Com a confirmação no segundo turno da eleição de Dilma Rousseff, o
país se prepara para viver a etapa pós-Lula, o pai dos pobres que deixou
a presidência com consagradora aprovação, inclusive daqueles que um dia
ameaçaram abandonar o país caso o operário chegasse ao Planalto.
Para sustentar tamanha metamorfose em relação ao projeto original petista, Ildo aponta como Lula soube instrumentalizar o aparelho estatal, avalizando o apoderamento da máquina pública, a partir de inusitados formatos, por representantes de grandes grupos econômicos. "Entregar de 2,6 a 5,5 bilhões de barris de petróleo e uma hegemonia tecnológica do núcleo da Petrobrás ao Eike, sem nenhuma resistência, foi algo brutal contra o interesse público. Portanto, são vários formatos de privatização".
Ildo faz um importante alerta: a ‘nova cartada’ na ‘partilha’ do
patrimônio público vincula-se ao Pré-Sal, a partir do ‘poder autocrático
e unilateral do presidente’, ao lado da desmobilização e cooptação de
grande parte do movimento social. Situação que remeteria a uma mistura
entre os processos vistos no México - onde o PRI (Partido Revolucionário
Institucional), que ficou no poder entre 1917 e 1994, instrumentalizou a
riqueza do petróleo - e na Argentina - com um sindicalismo na gaveta do
Estado, cujo papel se restringe a dar legitimidade social ao governo,
que, em troca, atira os restos do banquete em forma de assistencialismo.
Apesar de lamentar seu pessimismo ao final da conversa, e como alguém
que participou diretamente da gestão Lula, o engenheiro não fez
concessões para descrever as engrenagens da política brasileira,
inclusive desvelando a futura esterilidade da Lei da Ficha Limpa.
Terminou com uma autocrítica de quem partilhou dos sonhos dos anos 80.O artigo é de Valeria Nader e Gabriel Brito e encontra-se aqui, na íntegra...
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Um blog de informações culturais, políticas e sociais, fazendo o contra ponto à mídia de esgoto.
sexta-feira, 19 de novembro de 2010
‘Lula consolidou o capitalismo e instrumentalizou o Estado no Brasil’
Dia da Consciência Negra: lutas e vitórias
Boletim da CNTE |
No
dia 20 de novembro o Brasil comemora o Dia da Consciência Negra, um
momento para lembrar a resistência feita pelos escravos, lutar contra as
barreiras que esta população ainda encontra no país e comemorar os
avanços. A data é uma homenagem a Zumbi dos Palmares, símbolo da luta
contra a escravidão que faleceu em 1655 na mesma data da comemoração. Este ano, uma das vitórias foi o Estatuto da Igualdade Racial. O documento entrou em vigor em 20 de outubro e vai possibilitar a reparação de desigualdades que vem se arrastando há anos além de dar oportunidades e direitos aos negros brasileiros. Cerca de 90 milhões de pessoas serão beneficiadas pela lei que agora espera pela implementação. O Estatuto estabelece a participação em conselhos na área da saúde. Já na educação, obriga a inclusão de história geral da África e da população negra no Brasil, além do incentivo a pesquisas e estudos voltados para temas de interesse da população afrobrasileira. As áreas de cultura, esporte e lazer também foram contempladas. Manifestações coletivas como Sociedades Negras, Clubes Negros e outras foram consideradas patrimônio histórico e cultural. Esportes tradicionais como a capoeira serão ensinados em escolas públicas e privadas. O acesso à terra, moradia, trabalho e a liberdade de consciência e crença também são tratados no documento. Para lembrar a data, a CNTE promove todos os anos, atividades e discussões da luta negra no Brasil. Este ano, o Estatuto da Igualdade Racial ganhou destaque no jornal mural e no cartaz comemorativo ao dia da Consciência Negra. Em 2011, por ocasião do 31º congresso da CNTE, será lançado o Caderno de Educação Antirracismo com artigos e texto de especialistas e estudiosos sobre diversas formas de racismo. Reflexões sobre a igualdade racial, sobre os direitos alcançados a partir do Estatuto e como os sindicatos estão lutando para consolidar os direitos dos negros. O Caderno ainda trata da educação dos negros. A grande defasagem entre o número de negros formados no país em relação aos brancos levou a discussão de uma política de cotas nas universidades. O exemplo da Universidade de Brasília, que implantou Ações Afirmativas e um Sistema de Cotas para ampliar o acesso de negros e mestiços, é apresentado também no Caderno, assim como as conquistas do movimento negro na educação básica. |
Seminário conceitua mídia como forma de pasteurizar a cultura mundial
O seminário Globalização e Diferenças Emergentes,
promovido pela Academia da Latinidade, uma instância da Universidade
Cândido Mendes, reúne até esta sexta-feira intelectuais e parlamentares
para o debate sobre a ação da mídia no comportamento cultural da
humanidade. Em sua palestra, durante o encontro, o ministro dos Assuntos
Estratégicos, Samuel Pinheiro Guimarães afirmou que a mídia é a
responsável pela uniformização cultural mundial, com padronização de
valores, de consumo e da língua das potências.
A mediação do debate foi feita pelo professor Candido Mendes de
Almeida, Reitor da UCAM, que também é Secretário-Geral da Academia da
Latinidade. E foi justamente ele quem deu o pontapé inicial na
Conferência, para depois passar a palavra ao ministro Pinheiro
Guimarães, que falou sobre a expansão dos idiomas.
– Os impérios são a grande característica da política internacional
desde 1492. São impérios distintos, mas que mantêm a unidade de estilo:
baseiam-se na ideia de superioridade cultural e supremacia militar –
declarou o ministro.
Segundo o senador Cristovam Buarque (PDT), outro debatedor, “o mundo hoje é um imenso Terceiro Mundo”.
– Um bilhão de pessoas vivem no mundo internacional globalizado da
riqueza e cinco bilhões vivem em arquipélagos de pobreza sem ligação,
como Gulags da modernidade – afirmou.
Para o filósofo italiano Gianni Vattimo, que encerrou o primeiro
seminário, cabe “ao lulismo resistir à homologação” dos poderes das
grandes potências.
Ainda durante o seminário, após receber a medalha Pedro Ernesto,
principal condecoração da cidade do Rio, o sociólogo Alain Tourraine,
afirmou que a candidatura de Marina Silva (PV) à Presidência representou
“êxito impressionante de profunda mudança cultural e política”.
Tourraine agradeceu ao Brasil e à América Latina por ter aprendido a
“universalidade da diferença”.
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