terça-feira, 29 de novembro de 2011

Prefeitura de Fortaleza realizará conferência sobre Gramsci

Prefeitura de Fortaleza realizará conferência sobre Gramsci


No dia 2 de dezembro, a Prefeitura de Fortaleza promoverá uma conferência em homenagem aos 120 anos de nascimento de Antonio Gramsci, no Auditório da Faculdade de Direito da Universidade Federal do Ceará. O evento será transmitido ao vivo pelo site da prefeitura, a partir das 19h, e faz parte do Projeto “Tópicos Utópicos”, que está na sua 6a edição.

O convidado para esta conferência é o filósofo marxista e professor de teoria política da UFRJ, Carlos Nelson Coutinho. Com o tema "Do Cárcere ao século XXI: 120 anos de Gramsci", Coutinho, que é o tradutor de uma das edições brasileiras dos “Cadernos do Cárcere”, irá debater a atualidade do pensamento de Gramsci, abordando temas como: hegemonia, consciência de classe, o estado e a sociedade civil.

Durante o evento acontecerá ainda o lançamento do livro “De Rousseau a Gramsci”, de autoria do professor Coutinho.  
Tópico Utópicos
O projeto tem como objetivo a realização de ciclos de conferência com a participação de intelectuais, brasileiros e estrangeiros, que são referência no pensamento crítico contemporâneo. Ele é realizado através da parceria entre a Comissão de Participação Popular da Prefeitura de Fortaleza, a Secretaria de Cultura (Secultfor), a Universidade Federal do Ceará (UFC), a Editora Boitempo e a Escola Nacional Florestan Fernandes.

Entre os convidados das edições anteriores estão nomes de peso como o sociólogo e cientista político Emir Sader, o filósofo Domenico Losurdo, o sociólogo Michael Löwy e o historiador britânico paquistanês Tariq Ali.
Serviço
Conferencista:
Carlos Nelson Coutinho
Data: 02 de dezembro de 2011
Hora: 19 horas
Local: Auditório da Faculdade de Direito da UFC (Rua Meton de Alencar, s/n, Centro)
Transmissão ao vivo pelo site: www.fortaleza.ce.gov.br
Informações: 3452-2110


O agrobanditismo: a hora de a onça beber água


A morte do cacique guarani, Nísio Gomes, me fez lembrar a do líder sindical, Wilson Pinheiro, presidente do Sindicato dos Trabalhadores Rurais de Brasiléia (AC). Ambas executadas pelo agrobanditismo, que agora atua com milícia armada paramilitar


José Ribamar Bessa Freire*,
do blog Taqui pra Ti


Dois crimes cometidos por pistoleiros – um há mais de trinta anos, no Acre, fronteira com a Bolívia, o outro, na semana passada, em Mato Grosso do Sul, fronteira com o Paraguai – têm em comum o fato de ambos estarem relacionados à luta pela terra e despertarem em nós uma insaciável sede de justiça, confundida, às vezes, com desejo de vingança. De qualquer forma, não podemos calar diante da morte de dois homens bons.
Um deles é o cacique guarani, Nísio Gomes, assassinado recentemente por pistoleiros que invadiram o acampamento indígena na terra Guaiviry (MS). O outro, Wilson Pinheiro, o Wilsão, alvejado com três tiros nas costas, em 1980, no momento em que assistia o noticiário da TV, na sede do Sindicato dos Trabalhadores Rurais de Brasiléia (AC), do qual era presidente. A morte do cacique me fez lembrar a do líder sindical, ambas executadas pelo agrobanditismo, que agora atua com milícia armada paramilitar.
É que o sentimento de impotência é similar nos dois casos. Suas mortes nos deixam uivando por justiça e aumentam ainda mais nossa descrença em relação ao Poder Judiciário, de cuja vontade e capacidade sinceramente desconfiamos. A omissão da investigação policial e dos tribunais funciona como um incentivo para se fazer justiça com as próprias mãos, o que não é uma forma correta de aplicar a lei. No caso do Wilsão, se buscou estratégias alternativas de mobilização popular, mas deu no que deu.

A água da onça

Ninguém me contou, eu vi e ouvi. Fui a Brasiléia (AC), dia 27 de julho de 1980, para o comício de protesto contra o assassinato do Wilsão. Subi no caminhão que servia de palanque, onde estava sua camisa ensangüentada. Era de noite. O silêncio se fez tão eloqüente que se podia ouvir o barulho dos insetos batendo na única lâmpada colocada em frente à sede do sindicato – uma modesta casa de madeira. Discursos inflamados, escutados atentamente por mais de 4 mil pessoas durante quase cinco horas, desfilavam um rosário de denúncias de mortes, de ameaças e de tentativas de assassinatos.
O diretor do Sindicato de Brasiléia, o “Paulista”, estipulou um prazo de dois dias para a polícia prender o criminoso: “Nós não queremos fazer justiça com as próprias mãos, mas se as autoridades não encontrarem os criminosos, vamos ser obrigados a agir”.  Foi nesse contexto que Lula, então presidente do PT, fechou o evento. Era quase meia-noite. Entre outras coisas, ele afirmou:  - Chegou a hora de a onça beber água.
 Um grupo de trinta trabalhadores rurais saiu direto do comício para armar uma emboscada, onde foi morto o capataz da fazenda Nova Promissão, Nilo Sérgio de Oliveira, autor do assassinato de Wilson. A onça bebeu água. Lula e Jacó Bittar foram enquadrados na Lei de Segurança Nacional, acusados de incitação ao crime. Responderam a processo na Justiça Militar.  
E no caso do cacique guarani, como é que a onça vai beber água? Os alunos indígenas dos cursos de História e Ciências Sociais da UEMS, moradores da aldeia Amambaí, respondem indiretamente a pergunta, numa carta sobre o acontecimento escrita por sugestão de sua professora, a antropóloga Aline Crespe.
A carta relata que mais de 40 pistoleiros invadiram o acampamento indígena. Deram o primeiro tiro na garganta do cacique, seu corpo começou a tremer. Atiraram depois no peito e na perna. O neto pequeno viu o avô no chão e correu para abraçá-lo. Um pistoleiro começou a bater com uma arma no rosto de Nísio e, no final, chutaram seu corpo para ver se ele estava morto e ainda deram mais um tiro. Ergueram o corpo e jogaram na caçamba da caminhonete, seqüestrando o cadáver.
A brutalidade da execução e a conduta com o corpo são a assinatura do agrobanditismo ‘político’ que marca as disputas de terra. Diz a carta:“Nós estamos aqui reunidos para pedir união e justiça neste momento. Afinal, o que é o índio para a sociedade brasileira? E onde estão nossos direitos, os direitos humanos, a própria Constituição? E nós estamos aí sujeitos a essa violência. Os índios vivem com medo, medo de morrer. Mas isso não aquieta a luta pela demarcação das terras indígenas. Porque Ñandejara está do lado do bom e com certeza quem faz a justiça final é ele. Se a justiça da terra não funcionar a justiça de Deus vai funcionar”.

O que é notícia

/Chamados de “teólogos da floresta” pela antropóloga Helene Clastres, os guarani clamam pela justiça terrena, e confiam na justiça divina. A onça deles é Ñandejara - Nosso Senhor. De qualquer forma, eles estão exigindo que as instituições funcionem e que a justiça seja feita. A nossa capacidade de indignação deve ser canalizada para apoiar o clamor dos índios.
Um manifesto pedindo a punição dos assassinos de Nisio circulou nessa sexta-feira no Museu do Indio, durante o lançamento do livro Povos Indígenas no Brasil 2006-2010 produzido pelo Instituto Sociambiental (ISA). O livro será lançado em Manaus na próxima quarta-feira, dia 30.
No livro, com quase 800 páginas, vem o resumo de 810 matérias extraídas de 175 fontes no período de 2006 a 2010, entre os quais jornais de circulação nacional e jornais locais de quase todos os estados brasileiros. Traz fotos, iconografias, mapas, documentos, depoimentos, 166 artigos assinados por especialistas, enfim, um painel panorâmico do que aconteceu com os diferentes povos indígenas nesses últimos cinco anos, no campo da luta pela terra, educação, saúde, línguas, cultura.   
É interessante observar que grande parte das notícias publicadas pelos jornais sobre o tema é o resultado de um movimento feito pelos índios em direção à mídia. São poucas as matérias pautadas pelos próprios jornais, por iniciativa das empresas de comunicação, em que seus repórteres são enviados às aldeias indígenas em busca de informação.
Nos manuais que circulavam nos cursos de jornalismo era comum se definir notícia por aquilo que um fato tinha de inusitado, de inesperado. “Se um cachorro morde um homem, isso não é notícia, notícia é quando um homem morde um cachorro”, era assim que nos ensinavam os velhos manuais.
Seguindo esse modelo, o assassinato de um índio não é notícia, afinal desde 1500 se vem matando índios nesse país. Só em 2010 ocorreram 60 assassinatos de índios, 34 dos quais em Mato Grosso do Sul. Mas isso não é notícia. Notícia seria se os pistoleiros fizessem com o filho de um desembargador ou de um rico empresário aquilo que fizeram com o cacique guarani. Notícia, pelo seu ineditismo, seria se os assassinos dos indios fossem julgados e punidos. Notícia, só quando a onça bebe água.

Nona greve de professores madrilenhos contra cortes na educação

  
Imagen activaMadri, 29 nov (Prensa Latina) Os professores madrilenhos iniciaram hoje sua nona greve em dois meses contra cortes na educação decretados pela presidenta regional, Esperança Aguirre, do direitista Partido Popular (PP).

  Ao protesto pela defesa do ensino público estão convocados os docentes dos colégios de instrução primária e secundária, segundo os sindicatos do setor.

Trata-se da nona jornada de greve desde o início do ano letivo, no último 20 de setembro, e da terceira medida de força no que vai deste mês, depois do encerramento de atividades protagonizado pelos professores nos dias 3 e 17 de novembro.

O principal alvo da paralisação de atividades é a prefeita da Comunidade de Madri, que decretou um corte de 80 milhões de euros no ensino público e foi acusada de beneficiar a educação privada.

Aguirre quer que os professores deem 20 horas letivas ao invés das 18 estabelecidas, o que provocará, denunciam os sindicatos, a perda de três mil empregos, a eliminação de aulas de apoio ou de algumas matérias e cursos diante da falta de professores.

No início de setembro as associações sindicais anunciaram um calendário de mobilizações contra o corte orçamental na educação aplicada pelas administrações de várias comunidades autônomas da Espanha, em sua maioria governadas pelo PP.

De acordo com os professores, os cortes chegam aos dois bilhões de euros e deixarão sem emprego cerca de 15 mil professores interinos, além de repercutir negativamente na qualidade de ensino.

Sob a pressão para reduzir custos, está sendo ordenado aos pedagogos que passem mais horas nas classes, o que significa que milhares de professores de apoio serão despedidos, sustentam as centrais operárias.

A crise econômica não pode ser usada para transferirem recursos do Estado para a iniciativa privada, advertiram em um manifesto os sindicatos e associações de pais convocantes de uma multitudinária manifestação realizada nesta capital no dia 22 de outubro passado.

Exigiram que se retire de imediato a penalização à educação pública e, em lugar de decapitar programas e reduzir planilhas, se busquem fórmulas para aumentar o investimento e cortem as enormes despesas suntuários das administrações.

O desemprego desta terça-feira conta com o respaldo dos cinco sindicatos mais representativos do ensino público e é o primeiro depois das eleições gerais do 20 de novembro último, nas quais ganhou o PP.