sábado, 10 de setembro de 2011

Mais atual do que nunca, obra de Mariátegui indica caminhos para o futuro da esquerda

Créditos: operamundi

Neste domingo, boa parte da sociedade burguesa vai parar para, durante algum momento do dia refletir sobre o estado do mundo dez anos após os atentados de 11 de Setembro. Definitivamente, o quadro não vai parecer nada favorável.

Quando sentiram seus valores serem atingidos com a queda simbólica das Torres Gêmeas, esperavam que uma reação militar e econômica resolvesse rapidamente a crise e restabelecesse a ordem natural do fim da história. Mas, ao contrário, não só não se recuperaram do golpe como agora vêem seu a base do modelo sem saída.

As grandes potências da Europa e da América do Norte se encontram estagnadas, endividadas, atingidas por taxas alarmantes de desemprego e, pior, sem grandes idéias ou perspectivas ou lideranças que possam, a médio prazo, recolocá-las nos eixos. As forças políticas conservadoras se alteram no poder com partidos autodenominados socialistas que, na prática, se afastam cada vez mais das noções da esquerda. Ao beberem na fonte da terceira via, passaram a acreditar em uma combinação mágica de pujança econômica, liberal, democrática e com oportunidade para todos.

No entanto, os governos da nova social-democracia se encontram engessados em clara crise de identidade, por seguirem a mesma cartilha dos rivais da direita (muito bem exemplificada pelos atuais planos de austeridade que se disseminam pelo Atlântico Norte) e produzem cada vez mais os mesmos resultados. Um mundo bem diferente do prometido ao fim dos anos 1990, quando aparentemente, "tout allait bien".

Wikimedia Commons

José Carlos Mariátegui ao lado de seus quatro filhos

É espantoso como o cenário acima vem à mente por sucessivas vezes quando nos deparamos com a clareza e precisão com que o jornalista e revolucionário peruano José Carlos Mariátegui analisa os rumos da sociedade ocidental. Mas, para os desavisados, seu mundo não é o do pós-neoliberalismo.

A História se repete

Não à toa, seus ensaios e reflexões tem ganhado mais espaço e destaque no mercado editorial quase um século após terem sido elaborados. A maior parte deles, nos anos 1920, influenciados por quadros como Europa pós-I Guerra Mundial, a ascensão do fascismo e a Revolução Russa. Sua morte precoce em 1930, aos 35 anos, interrompeu uma trajetória acadêmica e política que não teria precedentes no continente sul-americano.

Um dos melhores exemplos sobre a atualidade de seus pensamentos pode ser encontrado agora no Brasil através da compilação Defesa do marxismo: polêmica revolucionária e outros escritos (Boitempo editorial, 232 páginas, R$ 39). Além dos 16 tópicos que compõem o ensaio principal do qual trata o título, o livro traz também outros seis textos inéditos em português em que o autor versa sobre os mais variados temas, desde os conflitos entre Oriente vs. Ocidente passando pelo feminismo até o papel do Partido Comunista do Peru, o qual foi um dos fundadores.

Boitempo Editorial/Divulgação


E é justamente no ensaio principal, Defesa do marxismo, que mostra não só sua contemporaneidade como a do próprio Karl Marx, que há mais de 150 anos já havia previsto a natureza da economia mundial no século XXI e sua inevitável crise.

O objetivo de sua defesa parece ser relembrar e conscientizar toda a esquerda, incluindo os social-democratas, que não se deve nunca renunciar aos princípios do marxismo. Isso não significa tornar-se necessariamente um ortodoxo. Pelo contrário, Mariátegui sempre defendeu que toda introdução do modelo de socialismo seja adaptado ao respectivo povo. Para o Peru, por exemplo, o autor entende que, ao contrário do cunho filantrópico dos apristas, ele deve emergir a partir da libertação dos povos indígenas. Por essas razões, foi duramente acusado em sua época de irracional e idealista por absorver ideias de ícones como Sigmund Freud, Friedrich Nietzsche e George Sorel (a quem creditava por ter feito a melhor revisão do marxismo).

Além da contemporaneidade, há outro aspecto de Mariátegui nessa compilação que chama atenção e que serve de exemplo ao presente: a forma ao mesmo tempo implacável e respeitosa com que desconstrói as ideias dos revisionistas – em especial Henri de Man (líder trabalhista belga que, após propor uma revisão total do marxismo, colaborou com os nazistas na II Guerra). Termos como "reformista desenganado" e "derrotista" soam corteses ao explicar que de Man optou por identificar o juízo da História a partir de sua frustração pessoal. Mariátegui é capaz de indicar ponto a ponto, com maestria as contradições revisionistas, sem demonstrar qualquer pudor em citar os pontos de concordância com seus rivais.

Um exemplo de fidalguia intelectual impensável para o radicalismo da era do terror capitaneado por correntes como o Tea Party e a extrema-direita europeia.

Serviço
Título: Defesa do Marxismo: polêmica revolucionária e outros escritos
Autor: José Carlos Mariátegui
Editora: Boitempo Editorial
Nº de páginas: 232
Preço: R$ 39

O outro 11 de setembro: 40 mil vítimas, US$ 27 milhões nas contas secretas de Pinochet



A matemática macabra envolvendo o 11 de setembro e os Estados Unidos manifesta-se mais uma vez quando voltamos a 1973, quando Washington apoiou ativamente o golpe militar que derrubou e assassinou o presidente do Chile, Salvador Allende. Em agosto deste ano, o governo chileno anunciou uma nova estatística de vítimas da ditadura do general Augusto Pinochet (1973-1990): entre vítimas de tortura, desaparecidos e mortos, 40 mil pessoas, 14 vezes mais do que o número de vítimas dos atentados de 11 de setembro de 2001. Relembrando as palavras do presidente Obama e seu peculiar conceito de justiça, os chilenos estariam autorizados a caçar e matar os responsáveis pelo assassinato de milhares de homens, mulheres e crianças.
Assim como no Iraque, nem tudo foi morte, dor e sofrimento na ditadura chilena. Com a chancela da Casa Branca e a inspiração do economista Milton Friedman e seus Chicago Boy’s, Pinochet garantiu gordos lucros para seus aliados e para si mesmo também. Investigadores internacionais revelaram, em 2004, que Pinochet movimentava, desde 1994, contas secretas em bancos do exterior no valor de até US$ 27 milhões. Segundo um relatório de uma comissão do Senado dos EUA, divulgado em 2005, Pinochet manteve elos profundos com organismos financeiros norte-americanos, como o Riggs Bank, uma instituição de Washington, além de outras oito que operavam nos EUA e em outros países. Segundo o mesmo relatório, o Riggs Bank e o Citigroup mantiveram laços com o ditador chileno durante duas décadas pelo menos. Pinochet, amigos e familiares mantiveram pelo menos US$ 9 milhões em contas secretas nestes bancos.
Em 2006, o general Manuel Contreras, que chefiou a Dina, polícia secreta chilena, durante a ditadura, acusou Pinochet e o filho deste, Marco Antonio, de envolvimento na produção clandestina de armas químicas e biológicas e no tráfico de cocaína. Segundo Contreras, boa parte da fortuna de Pinochet veio daí.
Liberdade, Justiça, Segurança: essas foram algumas das principais palavras que justificaram essas políticas. O modelo imposto por Pinochet no Chile era apontado como modelo para a América Latina. Os Estados Unidos seguem se apresentando como guardiões da liberdade e da democracia. E pessoas seguem sendo mortas diariamente no Iraque e no Afeganistão para saciar uma sede que há muito tempo deixou de ser de vingança.

As suspeitas sobre o 11 de Setembro


Por Altamiro Borges


“Darei uma razão propagandística para começar a guerra, não importa se é ela plausível ou não. Ao vencedor não se pergunta depois se ele disse ou não a verdade”. Discurso de Adolf Hitler, em 25 de outubro de 1939, poucos dias antes da invasão da Polônia.


Até hoje persistem dúvidas sobre o de que fato aconteceu na manhã de 11 de setembro de 2001. Naquele fatídico dia, dois aviões atingiram as “torres gêmeas” do World Trade Center, em Nova York, símbolo da ostentação capitalista; um outro destruiu parte do prédio do Pentágono, em Washington, símbolo do poder imperial; e um quarto caiu na Pensilvânia.

Segundo dados oficiais, estes atentados causaram a morte de 3 mil pessoas e comoveram o mundo. Mas eles também ressuscitaram a desgastada imagem de George W. Bush, eleito de forma fraudulenta no final de 2000, e lançaram o planeta na insana “guerra infinita” contra o “eixo do mal” – que contabiliza a morte de 700 mil iraquianos e de mais de três mil soldados ianques.

Alguns setores mais críticos, inclusive nos EUA, garantem que os atentados foram orquestrados de forma inescrupulosa pela própria equipe de facínoras do governo Bush, interessada em criar o clima de histeria para justificar as bárbaras invasões do Afeganistão e Iraque. A comparação com o nazista Adolf Hitler é inevitável.

Outros, menos conspirativos, afirmam que eles foram funcionais aos planos expansionistas do imperialismo. Apresentam várias provas que confirmam que o governo dos EUA nada fez para evitar os atentados, mesmo sabendo previamente do risco iminente. Razões para tão graves e espantosas suspeitas existem. Não são meras especulações dos críticos mais radicais do ex-presidente-terrorista George W. Bush.

Relações intimas com os Bin Laden

Afinal, são conhecidas as antigas e intimas relações entre a dinastia Bush e a rica família de Osama Bin Laden, dona de uma das maiores construtoras do Oriente Médio. A primeira empresa de petróleo de George W. Bush, a Arbusto, inclusive foi financiada pela corporação do líder do grupo Al-Qaeda, culpado pelos ataques.

Não é para menos que no discurso em que anunciou a invasão do Afeganistão, Bush ordenou que se retirassem as referências à construtora árabe. Esta postura tão cordial diante desta fiel parceira nos negócios também pode explicar porque os familiares de Osama bin Laden foram retirados às pressas dos EUA, sem se sujeitarem às rigorosas normas de segurança dos aeroportos impostas no dia dos atentados.

Além disso, é público e notório que os setores mais agressivos do imperialismo já almejavam há tempos ocupar países estratégicos, preocupados com a grave crise energética e motivados pelo aumento do poder geopolítico dos EUA no planeta. Estas idéias já estavam presentes no governo de Bush-pai no documento Orientação da Política de Defesa (DPG), de 1992, que inclusive sugeria a invasão do Iraque.

Os atentados serviram somente de pretexto para reeditá-las, em setembro de 2002, na fascista Estratégia de Segurança Nacional (NSS). Os motivos para esta ação belicista e expansionista não tinham nada a ver com Osama Bin Laden, mas sim com as ambições do poderoso “complexo industrial-militar” que domina os EUA.

Alertas sobre os aviões-mísseis

Mas o que reforça a tese – seja da conspiração ou da razão funcional – são alguns fatos que antecederam os atentados. Hoje se sabe que, desde 1996, o serviço de inteligência interna, o FBI, já produzia relatórios alertando para o risco da Al-Qaeda usar aviões como mísseis em ataques suicidas nos EUA. Eles citavam que este grupo treinava pilotos no próprio território ianque e em outros países.

Em março de 1999, o serviço de inteligência da Alemanha (BND), forneceu à CIA o nome e o telefone de Marwan al-Shehhi, o terrorista que seqüestrou o vôo 175 da United Arlines e lançou o avião contra o World Trade Center. Ele mantinha contatos com o Mohamed Zammar, residente em Hamburgo, ativo militante da Al-Qaeda.

Cinco meses antes dos ataques, o próprio governo dos EUA avisara as companhias aéreas sobre o perigo do seqüestro de aviões para fins terroristas. Esta possibilidade foi comunicada diretamente ao presidente Bush nos primeiros dias de agosto de 2001, tanto pela CIA, que enviou um memorando advertindo sobre possíveis ataques, como pelo FBI, através do top-secret briefing do agente Kenneth Williamns.

O texto, datado de 6 de agosto, tinha como título “Bin Laden determinado a atacar dentro dos EUA”. Logo na sua abertura, o agente inclusive mencionava o World Trade Ceder como provável “alvo da ação terrorista”.

Ordem superior suspeita

O presidente George W. Bush manteve o conteúdo deste texto em rigoroso sigilo por quase três anos para que o país não soubesse que havia ignorado o alerta. Ele só se tornou público em abril de 2004, quando a sua ex-assessora de segurança, Condoleezza Rice, foi obrigada a ler o título do top-secret briefing numa seção do Congresso. Diante da denúncia bombástica, a Casa Branca ainda tentou desmentir as evidências.

Alegou que eram apenas especulações visando abortar os ataques ao Afeganistão e ao Iraque. Coisa de antipatriotas. Mas Eleanor Hill, antiga inspetora-chefe do Departamento de Defesa, confirmou no comitê parlamentar responsável por apurar falhas na segurança que a CIA, o FBI e outros serviços de inteligência dos EUA já tinham provas suficientes sobre os riscos de ataques da Al-Qaeda.

Um agente do FBI, que até hoje tem a sua identidade mantida em sigilo, ainda revelou ao comitê que seus superiores negaram, em 29 de agosto de 2001 – duas semanas antes dos atentados –, o pedido de prisão de Khalid Al-Midhar, um dos seqüestradores do vôo AA77, cujo avião foi lançado contra o Pentágono. Este havia participado de uma reunião da Al-Qaeda, na Malásia, 18 meses antes.

A CIA sabia da sua militância no grupo e seu nome constatava da lista de passageiros do avião-bomba. Stella Rimington, ex-chefona da MI5, agência de inteligência da Grã-Bretanha, revela em seu livro de memórias que estranhou o fato do governo estadunidense nada ter feito para reforçar a segurança nos aeroportos, já que eram conhecidos os relatórios da CIA e do FBI sobre os cursos em escolhas de aviação do país de militantes islâmicos.

“Uma junta de homens do petróleo”

Tamanho desprezo por informações tão alarmantes e graves é que leva várias pessoas a acreditarem que o ex-presidente-terrorista George W. Bush orquestrou macabramente os atentados ou, no mínimo, foi cúmplice dos ataques para viabilizar o seu projeto expansionista. Alguns até estranham o fato do plano de ocupação do Afeganistão ter sido anunciado apenas seis dias após os atentados, em 17 de setembro.

No documento de duas páginas e meia, classificado de top-secret, o presidente já detalhava a campanha de invasão do Afeganistão e dava ordens aos seus assessores para iniciarem o planejamento das opções militares de ataque ao Iraque. Tão lerdo diante dos inúmeros alertas; tão ágil na aplicação do seu sonho imperialista!

O premiado escritor Gore Vidal, que se auto-exilou após a invasão do Afeganistão, foi um dos que afirmou que os atentados serviram de pretexto para ambições econômicas. “Somos governados por uma junta de homens do petróleo. A maior parte deles é do ramo do petróleo – ambos os Bushes, Cheney, Rumsfeld e assim por diante. Eles estão no poder e este grande golpe irá beneficiá-los pessoalmente e [...] também vai beneficiar os EUA: que o país tenha acesso a esse imenso manancial de óleo da Ásia Central através de diversos oleodutos”.

“Durante muito tempo tratamos com o Talibã, mas seus homens se tinham tornado doidos e desmiolados demais, a ponto de tornar-se impossível tratar com eles. Então entramos no país para tentar estabilizar a situação, para que a Unocal (empresa de energia) possa construir o oleoduto”.

Boicote ao show de Roberto Carlos

Da Frente em Defesa do Povo Palestino:

 
Como brasileiros e brasileiras sabedores da importância da mídia como formadora de opinião, protestamos contra o anúncio de exibição pela TV Globo do show do cantor Roberto Carlos realizado em Jerusalém, a convite do Governo de Israel, no último dia 7 de setembro. Essa apresentação encobrirá questões importantes que precisariam ser colocadas para a sociedade brasileira, como a ocupação ilegal de territórios naquela região por parte de Israel.


Ademais, a iniciativa enfraquece o chamado da sociedade civil palestina feito desde 2005 para o BDS (boicote, desinvestimento e sanções) até que Israel cumpra os requisitos básicos do direito internacional, pondo fim à ocupação militar, à tomada de terras e construção de novas colônias nos territórios palestinos, respeitando os direitos humanos e dos refugiados. Inspirado pelo boicote cultural ao apartheid na África do Sul, o povo palestino pede a artistas internacionais que se juntem ao movimento BDS cancelando shows e eventos em Israel, que só servem para igualar o ocupante ao ocupado e, portanto, promover a continuação da injustiça.

Em outubro do ano passado, o sul-africano Desmond Tutu, consagrado com o Prêmio Nobel da Paz por sua luta contra o apartheid, apelou à ópera de seu país para cancelar a apresentação agendada em Israel. Infelizmente, o cantor Roberto Carlos, apoiado pela TV Globo, não seguiu esse e outros exemplos, como os de Elvis Costello, Carlos Santana, Roger Waters e os Pixies, que se recusaram a fazer shows em Israel no ano passado.

Com essa atitude, entendemos que a TV Globo acaba por apoiar a campanha israelense para encobrir violações do direito internacional e projetar uma imagem falsa de normalidade. Muito mais pessoas teriam a noção da injustiça cotidiana cometida nos territórios ocupados, entre os quais Jerusalém, se o show não fosse exibido no Brasil. Por isso, vamos nos juntar ao apelo da comunidade árabe e muçulmana no País por um grande movimento de boicote à emissora durante a exibição do show.

A apresentação está marcada para este sábado (10/9), após a exibição da novela Fina Estampa. Faça a sua parte: boicote o show, mudando de canal ou desligando a TV neste momento!