomacia com o Irã e a Venezuela para reduzir a pressão sobre o preço do petróleo. Enquanto isso, os Estados Unidos investiriam em energias alternativas.

Porém, as promessas de campanha podem trombar com interesses econômicos essenciais. Ainda hoje operam em território americano usinas de energia tocadas a carvão que são altamente poluentes e já deveriam ter sido aposentadas há duas décadas. Produzem energia baratíssima se comparada às alternativas. Alguém duvida que só serão fechadas quando estiverem no osso?

Em quase tudo um governo do republicano John McCain seria muito parecido com o de um dos dois pré-candidatos democratas - Barack Obama e Hillary Clinton. A diferença fundamental é na questão do Iraque.

O papel do eucalipto

A Revolução dos Bichos - (Animal Farm)


Uma metáfora do mundo regido pelo sistema capitalista, (com animais representando os homens). A história se passa em uma fazenda onde cada animal representa uma categoria trabalhista, um peso no sistema, uma hierarquia. Uma bela adapatação da obra de George Orwell.
Screenshots
créditos: Makingoff - derzu_uzala

Gênero:
Animação / Aventura
Diretor: Joy Batchelor, John Halas
Duração: 72 minutos
Ano de Lançamento: 1954
País de Origem: Estados Unidos
Idioma do Áudio: Inglês
IMDB: http://www.imdb.com/title/tt0047834/

Qualidade de Vídeo:
DVD Rip
Tamanho: 699 Mb
Legendas: Em anexo
Animal Farm é um livro clássico lançado nos finais da Segunda Guerra Mundial, em 1945, da autoria de Eric Blair, conhecido pelo pseudónimo de George Orwell. Orwell era socialista e criticava abertamente tanto o comunismo como o capitalismo. Neste livro o autor constrói uma sátira em que critica a Rússia Soviética e o autoritarismo stalinista, ambos resultantes da Revolução Soviética. Devido ao facto de à época da sua primeira publicação, a URSS ser aliada da Inglaterra, o autor teve complicações em publicar o livro.

O autor consegue retratar muito bem os acontecimentos históricos da Revolução Soviética. Apesar de nunca existir referência, um ligeiro conhecimento histórico sobre essa revolução permite desde logo fazer a associação. Mas a obra constitui não só uma alegoria para essa revolução, mas também para todas as revoluções, e como os ideais acabam por ser corrompidos pelo poder, dinheiro acabando por resultar numa situação em tudo semelhante ao que existia antes da revolução. Para isto contribui o facto de a história ser contada por um narrador neutro, na terceira pessoa, passando-se numa quinta algures em Inglaterra, uma localização indefinida, que acaba por tornar esta uma fábula de carácter universal.

Fonte: Wikipédia

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Os Heróis brasileiros e os heróis da Rede Globo

Por Carlos Augusto Lordelo Almeida*

Digníssimo Jornalista, apresentador da Rede Globo de Televisão. Confesso Sr.Bial que não sou espectador do programa o qual o senhor apresenta. Talvez para felicidade da minha cultura e para infelicidade do índice de audiência, ao qual seu programa está atrelado. Mas, tive durante um dia desses, num dos raros casos fortuitos que o destino apresenta, a oportunidade de, por alguns minutos, apreciar o tão falado Big Brother Brasil, o BBB.
Para minha surpresa, durante uma ou duas vezes o senhor, ao chamar os participantes para aparecerem no vídeo o fez da seguinte maneira:

- Vamos agora falar com nossos heróis!

De imediato tive uma surpresa que me fez trepidar na cadeira.
Heróis?

O senhor chama aqueles que passam alguns dias aboletados numa confortável casa, participando de festas, alguns participando até de sessões de sexo sob os edredons, falando palavras chulas e no fim podendo ganhar um milhão de reais, de heróis?

Pois bem Sr. Pedro Bial, eu trabalho numa Plataforma Marítima que se localiza a aproximadamente 180 km da costa brasileira e contribuimos, mesmo modestamente, para que o nosso País alcançasse a auto-suficiência em Petróleo e continuamos lutando, todos nós, para superar esse patamar.

Neste último dia 26 de Fevereiro presenciamos um acidente com um dos Helicópteros que faz nosso transporte entre a cidade de Campos e a Plataforma. As imagens que ficaram em nossa mente Sr. Bial, irão nos marcar para o resto das nossas vidas. Os seus "heróis" Sr Bial, são meros coadjuvantes de filmes de segunda categoria comparados com os atos de heroísmos que presenciamos naquele momento.

Certamente o Senhor como Jornalista que é, deve estar a par de todo o acontecido. Mas sei que os detalhes o Sr. desconhece.

Pois bem, perdemos alguns colegas. Colegas esses, Sr Bial, que estavam indo para casa após haver trabalhado 15 dias em regime de confinamento. Não o confinamento a que estão sujeitos os seus "heróis", pois eles têm toda uma parafernália de conforto, segurança e bem estar, que difere um pouco da nossa realidade. Durante esse período de quinze dias esses colegas falaram com a família apenas por telefone. Não tiveram oportunidade de abraçar seus filhos, de beijar suas esposas, de rever seus amigos e parentes... Logo após decolar desta Plataforma com destino a suas casas o Helicóptero caiu no mar ceifando suas vidas de modo trágico e desesperador. E seus "heróis" Sr Bial, a que tipo de risco eles estão expostos? Talvez aos paredões das terças-feiras, a rejeição do público, a não ganhar o premio milionário ou a não virar a celebridade da próxima novela das oito.

Os heróis daqui Sr Bial foram aqueles que desceram num bote de resgate, mesmo com o mar apresentando um suel desafiador. Nossos heróis Sr. Bial desceram numa baleeira, nossos heróis foram os mergulhadores, que de pronto se colocaram à disposição para ajudar, mesmo que isso colocasse suas vidas em risco. Nossos heróis Sr. Bial, não concorrem ao Premio de um Milhão de reais, não aparecem na mídia, nem mesmo os nomes deles são divulgados. Mas são heróis na verdadeira acepção da palavra. São de carne e osso e não meros personagens manipulados pelos índices de audiência. Nossos heróis convivem aqui no dia-a-dia, sem câmeras, sem aparecerem no Faustão ou no Jô Soares.

Heróis, Sr Bial são todos aqueles que diariamente, saem das suas casas, nas diversas cidades brasileiras, chegam à Macaé ou Campos e embarcam com destino as Plataformas Marítimas, sem saber se regressarão as suas casas, se ainda verão seus familiares, ou voltarão ilesos, pois tudo pode acontecer: numa curva da estrada, num acidente de Helicóptero, no vôo comercial de regresso a sua cidade de origem...

Não tenho autoridade suficiente para convidá-lo a conhecer nosso local de trabalho e conseqüentemente esses nossos heróis, mas posso lhe garantir Senhor Bial, que caso o Sr estivesse presente nesta plataforma durante aquele fatídico acidente seu conceito de herói certamente seria outro.

Em memória dos colegas:
Durval Barros, Adinoelson Gomes e Guaraci Soares


*Carlos Augusto Lordelo Almeida é técnico de segurança da Plataforma P-XVIII
Veja fabrica dossiê e diz que foi governo quem o fez


www.vermelho.org.br

A revista Veja soltou em sua edição deste final de semana mais uma de suas "criativas" reportagens, que trazem documentos obtidos de fonte não revelada e que a revista diz, sem apresentar uma mísera prova, ter sido o governo quem preparou. Com a "denúncia" a revista tenta alcançar três objetivos: transformar a corrupção do governo FHC em mera chantagem petista; forçar a CPI dos Cartões a entregar para a imprensa os dados sigilosos da Presidência da República e desgastar a imagem da ministra Dilma Roussef, da Casa Civil.


A revista, famosa por inventar reportagens inverídicas e trabalhar com documentos de origem duvidosa, alega que teve acesso a um suposto dossiê que teria sido preparado pelo governo para intimidar a oposição na CPI dos Cartões Corporativos. O suposto dossiê traz informações sobre os gastos com suprimento de fundos durante o governo Fernando Henrique. Cita gastos com caviar, champagne, viagens e outras futilidades que são citadas apenas para escamotear o real objetivo da reportagem: acusar o governo Lula de chantagista.

Como costuma fazer quando o assunto é delicado e pode comprometer a revista, já que as "acusações" carecem de qualquer tipo de prova, a Veja deu apenas uma singela chamada no topo da capa para a reportagem. A capa mesmo foi dedicada a outro assunto --o desmatamento da Amazônia-- que a revista menospreza mas resolveu tratar para defender os interesses empresariais que rondam a floresta.


Já sobre o suposto dossiê, a revista diz com todas as letras que o documento ao qual teve acesso foi "construído dentro do Palácio do Planalto, usado pelos assessores do presidente na CPI em tom de ameaça e vazado pelos petistas como estratégia de intimidação". Mas não apresenta nenhuma mísera prova ou indício para sustentar estas afirmações.


A revista também mente ao dizer que foi esta suposta intimidação que permitiu a divisão de cargos na CPI, com o PT ficando com a relatoria e o PSDB com a presidência. Além de não ter lógica ---afinal para que o governo cederia um posto à oposição se tinha informações para atacá-la durante a CPI? --- a hipóstese de Veja também esbarra num elemento que no jornalismo sério é fundamental, mas na Veja faz tempo que não é levado em conta: o fato. E o fato concreto é que a negociação dos postos na CPI dos Cartões foi amplamente discutida no Congresso e só permitiu que o PSDB ocupasse a presidência da comissão graças à atuação do líder do governo no Senado, Romero Jucá (PMDB-RR).

A maior parte das informações "reveladas" por Veja sobre os gastos da gestão FHC já foram divulgadas em outros veículos de comunicação nas últimas semanas. O suposto dossiê pode, portanto, ter sido uma invenção da própria revista com dados colhidos na imprensa, no Portal da Transparência e até mesmo com funcionários do governo que tiveram acesso a estas informações. A Veja sabe, de experiência própria, que informações podem ser compradas. O dossiê, se é que existe, pode ainda ser obra de pessoas interessadas em desgastar o governo.


Infelizmente, a revista usa a legislação que protege suas fontes para esconder quem "vazou" as tais informações que a Veja alega ser um dossiê preparado pelo governo. Esta informação poderia ajudar o Ministério Público a descobrir se houve realmente intenção de chantagear a oposição.


Os dados não batem


Em nota, a Casa Civil disse hoje que "o que a revista apresenta são fragmentos extraídos de uma base de dados do sistema informatizado de acompanhamento do suprimento de fundos (Suprim)".


O sistema foi criado por orientação do TCU (Tribunal de Contas da União) para que fossem estabelecidos mecanismos que dessem maior transparência ao acompanhamento dos gastos.


O Suprim começou a ser alimentado em 2005. O processo de alimentação retroagiu para 2004 e 2003 e agora estariam sendo digitalizados os documentos dos três anos citados na reportagem da Veja.


A Casa Civil também contesta os valores de gastos apresentados pela revista: "Nos três anos referidos pela matéria, o gasto médio anual em suprimento de fundos da Presidência da República não ultrapassa a R$ 3,6 milhões de reais em valores nominais."


Estratégia funcionou para blindar Serra

A "denúncia" de Veja é muito semelhante à estratégia usada em outro episódio, que a própria revista cita na reportagem deste final de semana. O episódio ocorreu durante a campanha de 2006 e a imprensa conseguiu transformar o corrupto em vítima e, assim, neutralizar a acusação. Trata-se do dossiê preparado pela família Vendoim, donos da Planam, com sérias acusações contra o governador de São Paulo, José Serra. Quando foi ministro da Saúde, Serra teria convivido, dentro do Ministério da Saúde, com um esquema de corrupção envolvendo a compra de ambulâncias. Os Vedoins colocaram as informações sobre este esquema num dossiê e tentaram vendê-lo para tucanos (que tinham interesse na papelada para escondê-la) e para petistas, que tinham interesse no dossiê para desmascarar Serra, se fosse preciso, durante a campanha para o governo de São Paulo, em 2006.


Por uma destas coincidências que de coincidência não tem nada, a polícia acabou flagrando pessoas ligadas ao PT negociando a aquisição do dossiê. Foi a senha para que a grande mídia, toda comprometida com a campanha tucana, passasse a acusar petistas de tentar chantagear Serra e o PSDB. A partir daí e com a ajuda dos próprios petistas que caíram nessa armadilha, passou-se a discutir apenas a suposta "chantagem" e nada mais foi falado sobre o conteúdo do dossiê. Até hoje, a opinião pública está sem saber até onde ia o envolvimento de Serra com a corrupção no Ministério da Saúde. Da história toda, restou apenas a vitória eleitoral de Serra e o apelido de "aloprados" para os petistas envolvidos no episódio.


Desta vez, a Veja tenta ser a ponta de lança de um estratagema semelhante. Busca jogar as chamas de seu denuncismo sobre o Palácio do Planalto na esperança de que o governo passe para a defensiva e, assim, qualquer denúncia que surja contra o governo FHC durante a CPI dos cartões venha carimbada como "chantagem".


Outros dois objetivos da reportagem, que a própria Veja deixou claro, são o de forçar a CPI a divulgar informações sobre gastos da Presidência da República e envolver a ministra da Casa Civil, Dilma Roussef, no embróglio. Os dados sobre os gastos da Presidência são protegidos pois podem colocar em risco a segurança do presidente e de sua família. Mas a oposição tem a esperança de, com eles, criar factóides para tentar desgastar a imagem do presidente Lula.


A presidente da CPI, Marisa Serrano (PSDB-GO) já entendeu a mensagem e disse que a oposição usará a repercussão da reportagem de Veja para exigir a abertura das contas secretas do governo e convocar a ministra Dilma Rousseff (Casa Civil). "Se o sigilo foi aberto para um lado, temos que abrir para o outro. "Se o sigilo foi aberto para um lado, temos que abrir para o outro. Agora os governistas não têm mais desculpa", afirmou a tucana, que prometeu pôr em votação na quarta-feira a convocação de Dilma.


Resta saber se, a exemplo de 2006, o governo vai novamente cair na arapuca preparada pelo pasquim dos Civita.