quinta-feira, 21 de fevereiro de 2008

A cultura hacker: uma ética de cooperação pós-capitalista


Os hackers surgiram no ambiente universitário. A cultura hacker tem origens no MIT - Instituto de Tecnologia de Massachussets - e em outros laboratórios norte-americanos, como o Parc, da Xerox. O movimento hacker coloca o ser humano no centro do universo e passa a desenvolver toda uma nova relação para satisfazer esta nova variável. Estes são os caras dos softwares de códigos livres, estes são os seres humanos do Linux.

Por Hernani Dimantas e Dalton Martins, no Le Monde Diplomatique Brasil



Com as contas balanceadas é fácil, muito fácil, romper com as estruturas impostas pelo capitalismo. Richard Stallman, o guru da Free Software Foundation, podia priorizar o desenvolvimento de um driver para a impressora. E quebrar os modelos da indústria de software. No Brasil ele morreria de fome.

As originalidades das conversações que acontecem no baixo hemisfério devem ser analisadas por outro viés. Ser hacker é uma forma de sobrevivência. Essa análise se descola da cibercultura e entra nas relações que acontecem na sociedade brasileira. A colaboração é uma estratégia de sobrevivência nas periferias. Não vou me alongar nas perversidades das classes dominantes; vou focar na forma como os brasileiros descobrem o atalho para o futuro.

A internet é a obra-prima hacker. Este movimento não vai ficar restrito à arena tecnológica. Ser hacker independe do conhecimento inerente da computação. Faz mais sentido pensar no artífice. Na criatividade do ser humano catalisada pela digitalidade da rede.

É lógico que o debate na sociedade virtual está osmoticamente invadindo a sociedade estabelecida. Alguns princípios do ser humano estão sendo transformados. O novo bom-senso aceita a revolução digital como propulsora de uma nova ordem. Aceita a anarquia como uma forma viável de balanço entre os poderes. Aceita que o conhecimento deve ser livre, e o direito das pessoas comuns a compartilhar esse conhecimento.

Empresas e governos tornam-se muito mais frágeis frente a essa realidade. Construíram um verdadeiro muro de Berlim, que divide a sociedade em castas de opressores e oprimidos, de poderosos e fracos, de produtores e consumidores, de bem e mal. Não acredito numa sociedade tão maniqueísta.

A multidão hiperconectada rompe a ética protestante, que ajudou a evolução da sociedade industrial. Na era do conhecimento, esses valores devem ser sobrepujados por outra ética. A proposta da sociedade da informação é a ética hacker, que está sendo adotada pelo movimento do software livre.

Para entender esta ruptura dos paradigmas, temos que pensar e participar. Um novo sistema está nascendo. Esqueça o velho comando e controle. Está surgindo uma consciência inequívoca de que a construção de baixo para cima tem muito para oferecer para o desenvolvimento do processo coletivo. Uma sociedade que sobrevive e se recria na sua própria diversidade.

Tudo muda. Crianças aprendem a colaborar, a desenvolver projetos online e a espelhar os sonhos no ambiente web. O mundo virtual não é diferente do nosso bom e querido mundo real. A internet está ensinando os usuários a se inter-relacionarem neste espaço virtual. Não existe segredo, apenas boa vontade e obstinação.

Criar para a sociedade. Fazer acontecer independentemente do retorno financeiro a curto prazo. É esta a grande novidade. A metodologia de trabalho é simples e virtual. Qualquer pessoa com um computador conectado na rede e com um pouco de conhecimento tem a possibilidade de participar voluntariamente de alguns projetos importantes. Sem dúvidas, é a melhor opção.

Por trás deste discurso hacker existe uma filosofia. O conhecimento deve ser livre. Isto é muito diferente da ética protestante, para a qual o dinheiro enobrece o ser humano. De acordo com o jargão hacker, "a original ética hacker significa a crença que o compartilhamento da informação é um bem um poderoso e positivo". Na prática isso significa um dever ético de se trabalhar sob um sistema aberto de desenvolvimento, no qual o hacker disponibiliza a sua criação para outros usarem, testarem e continuarem o desenvolvimento.

Colaboração é a palavra do século 21. Linus Torvalds causou um alvoroço enorme ao liberar o código numa lista de debates. Release early and release often, ou "Libere logo (os resultados do trabalho) e libere com freqüência" passou a redesenhar um modelo de produção. Colaboração como capital social. Colaboração para fazer qualquer coisa que o desejo provoque. Colaboração como condição de sobrevivência.

E com estas prerrogativas uma outra lógica emerge das entranhas da rede. Pois a visão tradicional não corrobora com os anseios da rede e das pessoas. Estamos buscando o diferencial. A possibilidade de trocar informações, de opinar, de desenvolver nossos projetos com liberdade. Utilizar a voz.

Bem-vindo à Era do Conhecimento Livre.


PROPAGANDA CONTRA CUBA NO BRASIL NÃO VISA FIDEL CASTRO; O ALVO SÃO OS PRÓPRIOS BRASILEIROS

Blog do Azenha

WASHINGTON - Jon Lee Anderson, biógrafo de Che Guevara, há alguns meses detonou uma reportagem de capa da revista Veja sobre Guevara. Anderson escreve para a revista New Yorker. Seus livros vendem milhões de cópias em todo o mundo. Como é que ele avaliou o texto de Diogo Schelp?

"O que você escreveu foi um texto opinativo camuflado de jornalismo imparcial, coisa que evidentemente não é. Jornalismo honesto, pelos meus critérios, envolve fontes variadas e perspectivas múltiplas, uma tentativa de compreender a pessoa sobre quem se escreve no contexto em que viveu com o objetivo de educar seus leitores com ao menos um esforço de objetividade. O que você fez com Che é o equivalente a escrever sobre George W. Bush utilizando apenas o que lhe disseram Hugo Chávez e Mahmoud Ahmadinejad para sustentar seu ponto de vista. No fim das contas, estou feliz que você não tenha me entrevistado. Eu teria falado em boa fé imaginando, equivocadamente, que você se tratava de um jornalista sério, um companheiro de profissão honesto. Ao presumir isto, eu estaria errado."

Anderson não é comunista. Não recebe dinheiro de Fidel Castro. É simplesmente um grande jornalista.

A resposta indigente do repórter da Veja incluiu uma ameaça de que o nome do escritor não apareceria mais nas páginas da revista brasileira - o que é indicativo da falta de noção de Diogo Schelp. Estou curioso para saber qual o impacto que a ameaça de Schelp teve nas vendas do escritor americano.

É esse jornalismo vagabundo, contaminado por objetivos políticos e ideológicos, que infelizmente tornou-se o principal produto da grande mídia brasileira - especialmente de Veja, O Globo e TV Globo.

Tive duas experiências marcantes em minha carreira. Uma delas foi ao desembarcar em Moscou, em 1985. Linda a cidade, especialmente a praça Vermelha, de madrugada. Mas a paranóia de um estado policial era evidente. E o estado de decomposição das instituições estava no ar. Embora Mikhail Gorbatchev já tivesse assumido o poder, a União Soviética tinha a feição de Leonid Brezhnev, o morto-vivo que foi mantido no poder muito além de quando ainda tinha capacidade física e mental para governar.

Mais recentemente, fiquei surpreso ao desembarcar em Havana. Arquitetura dilapidada, transporte público caótico mas uma população surpeendentemente relaxada e alegre. Filmei à vontade. Conversei com os cubanos à vontade. E eles falaram mal do governo à vontade. E bem também. Conversei com dezenas de pessoas nas ruas.

Todas demonstraram grande admiração por Fidel Castro. Muitas se diziam amedrontadas com a ascensão de Raul Castro, visto no país como o "homem do paredão". Um dos momentos mais impressionantes foi a conversa que eu e minhas filhas tivemos com o dono de um pequeno restaurante. Ele lamentava que, aos 48 anos de idade, não tinha podido ainda sair do país.

"Não quero fugir para os Estados Unidos. Quero visitar o México, a Jamaica, quem sabe o Brasil". Fiquei com a clara impressão de que Fidel Castro produziu uma classe média educada e saudável que quer ir além dos slogans revolucionários. Os jovens não viveram o clima de guerra que cercou a ascensão de Fidel ao poder. Experimentam, sim, o boicote econômico dos Estados Unidos, que tenta estrangular a ilha desde os anos 60.

Os cubanos admiram as conquistas sociais, especialmente na Saúde e Educação. Eles são orgulhosos. Eu conheço quase toda a América Central. E digo, sem qualquer chance de errar, que os cubanos têm o melhor padrão de vida da região, comparável apenas ao da Costa Rica. Em comparação com a Guatemala, por exemplo, Cuba é um paraíso. E a Guatemala é uma "democracia plena" se considerarmos os padrões de Washington. E não há boicote americano à Guatemala.

O Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) de Cuba é superior ao do Brasil, que tem um dos piores índices de distribuição de renda do mundo. A classe média de Cuba seria pobre no Higienópolis e no Leblon, mas seria rica na periferia das grandes cidades brasileiras. Rica, saudável e educada.

E isso não é irrelevante. Se fosse, a TV Globo não continuaria até hoje com suas peças de propaganda disfarçadas de Jornalismo. Depois de quase 50 anos no poder, a contínua necessidade de demonizar Fidel Castro é sinal de que ele continua incomodando. Mais recentemente, já afastado do governo, ele cantou a pedra: a produção de álcool de milho provocaria desabastecimento de alimentos. Na época, Fidel foi surrado pela mídia. Hoje está constatado que a produção de álcool a partir de milho fez disparar o preço do produto e causou inflação nos Estados Unidos. A fonte é o New York Times.

Dizer que os cubanos não querem liberdade de ir e vir ou de desenvolver suas próprias atividades econômicas é mentira. Cuba não é o paraíso vendido pela esquerda. Nem o inferno vendido pela direita. É um país de gente alegre, educada e saudável que tem grande ressentimento por não poder freqüentar as mesmas praias que os turistas estrangeiros - hoje a grande fonte de moeda forte do país. Fidel plantou as sementes que resultaram em uma geracão que quer mudanças. Mas elas não virão de Washington, nem de Miami, nem de Brasília.

Se a sociedade cubana fosse vulnerável à propaganda do tipo que você vê hoje na TV Globo Fidel Castro já teria sido derrubado. O objetivo da propaganda não é derrubar Fidel. Ainda é a de evitar que ele sirva de exemplo. Isso diz mais sobre o Brasil e sua democracia para poucos do que sobre Cuba e Fidel Castro.

*****

A mídia americana se comporta hoje como se o povo cubano fosse se levantar e derrubar o governo esta noite... É muita desinformação. Eles aqui se perguntam: como é que as emissoras da América Latina continuam no ar normalmente, sem interromper a programação para transmitir o que está acontecendo em Cuba? É que depois de tantos anos os americanos - e o Ali Kamel - passaram a acreditar na propaganda que promovem.

ana Caymmi - Chora Brasileira (1985)




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protesto contra a industria peleira da China



Pelo terceiro ano consecutivo, o grupo "Pelo fim do Holocausto Animal" membro da International Anti-Fur Coalition, realizou no dia 13 de fevereiro o protesto contra a indústria de peles da China. Durante quase 3 horas, cerca de 50 manifestantes distribuíram panfletos e promoveram um apitaço em frente ao consulado da China em São Paulo. Ao som de "Boicote a China já" os ativistas pediam o boicote aos jogos olímpicos de Pequim, turismo e comércio chinês.

Como a Al-Qaeda implantou-se no Líbano

Os combates entre o exército e a Fatah Al Islam, que terminaram com dezenas de mortes, revelam que a rede de Bin Laden chegou à antiga "Suíça do Oriente Médio". Seria algo impossível sem a invasão do Iraque pelos EUA e a guerra perdida de Israel, em 2006

Fidaa Itani - LeMonde

“Fomos abruptamente envolvidos em uma luta que não é nossa. Eu preferia não ter que enfrentar o exército libanês”. Foi assim que Chahine Chahine, considerado um dos dirigentes do grupo Fatah Al Islam, dirigiu-se a um negociador, durante o cerco ao campo de refugiados palestinos de Nahr Al Bared, montado pelo exército do Líbano. Até então, ninguém sabia ainda que o tal Chahine Chahine era filho de Osama bin Laden e um alto comandante da Al Qaeda. Sua opinião sobre o combate direto reflete a ambivalência das posições da organização terrorista em relação ao Líbano: o país é um terreno de enfrentamento com os Estados Unidos e seus aliados? Ou deve ser considerado como um simples campo de treino e trânsito dos combatentes da Al Qaeda?

Em 4 de setembro de 2007, dois dias após a tomada do campo, Georges Khury, o diretor de informações do exército libanês, admitiu que os combatentes do grupo Fatah Al Islam eram efetivamente membros da Al Qaeda. Na verdade, as origens dessa organização são antigas no Líbano: ainda nos anos 1990 os tribunais julgaram os “salafistas [1]” por “crime de constituição de células terroristas ligadas à Al Qaeda”.

Os militantes condenados naquela ocasião tinham escolhido o caminho aberto por Salem El-Chahhal, que criou, em 1974, os grupos Muslimun (Muçulmanos) e Shabab Mohammad (Jovens de Maomé). O processo de incorporação foi relativamente rápido. Em 1989, no fim da guerra civil libanesa, os salafistas eram pouco influentes, mas decidiram investir contra outras organizações islâmicas, principalmente a Associação Islâmica de Projetos Beneficentes, conhecida como Al Ahbache [2]. Esses enfrentamentos permitiriam aos grupos salafistas afiarem seu instrumental intelectual e missionário, arregimentando adeptos em inúmeras cidades e aldeias. Sua influência se estendeu entre os formados e assalariados da classe média, assim como entre os que estudam a sharia,a lei islâmica e que obtiveram seus diplomas na Arábia Saudita.

O divisionismo, no entanto, sempre foi um problema para eles. Em 31 de agosto de 1995, um dos grupos salafitas assassinou o xeque Nizar Al Halabi, chefe da Associação Islâmica de Projetos Beneficentes. Esse atentado provocou uma onda de embates dentro da corrente: era a primeira vez que um movimento salafista eliminava um adversário. Membros da organização confessaram o assassinato, garantindo, até o último minuto antes de morrerem, que eram os únicos responsáveis. Porém, as autoridades libanesas e os serviços de informação sírios, que controlavam o país, preferiram ligar o crime a Abdul Karim Saadi, palestino e chefe da organização Usbat Al Ansar, instalado no campo de refugiados de Ain Al Helue, no sul do país.

Formado nos anos 1990, o elo libanês da Al Qaeda é erradicado em 2001. A invasão do Iraque pelos EUA permite reconstruí-lo: surge o Fatah Al Islam

Foi naquele período que se estabeleceram as ligações entre os primeiros salafistas e a organização de Bin Laden. A proposta era simples: ajudar combatentes muçulmanos a entrar em Israel a partir do Líbano. Um grupo, provavelmente tchetcheno, ligado à Al Qaeda, conseguiu que esta tarefa fosse assumida por Bassam — um militante que abandonou seus estudos nos Estados Unidos em 1988 e se formou na jihad mundial no Afeganistão. Embora aceitasse a proposta e criasse o grupo Danniye, Kanj exigiu um prazo de dois anos, para se impor junto ao Hezbollah como força de resistência anti-israelense.

Na época, os negociadores russos, que supervisionavam junto com a Síria a retirada israelense da região sul do Líbano, forneceram às autoridades libanesas e sírias a gravação de uma conversa entre Kanj e os mudjahedins tchetchenos. Essa informação precipitou uma intervenção militar libanesa para erradicar o grupo Danniye durante a madrugada do Ano Novo de 2001. Paralelamente, as autoridades sírias iniciaram uma onda de prisões entre as fileiras dos islamistas radicais, confirmando o caráter transnacional dessa rede.

A Al Qaeda esperou a invasão norte-americana do Iraque, em março de 2003, para conclamar abertamente a criação de grupos no Líbano. Funcionando também como “marca”, a organização de Bin Laden agradava aos dissidentes locais por ter uma estrutura descentralizada, o que permite certa autonomia. No final de 2005, sua presença era bem concreta e as autoridades libanesas conseguiram capturar os primeiros elementos daquela que seria chamada de “rede dos 13”, dirigida pelo libanês Hassan Nabaa. Composta também por sauditas, sírios e palestinos, e operando igualmente na Síria, essa rede servia de apoio à Al Qaeda e à resistência iraquiana.

Seu maior aliado, porém, surgiu apenas em 2006, a partir de uma dissidência do grupo Fatah Al Intifada, que já havia se separado do Fatah de Yasser Arafat e estava ligado ao regime de Damasco. Cerca de 70 militantes se juntaram a um oficial palestino de origem jordaniana, Chaker Al Abssi e se infiltraram em diversos campos de refugiados palestinos, como no de Nahr Al Bared. Uniram-se a outros cinqüenta homens liderados por Chehab Al Qaddur, um libanês que passou a maior parte da vida na clandestinidade, depois que a espionagem síria o capturou em Trípoli em 1986, quando ele só tinha 14 anos. Formava-se assim o Fatah Al Islam.

O grupo se fortalece em 2006, durante a invasão do Líbano por Israel. E decide migrar para o norte, região sunita onde o Hezbollah tem menos influência

Desde o início, o agrupamento recebeu o apoio de um representante do movimento jihadista no campo de refugiados de Ain Al Helue, que lhe garantiu um financiamento da Al Qaeda. O treinamento de alguns de seus integrantes passou para as mãos do responsável militar do grupo Jund Al Cham. Logo depois, em julho de 2006, estourou a “guerra dos 33 dias”, entre Israel e o Hezbollah, e os grupos jihadistas se aproveitaram da confusão para aumentar sua implantação. Também exploraram a decisão tomada pelo “Estado Islâmico no Iraque”, criado pela Al Qaeda, de mandar para fora do país os elementos destituídos de competências militares particulares e aqueles que não conseguiam se misturar à população local. O Fatah Al Islam atrairia muitos desses soldados perdidos, o que provocou uma reação hostil do Fatah original e de outros grupos membros da Organização para a Libertação da Palestina (OLP), que pretendiam “limpar” os extremistas do campo de refugiados palestinos de Ain Al Helue. Sofrendo pressões da OLP e com dificuldades para se esconder do exército libanês, que perseguia os jihadistas acampados próximos aos 12 mil soldados da Finul (Força Interina das Nações Unidas no Líbano), o Fatah Al Islam decidiu refugiar-se no norte, uma zona majoritariamente sunita e, portanto, considerada amiga.

Vários encontros prepararam o terreno dessa migração, não somente com os salafistas locais, mas também com os deputados partidários da Corrente do Futuro, de Saad Hariri, preocupados com a influência do Hezbollah. Chaker Al Abssi, chefe do Fatah Al Islam, reuniu-se com um deputado sunita de Trípoli, que manifestou seus temores de ver o Hezbollah xiita atacar os sunitas [3]. Abssi respondeu que “não permitiria que ninguém prejudicasse os sunitas”, mas também não entraria em conflito com uma força que combate Israel.

Dessa forma, o Fatah Al Islam instalou-se em Nahr Al Bared, onde publicou seu primeiro comunicado, em 27 de novembro de 2006. O campo imediatamente serviu de abrigo para os combatentes ligados à Al Qaeda que entravam e saíam do Líbano, tanto pelos pontos oficiais da fronteira como pelos clandestinos. Alguns deles, depois da passagem por Nahr Al Bared, dispersaram-se para criar suas próprias redes, em zonas de forte densidade sunita. Esses novos integrantes são originários do mundo árabe, mas também da Rússia, da Tchetchenia e da Turquia, entre outros.

No final de 2006, o saudita Ahmed Tuwaijiry, dirigente da Al Qaeda, chegou ao Líbano para se encontrar com a cúpula do Fatah Al Islam e de outros grupos salafistas. As reuniões foram proveitosas e o financiamento dos libaneses cresceu com as doações que chegavam da Arábia Saudita e do Kuait, tanto públicas quanto privadas. Muitos empresários ricos queriam contribuir com a jihad.

Ao mesmo tempo, as associações salafistas tentavam reunir forças para enfrentar a “ameaça xiita” que surgiu com o agravamento da crise política no Líbano e os combates pontuais entre sunitas e xiitas. Os membros locais da Al Qaeda avaliaram que o contexto era favorável para se aproximarem da Corrente do Futuro, aproveitando-se do desejo desta em formar um braço armado, contraponto ao Hezbollah xiita. Apesar de ter consciência dos riscos que correria por manter relações com grupos fundamentalistas, a Corrente do Futuro optou por essa estratégia. A Al Qaeda, por sua vez, provou seu pragmatismo ao explorar a ocasião para conseguir dinheiro para o recrutamento de dezenas de combatentes, organização de sessões de treino no campo de refugiados de Ain Al Helue e formação de espiões para missões nas embaixadas dos países ocidentais e do Golfo.

Em maio de 2007, começa o combate entre exército libanês e o Fatah Al Islam. O grupo foge, após 100 dias de luta e dezenas de mortes. Mas não está liquidado

A Síria preferiu fechar os olhos a essas atividades, deixando seus adversários, da Corrente do Futuro aos jihadistas, pagarem o preço de próprias escolhas. Em contrapartida, ela apertou os torniquetes internos e se livrou de um bom número desses militantes, que optaram pelo refúgio no Líbano. Durante o primeiro semestre de 2007, cerca de vinte grupos ligados à Al Qaeda foram acionados para acompanhar a entrada desses combatentes no país, escoltar dirigentes e organizar a partida de grupos de divulgação na Europa (França, Reino Unido, Países Baixos, Alemanha). O armamento era garantido pelo tráfico via Síria. Assim, em colaboração com o Fatah Al Islam, a Al Qaeda teceu uma vasta rede que não seria desmontada com qualquer vendaval.

O primeiro grande confronto aconteceu na madrugada de 20 de maio de 2007, quando a seção de informação ligada às Forças de Segurança Interna decidiu fazer uma incursão contra o grupo da Al Qaeda em Trípoli. Os homens procurados também eram caçados pelos sauditas por garantirem um apoio técnico aos mudjahidin do Iraque. Eles atuavam sob a proteção do Fatah Al Islam. Rapidamente os combates se estenderam ao campo de refugiados de Nahr Al Bared.

O enfrentamento durou 106 dias, com um saldo de 170 soldados assassinados, além de 47 civis palestinos e 200 combatentes do Fatah Al Islam. Enquanto mais de 150 membros e responsáveis da organização conseguiam fugir, 40 combatentes encontraram a morte enquanto davam retaguarda aos companheiros. A maioria acabou executada com uma bala na nuca ou na cabeça. O exército ocupou o campo de refugiados quando ele já estava vazio e impediu a entrada de todas as missões civis e humanitárias. Nem seus arredores puderam ser fotografados. Os tanques destruíram as construções, escamoteando os vestígios de combate.

Em junho, um mês após o início do conflito, os serviços de segurança libaneses descobriram que o líder Chahine Chahine era, na verdade, Saad, filho do fundador da Al Qaeda. Ele tinha se infiltrado no campo de refugiados alguns dias depois do começo dos enfrentamentos e conquistou a simpatia dos combatentes. O filho de Bin Laden, um dos responsáveis mais ativos da seção de operações da Al Qaeda, começou a colocar em funcionamento células e bases em todo o território.

Apesar dessa derrota militar, os grupos ligados à Al Qaeda não reduziram suas atividades no Líbano. A organização está presente no campo de refugiados palestinos de Ain Al Helue, assim como nas zonas sunitas de Bekaa e em alguns bairros pobres de Beirute. Quando encontrei Chahine Chahine, ou Saad bin Laden, ele me perguntou: “Você acredita realmente que nós somos só 500 combatentes cercados em Nahr Al Bared ?”. Os assassinatos de personalidades políticas e os atentados em Beirute e contra as forças da Finul, assim como as informações conseguidas depois da prisão de mais de 200 membros do movimento salafista-jihadista, confirmam a resposta óbvia: eles não estavam sozinhos e tampouco abandonados.

A Al-Qaeda hesita sobre o Líbano. Rota de passagem para a Europa, e centro de desenvolvimento tecnológico? Ou novo campo de combate contra os EUA?

Mas a organização, como me explicou Chahine Chahine, não viu com bons olhos seu mergulho em um enfrentamento fechado, no interior de um campo de refugiados. O ataque reduziu a margem de manobra da Al Qaeda e deu oportunidade ao exército realizar centenas de perseguições e prisões.

Com a persistência da crise política libanesa e a tendência crescente de todas as facções locais se armarem, a Al Qaeda passou a ter como alternativa esconder-se atrás da Corrente do Futuro, que hoje se dedica a arrolar combatentes sob pretexto de contratações para empresas privadas de segurança. Por este vínculo, a organização já alistou 2400 milicianos e pretende conclamar outros 14 mil, só no norte do Líbano. Por outro lado, os combates de Nahr Al Bared prejudicaram a aliança da Al Qaeda com parte da elite sunita libanesa, que considerou o preço dessa parceria alto demais.

Cansados de um conflito local sem horizonte político, milhares de jovens sunitas olham com inveja os xiitas, que conseguiram monopolizar o esforço de resistência contra Israel. Os atentados da Al Qaeda no Ocidente e suas vitórias no Iraque, mesmo que limitadas, também lhes agradam. Uma nova geração freqüenta as mesquitas, onde é mobilizada pelo pensamento salafista-jihadista, em um contexto de descrédito da estrutura oficial da comunidade sunita, vista por muitos como corrupta. A isto se acrescentam o sentimento de injustiça e a ausência de qualquer perspectiva de solução do conflito com Israel. A Al Qaeda aparece como uma resposta a toda essa descrença. Enquanto o governo e as forças sunitas oficiais aparecem como aliados de Washington, ela consegue atuar, ao mesmo tempo, sobre o medo do xiismo e do Hezbollah, a convicção dos sunitas de que eles são marginalizados e o sentimento anti-norte-americano.

Considerada por alguns um o caminho exemplar a ser seguido, a organização de Bin Laden – não necessariamente todos os grupos que dizem fazer parte dela – parece interessada no Líbano como base de operações, campo de treinamento e de formação, além de ponto seguro de passagem de seus combatentes rumo ao Iraque e à Europa. O país é prioritariamente um terreno de inovação técnica, onde a Al Qaeda pode trabalhar no desenvolvimento de novos instrumentos de combate, como pequenos aviões telecomandados e outros aparelhos explosivos, capazes de escapar do fogo dos blindados norte-americanos no Iraque. Trabalham ainda com programas de informática, que permitem aos responsáveis mundiais da Al Qaeda comunicarem-se e coordenarem suas atividades pela internet, sem serem interceptados pelos serviços locais de informação, nem mesmo pela National Security Agency (NSA) dos Estados Unidos. Nesse contexto, como explicava Chahine Chahine, a Al Qaeda não tem interesse em se envolver nas questões internas libanesas. Mas será que os grupos locais que declaram pertencer à Al Qaeda aceitarão manter-se afastados da cena libanesa? Qualquer que seja a resposta a essa pergunta, uma coisa é certa: o futuro da Al Qaeda no Líbano está garantido.


[1] Os salafistas são muçulmanos radicais. Apesar de conservadores, eles aplicam o ijtihad (esforço de reflexão e interpretação dos textos), reconhecem o valor das ciências e da tecnologia, são socialmente ativos e querem islamizar a sociedade.

[2] Trata-se de um grupo sufi, fundado por Abdullah Al Harari, um etíope – de onde o codinome Ahbach (etíope, em árabe). Esse grupo foi instrumentalizado em diferentes momentos pelos serviços sírios de informação.

[3] O deputado confirmou esse encontro em uma entrevista na televisão. Afirmou que os serviços de segurança libaneses tinham ajudado a organização radical Jund Al Cham a garantir sua transferência do campo de refugiados de Ain Al Helue para o sul, rumo a Nahr Al Bared, para se reunir ali ao Fatah Al Islam. Tudo sob a capa de ação “humanitária”.

Mídia vai fazer campanha de desinformação

por jpereira

Em entrevista, o jornalista Miguel Urbano afirma, no entanto, que as mudanças com a saída de Fidel Castro vão preservar o regime socialista

Em entrevista, o jornalista Miguel Urbano afirma, no entanto, que as mudanças com a saída de Fidel Castro vão preservar o regime socialista


A renúncia de Fidel vai desencadear uma campanha midiática de desinformação de proporções mundiais. Essa é a previsão do jornalista e escritor português Miguel Urbano Rodrigues, integrante do Partido Comunista Português. Segundo ele, a mídia mente ao afirmar que há uma oposição organizada ao regime em Cuba. “As personalidades e grupos contra-revolucionários carecem de expressão social. São quase folclóricos”, afirma Miguel Urbano, que viveu oito anos em Cuba.

Para o jornalista português, o regime socialista cubano seguirá seu próprio caminho, aperfeiçoando-se dentro de sua lógica. Com relação a uma eventual intervenção externa, como já chegou a cogitar o presidente dos Estados Unidos, George W. Bush, Miguel Urbano afirma que considera a hipótese improvável. “Mas estou certo que, no caso de uma agressão desse tipo, o povo cubano lhe daria a resposta de Abril de 61 quando derrotou em Playa Giron o desembarque mercenário idealizado e financiado pelos EUA.


Brasil de Fato – Qual o significado prático para o povo cubano da renúncia do presidente Fidel Castro? O que pode mudar em Cuba?

Miguel Urbano Rodrigues – São os povos o sujeito da Historia. Mas o fator subjetivo em determinadas situações pode pesar muito. Fidel Castro marcou decisivamente o rumo da história do seu país e da América Latina na segunda metade do século XX. Que pode mudar agora? Nada daquilo que o sistema de poder estadounidense desejaria. Fidel já havia transferido o poder executivo para Raul . A sociedade cubana não é estática. Mas as mudanças vão se inserir na continuidade do regime socialista. Não haverá ruptura com as grandes metas fixadas. Somente mudança de estilo como aliás já vinha ocorrendo.


E, do ponto de vista simbólico, a saída de Fidel Castro pode significar o fortalecimento de movimentos contra-revolucionários?

A mídia, sobretudo nos EUA e na Europa, tem difundido a idéia de que em Cuba existe uma oposição organizada com base popular. É uma inverdade. Residi oito anos em Cuba até 2004, e adquiri a certeza de que as personalidades e grupos contra-revolucionários carecem de expressão social. São quase folclóricos. Fazem muito barulho graças à mídia internacional.


Atualmente na sociedade cubana ocorre um debate interno crítico sobre o regime. Existe uma vontade popular de retorno ao capitalismo ou essa é mais uma pressão que vem de fora para dentro de Cuba?

O discurso de Raul Castro no 26 de Julho de 2007 desencadeou um debate intenso na sociedade cubana. Mas deforma o seu significado defini-lo como crítico do regime. Em milhares de reuniões, nas fábricas, nas escolas, nas cooperativas, nos serviços, no Partido, em todas as Províncias, os cubanos, respondendo a um apelo de Raul, debateram grandes problemas nacionais, expressando sem temor idéias, apresentando sugestões, criticando o que se lhes afigura passível de críticas, mas sempre numa perspetiva de aperfeiçoamento do socialismo e nunca de um regresso ao capitalismo.


Não poucas vezes o presidente George W. Bush anunciou que esperava o afastamento de Fidel Castro para colocar em prática um plano para fazer uma suposta "transição democrática" em Cuba, cogitando abertamente ações intervencionistas...

O presidente Bush carece totalmente autoridade moral e intelectual para se apresentar como árbitro do futuro de Cuba. O seu projecto de “transição” para Cuba tem matizes fascistas.

No contexto da grave crise estrutural do capitalismo estadounidense, considero praticamente improvável uma intervenção militar de Washington em Cuba. Mas estou certo de que, no caso de uma agressão desse tipo, o povo cubano lhe daria a resposta de Abril de 61 quando derrotou em Playa Giron o desembarque mercenário idealizado e financiado pelos EUA.


O governo cubano teme que possa ocorrer uma onda internacional conservadora, coordenada pelos Estados Unidos, pressionando para uma mudança de regime em Cuba?

O povo cubano sabe que a simples decisão de Fidel de não retornar à Presidência desencadeará uma campanha midiática de desinformação de proporções mundiais, caracterizada por cenários fantasistas e especulações sobre o tipo de “mudanças” desejadas pelo imperialismo. Mas não creio que leve muito a sério essa inevitável intrigalhada.


Qual o legado que o governo de Fidel Castro deixa para a América Latina e para os povos?

A Revolução Cubana resiste vitoriosamente há quase meio século a uma guerra não declarada. Dez presidentes dos EUA comprometram-se a destruir o socialismo em Cuba. Foram sucessivamente desmentidos pela história. Essa resistência de Cuba não configura apenas a epopéia coletiva do seu povo. Funcionou como estímulo para os povos da América Latina e do Terceiro Mundo. Confirmou que o poder do imperialismo tem limites. Sem a resistência de Cuba, a Revolução Bolivariana na Venezuela não teria sido possível, e processos como aqueles que estão em curso no Equador e na Bolívia seriam inviáveis.

Quando Fidel adoeceu escrevi que via nele um Aquiles cubano. Identifico no grande revolucionário um herói da Humanidade.

Fidel, Paquistão, Obama

É inegável que o afastamento definitivo de Fidel fecha uma era em Cuba e abre outra. Estamos diante de um dos personagens mais extraordinários da história do século XX. No Paquistão e nos EUA, duas eleições também movimentam o tabuleiro político internacional.

Além da independência do Kosovo e de seus desdobramentos e contradições, a cena internacional de hoje (19 de fevereiro) está marcada por três cenários: a renúncia de Fidel, o resultado das eleições parlamentares no Paquistão, e mais um tentativa meio desesperada de Hillary Clinton para roubar a cena de Barack Obama nos Estados Unidos, onde, do lado republicano, a candidatura de John McCain vai se consolidando.

Numa carta dirigida ao povo cubano e divulgada na página do jornal Granma Fidel diz que não se apresentará mais para os cargos de Presidente do Conselho de Estado e de Comandante em Chefe, quando da próxima escolha do mais alto órgão do governo cubano.

Na carta, Fidel diz que quando se afastou do cargo, por doença, em julho de 2006, não o fez de modo definitivo para não dar uma alegria aos seus adversários que tanto fizeram para dele “se desfazer” ao longo do tempo. Porém, assinala, a recuperação da doença, “não isenta de perigos”, deu-lhe tempo para pensar e refletir sobre sua situação e o alcance de suas forças.

Acrescentou que numa mensagem enviada a Randy Alonso, diretor do programa Mesa Redonda da Televisão Nacional e nele divulgada em 17 de dezembro do ano passado, já antecipava discretamente o conteúdo da mensagem de agora, em que renuncia definitivamente àqueles cargos.
“Meu dever elementar não é o de aferrar-me a cargos”, escreveu ele na carta à TV, “muito menos o de obstruir o caminho de pessoas mais jovens, mas sim o de trazer experiências e idéias cujo modesto valor provém da época excepcional que me coube viver.

Penso, como [o arquiteto brasileiro Oscar] Niemeyer que se deve ser conseqüente até o fim”. Diz a seguir que sua consciência o impede de se apresentar para cargos cujas responsabilidades exigem mobilidade e entrega total, o que ele não tem mais condições de dar.

Fidel conclui a mensagem de renúncia alertando que sempre é necessário preparar-se para a pior das eventualidades, porque “o adversário a derrotar é extremamente forte”. Diz ainda que esta não é uma mensagem de despedida, porque continuará a combater como “um soldado das idéias”, e que continuará a escrever sob a rubrica “Reflexões do companheiro Fidel”. Ao final, escreve: “Serei cuidadoso”. E assina: “Obrigado, Fidel Castro Ruz”.

Agora não faltam as aves de arribação do governo norte-americano, na Espanha, e em outros países que vêm no afastamento de Fidel uma “oportunidade para a democracia”. De todo modo, é inegável que o afastamento definitivo de Fidel fecha uma era em Cuba e abre outra. Estamos diante de um dos personagens mais extraordinários da história do século XX, e esperemos que os avanços notáveis que ele ajudou a construir na sociedade cubana não desapareçam depois.

Já nas eleições do Paquistão já se sabe quem perdeu, mas ainda não se sabe muito bem quem ganhou. Dizer que “a oposição” ganhou não quer dizer muita coisa. É certo que o partido do general e ditador Pervez Musharraf, o Partido da Liga Muçulmana – facção Q, foi fragorosamente derrotado nas eleições parlamentares, o que enfraquece e talvez comprometa o poder do governante, que tradicionalmente contou com o apoio do governo norte-americano e que deveria, por incitação deste, criar um governo de coalizão com Benazir Bhutto, morta num atentado ao final de dezembro.

Já o partido de Benazir, o Partido do Povo Paquistanês teve o maior número de cadeiras no Parlamento (pelo menos até o momento, quando ainda falta definir 30 cadeiras de 272), mas não a maioria: ficou até agora com 80 assentos.

Em segundo lugar ficou o Partido da Liga Muçulmana – facção N, liderado pelo antigo primeiro ministro Nawaz Sharif, uma dissidência recente do partido de Musharraf, criada depois que este expulsou juízes não alinhados com ele dos tribunais superiores do país e impôs medidas de censura e controle da imprensa e da mídia. O PLM-N ficou com 64 assentos, uma performance notável para um partido recém criado e que mal teve tempo de escolher candidatos em muitas províncias. Segundo analistas, este na verdade é o fator decisivo nestas eleições e em seu resultado. (ver a análise do comentarista Jason Burke, desde o Paquistão para o The Guardian).

A imagem de Benazir continua dominando o noticiário e talvez corações e mentes, ainda abalados com seu brutal assassinato. Mas o que vem sendo analisado é que a força de seu partido está sobretudo nas áreas rurais e mais tradicionais do país, enquanto o novo partido de Sharif tem bases nas ascendentes classes médias urbanas, baixa, média e alta, para quem a ditadura de Musharraf é insatisfatória mas que tampouco se satisfazem com o apelo do PPP, ainda mais que ele agora não é mais liderado pela contraditória mas carismática Benazir, mas pelo seu marido visto como um aproveitador de oportunidades, para amenizar a qualificação, e sobre quem pesam diversas acusações de corrupção. Assim, tudo vai depender da inclinação do PLM-N, se optar por uma aliança com seus antigos companheiros, ou se optar por uma aliança com o PPP.

É verdade que no enfraquecido partido de Musharraf, que reunia como acontece nesses casos, os caçadores de poderes e favores, as aves já começam a abandonar o navio – também para não usar qualificativos piores.

Do outro lado do mundo, numa eleição que pode ser vital para o futuro paquistanês, entre outras coisas, Hillary Clinton e sua equipe fazem um esforço desesperado peara recuperarem a iniciativa na disputa pela candidatura do Partido Democrata nos Estados Unidos. A equipe de Hillary levanta agora acusações de plágio sobre os discursos de Obama, dizendo que ele se vale seguidamente de trechos de discursos do seu correligionário, Deril Patrick, governador do Massachussets, além de se valer de idéias da proposta econômica da senadora por Nova Iorque para definir a sua.

Diante do favoritismo de Obama em mais duas primárias dessa semana, a equipe da senadora quebra a cabeça para tentar quebrar a de Obama. Vai ser difícil. A acusação, além de irrelevante, mostra uma certa falta, na verdade, de idéias próprias e de iniciativa. Hillary está nas cordas. Mas é claro que ainda não perdeu.

Dexter Gordon (with Bud Powell) - Our Man In Paris (1963)

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Dexter Gordon (with Bud Powell) - Our Man In Paris (1963)

Personagens:
Dexter Gordon (tenor saxophone);
Bud Powell (piano);
Pierre Michelot (bass);
Kenny Clarke (drums)

Gravado no CBS Studios, Paris, France on May 23, 1963.
Músicas:

1. Scrapple From The Apple
2. Willow Weep For Me
3. Broadway
4. Stairway To The Stars
5. Night In Tunisia, A
6. Our Love Is Here To Stay - (bonus track)
7. Like Someone In Love - (bonus track)

Downloads abaixo:

Parte 1
Parte 2