quinta-feira, 27 de novembro de 2008

RECUO COM DIGNIDADE...

Greve do magistério: Fim do 1º roud Hupper: comam brioches...


Nesta sexta-feira, os professores estaduais devem encerrar a greve iniciada no último dia 14. Foram duas semanas de uma paralisação arriscada porque, afinal, os grevistas sabiam da dificuldade em obter o apoio da sociedade para uma paralisação em final de ano letivo. Mas o entendimento foi de que não havia alternativa. Ou demonstravam à governadora Yeda que são capazes de mobilizar milhares de professores quando direitos fundamentais são postos em risco, ou veriam estes direitos escorrerem pelo ralo.

Oportuno lembrar que tanto o Piso Nacional como o Plano de Carreira são conquistas históricas dos professores que só foram alcançadas depois de muita luta, o que passa, necessariamente, por inúmeras greves. E eram estas as conquistas que estavam em jogo com o projeto que Yeda mandou para a Assembléia Legislativa. O detalhe sórdido da história é que, autoritária como sempre, a governadora exigiu que sua proposta fosse votada em regime de urgência.
Alguma coisa precisava ser feita. A reação era imperativa. Talvez os professores tenham errado na tática, já que em se tratando de um governo com Yeda, Coronel Mendes e Mariza Abreu, a intransigência era previsível. Talvez devessem ter feito quase tudo o que fizeram - manifestações fortes, busca de apoio no Legislativo e em outras categorias do funcionalismo, ocupado espaços de mídia – menos a greve. Resta saber se, assim, teriam conseguido o compromisso dos parlamentares de não votar o projeto antes do final do ano e o recuo de Yeda que, pressionada, retirou o regime de urgência da proposta. Quem poderia garantir?

Na dúvida, os professores avançaram. E realizaram o maior ato público do ano em frente ao Palácio Piratini (e este, diga-se, foi mais um ano em que não houve semana sem um protesto na Praça da Matriz). Só que Yeda, belicosa por natureza, havia se preparado para a guerra com um decreto que lhe autoriza cortar o ponto e o salário e ainda impedir a progressão na carreira dos professores grevistas. Ora, Yeda dirige o Estado como se ele fosse uma butique; age não como governante, mas como empresária sem consciência social. Assim, pouco importa se o empregado/professor ganha mal, se a greve foi o último recurso, se o corte do salário vai deixar gente com fome, se a carreira foi prejudicada. Para a patroa/governadora, o que importa é fazer valer sua autoridade. Sem levar em conta a tradição de negociação que o CPERS e os governos cultivaram ao longo da história e nem mesmo o fato, relevantíssimo, de que os professores iriam recuperar todos os dias parados, Yeda deu a ordem: - Cortem-lhes o ponto!

Ameaçados, castigados, prejudicados e sem dinheiro, os professores devem voltar às aulas na próxima segunda-feira. Eles, que têm uma história de lutas, sabem que uma guerra não se ganha numa batalha e que o recuo, por vezes, é garantia de vida. Mortos, afinal, não guerreiam. Quando a greve for encerrada, muito provavelmente Yeda e sua arrogância devem considerar o desdobramento como uma derrota dos professores. É muito provável que, tendo transformado a política num ringue, Yeda sinta que ganhou o round. Para os professores, contudo, o fato de ela ter recuado na urgência, o compromisso dos deputados de só analisar o tema no ano que vem e ainda a união de PT, PCdoB, PDT e DEM para tentar, através de um Decreto Legislativo, anular o corte do ponto, foram são vitórias incontestáveis.

Indignada com o decreto da governadora, uma professora estadual que conversava hoje à tarde com deputados na Assembléia, adaptou uma passagem do Mercador de Veneza de Shakespeare: "Eu não esperava mesmo um gesto de Yeda em direção ao acordo. O perdão, aliás, é uma virtude dos deuses; só homens (e mulheres) de muita grandeza podem ter atitudes dignas de deuses. Não é, definitivamente, o caso de Yeda. Ela não compreende que um governante nada ganha quando golpeia o funcionalismo, que não pode haver vitória quando o resultado da disputa é um professor com fome. E, além do mais, março vem aí. A governadora tem que se dar conta de que o gongo ainda não soou." (Maneco)

Santana - The Best of Santana 1998

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1. Jingo
2. Evil Ways
3. Black Magic Woman/Gypsy Queen
4. Oye Como Va
5. Samba Pa Ti
6. She's Not There
7. No One To Depend On
8. Open Invitation
9. Hold On
10. Bella
11. Winning
12. All I Ever Wanted
13. Dance Sister Dance
14. Europa
15. Everybody's Everything
16. Soul Sacrifice



Professores fazem novo protesto no Piratini

Cerca de 3 mil professores participaram de um ato de protesto, hoje à tarde, em frente ao Palácio Piratini, contra a postura da governadora Yeda Crusius (PSDB) que se recusa a conversar com a categoria em greve. A presidente do CPERS/Sindicato, Rejane de Oliveira, entregou um ofício com um novo pedido de audiência com a governadora. Repetindo o que ocorreu na manifestação anterior, a Brigada Militar colocou brigadianas para fazer policiamento do palácio durante o ato. Contando com o apoio de integrantes do Movimento Nacional de Luta pela Moradia (MNLM), que ocuparam ontem um prédio abandonado no centro de Porto Alegre, os professores foram para a rua usando nariz de palhaço e um caixão com a foto de Yeda. “Não tem dinheiro para a Educação, mas tem dinheiro para comprar mansão”, foi uma das frases repetidas pelos servidores. Até o final da tarde, não havia nenhum indicativo de que Yeda, hoje em Brasília, aceitaria conversar com os professores.

Fotos: Kiko Machacredirtos:

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