E
o consumidor vai ao supermercado, enche o carrinho, fica na fila do
caixa; monta seu kit de móveis, instala seu decodificador de TV, ativa
sua conexão de internet; procura a referência da conexão da torneira do
banheiro, aprende a usar programas de computador, lê manuais...
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por Laurent Cordonnier no LE MONDE - BRASIL |
Folga não é necessariamente descanso. Já sabemos que, quando o
trabalhador – e a trabalhadora, em especial – não está “no trabalho”,
ele continua a labutar, porque o tempo gasto em tarefas domésticas
ultrapassa o usado no trabalho remunerado.1 Mas prestamos
menos atenção ao fato de que ele consome e, como consumidor, muitas
vezes trabalha de graça para as empresas ou governos... para terminar,
justamente, o trabalho. Ele lê revistas de consumidores, faz pesquisas
na internet, organiza seus projetos, reserva suas passagens de trem; vai
ao supermercado, enche o carrinho, fica na fila do caixa; monta seu kit
de móveis, instala seu decodificador de TV, ativa sua conexão de
internet; procura a referência da conexão da torneira do banheiro,
aprende a usar programas de computador, lê manuais... e volta alguns
dias depois ao serviço de suporte de vendas, quando não ao balcão de
reclamações.
Se o consumidor trabalha, pode-se dizer que ele faz isso porque quer.
Participar da produção de bens de consumo seria uma forma agradável de
fazer horas extras, que não são pagas diretamente, mas na verdade
economizam o salário (permitindo comprar mercadorias mais baratas que
estão inacabadas). Para quem é corajoso e aprecia o “faça você mesmo”,
essa oferta de trabalho voluntário tem também a vantagem de não estar
exposta ao risco de desemprego. É um daqueles casos excepcionais, como o
de Robinson Crusoé em sua ilha, em que basta querer trabalhar para
encontrar um emprego. Alguns até defendem que esse trabalho benévolo é o
grau de autonomia que nos é oferecido, a oportunidade de não sermos
consumidores passivos. A figura do trabalhador manual hábil, do amador
entusiasta, da pessoa competente em consertar coisas, do “Consumidor
Atuante”, está sempre pronta para aparecer em cena.
O consumidor-trabalhador achará, no entanto, difícil admitir – porque
seu trabalho é também o de “positivar” esses momentos –, mas esse grau
de autonomia não é, realmente, opção sua. Tal como seu vizinho, ele leva
seus sapatos ao sapateiro, remove sua bandeja de fast-food,
preenche páginas de informações pessoais no momento da compra on-line,
passa as manhãs de sábado nas lojas tentando encontrar um armário de
rodinhas que não é mais fabricado... Mesmo que ele venha a desfrutar a
“liberdade” – uma ideia que alguém colocou em sua cabeça – de reservar
sua passagem de trem pela internet, de pijama, sentado confortavelmente
em sua cama, para sua viagem de negócios do dia seguinte, ele sabe,
talvez lá no fundo, que não está usando seu tempo livre para ir pescar. O
trabalhador ainda ousará, às vezes, admitir que não tem muita escolha,
as filas são longas nas bilheteiras da estação... Pois é desenvolvendo
todo tipo de alternativa desagradável para o consumidor que, este,
finalmente, achará mais conveniente fazer o serviço ele mesmo. O manejo
cuidadosamente calculado das filas nos correios, na Previdência Social,
no supermercado é certamente uma das artes consumadas da gestão
neoliberal, que consiste em transformar o comportamento de repúdio do
consumidor em uma marcha heroica para a liberdade de escolha.
Tornando-se um trabalhador, o consumidor descobre a produtividade. Que
vergonha se ele não tiver a destreza suficiente para parecer um ás do
caixa rápido. Ele vai sentir na nuca a respiração silenciosa e irritada
dos clientes na fila. O imperativo da produtividade o persegue até
quando sai de férias, quando ouve, encantado, as instruções da
recepcionista da companhia aérea para sua autorreserva que irá,
eventualmente, eliminar o próprio trabalho dela. Aos poucos, porém, ele
recebe algumas pequenas recompensas que lhe trarão a alegria de enfim
ter alcançado a conformidade: os caixas rápidos não lhe metem mais medo;
ele pilota com virtuosismo os terminais automáticos da empresa
ferroviária; sabe finalmente atualizar a licença de seu antivírus. O
consumidor certamente ganha competência. Mas, para fazer disso algo
totalmente positivo, seria necessário esconder o fato de que esse tipo
de qualificação – inegavelmente importante, pois sua ausência poderia
torná-lo inviável, social e economicamente – é apenas uma chave que abre
e fecha todas as portas de uma prisão... sem nunca se ver a luz do dia.
Em última análise, de que se ocupa o consumidor – como é que ele se
torna cada vez mais um trabalhador? Ele está ocupado esvaziando com uma
pequena colher o oceano de destroços de uma sociedade que teremos de
chamar um dia de “sociedade da pane”. Tudo o que funciona, tudo o que
pode ser feito sem muita dificuldade, tudo o que é regular (normal,
rotineiro, repetitivo), tudo o que “vai bem”, que “flui”, em suma, tudo o
que é suscetível de sucesso fácil tem sido confiado a autômatos
(tecnológicos ou de procedimento). Mas em um mundo em que o registro da
ação humana foi reduzido, de forma mortal, pelas operações técnicas,
confiar a melhor parte (as ações que produzem) às máquinas é morrer
antes do tempo.
A sociedade de serviços não tem se tornado o recipiente, muitas vezes lucrativo,2
sempre bastante mórbido, dessa economia de pane? Uma economia que faz
que as oportunidades de encontro, intercâmbio e troca de palavras se
realizem em torno do fracasso: nos balcões de serviço ao consumidor, no
guichê de reclamações, no pronto-socorrodo hospital, na delegacia, ou
seja, onde quer que se forneçam as soluções para colocar de volta nos
trilhos de um protocolo automatizado uma situação que foge das normas,
um caso difícil, um mal-entendido, aquilo que escapou por um momento. Os
funcionários que trabalharam durante todo o fim de semana encontram na
segunda-feira, no emprego, os náufragos do protocolo: aqueles para quem o
tratamento de antibióticos não funcionou (os pacientes curados
raramente retornam para cumprimentar o médico), os que perderam sua
correspondência, o viajante que teve sua bagagem extraviada no
aeroporto, os analfabetos que “não compreenderam direito” os termos do
contrato de empréstimo ao consumidor, um inquilino que não paga o
aluguel há três meses...
Marcadas com o selo do fracasso, do fiasco, da má sorte, as
oportunidades que nos são dadas para “restaurar algo de humano em tudo
isso” se transformam em amargura, desconfiança, queixas e protestos
vazios. Sentimo-nos então quase apaziguados quando todas essas
respostas, como a descarga de agressividade que acabamos de lançar no
sistema de telemarketing de nosso provedor de internet, são capturadas
de forma higiênica e retificadas por uma salva de boas maneiras
formulada também automaticamente: “Obrigado por sua confiança, Sr.
Robinson; a empresa Quesabeoquefaz lhe deseja uma boa noite!”.
A ambição de automatizar os excessos do sistema pode ser nosso novo
Eldorado. Começamos a sonhar, imperceptivelmente, com coisas que
poderiam funcionar “realmente bem”. De repente passamos a sentir a
satisfação narcisista de nos reconhecer nesse universo de causalidades
implacáveis, dissimulando cada vez menos nosso entusiasmo tecno-cool.
Como dizia André Gorz, “a mente, que se torna capaz de funcionar como
uma máquina, se reconhece na máquina capaz de funcionar como ela – sem
perceber que na verdade a máquina não funciona como o espírito, mas
apenas como o espírito que aprendeu a funcionar como uma máquina.”3
Laurent Cordonnier é economista e mestre de conferências da Universidade Lille-I. Autor de Pas de pitié pour les gueux (Nenhuma piedade para os miseráveis), Paris, Raisons d'Agir, 2000 e de L’Economie des Toambapiks, Raisons d’Agir, Paris, 2010.
Ilustração: André Dahmer *Laurent Cordonnier, economista, é autor de A economia dos Toambapiks: uma fábula que não tem nada de ficção, Raisons d’agir, Paris, 2010.
1 Estimada entre um quarto e três quartos do Produto Interno Bruto, a
autoprodução dos serviços domésticos não se reflete na contabilidade
nacional, em parte porque são as mulheres que a realizam.
2 Ver Tahar ben Jelloun, “34 centavos de euro por minuto”, Le Monde, 10-11 de outubro de 2010.
3 André Gorz, Metamorfoses do trabalho: Busca de sentido, Galilée, Paris, 1988. |
Um blog de informações culturais, políticas e sociais, fazendo o contra ponto à mídia de esgoto.
sexta-feira, 1 de julho de 2011
Consumidor trabalhador
O governo Tarso e algumas gotas de governo Olívio
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Marco Aurélio Weissheimer |
Alguns leitores fizeram
referência ao governo Olívio Dutra no contexto do debate sobre o Plano
de Sustentabilidade Financeira apresentado pelo governo Tarso Genro à
Assembleia Legislativa. Estaria faltando, segundo eles, algumas “gotas
de governo Olívio” ao atual governo. A referência é interessante e
oportuna, pois permite lembrar alguns episódios, no início do governo
Olívio que, de certo modo, se repetem agora.
Em maio de 1999, o CPERS realizou uma acalorada assembleia geral no Ginásio Tesourinha. O governo Olívio contava, então, com cinco meses de vida e foi alvo de pesadas críticas, entre outras coisas, por não dar o aumento pretendido pelos professores e por não suspender o pagamento da dívida à União. Argumentava-se que se o governo suspendesse o pagamento da dívida poderia dar um aumento de 99,9% para os professores (não lembro bem se era exatamente esse o valor, mas a ideia era essa). Ali se configurou um bloco partidário dentro do PT que faria oposição “interna” ao longo de todo o governo. O grupo ligado à então deputada estadual Luciana Genro era um dos principais protagonistas desse movimento que contou com o apoio direto ou indireto (pelo silêncio) de outras importantes correntes petistas, formando uma indigesta mistura de esquerdismo e oportunismo.
Na assembleia em questão, chegou-se a apresentar uma proposta para o lançamento de uma campanha de outdoors apresentando os nomes e as fotos de Olívio Dutra, Miguel Rossetto (vice-governador) e Flávio Koutzii (chefe da Casa Civil) como “traidores”. A proposta, apoiada por boa parte da mesa, acabou sendo rejeitada pela maioria da assembleia.
A lembrança é oportuna, uma vez que, nos últimos dias, ouviram-se gritos semelhantes em função principalmente da proposta de Reforma da Previdência, apresentada pelo governo Tarso. O mesmo ocorreu, aliás, no início do primeiro governo Lula, também com a Reforma da Previdência. Acusações enfáticas de “traição” cruzaram os ares com muita rapidez. Nesta terça-feira, foi a vez de Raul Pont receber essa acusação de servidores que estavam nas galerias da Assembleia.
Hoje, ironicamente, alguns petistas e não petistas críticos do governo Tarso lembram com saudade do governo Olívio, sem lembrar, porém, que, naquele período, as acusações de “traição” também foram esgrimidas nos primeiros meses de governo. Algumas das vozes que denunciaram a “traição” naquele maio de 1999 saíram do PT, outras seguem no partido e ocupam hoje cargos de governo. Muitas dessas vozes iradas e enfáticas modulam o seu volume de acordo com as circunstâncias.
O tema do financiamento da Previdência Pública e do Estado é extremamente polêmico e costuma ser causa desse tipo de acusação. O governo Tarso está jogando uma cartada audaciosa, contando com a maioria política que construiu na Assembleia Legislativa, o que se tratando da história do PT no Rio Grande do Sul, é uma novidade importante. A aprovação do projeto terá um custo político sem dúvida, cuja dimensão, porém, dependerá do desempenho geral do governo em seus quatro anos. Se Tarso mantiver a Previdência Pública, se não privatizar empresas públicas, se revitalizar a democracia participativa no Estado, se conseguir recursos para fazer novos investimentos no Estado e implementar políticas sociais que beneficiem os setores mais pobres da população terá feito um bom governo.
As “gotas do governo Olívio” desejadas por alguns deveriam servir para refrescar a memória política de quem já esqueceu que aquele governo apontado, justificadamente, como uma referência para a esquerda, foi acusado de traição com cinco meses de vida, sofreu uma oposição interna dilacerante – além da externa, não menos virulenta – e que acabou derrotado numa prévia interna absurda pelo atual governador. A vida dá voltas estranhas e irônicas. Não seria nada mal que as pessoas tentassem aprender um pouco com elas. Se Lula, Olívio Dutra, Tarso Genro, Raul Pont, Miguel Rossetto e Flavio Koutzii são os “traidores” quem é que são mesmo os “heróis”???
Em maio de 1999, o CPERS realizou uma acalorada assembleia geral no Ginásio Tesourinha. O governo Olívio contava, então, com cinco meses de vida e foi alvo de pesadas críticas, entre outras coisas, por não dar o aumento pretendido pelos professores e por não suspender o pagamento da dívida à União. Argumentava-se que se o governo suspendesse o pagamento da dívida poderia dar um aumento de 99,9% para os professores (não lembro bem se era exatamente esse o valor, mas a ideia era essa). Ali se configurou um bloco partidário dentro do PT que faria oposição “interna” ao longo de todo o governo. O grupo ligado à então deputada estadual Luciana Genro era um dos principais protagonistas desse movimento que contou com o apoio direto ou indireto (pelo silêncio) de outras importantes correntes petistas, formando uma indigesta mistura de esquerdismo e oportunismo.
Na assembleia em questão, chegou-se a apresentar uma proposta para o lançamento de uma campanha de outdoors apresentando os nomes e as fotos de Olívio Dutra, Miguel Rossetto (vice-governador) e Flávio Koutzii (chefe da Casa Civil) como “traidores”. A proposta, apoiada por boa parte da mesa, acabou sendo rejeitada pela maioria da assembleia.
A lembrança é oportuna, uma vez que, nos últimos dias, ouviram-se gritos semelhantes em função principalmente da proposta de Reforma da Previdência, apresentada pelo governo Tarso. O mesmo ocorreu, aliás, no início do primeiro governo Lula, também com a Reforma da Previdência. Acusações enfáticas de “traição” cruzaram os ares com muita rapidez. Nesta terça-feira, foi a vez de Raul Pont receber essa acusação de servidores que estavam nas galerias da Assembleia.
Hoje, ironicamente, alguns petistas e não petistas críticos do governo Tarso lembram com saudade do governo Olívio, sem lembrar, porém, que, naquele período, as acusações de “traição” também foram esgrimidas nos primeiros meses de governo. Algumas das vozes que denunciaram a “traição” naquele maio de 1999 saíram do PT, outras seguem no partido e ocupam hoje cargos de governo. Muitas dessas vozes iradas e enfáticas modulam o seu volume de acordo com as circunstâncias.
O tema do financiamento da Previdência Pública e do Estado é extremamente polêmico e costuma ser causa desse tipo de acusação. O governo Tarso está jogando uma cartada audaciosa, contando com a maioria política que construiu na Assembleia Legislativa, o que se tratando da história do PT no Rio Grande do Sul, é uma novidade importante. A aprovação do projeto terá um custo político sem dúvida, cuja dimensão, porém, dependerá do desempenho geral do governo em seus quatro anos. Se Tarso mantiver a Previdência Pública, se não privatizar empresas públicas, se revitalizar a democracia participativa no Estado, se conseguir recursos para fazer novos investimentos no Estado e implementar políticas sociais que beneficiem os setores mais pobres da população terá feito um bom governo.
As “gotas do governo Olívio” desejadas por alguns deveriam servir para refrescar a memória política de quem já esqueceu que aquele governo apontado, justificadamente, como uma referência para a esquerda, foi acusado de traição com cinco meses de vida, sofreu uma oposição interna dilacerante – além da externa, não menos virulenta – e que acabou derrotado numa prévia interna absurda pelo atual governador. A vida dá voltas estranhas e irônicas. Não seria nada mal que as pessoas tentassem aprender um pouco com elas. Se Lula, Olívio Dutra, Tarso Genro, Raul Pont, Miguel Rossetto e Flavio Koutzii são os “traidores” quem é que são mesmo os “heróis”???
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A Universidade e as leis para a comunicação
A fundamentação existente na Ley dos Médios argentinos tem grande contribuição acadêmica e poderia servir como referência para a Universidade brasileira. Ao invés de infindáveis e insossas discussões sobre “teorias da recepção”, teríamos o pulsar da vida real das nossas sociedades.
Laurindo Lalo Leal Filho no CARTA MAIOR
Passou desapercebido por aqui. Não fosse a
menção feita pelo jornalista Eric Nepomuceno, na revista Carta Capital,
poucos ficariam sabendo que a Ley de Médios argentina está sendo
implantada, apesar da oposição feroz dos grandes grupos de comunicação
locais.
No noite de 21 de junho, a presidenta Cristina Kirchner apareceu em rede nacional de televisão para fazer um anúncio capaz de tirar o sono dos controladores monopolistas da radiodifusão. O governo abria, naquela data, uma licitação para a concessão de 220 novas licenças de serviço de audiovisual no país.
Como determina a lei metade dessas concessões será destinada a emissoras privadas e a outra metade dividida entre os governos estaduais, o federal e as organizações sem fins lucrativos. Fórmula encontrada para romper com oligopólio existente hoje na comunicação argentina.
Claro que a mídia comercial brasileira esconde esses avanços e quando fala da Ley de Médios argentina é para atacá-la, chegando habitualmente a taxá-la de censura, quando trata-se exatamente do oposto. Seu papel é o de permitir o acesso aos meios de comunicação de um número muito maior de atores sociais, hoje sem voz.
Mas aos que se opõem à lei interessa a omissão e a desinformação. Para isso usam uma estratégia eficiente: apropriam-se de um símbolo facilmente compreensível, como é a censura, e com ele carimbam a lei, interditando o debate de forma liminar.
A legislação argentina mereceria no Brasil estudos e debates mais sérios e aprofundados. As criticas feitas por aqui são superficiais, ecoando apenas o temor dos controladores da mídia nativa com o possível contágio da experiência vizinha.
Não é levado em conta o formidável trabalho de pesquisa realizado para se chegar ao texto final. Seus 166 artigos não caíram do céu. São resultado de um levantamento minucioso daquilo que existe de mais avançado no mundo, em termos de legislação para área das comunicações.
Dos meios comerciais não se pode esperar nada, além das críticas habituais. Os meios públicos pouco se dedicam ao tema e a internet o trata de forma esporádica. Mesmo as redes sociais, com conteúdos mais críticos, não tem como aprofundar a discussão e acabam, em determinados momentos, dialogando com os grandes meios nos mesmos níveis por eles impostos.
Resta como alternativa a Universidade, teoricamente menos sujeita às imposições externas. Mas parece que, no geral, ela não despertou ou não se interessou pelo assunto. Falo, obviamente, dos setores universitários ainda não cooptados pela grande mídia, propiciadora de cursos e eventos destinados ao conformismo e a alienação.
Fico a pensar na riqueza de um debate não só da Ley de Médios argentina, mas das experiências de democratização das comunicações que vêm sendo articuladas na Venezuela, Bolívia, Equador, Paraguai e Uruguai, por exemplo.
Ao invés de infindáveis e insossas discussões sobre “teorias da recepção”, tão ao gosto dos acadêmicos alinhados com “status quo” da comunicação, teríamos o pulsar da vida real das nossas sociedades.
A Universidade – pública ou privada – repousa sob um tripé formado pelo ensino, a pesquisa e a extensão. Um tema como o aqui proposto atenderia com desenvoltura esses três objetivos.
Colocaria o aluno em contato com a disputa que se trava no continente em torno do papel social da comunicação, deixando mais claro o cenário onde se dará, no futuro, sua atuação profissional.
Propiciaria uma ampliação no campo das pesquisas, necessitadas cada vez mais de interdisciplinaridade. O estudo da comunicação só ganha concretude quando dialoga com o Direito e as Ciências Sociais em geral.
E finalmente, a extensão se daria com a formulação de projetos e propostas capazes de contribuir para o debate político que se trava na sociedade em torno das novas leis para a comunicação.
A fundamentação existente na Ley dos Médios argentinos tem grande contribuição acadêmica e poderia servir como referência para a Universidade brasileira.
A íntegra de Lei de Meios da Argentina está disponível neste endereço: http://www.infoleg.gov.ar/infolegInternet/anexos/155000-159999/158649/norma.htm
No noite de 21 de junho, a presidenta Cristina Kirchner apareceu em rede nacional de televisão para fazer um anúncio capaz de tirar o sono dos controladores monopolistas da radiodifusão. O governo abria, naquela data, uma licitação para a concessão de 220 novas licenças de serviço de audiovisual no país.
Como determina a lei metade dessas concessões será destinada a emissoras privadas e a outra metade dividida entre os governos estaduais, o federal e as organizações sem fins lucrativos. Fórmula encontrada para romper com oligopólio existente hoje na comunicação argentina.
Claro que a mídia comercial brasileira esconde esses avanços e quando fala da Ley de Médios argentina é para atacá-la, chegando habitualmente a taxá-la de censura, quando trata-se exatamente do oposto. Seu papel é o de permitir o acesso aos meios de comunicação de um número muito maior de atores sociais, hoje sem voz.
Mas aos que se opõem à lei interessa a omissão e a desinformação. Para isso usam uma estratégia eficiente: apropriam-se de um símbolo facilmente compreensível, como é a censura, e com ele carimbam a lei, interditando o debate de forma liminar.
A legislação argentina mereceria no Brasil estudos e debates mais sérios e aprofundados. As criticas feitas por aqui são superficiais, ecoando apenas o temor dos controladores da mídia nativa com o possível contágio da experiência vizinha.
Não é levado em conta o formidável trabalho de pesquisa realizado para se chegar ao texto final. Seus 166 artigos não caíram do céu. São resultado de um levantamento minucioso daquilo que existe de mais avançado no mundo, em termos de legislação para área das comunicações.
Dos meios comerciais não se pode esperar nada, além das críticas habituais. Os meios públicos pouco se dedicam ao tema e a internet o trata de forma esporádica. Mesmo as redes sociais, com conteúdos mais críticos, não tem como aprofundar a discussão e acabam, em determinados momentos, dialogando com os grandes meios nos mesmos níveis por eles impostos.
Resta como alternativa a Universidade, teoricamente menos sujeita às imposições externas. Mas parece que, no geral, ela não despertou ou não se interessou pelo assunto. Falo, obviamente, dos setores universitários ainda não cooptados pela grande mídia, propiciadora de cursos e eventos destinados ao conformismo e a alienação.
Fico a pensar na riqueza de um debate não só da Ley de Médios argentina, mas das experiências de democratização das comunicações que vêm sendo articuladas na Venezuela, Bolívia, Equador, Paraguai e Uruguai, por exemplo.
Ao invés de infindáveis e insossas discussões sobre “teorias da recepção”, tão ao gosto dos acadêmicos alinhados com “status quo” da comunicação, teríamos o pulsar da vida real das nossas sociedades.
A Universidade – pública ou privada – repousa sob um tripé formado pelo ensino, a pesquisa e a extensão. Um tema como o aqui proposto atenderia com desenvoltura esses três objetivos.
Colocaria o aluno em contato com a disputa que se trava no continente em torno do papel social da comunicação, deixando mais claro o cenário onde se dará, no futuro, sua atuação profissional.
Propiciaria uma ampliação no campo das pesquisas, necessitadas cada vez mais de interdisciplinaridade. O estudo da comunicação só ganha concretude quando dialoga com o Direito e as Ciências Sociais em geral.
E finalmente, a extensão se daria com a formulação de projetos e propostas capazes de contribuir para o debate político que se trava na sociedade em torno das novas leis para a comunicação.
A fundamentação existente na Ley dos Médios argentinos tem grande contribuição acadêmica e poderia servir como referência para a Universidade brasileira.
A íntegra de Lei de Meios da Argentina está disponível neste endereço: http://www.infoleg.gov.ar/infolegInternet/anexos/155000-159999/158649/norma.htm
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A condenação da revista por associar coletividade muçulmana ao terrorismo
por sugestão do Stanley Burburinho
DIREITO DE RESPOSTA
Justiça condena revista Veja por associar islâmicos com terrorismo
A juíza Cláudia Maria Pereira Ravacci, da 35ª Vara Cível de São
Paulo, condenou a revista Veja e a Editora Abril, pela reportagem “A
rede do terror no Brasil”, publicada no dia 6 de abril deste ano. A
ação, movida pela União Nacional das Entidades Islâmicas, pediu direito
de resposta. A decisão é desta quinta-feira (30/6).
A revista afirma na reportagem ter tido acesso a documentos da CIA
(agência de inteligência norte-americana), FBI (polícia federal
norte-americana), Interpol (polícia internacional) e Polícia Federal que
mostravam supostos extremistas islâmicos no Brasil. A publicação diz
ainda, que essas pessoas citadas usavam o país como base de operações e
aliciavam militantes.
A autora da ação, representada pelo advogado Adib Abdouni Passos,
congrega 16 entidades islâmicas. O advogado , afirma na petição inicial
que o conteúdo da reportagem era ofensivo e tendencioso. “De acordo com a
Polícia Federal, sete organizações terroristas islâmicos operam no
Brasil”, dizia o trecho extraído da revista. Para a entidade, a
reportagem fere o sentimento religioso islâmico.
De acordo com a petição, houve uma audiência reservada na Comissão de
Segurança Pública e Combate ao Crime Organizado, na Câmara dos
deputados na qual o ministro da Justiça afirmou que as informações
publicadas eram falsas. A União alega que no Brasil a Constituição
Federal assegura a liberdade de crença e religião.
A entidade pediu que a revista fosse condenada a publicar o direito
de resposta. O conteúdo, segundo a petição, deverá ocupar o mesmo espaço
que a reportagem e deverá esclarecer a cultura islâmica. Segundo a
entidade, o objetivo é “desvincular a ideia de terrorismo junto à fé
professada pelos mulçumanos”.
“As ofensas contidas no texto impugnado causam lesão a direitos da
coletividade mulçumana, dando ensejo, ao direito de resposta
reivindicado”, diz Adib Abdouni Passos.
http://ultimainstancia.uol.com.br/conteudo/noticias/52069/justica+condena+revista+veja+por+associar+islamicos+com+terrorismo.shtml?utm
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Região de Bagé, no RS, terá mais de R$ 4,8 milhões para Educação
A comunidade de Bagé comemorou o anúncio do secretário de Estado
da Educação, Prof. Dr. Jose Clovis de Azevedo, durante a interiorização
do governo no município. Foi na manhã desta sexta-feira (1º), na Escola
Municipal São Pedro, que Azevedo informou que o governo irá investir R$
4,8 milhões na área da educação da região.
De acordo com Azevedo, serão oito escolas da região da 13ª Coordenadoria Regional da Educação (CRE) que serão beneficiadas com os investimentos em ampliações e reformas. As escolas beneficiadas são:
Aceguá
Escola Estadual de Ensino Médio Barão de Aceguá
Ampliação: 2 salas de aula e 3 sanitários - R$ 158.396,10
Bagé
Escola Estadual Ensino Médio Frei Plácido
Reforma do telhado e rede elétrica – R$ 241.664,90
Caçapava do Sul
Instituto Estadual Educacional Dinarte Ribeiro
Prevenção de incêndio – R$ 40.384,77
Caçapava do Sul
Escola Estadual de Ensino Médio Nossa Senhora da Assunção
Reforma do telhado, substituição de aberturas, rede elétrica, hidrossanitária pintura R$ 496.707.26
Candiota
Escola Estadual Ensino Fundamental Oito de Agosto
Reforma de cercamento – R$ 199,11$ 204.
Dom Pedrito
Escola Estadual de Ensino Fundamental Professora Heloisa Louzada – Construção de muro, e reforma dos revestimentos, cobertura, pavimentações, esquadrias, pintura, instalações hidrossanitárias e elétricas - R$ 405.646,69
Lavras do Sul
Escola Estadual de 1º Grau Licínio Cardoso
Construção – R$ 47.047,46
Hulha Negra
Escola Estadual de Ensino Médio Manoel Lucas de Oliveira
Reforma de recuperação da cobertura, pavimentação, revestimento, esquadrias, pintura, instalação hidrossanitárias e elétricas – R$ 198.381,97
Modernização tecnológica
Em homenagem à história da cidade, que tinha o Forte de Santa Tecla localizado às margens do rio Negro, próximo à foz do rio Piraízinho, atual município de Bagé, Azevedo também fez o lançamento do Projeto Santa Tecla. A ação é um desdobramento do projeto estadual Província de São Pedro. A proposta para a região de Bagé prevê R$ 3.089.745,24, e será implantado em 15 escolas estaduais de Bagé, atendendo 5.675 alunos e 875 professores. “Nosso projeto de governo é transformador e busca integrar a nova era da cultura digital ao programa de desenvolvimento do Rio Grande do Sul”, declarou.
Azevedo explica que a perspectiva é fomentar a inclusão digital na rede municipal e estadual do município de Bagé. Para viabilizar esta ação, foi assinado um Termo de Cooperação Técnica entre Secretarias da Educação, de Comunicação, de Ciência, Inovação e Desenvolvimento Tecnológico e Prefeitura Municipal de Bagé.
O Província de São Pedro terá investimento total de R$ 80 milhões, para a compra de 160 mil computadores, infraestrutura e formação docente de dois anos. Serão beneficiadas 278 escolas, 10.500 professores e 139 mil alunos, dos municípios da Fronteira e Região Metropolitana.
Também foi assinado o Protocolo de Intenções da Secretaria da Educação com as universidades da região. O objetivo é promover a formação pedagógica na perspectiva de fomentar a educação de qualidade social. Assinaram o termo a UNIPAMPA, UFRGS e URCAMP.
Agenda da tarde
De acordo com Azevedo, serão oito escolas da região da 13ª Coordenadoria Regional da Educação (CRE) que serão beneficiadas com os investimentos em ampliações e reformas. As escolas beneficiadas são:
Aceguá
Escola Estadual de Ensino Médio Barão de Aceguá
Ampliação: 2 salas de aula e 3 sanitários - R$ 158.396,10
Bagé
Escola Estadual Ensino Médio Frei Plácido
Reforma do telhado e rede elétrica – R$ 241.664,90
Caçapava do Sul
Instituto Estadual Educacional Dinarte Ribeiro
Prevenção de incêndio – R$ 40.384,77
Caçapava do Sul
Escola Estadual de Ensino Médio Nossa Senhora da Assunção
Reforma do telhado, substituição de aberturas, rede elétrica, hidrossanitária pintura R$ 496.707.26
Candiota
Escola Estadual Ensino Fundamental Oito de Agosto
Reforma de cercamento – R$ 199,11$ 204.
Dom Pedrito
Escola Estadual de Ensino Fundamental Professora Heloisa Louzada – Construção de muro, e reforma dos revestimentos, cobertura, pavimentações, esquadrias, pintura, instalações hidrossanitárias e elétricas - R$ 405.646,69
Lavras do Sul
Escola Estadual de 1º Grau Licínio Cardoso
Construção – R$ 47.047,46
Hulha Negra
Escola Estadual de Ensino Médio Manoel Lucas de Oliveira
Reforma de recuperação da cobertura, pavimentação, revestimento, esquadrias, pintura, instalação hidrossanitárias e elétricas – R$ 198.381,97
Modernização tecnológica
Em homenagem à história da cidade, que tinha o Forte de Santa Tecla localizado às margens do rio Negro, próximo à foz do rio Piraízinho, atual município de Bagé, Azevedo também fez o lançamento do Projeto Santa Tecla. A ação é um desdobramento do projeto estadual Província de São Pedro. A proposta para a região de Bagé prevê R$ 3.089.745,24, e será implantado em 15 escolas estaduais de Bagé, atendendo 5.675 alunos e 875 professores. “Nosso projeto de governo é transformador e busca integrar a nova era da cultura digital ao programa de desenvolvimento do Rio Grande do Sul”, declarou.
Azevedo explica que a perspectiva é fomentar a inclusão digital na rede municipal e estadual do município de Bagé. Para viabilizar esta ação, foi assinado um Termo de Cooperação Técnica entre Secretarias da Educação, de Comunicação, de Ciência, Inovação e Desenvolvimento Tecnológico e Prefeitura Municipal de Bagé.
O Província de São Pedro terá investimento total de R$ 80 milhões, para a compra de 160 mil computadores, infraestrutura e formação docente de dois anos. Serão beneficiadas 278 escolas, 10.500 professores e 139 mil alunos, dos municípios da Fronteira e Região Metropolitana.
Também foi assinado o Protocolo de Intenções da Secretaria da Educação com as universidades da região. O objetivo é promover a formação pedagógica na perspectiva de fomentar a educação de qualidade social. Assinaram o termo a UNIPAMPA, UFRGS e URCAMP.
Agenda da tarde
À tarde, o secretário da Educação abre o evento de sua pasta, às
14h, no CTG Prenda Minha. Ele apresentará as políticas da Seduc. Após,
os presentes conhecerão o Comitê de Prevenção à Violência nas escolas,
apresentado pelo coordenador estadual do Comitê, Alejandro Jélvez. A
presidente estadual do Cedica, Márcia Herbetz, falará sobre a
importância das redes para a proteção da criança e do adolescente, e o
secretário em exercício da Secretaria da Justiça e dos Direitos Humanos,
Miguel Velásquez, discorrerá sobre o papel e responsabilidades dos
atores sociais para o enfrentamento e prevenção a várias formas de
violência.
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