Fiscalização flagrou 16 índios Terena na Fazenda Vargem Grande,
que pertence à Agropecuária Rio Miranda Ltda e fica em Miranda (MS)
Bianca Pyl
Repórter Brasil
Um grupo de 16 índios foi encontrado em situação análoga à escravidão na Fazenda Vargem Grande, que pertence à Agropecuária Rio Miranda Ltda e fica em Miranda (MS). Os trabalhadores eram responsáveis pela limpeza de área destinada à formação de pastos para criação de gado bovino.
Os
indígenas são da etnia Terena e vivem na Aldeia Lalima, em Miranda
(MS), a 10 km da propriedade. A ação ocorreu em 25 de janeiro deste ano e
contou com a participação do Ministério Público do Trabalho (MPT), do
Ministério do Trabalho e Emprego (MTE) e da Polícia Federal (PF).
A
equipe de fiscalização fazia uma operação de rotina para verificar as
condições de trabalho em carvoarias, iniciada no último dia 24 de
janeiro. Contudo, no meio do caminho que dava acesso a uma carvoaria que
seria fiscalizada, os agentes públicos encontraram os 16 indígenas. As
vítimas foram contratadas diretamente pela administradora da fazenda.
Os
indígenas estavam há 15 dias no local e dormiam em barracos feitos de
lona e cobertos com folha de bacuri (espécie de palha). Eles receberiam
por produção e foram recrutados para trabalhar por 45 dias.
Não havia fornecimento de água potável às vítimas, que utilizavam água de um córrego para consumir e tomar banho. Não havia instalações sanitárias no local. Durante a execução dos serviços, os empregados não utilizavam nenhum equipamento de proteção individual (EPI). Os próprios trabalhadores preparavam as refeições em um fogão a lenha improvisado.
Não havia fornecimento de água potável às vítimas, que utilizavam água de um córrego para consumir e tomar banho. Não havia instalações sanitárias no local. Durante a execução dos serviços, os empregados não utilizavam nenhum equipamento de proteção individual (EPI). Os próprios trabalhadores preparavam as refeições em um fogão a lenha improvisado.
O
local foi interditado. E, segundo Antonio Maria Parron, auditor fiscal
do trabalho que coordena a fiscalização rural da Superintendência
Regional do Trabalho e Emprego do Mato Grosso do Sul (SRTE/MS), os
próprios trabalhadores acabaram destruindo as barracas.
Tanto o auditor fiscal Antonio como o procurador do trabalho Rafael Salgado, que atua em Corumbá (MS) e também esteve na área, os trabalhadores manifestaram a intenção de seguir realizando o serviço. Diante disso, a opção, como explica Rafael, foi pela "empregabilidade".
Tanto o auditor fiscal Antonio como o procurador do trabalho Rafael Salgado, que atua em Corumbá (MS) e também esteve na área, os trabalhadores manifestaram a intenção de seguir realizando o serviço. Diante disso, a opção, como explica Rafael, foi pela "empregabilidade".
"Não é
comum não realizar o resgate. Contudo, achamos que essa era a melhor
solução para o caso, pois a aldeia fica muito próxima da fazenda e os
indígenas poderiam voltar a trabalhar escondido no local", complementa
Antonio. Segundo ele, as Carteiras de Trabalho e da Previdência Social
(CTPS) dos 14 empregados que quiseram continuar trabalhando foram
assinadas com data retroativa (início do trabalho) e a empresa
contratante também providenciou um ônibus para transportar os empregados
diariamente.
A sócia-administradora da fazenda, Ana Paula Nunes da Cunha, firmou um Termo de Ajustamento de Conduta (TAC), no dia 31 de janeiro, na sede do MPT em Corumbá (MS), por meio do qual se compromete a pagar multa de R$ 5 mil por cláusula descumprida e por trabalhador prejudicado
Se a empresa cumprir as cláusulas quanto ao oferecimento de água potável, áreas de vivência adequadas e EPIs, poderá funcionar sem a construção de novos alojamentos - desde que ofereça, sem custo para os empregados, condução ao local de trabalho e de volta à aldeia.
Foram lavrados, ao todo, oito autos de infração em relação às irregularidades encontradas. Para checar in loco se as irregularidades foram sanadas, o MPT solicitou ao MTE que nova fiscalização ocorra em 30 dias.
A sócia-administradora da fazenda, Ana Paula Nunes da Cunha, firmou um Termo de Ajustamento de Conduta (TAC), no dia 31 de janeiro, na sede do MPT em Corumbá (MS), por meio do qual se compromete a pagar multa de R$ 5 mil por cláusula descumprida e por trabalhador prejudicado
Se a empresa cumprir as cláusulas quanto ao oferecimento de água potável, áreas de vivência adequadas e EPIs, poderá funcionar sem a construção de novos alojamentos - desde que ofereça, sem custo para os empregados, condução ao local de trabalho e de volta à aldeia.
Foram lavrados, ao todo, oito autos de infração em relação às irregularidades encontradas. Para checar in loco se as irregularidades foram sanadas, o MPT solicitou ao MTE que nova fiscalização ocorra em 30 dias.
O proprietário Rubens Nunes da
Cunha disse à reportagem que essa foi a primeira vez que tiveram
problemas porque, antes do episódio em questão, nunca deixaram os
trabalhadores alojados no empreendimento rural.
"A fazenda é
nossa desde 1939. Nunca tivemos problemas. Nossos trabalhadores
permanentes são registrados. E, quando precisávamos de temporário,
fazíamos um contrato simples. Já regularizamos a situação", adiciona
Rubens. "Vamos utilizar mais maquinário e menos recursos humanos".
Fotos: MPT