domingo, 2 de novembro de 2014

EUA x ISIS, outra guerra estúpida ‹ Jornalismo B

EUA X ISIS, OUTRA GUERRA ESTÚPIDA

Bruno Lima Rocha*, especial para o Jornalismo B

No início de setembro, enquanto a OTAN realizava o seu encontro anual, com o secretário da aliança passando o chapéu para apertar as receitas dos países membros, constatava-se uma corrida do horror. Alimentados pelos aliados dos EUA na região, a Al-Qaeda força a fronteira da Síria com Israel e, ao mesmo tempo, anuncia a formação de seu braço na Índia. No Levante, enfrentam-se criador (Al-Qaeda, através de seu braço, Frente Al Nusra) e criatura (Estado Islâmico do Iraque e do Levante – ISIS). A superpotência assistia “quase inerte”, para não se envolver demais e criar um novo despertar sunita. Por fim, a grande questão é: como é possível uma força móvel, o ISIS, ser financiada por um califado pirata que vive vendendo petróleo? Óleo cru não é tão simples de transportar e menos ainda de realizar compensações bancárias correto?



A pressão da opinião pública e o foco no Iraque – ao invés da Faixa de Gaza – levaram a Casa Branca a deixar a inércia e dar sequência a “outra guerra estúpida!” Esta frase era a definição do senador democrata pelo estado de Illinois, Barack Hussein Obama, ao criticar a escalada de guerra de Bush Jr no Iraque. Agora, sua administração enfia as patas no lamaçal anti-ISIS sem fazer o menor esforço para secar a fonte de recursos do proto-Califado. Vai jogar os EUA no olho do furacão novamente e atiçar a reação dos aliados do Golfo, justamente as monarquias wahabbitas aliadas da superpotência e fornecedoras de bens e suprimentos da Al Qaeda e do ISIS.  

A superpotência mantém o padrão, reproduzindo os mesmos erros da Guerra ao Terror (GWOT).  Estes agora serão repetidos em nova (re) intervenção na Síria e no Iraque. Qualquer conhecedor do Mundo Árabe e Islâmico deve se perguntar como é possível reproduzir o mesmo critério duvidoso de apoiar um “jihadismo do bem”, controlado pelos sauditas, contra outro “jihadismo do mal”, apoiado conforme conveniência dos mesmos sauditas e outras monarquias e emirados petrolíferos?! Como a paz com o Irã e a revalorização dos xiitas está fora de cogitação, a Casa Branca vai se afundar ainda mais no pântano cavado pelo Departamento de Defesa (DoD) no início do governo Bush Jr e vergonhosamente continuado por Barack Obama.

A confusão só aumenta. O governo Obama aponta críticas diplomáticas para o regime de Assad, na Síria e diz que quer preparar uma ofensiva contra o ISIS. Para tanto, conta com a oposição “moderada” do Exército Livre da Síria (satélite da Turquia) cujos fundos estão minguando! Mais fácil seria uma trégua na Síria. Simplesmente sem a triangulação com o eixo de aliados Assad-Hizballah-Irã e a presença de xiitas no Iraque esse combate não se dará. Ao invés de cortar a fonte, John Kerry passeia entre sheikhs e a adula o monarca dos sauditas e sua corte parasitária.

O problema está justamente nos aliados da superpotência na região. E, alguém pode explicar como se negocia 1 milhão de dólares por dia em óleo cru (através de oleodutos e refinarias controladas), partindo a produção de um califado não reconhecido internacionalmente? 

*Professor de relações internacionais e de ciência política (www.estrategiaeanalise.com.br).

APÓS DERROTA, PSDB GANHA RÓTULO "ANTIDEMOCRÁTICO"

APÓS DERROTA, PSDB GANHA RÓTULO "ANTIDEMOCRÁTICO"

 Blog Justiceira de Esquerda

É de indignação e revolta o clima entre os ministros do Tribunal Superior Eleitoral, com a petição apresentada pelo PSDB para auditoria nas urnas eletrônicas, após a vitória da presidente Dilma Rousseff no último domingo; adejtivos variam entre "desrespeitoso" e "antidemocrático"; documento, assinado pelo deputado Carlos Sampaio (PSDB-SP) não apresenta evidências e deve ser rejeitado por ampla maioria; ministro João Otávio Noronha lembrou à direção tucana que o Brasil "não é a Bolívia ou a Venezuela"

247 - O PSDB perdeu a chance de encerrar, com elegância, sua participação na campanha eleitoral de 2014. Depois de um discurso correto do candidato derrotado Aécio Neves, no último domingo, em que pregou paz e desejou sorte à presidente reeleita Dilma Rousseff, a petição apresentada pelo deputado Carlos Sampaio, pela auditoria nas urnas eletrônicas, colocou tudo a perder. De tal forma que, hoje, é de revolta com os tucanos o ambiente no Tribunal Superior Eleitoral.

Reportagem da jornalista Beatriz Bulla, do Estado de S. Paulo (leiaaqui), informa que o pedido tucano deve ser rejeitado por ampla maioria. Ministros da corte consideraram o pedido "antidemocrático" e também um "desserviço" ao País. O ministro João Otávio Noronha foi quem bateu mais duro, afirmando que "falta seriedade" ao pedido tucano. Outra referência em questões eleitorais, o ex-ministro Torquato Jardim, afirma que o PSDB "não apresentou nenhum fato concreto".

Noronha fez ainda outra ressalva, diferenciando o Brasil de países bolivarianos. "O que me leva a crer na falta de seriedade do pedido é se dizer que seria bom auditar por causa da rede social, onde se escreve o que se quer. O fato (que embasa o questionamento) não pode ser fofoca, rede social", disse ele. "Não somos a Venezuela, a Bolívia".

Reportagem de Cristiane Jungblut, do Globo, evidencia que a responsabilidade pelo pedido é do deputado Carlos Sampaio (PSDB-SP), mas com aval do senador Aécio Neves (PSDB-MG) (leia aqui). "Eu disse para o Aécio que tinha decidido pedir a auditoria e ele falou: “Carlão, você está na coordenação jurídica nacional, o que você achar que deve fazer, para mim tá bom”. Foi uma conversa muito rápida, de alguns segundos. Não entrei no detalhe jurídico de como isso seria feito, e ele não questionou nada", disse Sampaio ao Globo.

A decisão serviu, apenas, para arranhar a imagem do PSDB.
http://www.brasil247.com/pt/247/brasil/159087/Ap%C3%B3s-derrota-PSDB-ganha-r%C3%B3tulo-antidemocr%C3%A1tico.htm

Com queda na renda das mulheres, Brasil recua em igualdade de gêneros

Com queda na renda das mulheres, Brasil recua em igualdade de gêneros



Queda na renda das mulheres e na paridade salarial tira 9 posições do Brasil no ranking de igualdade de gênero. Já em saúde e educação, País tem nota de igualdade máxima


Cláudia Belfort

da Ponte.org

Um recuo na renda das mulheres e na paridade salarial para funções similares em relação aos homens tirou do Brasil 9 posições no ranking  mundial de igualdade de gênero, em 2014 frente a 2013. Os dados do relatório Global Gender Report, produzido anualmente pelo Fórum Econômico Mundial, colocam o Brasil no 71o. lugar entre 142 nações pesquisadas. Em 2013, o País ocupava a 62a posição, mesmo já tendo atingido o grau de igualdade absoluta nos quesitos educação e saúde. Segundo o relatório, a pontuação (numa escala onde 1 é considerado igualdade máxima) de igualdade de renda da mulher passou de 0,69 para 0,59 e a paridade entre salários caiu de 0,54 para 0.51. Responde por essa conta além da economia, a mentalidade ainda atrasada do empresariado que vê a mulher como cuidadora e procriadora.

O estudo analisa participação econômica (paridade salarial, renda e oportunidades); desempenho na educação; saúde (taxa de natalidade e expectativa de vida) e representação política, item no qual o Brasil apresenta seu pior desempenho, 0.148. Os dados são coletados de várias fontes, entre elas Unesco e Organização Mundial do Trabalho (Desigualdade_de_Genero-Fontes)

A queda na renda e na paridade salarial interrompe um crescimento contínuo no quesito economia que acontece desde 2010, mas que também não mudou muita coisa. Assim como em 2010, a renda das brasileiras ainda costuma ser metade da dos homens, bem como a distância entre salários. Analisados isoladamente, os indicadores de igualdade econômica mostram o Brasil na 81a. posição, atrás de Uruguai, Bolívia e Peru, só para citar os da América do Sul.

A ministra da Secretaria de Políticas para as Mulheres, Eleonora Menicucci, discorda do ranking e lança mão dos dados da Relação Anual de Informações Sociais – RAIS 2013. Ela argumenta que o RAIS mostra que o rendimento médio das mulheres cresceu, em 2013, 3,34%, maior até que o dos homens, 3,18%.

Mas o desempenho positivo apresentado pela ministra refere-se à comparação com 2012, período em que o relatório do Fórum Econômico Mundial também apontou melhoras na renda e na paridade salarial. O recuo revelado pelo relatório Global Gender Gap é de 2014 ante 2013.

Menicucci ponderou, em nota,  que “é necessário que a sociedade e os organismos reconheçam a discriminação presente no mundo do trabalho e que não reflete os esforços das mulheres e o avanço das políticas públicas. Discriminação que opera diuturnamente na direção de manter os ganhos das mulheres menores do que os dos homens quando na mesma função.”

Igualar as condições econômicas das mulheres é, no entanto, um desafio que nenhuma das nações pesquisadas alcançou plenamente. Embora nos países nórdicos os índices sejam melhores, onde a nota para diferença de ganhos é de cerca de 0.80, a média mundial é de 0.59, isso significa que os ganhos das mulheres representam 60% do dos homens. Os números são ainda piores no que tange à participação política, cuja nota média global de 0.214.

“A sociedade ainda entende a mulher como a principal responsável pela educação dos filhos, pelo cuidado com os idosos e com a casa, além disso a reprodução é vista como algo da vida privada, não como elemento propulsor da economia, como uma reposição de humanos que vão continuar desenvolvendo o mundo”, diz Jacira Melo, diretora Executiva do Instituto Patrícia Galvão. “A divisão sexual do trabalho na esfera privada não avançou um milímetro nas últimas três décadas”, acrescenta.

Para Jacira,   isso faz com que empregadores, na hora de contratar ou dar uma promoção a uma mulher, projetem na funcionária, especialmente nas mais jovens, a possibilidade que ela venha a se afastar para ter um filho ou de ter que trabalhar menos horas e acabem optando por um homem.

Praticamente estagnada em relação a 2013, a representação feminina no congresso brasileiro, um dos indicadores de igualdade política, teve uma leve melhora. Se em 2013, 52 do 594 parlamentares eram mulheres, para o período legislativo que se inicia em 2015, o congresso contará com 59 mulheres, cerca de uma parlamentar para cada 10 homens. Assim o Brasil saiu de um nota 0.144 para 0.148.

Já no desempenho educacional e saúde, o Brasil equipara-se a países que lideram o ranking, como Islândia, Finlândia, Noruega e Suécia. Assim como a Islândia, por exemplo, o País recebe nota 1 para educação e na saúde está até a frente com 0.98 ante 0.96. De acordo com o Fórum Econômico Global, o indicador de igualdade no Brasil teve o melhor crescimento na América Latina desde 2006, quando o relatório começou a ser feito.