A noite e a madrugada da Greve Geral desta
quarta-feira indicam uma adesão significativa dos trabalhadores ao
protesto contra a austeridade e o orçamento do assalto fiscal.
Transportes, hospitais e comunicações com adesões a rondar os 100 por
cento.
Foto de Miguel A. Lopes/LUSA.
Distrito de Lisboa
Segundo a União de Sindicatos de Lisboa, registam-se elevadas
adesões nos Hospitais e Centros de Saúde, nos Serviços Municipalizados
da recolha do lixo e limpeza urbana; nos transportes ferroviários,
fluviais e Metropolitano; nos correios e telecomunicações; nos sectores
industriais (Portugal Ibéria, Europack; Cobert Telhas, Centralcer,
Tudor, Valorsul, Acral, TAP (manutenção), BA-Vidro, Saint Gobain
Sekurit, etc.).
Alguns números:
100% de adesão no turno da manhã da recolha de lixo em Loures; 100%
de adesão na recolha de resíduos sólidos na Câmara Municipal da Amadora;
recolha de resíduos sólidos em Sintra com 100% de adesão; 100% de
adesão no serviço especial de limpeza da CM Lisboa; 90% de adesão na
recolha de resíduos sólidos em Vila Franca de Xira.
90% dos enfermeiros da Maternidade Alfredo da Costa fizeram greve;
100% dos enfermeiros do Hospital da Estefânia aderiram à greve; apenas
serviços mínimos no Instituto de Medicina Legal; 100% de adesão no
pessoal auxiliar e administrativo do Hospital dos Capuchos; 90% de
adesão no INEM; 100% na urgência pediátrica do Hospital Amadora Sintra.
100% de adesão na Acral; 97% na Tudor Exide; 71% no primeiro turno
da BA-Vidro; 93% de adesão na Centralce; 91% na Saint-Gobain Sekurit
Portugal.
O metropolitano de lisboa está encerrado; a adesão à Greve Geral nos
portos de Lisboa é de 100%; os pilotos da barra fizeram greve e o VTS
(controle da navegação no rio Tejo), em Algés e Paço D’Arcos não está a
funcionar.
Saúde
Os primeiros dados confirmados indicam uma adesão à greve geral
superior a 90% no turno da noite nos hospitais de Lamego, Covilhã e
Litoral Alentejano, IPO do Porto e São José, em Lisboa, disse à Lusa
fonte da CGTP.
O dirigente da CGTP José Augusto Oliveira indicou que "a maternidade
Magalhães Coutinho e o hospital D. Estefânia em Lisboa registaram uma
adesão de 100%, funcionando apenas os serviços mínimos".
José Augusto Oliveira sublinhou também a paralisação registada no
Instituto de Medicina Legal. "Pela primeira vez, parou de uma forma
generalizada", disse.
Transportes e comunicações
Nestas primeiras horas da Greve Geral regista-se uma grande adesão
dos trabalhadores a esta forma de luta que está a provocar a paralisação
total do Metropolitano de Lisboa, dos STCP no Porto, da circulação
ferroviária da CP em todo o País, da circulação fluvial em Lisboa e
Setúbal, da circulação ferroviária da CP-Carga, que acabou por suprimir
também os dois comboios denominados como mínimos, dos portos e controlo
da navegação marítima. Regista-se, igualmente, o encerramento da maioria
dos estabelecimentos da REFER e os que funcionam, apenas estão a
assegurar os serviços denominados como mínimos.
Os centros operacionais de correios também estão paralisados,
registando-se uma adesão superior a 85% em Lisboa, Coimbra e Porto. Em
Lisboa, o piquete desta noite contou coma participação de mais de uma
centena de pessoas, entre trabalhadores e populares.
A greve de hoje “é a que regista uma maior adesão quer no setor privado quer no setor público”
Os primeiros dados da greve geral nos transportes apontam para uma
forte adesão quer no setor público quer no privado, adiantou esta manhã à
Lusa fonte da Federação dos Sindicatos de Transportes e Comunicações.
“Tendo como referência as últimas três greves podemos dizer que a de
hoje é a que regista uma maior adesão quer no setor privado quer no
setor público, com alguns transportes a registarem 100%, como o
Metropolitano [de Lisboa] e uma paralisação quase total na CP e nos
transportes rodoviário e fluvial”, disse à Lusa José Manuel Oliveira, da
FECTRANS.
“Posso dizer também que o transporte fluvial está reduzido aos
serviços mínimos quer no rio Tejo quer no Sado, a CP nem sequer está a
conseguir fazer aquilo que são os serviços mínimos. Temos os Transportes
Sul do Tejo (TST) com 90% de adesão e a Sociedade de Transportes
Coletivos do Porto (STCP) com 100%”, disse.
De acordo com José Manuel Oliveira, a Rodoviária de Entre Douro e
Minho, em Braga está a trabalhar com serviços mínimos, a rodoviária da
Beira litoral, em Coimbra com 95% e os transportes urbanos de Coimbra
com 90%.
“A Carris em Santo Amaro está com 70% de adesão e na Pontinha,
apesar da intervenção da polícia que carregou sobre o piquete de greve,
só tinham às 07:00 saído 20 autocarros”, contou.
No que diz respeito aos portos e controlo de navegação marítima e
dos centros operacionais de correios, a FECTRANS refere que está a ser
registada uma adesão superior a 85% em Lisboa, Coimbra e Porto.
A FECTRANS registou também vários tumultos envolvendo as forças de
segurança e piquetes de greve na estação rodoviária da Pontinha e da
Musgueira, nas instalações da Vimeca/Lisboa transportes e na estação
ferroviária da Pampilhosa, Mealhada, “impedindo que se exercesse o
direito previsto na lei”. Um dos elementos do piquete que foi agredido
pela GNR na Pampilhosa teve de receber tratamento hospitalar.
Serviços municipalizados de cinco autarquias parados
Os serviços municipalizados de cinco autarquias do país estão
parados devido à greve geral, que começou às 00:00 desta quarta-feira,
registando-se uma adesão de cem por cento dos seus trabalhadores,
indicou a CGTP, que convocou a paralisação.
Os serviços municipalizados de Almada, Loulé, Palmela, Évora e
Seixal estão parados, indicou aos jornalistas o secretário-geral da
CGTP, Arménio Carlos, que falava aos jornalistas junto ao piquete de
greve do Metropolitano de Lisboa, onde se concentraram algumas dezenas
de trabalhadores.
Madeira
A empresa Aeroportos e Navegação Aérea da Madeira (ANAM) estima em
1.600 o número de passageiros afetados pela greve geral desta
quarta-feira, que já determinou o cancelamento de 18 voos com origem e
destino na Região.
A adesão de trabalhadores de limpeza urbana e recolha de lixo da
Câmara Municipal do Funchal atinge os 100 e os 60% respetivamente,
segundo dados do Sindicato dos Trabalhadores da Administração Local
(STAL) relativos aos turnos iniciados dia 13, às 20 e às 21 horas.
Governo está “nervoso” com esta greve geral
O secretário-geral da CGTP, Arménio Carlos, acusou esta manhã o
Governo de estar nervoso por causa da greve geral e de querer intimidar
os trabalhadores de empresas de transportes com polícia de choque para
os forçar a quebrar a sua adesão à greve.
"Não é pela intimidação e repressão que vão por em causa o direito à
greve e reafirmamos que os trabalhadores não deixarão de dar a resposta
devida a esta provação do Governo, de quem está numa situação de
desespero e que procura pela via da força impor a sua posição", afirmou.
Arménio Carlos fez, no entanto, um "balanço extremamente positivo"
da greve geral iniciada às 00:00 de hoje, afirmando estarem a ser
registadas adesões entre os 80% e os 100%.
O secretário-geral da CGTP referiu adesões muito significativas no
setor da saúde, nomeadamente nos hospitais, um pouco por todo o país.
Segundo o dirigente da central sindical, a estação da CP do Poceirão, em
Palmela, está encerrada. Em várias empresas de Leiria do setor químico e
metalúrgico, a adesão foi superior a 70 por cento.
A greve geral de hoje, de 24 horas, foi convocada pela CGTP em
protesto contra o agravamento das políticas de austeridade e em defesa
de políticas alternativas que favoreçam o crescimento económico. O
protesto conta ainda com a adesão de 28 sindicatos independentes, bem
como com a participação de cerca de 30 sindicatos da UGT, embora esta
estrutura se tenha demarcado da paralisação.
A Confederação Europeia de Sindicatos convocou uma Jornada de Luta
Europeia para esta quarta-feira, num protesto contra as medidas de
austeridade em 20 países da Europa, com greves gerais também noutros
países europeus, como Espanha, Itália, Bélgica e Grécia.