segunda-feira, 22 de dezembro de 2008

A explicação marxista das crises - Ernest Mandel

Ernest Mandel, economista alemão e um dos mais importantes dirigentes trotskistas do século XX, proferiu essa fala em uma conferência no Seminário "Marxismo Crítico", celebrado em Atenas em junho de 1983 e organizado pelo círculo político e cultural PROTAGORA.

Traduzido da revista Sous le drapeau du socialisme, Paris, num 97-98, junho de 1984, editado por Coyoacan, revista marxista latino-americana, num 17-18 – México em janeiro e junho de 1985. Reeditada por Globalización, Revista de Economia, Sociedade e Cultura em julho de 2003 como uma contribuição às discussões sobre a atual crise mundial. Tradução para o Português de Carlos Bittencourt a partir do texto em espanhol retirado do site www.ernestmandel.org. Leia na integra no sitio www.enlace.org

Do blog Desacato...

“Nossa Informação Alternativa é Pouco Eficaz”
Afirma Igancio Ramonet. Por Rosangela Bion. Brasil

Ignacio Ramonet, diretor-presidente Le Monde diplomatique, dispensou o tradutor e, em espanhol, fez uma crítica pesada à qualidade da informação que circula na Internet. Durante o 14º Curso Anual do Núcleo Piratininga de Comunicação, realizado no Rio de Janeiro entre 19 e 22 de novembro, Ramonet declarou que é cada vez mais difícil informar-se, pois a abundância de informação é a repetição da mesma informação. “Há tanta informação que as pessoas não conseguem ver o que é importante, o que falta”. Contrariando outros palestrantes que o sucederam no evento, na mesa que tratou da “comunicação do Império e a resistência dos movimentos sociais”, o sociólogo e jornalista afirmou que “temos uma nova forma de censura, acontecendo mesmo nos países ditos democráticos: a maioria não acredita que a informação circula de forma democrática. Há uma desconfiança generalizada, uma sensação de que a verdade está sendo ocultada.” Por isso, Ramonet vê espaço para a circulação da informação alternativa, complementar, pois há pouca informação sobre os processos de informação, as lutas dos trabalhadores e os movimentos sociais e, quando ela existe, sai deformada.

Mas, todo esse potencial de liberdade e democratização da informação, na prática, não acontece, na opinião de Ignacio Ramonet. “A Internet é consumida através da busca realizada, principalmente no Google, e as quatro opções iniciais são sítios de meios dominantes. Nossa informação alternativa tem uma pequena audiência, é pouco eficaz”. Ele afirmou que é fácil produzir uma publicação, mas a informação não será lida. “Cada um de nós pode ter um blog que, em geral, não terá grande difusão; é o grande mito contemporâneo: somos todos jornalistas.” Sítios alternativos não têm condições financeiras de realizar os investimentos necessários para realizar as atualizações constantes que a Internet exige, declarou o diretor do Le Monde diplomatique.

Para Ramonet, a invenção da Internet, em 1989, equivaleu a revolução realizada em 1440 por Gutenberg. A Internet reuniu três sistemas de signos: o som, a imagem e a palavra, declarou o palestrante. “Essa concentração refletiu-se também nas empresas de comunicação que fundiram-se, tornando-se ainda mais poderosas e controladoras, fazendo crescer o perigo da manipulação da informação pela mídia.” Ramonet, que também é colaborador do jornal espanhol El País, explicou que a informação já caminhou à velocidade de uma diligência puxada à cavalos, hoje, o tempo entre o acontecimento e a divulgação de um fato é quase zero. “O jornalista virou um comentarista, como qualquer outra pessoa, pois todos vêem a imagem na mesma hora, só que a imagem engana”.

Com o conhecimento de alguém que é consultor da Telesur, rede de televisão pan-latino-americana, criada na Venezuela para se contrapor à hegemonia das grandes redes privadas de TV, Ramonet afirmou que nunca os meios de comunicação de massa tiveram tanto poder na América Latina. Para ele, os meios de comunicação substituíram a oposição e tornaram-se o primeiro poder a atacar os governos que estão fazendo a transformação no continente latino americano. “Em todos os locais do mundo são canceladas licenças de TV, sem gerar tanto debate quanto o provocado pelo cancelamento da RCTV, realizado por Hugo Chaves.” Apesar de tudo, Ramonet acredita que vivemos um momento excepcional na América Latina. “Evo e Hugo não estariam no poder há 15 anos atrás, eles teriam sido assassinados.” Ramonet também defendeu a luta por um setor público de informação, totalmente desatrelado dos governos.

Ramonet avaliou que a atual crise internacional marca o fim do neoliberalismo e terá enormes conseqüências sociais em 2009. “Em outubro de 2008 entramos em outro mundo. 25 bilhões de dólares evaporaram e isso vai engessar o Estado.” O palestrante afirmou que haverá muito desemprego no setor industrial, que na Espanha já existem 200 mil desempregados. “Será um terremoto social nos Estados Unidos.”

Para finalizar o jornalista falou rapidamente sobre o fenômeno dos periódicos gratuitos na França, que fazem a qualidade da informação despencar. O mesmo acontece com os salários dos jornalistas, pois é preciso gastar pouco para produzir informação. Ramonet declarou que os jornais não vendem mais informação, eles vendem os seus leitores para os anunciantes.

Depois de Cuba e Venezuela, Bolívia é o 3° país da América Latina livre de analfabetismo


Com três anos de formidável mobilização social, somada à vontade política de um indígena que queria ser presidente para alfabetizar a Bolívia e à solidariedade dos governos e povos de Cuba e Venezuela, se logrou a proeza: neste sábado, 20 de dezembro, o segundo país mais pobre da América depois do Haiti foi declarado área livre de analfabetismo. A Bolívia converteu-se, assim, no terceiro país que conseguiu vencer o analfabetismo na América Latina, depois de Cuba, em 1961, e da Venezuela, com apoio cubano, em 2005. Os números: 819.417 pessoas alfabetizadas em um universo de 824.101 analfabetos detectados (99,5%); 28.424 pontos de alfabetização criados nos nove departamentos da Bolívia; 130 assessores cubanos e 47 venezuelanos que capacitaram 46.457 facilitadores e 4.810 supervisores bolivianos na aplicação do método audiovisual cubano “Yo sí puedo”.

E algo mais: aqui o analfabetismo tinha “cara de mulher”, dado que mais de 85% dos alfabetizados eram do gênero feminino, explicou ao jornal La Jornada o embaixador cubano na Bolívia, Rafael Dausá. As mulheres também eram a maioria de um grupo ruidoso que, às sete da manhã de um domingo, na comunidade de Quila Quila, departamento de Chuquisaca, compareceu para sua aula de alfabetização no local instalado junto ao museu paleontológico construído pelos membros da comunidade para albergar os restos de animais pré-históricos encontrados no lugar. Ali, dona Juana, de uns 70 anos, segurava seu lápis com o punho cerrado enquanto murmurava angustiada “não vou conseguir”. Ao final da primeira meia hora em frente ao televisor olhando o “Yo sí puedo” com a ajuda de um facilitador, ela sorria enquanto se esforçava para desenhar sua primeira linha de redondos “os”.

Um painel solar dava energia à televisão e ao aparelho de vídeo-cassete utilizado para dar as aulas nessa comunidade. Cuba doou para o Programa Nacional de Alfabetização da Bolívia (PNA) 30 mil televisores e uma igual quantidade de aparelhos de vídeo, 1,2 milhão de cartilhas, os correspondentes jogos das 17 fitas do método audiovisual e os manuais para os facilitadores. Cubanos e venezuelanos doaram também 8.350 painéis solares para outras comunidades carentes de energia elétrica na intrincada geografia boliviana, salpicada de povos marginalizados. O embaixador Rafael Dausá nunca falou de dinheiro. Quem deu as cifras foi o ministro de Educação boliviano, Rafael Aguilar, que informou que o PNA teve um custo de 260 milhões de bolivianos, ou seja, um valor equivalente a cerca de 36,7 milhões de dólares.

As informações são do jornal La Jornada