terça-feira, 1 de maio de 2012

Em cima do formigueiro

Laerte Braga
Laerte Braga - Publicado no DIARIO DA LIBERDADE
Dilma Rousseff até agora está olhando para o outro lado em relação à cachoeira que ameaça estruturas de poder podre de bancos, empreiteiras, latifundiários, partidos, figuras de proa no "cenário político" e investe contra os juros altos dos bancos privados.

Neste momento se mostra mineira – nasceu no estado de Minas Gerais, onde os políticos têm fama de dissimulados –, mas qualquer um sabe que por trás de todo esse aparato existe ou uma tentativa de desmonte de quadrilhas de todos os naipes que impedem projetos de seu governo, ou vontades políticas que tenha, um processo de auto-afirmação – até agora nas pequenas crises corria a tomar a bênção de Lula. Nem importa que o formigueiro não tenha sido detectado antes. Agora está aí.
Tem uma batata quente nas mãos. O Código Florestal aprovado pelo Congresso e que praticamente transforma o Brasil num futuro deserto.
O que vai fazer ou deixar de fazer é uma incógnita.
Para além de Dilma o seu partido tem a oportunidade de reencontrar seu caminho histórico, mesmo que isso provoque um furacão político e possa, segundo alguns golpistas de eterno plantão, levar o Brasil a um beco sem saída.
Carlos Cachoeira é uma peça numa monstruosa engrenagem que ganhou uma impressionante estrutura e por conta dela uma eficiente atuação desde as privatizações e as políticas neoliberais de FHC e o "capitalismo a brasileira" inventado por Lula.
Se vai correr numa faixa paralela à cachoeira corre também riscos de ser tragada no curso do processo e não ter condições, mais à frente, de reverter o jogo sórdido dos controladores do Estado brasileiro.
Está, literalmente, assentada em cima de um formigueiro. E foi um presidente – Washington Luís – que afirmou em seu governo que "ou o Brasil acaba com a saúva, ou a saúva acaba com o Brasil". A saúva é uma espécie de formiga que como gafanhotos devora tudo e pode devotar todos também.
Dilma sabe que a mídia de mercado – atolada até a ponta do dedo mindinho na corrupção, é corrupta em si – não vai tolerar ser desafiada e já deu mostras que a reação se isso acontecer vai ser devastadora.
É impossível que não saiba que tem que enfrentá-la. De nada valeram os esforços de ensinar a fazer panquecas, ou omeletes, no programa de Ana Maria Braga. A mídia permanece como a esfinge – "decifra-me, ou te devoro". O caminho é "Enfrenta-me, ou te devoro".
Falou-se em "usina de popularidade" em relação à crítica da presidente aos altos juros dos bancos privados, na contramão dos bancos públicos. Até que ponto vai ser suficiente para enfrentar os desafios que virão não se pode avaliar.
Com certeza o desmonte do modelo político e econômico gerado desde o governo FHC e intocado por Lula, é fundamental para que se possa pensar o Brasil potência mundial de fato e nunca potência de ocasião, exportador de matérias primas, sob controle dos barões do agronegócio.
Trabalhadores espanhóis saíram às ruas no Primeiro de Maio para protestar contra as medidas tomadas pelo governo daquele país diante da crise que afeta a União Europeia.
"Querem acabar com tudo, trabalho, dignidade e direitos". Era o que estampavam as faixas. Um quarto da população desempregada e entre os jovens metade deles.
Dilma tem ignorado a política de integração latino-americana e optado por negociar as divergências diretamente com os Estados Unidos. Os norte-americanos sabem que por pior que isso possa ser, é bem melhor que a presidente do Brasil colada a líderes como Chávez, Cristina Kirchner, Evo Morales e outros. E negociar divergências diretamente não é ruim para os EUA, pelo contrário.
Existe uma cunha nesse trem todo. O tratado de livre comércio com Israel firmado por Lula e que abriu as portas do País ao controle de setores estratégicos e essenciais da economia por grupos sionistas. Isso, por si só, inclui o Brasil no projeto GRANDE COLÔMBIA.
Quem vai ter que decifrar-se para não ser devorada é a própria Dilma.
Sua formação de economista lhe permite prever tempestades futuras no caminho. Seja por conta do naufrágio da União Europeia, do ano eleitoral nos Estados Unidos e do envolvimento do Brasil em assuntos que escapam a mínima compreensão de qualquer um que raciocine com lógica.
A entrada da Colômbia no antigo projeto SIVAM – Sistema de Monitoramento da Amazônia –, primeira grande fraude do governo FHC e que inclui os EUA. As forças brasileiras no Haiti para uma reconstrução que não existe. Uma fragata numa "força de paz" no Oriente Médio sem o menor sentido e as negociações que correm por baixo dos panos para o envio de tropas brasileiras à Síria com o objetivo de "pacificar".
Uma faísca da crise europeia que atinja o País vai diretamente a tal "usina de popularidade" que Dilma teria aberto ao criticar os juros altos de bancos privados.
As chamadas grandes potências – hoje na verdade apenas três, EUA, China e Israel – costumam ser solidárias nos saques, nas extorsões e nos golpes quando se trata de salvar a própria pele, ou de implementar projetos e planos de controle e domínio dos "negócios".
Por enquanto as formigas do formigueiro em que Dilma está assentada não deram sinais que partiram para o ataque. Só avisos e ameaças. Estão esperando a definição da presidente. Se de fato é ataque, ou se no meio do caminho tudo acaba virando atração turística, falo de cachoeiras.
De qualquer forma é a primeira vez desde que assumiu o governo que a presidente do Brasil dá mostras que vai voar com suas próprias asas. Se são de cera e irão se derreter no calor da crise é outra história.
Em meio a isso tudo as forças populares. A luta não é contra a corrupção exclusivamente. A corrupção é parte intrínseca do capitalismo. A luta é contra o modelo, o sistema. É por ai que se pode pulverizar as forças despejadas pelo monte de cachoeiras a jorrar milhões lubrificando um poder podre.
De repente, não mais que de repente, as formigas podem até ser devoradoras de sapatos de dez mil reais o par nos pés da sorridente senhora Sérgio Cabral, nas farras de Paris

Dilma e Brizola Neto: as entrelinhas da decisão


A operação para levar Brizola Neto ao ministério teve um objetivo bem determinado: obter o acordo com as centrais. São elas, e não o PDT, as grandes avalistas da ida do ministro para a pasta do Trabalho. Nas entrelinhas da decisão tomada pela presidenta está uma demonstração de que o governo encara o desafio da governabilidade como algo que vai além do Congresso.


Para quem olha o cenário político com as lentes da teoria do presidencialismo de coalizão, a escolha de Brizola Neto para o Ministério do Trabalho tem um quê de heresia. Onde já se viu usar um ministério do tamanho e da importância que tem o do Trabalho se não for para ajudar à governablidade, satisfazendo partidos que o governo precisa manter como aliados?

Vários dirigentes do PDT deixaram claro como essa regra funciona. Não basta ser filiado, tem que contar com o aval da direção partidária e das bancadas da Câmara e do Senado. Se não, nada feito.

Em pleno primeiro de maio de 2012, dia seguinte ao anúncio feito pelo Planalto, o Partido fundado pelo velho Brizola não apenas não comemorou a indicação como http://www.pdt.org.br/index.php/noticias/dilma-convida-brizola-neto-para-ministro-do-trabalho' target='_blank'>retirou do ar a página que havia sido criada dando a notícia.

Quem a visitou no Dia do Trabalhador pôde ver apenas o aviso de “página não encontrada”.

Qual é a do PDT? Por que o partido tirou o corpo fora na escolha de Brizola Neto? A birra tem o objetivo líquido e certo de deixar a ala parlamentar do partido bem entrincheirada na remontagem do ministério, que vai acontecer exatamente a partir de agora.

A bancada deixou claro que não basta ser o ministro filiado justamente para forçar Brizola Neto a correr atrás dos diversos setores e regiões onde o partido tem maior presença eleitoral e contemplá-los no ministério. Como isso não estava combinado antes da indicação, terá que ser conquistado aos poucos.

Mesmo com uma nomeação feita de maneira heterodoxa, as regras do presidencialismo de coalizão continuam valendo. Brizola Neto é quem tem que domar o núcleo majoritário do partido e montar o ministério atendendo a esses setores.

Mas, afinal, o que pretendeu a presidenta com essa escolha? No pouco tempo decorrido da confirmação de Brizola Neto, alguns analistas políticos têm dado tiro pra tudo quanto é lado e argumentado até que Dilma o conhece desde quando “Brizolinha” era criança, e ela era do PDT.

Amizades à parte, a operação para levar Brizola Neto ao ministério teve um objetivo bem determinado: obter o acordo com as centrais. São elas, e não o PDT, as grandes avalistas da ida do ministro para a pasta do Trabalho.

Tendo feito, em 2011, em torno do Brasil Maior, uma sinalização de maior prioridade à indústria, a presidenta vinha colecionando críticas do movimento sindical. Uma delas foi exatamente sobre a desoneração da folha de pagamentos para setores industriais que vêm sendo duramente atacados pela concorrência internacional (principalmente chinesa), como confecção, calçados, móveis e software. Mas as críticas mais teimosas dos sindicalistas dizem respeito ao fator previdenciário e aos reajustes do salário mínimo e dos aposentados.

Nas entrelinhas da decisão tomada pela presidenta está uma demonstração de que o governo encara o desafio da governabilidade como algo que vai além do Congresso.

Toda coalizão partidária que dá maioria a um governo é sustentada por um conjunto de forças sociais que são, aliás, as que respondem pela eleição de deputados, senadores, prefeitos, governadores e presidentes da República. Esquecer-se disso é correr o risco de achar que quem sustenta uma presidência é o Congresso. É achar que o presidencialismo vai bem desde que os partidos estejam plenamente satisfeitos com sua presença em cargos nos ministérios. Ter maioria no Congresso certamente é importante, mas desde que se saiba também: maioria pra quê? Pra quem?

A vinda de Brizola Neto traz para o governo um crítico do fator previdenciário, tendo também o retrospecto de ter votado em favor de reajustes maiores para os aposentados, indo contra a orientação da liderança do governo no Congresso. O ministro, doravante, ou usa sua posição para melhorar as propostas em relação a esses temas, quando novamente forem postos em votação, ou a presidenta terá feito um péssimo negócio em tê-lo tirado das páginas do Tijolaço, o blog onde Brizola Neto travava bons combates.

O primeiro teste decisivo do ministro do Trabalho ocorrerá muito em breve. O fim do fator previdenciário está tramitando de forma acelerada no Congresso, sob a pressão e o olhar atento do movimento sindical. Será uma briga boa para ver de que lado o ministro fica e que lugar é reservado aos trabalhadores na coalizão social que sustenta o atual governo.

Antonio Lassance é cientista político e pesquisador do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (IPEA). As opiniões expressas neste artigo não refletem necessariamente opiniões do Instituto.
O OPERÁRIO EM CONSTRUÇÃO


Vinicius de Moraes

E o Diabo, levando-o a um alto monte, mostrou-lhe num momento de tempo todos os reinos do mundo. E disse-lhe o Diabo: — Dar-te-ei todo este poder e a sua glória, porque a mim me foi entregue e dou-o a quem quero; portanto, se tu me adorares, tudo será teu. E Jesus, respondendo, disse-lhe: — Vai-te, Satanás; porque está escrito: adorarás o Senhor teu Deus e só a Ele servirás (Lucas, cap. IV, versículos 5-8).

Era ele que erguia casas
Onde antes só havia chão.
Como um pássaro sem asas
Ele subia com as asas
Que lhe brotavam da mão.
Mas tudo desconhecia
De sua grande missão:
Não sabia por exemplo
Que a casa de um homem é um templo
Um templo sem religião
Como tampouco sabia
Que a casa que ele fazia
Sendo a sua liberdade
Era a sua escravidão.


De fato como podia
Um operário em construção
Compreender porque um tijolo
Valia mais do que um pão?
Tijolos ele empilhava
Com pá, cimento e esquadria
Quanto ao pão, ele o comia
Mas fosse comer tijolo!
E assim o operário ia
Com suor e com cimento
Erguendo uma casa aqui
Adiante um apartamento


Além uma igreja, à frente
Um quartel e uma prisão:
Prisão de que sofreria
Não fosse eventualmente
Um operário em construcão.
Mas ele desconhecia
Esse fato extraordinário:
Que o operário faz a coisa
E a coisa faz o operário.
De forma que, certo dia
À mesa, ao cortar o pão
O operário foi tomado
De uma subita emoção
Ao constatar assombrado
Que tudo naquela mesa
- Garrafa, prato, facão
Era ele quem fazia
Ele, um humilde operário
Um operário em construção.
Olhou em torno: a gamela
Banco, enxerga, caldeirão
Vidro, parede, janela
Casa, cidade, nação!
Tudo, tudo o que existia
Era ele quem os fazia
Ele, um humilde operário
Um operário que sabia
Exercer a profissão.


Ah, homens de pensamento
Nao sabereis nunca o quanto
Aquele humilde operário
Soube naquele momento
Naquela casa vazia
Que ele mesmo levantara
Um mundo novo nascia
De que sequer suspeitava.
O operário emocionado
Olhou sua propria mão
Sua rude mão de operário
De operário em construção
E olhando bem para ela
Teve um segundo a impressão
De que não havia no mundo
Coisa que fosse mais bela.


Foi dentro dessa compreensão
Desse instante solitário
Que, tal sua construção
Cresceu também o operário
Cresceu em alto e profundo
Em largo e no coração
E como tudo que cresce
Ele nao cresceu em vão
Pois além do que sabia
- Excercer a profissão -
O operário adquiriu
Uma nova dimensão:
A dimensão da poesia.


E um fato novo se viu
Que a todos admirava:
O que o operário dizia
Outro operário escutava.
E foi assim que o operário
Do edificio em construção
Que sempre dizia "sim"
Começou a dizer "não"
E aprendeu a notar coisas
A que nao dava atenção:
Notou que sua marmita
Era o prato do patrão
Que sua cerveja preta
Era o uisque do patrão
Que seu macacão de zuarte
Era o terno do patrão
Que o casebre onde morava
Era a mansão do patrão
Que seus dois pés andarilhos
Eram as rodas do patrão
Que a dureza do seu dia
Era a noite do patrão
Que sua imensa fadiga
Era amiga do patrão.


E o operário disse: Não!
E o operário fez-se forte
Na sua resolução


Como era de se esperar
As bocas da delação
Comecaram a dizer coisas
Aos ouvidos do patrão
Mas o patrão não queria
Nenhuma preocupação.
- "Convençam-no" do contrário
Disse ele sobre o operário
E ao dizer isto sorria.


Dia seguinte o operário
Ao sair da construção
Viu-se súbito cercado
Dos homens da delação
E sofreu por destinado
Sua primeira agressão
Teve seu rosto cuspido
Teve seu braço quebrado
Mas quando foi perguntado
O operário disse: Não!


Em vão sofrera o operário
Sua primeira agressão
Muitas outras seguiram
Muitas outras seguirão
Porém, por imprescindível
Ao edificio em construção
Seu trabalho prosseguia
E todo o seu sofrimento
Misturava-se ao cimento
Da construção que crescia.


Sentindo que a violência
Não dobraria o operário
Um dia tentou o patrão
Dobrá-lo de modo contrário
De sorte que o foi levando
Ao alto da construção
E num momento de tempo
Mostrou-lhe toda a região
E apontando-a ao operário
Fez-lhe esta declaração:
- Dar-te-ei todo esse poder
E a sua satisfação
Porque a mim me foi entregue
E dou-o a quem quiser.
Dou-te tempo de lazer
Dou-te tempo de mulher
Portanto, tudo o que ver
Será teu se me adorares
E, ainda mais, se abandonares
O que te faz dizer não.


Disse e fitou o operário
Que olhava e refletia
Mas o que via o operário
O patrão nunca veria
O operário via casas
E dentro das estruturas
Via coisas, objetos
Produtos, manufaturas.
Via tudo o que fazia
O lucro do seu patrão
E em cada coisa que via
Misteriosamente havia
A marca de sua mão.
E o operário disse: Não!


- Loucura! - gritou o patrão
Nao vês o que te dou eu?
- Mentira! - disse o operário
Não podes dar-me o que é meu.


E um grande silêncio fez-se
Dentro do seu coração
Um silêncio de martirios
Um silêncio de prisão.
Um silêncio povoado
De pedidos de perdão
Um silêncio apavorado
Com o medo em solidão
Um silêncio de torturas
E gritos de maldição
Um silêncio de fraturas
A se arrastarem no chão
E o operário ouviu a voz
De todos os seus irmãos
Os seus irmãos que morreram
Por outros que viverão
Uma esperança sincera
Cresceu no seu coração
E dentro da tarde mansa
Agigantou-se a razão
De um homem pobre e esquecido
Razão porém que fizera
Em operário construido
O operário em construção


Fontes: Helena Sut | Mariana Cruz, Filosofia, Educação Pública, CIERJ |

O trabalho e os pobres que fazem a História



Mauro Santayana no JB


Até recentemente os historiadores desdenhavam os pobres. A crônica do passado se fazia em torno de reis débeis, alguns; corajosos, outros. Também os intelectuais, cientistas e artistas sempre estiveram na vanguarda da história oficial. A civilização se fazia também com os santos, mas os santos da Igreja, em sua maioria, eram recrutados entre os membros da classe dominante na Idade Média, ainda que renunciassem à riqueza, como Francisco de Assis, ou se fizessem mártires nas guerras que, de santas nada tinham, como as cruzadas. Os santos modernos, com raras exceções, são militantes políticos contra os pobres, como o fundador da Opus dei.

Hoje cresce entre os acadêmicos a preocupação com a “História vista de baixo”, embora a razão recomende não estabelecer o que seja alto ou baixo na construção do homem. É bom olhar o trabalho dos pobres, e sua luta por justiça, como o sumo da História. Não foram os faraós que construíram as pirâmides, mas, sim, os escravos; as grandes cidades modernas podem ter sido imaginadas pelos arquitetos geniais, mas não sairiam das pranchetas sem as mãos ásperas dos pedreiros, armadores e carpinteiros. O mundo virtual, abstrato, dos pensadores, prescinde do trabalho pesado, mas a doma da natureza, com a agricultura e o pastoreio, e sua transformação em objetos tangíveis, são conquistas da  fadiga cotidiana.

Muitos trabalhadores que hoje estão comemorando o primeiro de maio, não  sabem exatamente como surgiu essa tradição. Ela se deve a uma das primeiras greves organizadas nos Estados Unidos, em 1886. No dia 3 de maio, parados havia algum tempo, os trabalhadores de uma indústria de máquinas colheitadeiras de Chicago, a McCormick Harvesting Machine Company, formaram piquetes diante dos portões da fábrica e foram dissolvidos pelos policiais que protegiam os fura-greves, com a morte de vários operários e  dezenas de presos e feridos. Como protesto, eles se reuniram, com o apoio de outros trabalhadores, no dia seguinte, na praça do Heymarket, no centro da cidade.

Entre outras reivindicações, os grevistas exigiam a fixação da jornada do trabalho em oito horas diárias. Os patrões, como fazem até hoje, organizaram pelotões de bate-paus, garantidos para ajudar a polícia. Houve o conflito, com os grevistas se defendendo como podiam, e uma bomba explodiu, matando sete policiais. A polícia atirou, matou muitos trabalhadores e buscou suspeitos. Um líder dos trabalhadores, August Spies, embora provasse não estar no local, foi, com três outros, também vistos como inocentes, condenados à forca, e executados em 11 de novembro do ano seguinte. Um dos presos matou-se.  Os três que conseguiram escapar do cadafalso foram perdoados, em 1893,  pelo governador de Illinois, John P. Altgeld. O movimento sindical, que existia, de forma dispersa e débil, desde a presidência de Andrew Jackson, tomou corpo a partir do episódio, com a reorganização da American Federation of Labor.

O século 20 começou com a criação de novos sindicatos de trabalhadores, principalmente  nos Estados Unidos e na Inglaterra ( já anteriormente com o incentivo do conservador Disraeli), e na Alemanha. Foram as lutas dos trabalhadores que moderaram, um pouco, a avidez dos capitalistas liberais. Essas lutas se iniciaram em 1848 na Europa, tiveram impulso com a Comuna de Paris, em 1871, e viveram a sua grande data no massacre do Haymarket e suas conseqüências, em 1886.

Na luta contra a Depressão dos anos 30, os países ocidentais (na União Soviética a situação era outra) procuraram incentivar o sindicalismo e contar com seu apoio. Hitler decretou, no dia 1º de maio de 1933, que a data seria festejada sob o nazismo como o Dia do Trabalho. No dia seguinte, fechou todos os sindicatos, prendeu seus líderes e iniciou a perseguição aos socialistas e comunistas.  Nos Estados Unidos e no Canadá, para desvincular a comemoração do massacre de maio,  a data escolhida foi a da primeira segunda feira de setembro.

O movimento sindical, para ser autêntico, não deve atrelar-se aos governos, ainda que, na defesa do interesse dos trabalhadores, possa apoiar essa ou aquela medida dos estados nacionais. Foi a luta dos trabalhadores ingleses que criou o Labour Party na Inglaterra, em 1906, e conseguiu as reformas das leis do trabalho que permitiram o desenvolvimento econômico e político da Grã Bretanha, e a levaram ao forte  desempenho bélico na Primeira e na Segunda Guerra Mundial.

Os historiadores começam a deixar os papéis dos gabinetes oficiais e as alcovas da nobreza, a fim de encontrar os verdadeiros agentes da civilização,  no estudo da vida e da resistência dos pobres contra a opressão – o que ela tem de melhor. É hora de que se faça o mesmo em nosso país. É mais importante estudar a resistência dos negros e dos  brancos miseráveis do Brasil Colônia – que valiam menos do que os escravos, posto que os últimos, como bens de produção, tinham valor de mercado – do que imaginar como eram os encontros galantes de Pedro I com a Marquesa de Santos. Foi o suor dos desprezados que deu liga à argamassa de nossa nação – e de todas as outras nações.

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Quando os trabalhadores perderem a paciência


Mauro Iasi
 Mauro Iasi

As pessoas comerão
três vezes ao dia
E passearão de mãos
dadas ao entardecer
A vida será livre e
não a concorrência

Quando os trabalhadores perderem a paciência
Certas pessoas perderão seus cargos e empregos
O trabalho deixará de ser um meio de vida
As pessoas poderão fazer coisas de maior pertinência

Quando os trabalhadores perderem a paciência
O mundo não terá fronteiras
Nem estados, nem militares para proteger estados
Nem estados para proteger militares prepotências

Quando os trabalhadores perderem a paciência
A pele será carícia e o corpo delícia
E os namorados farão amor não mercantil
Enquanto é a fome que vai virar indecência
Quando os trabalhadores perderem a paciência!

Quando os trabalhadores perderem a paciência
Não terá governo nem direito sem justiça
Nem juízes, nem doutores em sapiência
Nem padres, nem excelências
Uma fruta será fruta, sem valor e sem troca
Sem que o humano se oculte na aparência
A necessidade e o desejo serão o termo de equivalência
Quando os trabalhadores perderem a paciência!

Quando os trabalhadores perderem a paciência
Depois de dez anos sem uso, por pura obsolescência
A filósofa-faxineira passando pelo palácio dirá:
“declaro vaga a presidência”!

Homenagem a quem constrói o Rio Grande com Sabedoria, Coerëncia e Luta!

EDUCADORES também são TRABALHADORES!


Por Nei Sena, Diretoria e Funcionária do 14º Núcleo/CPERS-Sindicato.

"OS TRABALHADORES"

Foto: 15º Núcleo
Frutos de uma evolução constante, o homem e a mulher atuais - e a sociedade como um todo - vêm passando, desde seus primórdios, por uma transformação imensurável: de caçadores por subsistência, para trabalhadores multifacetados nos mais diversos setores!


Com o desenrolar da história da humanidade em seus múltiplos períodos e lugares, o homem transforma-se, de um trabalhador submetido a condições escravas e de espoliação, evoluindo para um trabalhador consciente do seu papel na sociedade. Isto acontece graças a muita Luta da classe trabalhadora que a manteve organizada em sindicatos e, inclusive, com o sacrifício de muitos trabalhadores que morreram em confronto, defendendo direitos de sua categoria.


Nos dias de hoje existem, ainda, muitas Lutas a serem conquistadas como, por exemplo, eliminar as diferenças salarias existentes entre homens e mulheres; Buscar a coerência entre o discurso e a prática na política e no dia-dia; Ver na Educação um caminho de desenvolvimento e de assertiva para o País, ... Estas lutas fazem parte, com toda certeza, de um leque maior de reivindicações da classe trabalhadora.                      

Fonte: 15º Núcleo

Podemos dizer que Dia dos Trabalhadores são todos os dias. Que passa não só pela sua jornada de trabalho, mas que vai do seu despertar ao seu repouso.

Que a democracia no Brasil evolua e se consolide!


Que os Trabalhadores em Educação sejam valorizados de verdade!
Saudações a todos Trabalhadores deste País!

Por Sergio Augusto Weber, Professor e Diretor Financeiro do 14º Núcleo.