quarta-feira, 20 de abril de 2011

Educação musical é obrigatória


Prazo para escolas introduzirem música no currículo vence em agosto, mas número de profissionais é insuficiente

15º núcleo do cpers

O ensino de música terá que ser obrigatório nas escolas brasileiras das redes públicas e particulares até agosto deste ano. A exigência foi prevista na Lei 11.769, sancionada há três anos pelo finado José Alencar, vice-presidente da República em exercício na época. Dados da Secretaria da Educação do Estado de Goiás mostram que a introdução da música no currículo das escolas goianas é anterior à lei. Em 2005, foi realizado o primeiro concurso específico para contratação de professores de música. Desde esse período, quatro certames foram realizados no Estado. O último aconteceu no ano passado, mas nenhum deles foi capaz de suprir a quantidade de vagas necessárias para que as escolas ofereçam o ensino musical aos estudantes. O número de profissionais no mercado é insuficiente para atender à demanda exigida.
A coordenadora do curso de licenciatura em música da Universidade Federal de Goiás (UFG) e representante estadual da Associação Brasileira de Educação Musical (Abem), Nilceia Protásio, afirma que, por ano, a UFG forma, em média, 15 profissionais de música. Desse total, não significa que todos vão optar por trabalhar na educação básica. Outros campos de trabalho como escolas específicas do ramo e projetos sociais podem atrair o interesse dos graduados, contribuindo para que a modalidade demore a se efetivar como disciplina da grade escolar.
Para tentar driblar a insuficiência de profissionais qualificados, o projeto de lei propôs uma brecha no ato de sanção da lei, vetando a qualificação específica em música do professor que vai lecionar a modalidade. A questão gerou polêmica e levantou controvérsias entre os profissionais da área. Nilceia acredita que a formação profissional deve ser ensinada por um profissional graduado e não por quem tem experiência na área. "A música é uma área de conhecimento e deve ser ministrada por profissionais habilitados, com formação musical e pedagógica. Como professora, defendo que o respeito pelo ensino de música está diretamente ligado ao respeito pelo profissional da área. Se um médico ou advogado não pode exercer a profissão sem ser devidamente habilitado e possuir um certificado para exercer sua profissão, na área de educação não tem que ser diferente", questiona.
A pedagoga e violonista Vilma Helrilg, que dá aulas particulares de violão popular há 10 anos e, atualmente, trabalha na Escola de Música de Morrinhos, no interior do Estado, acredita que a transmissão do conteúdo musical na educação básica não é tão profunda ao ponto de se exigir que o professor tenha graduação na área. "Na educação básica, não vamos formar profissionais músicos, pelo menos, inicialmente. Devemos fazer uma iniciação musical de forma que ela seja utilizada como uma ferramenta pedagógica." Vilma vê a música como arte e justifica que o talento é aperfeiçoado com a prática e que o fato de não ter anos de estudos não significa que o seu dom natural será diminuído. Por outro lado, ela é a favor da graduação para aquelas pessoas que pretendem formar músicos e não apenas introduzir conteúdos na educação básica.
A musicista Luz Marina Alcantara, diretora do Centro de Estudo e Pesquisa Ciranda da Arte, que é vinculado a Secretaria da Educação do Estado para capacitar professores nas diversas linguagens da arte, incluindo a música, explica que a categoria é a que conta com maior número de projetos no âmbito das escolas, dentro das áreas artísticas. Ela considera que em ações que envolvam coral, bandas, fanfarras e instrumentos de cordas é possível a contratação de alguém que tenha conhecimento na área, embora, sem a formação exigida. Entretanto, para o ensino em sala de aula, ela defende a obrigatoriedade da formação. "Assim como em todas as demais áreas do conhecimento, a música na escola exige um profissional com formação, no caso, licenciatura em educação musical para a disciplina música e licenciatura em instrumento musical para as aulas específicas de instrumentos ou outras modalidades desta área", considera.
Alternativas
Para conseguir contornar a falta de professores específicos e cumprir a lei dentro do prazo exigido para a implementação da música como disciplina na Educação Básica, que prevê as adequações até agosto deste ano, Luz Marina aponta alternativas possíveis dentro da realidade goiana. "Neste momento, temos verificado junto às instituições formadoras presentes no nosso Estado, a possibilidade de ampliação da oferta dos cursos de licenciaturas em educação musical, presenciais e à distância. Dentro de certo prazo, novos profissionais surgirão, possibilitando o cumprimento da lei", afirma.
Nilceia, coordenadora de licenciatura em Música da UFG, aposta que o prazo exigido pela lei não conseguirá preencher as vagas das mais de mil unidades de ensino espalhadas por Goiás. Para ela, falta investimentos na valorização do profissional habilitado e isso reflete no pequeno número de candidatos aptos a lecionar. "Seria muita ingenuidade pensar que atenderemos a demanda de todas as escolas de Goiás com professores habilitados em música - isso se incluirmos as cidades do interior. Muitos licenciados em Música optam por não atuarem na educação básica. Dentre os fatores, estão as condições de trabalho e a falta de valorização que é refletida nos salários.

fonte: clique aqui

Filme Russo de comédia....

GOROD ZERO – 1990

From Russia, Kafka in Wonderland

Com enfoque Kafkaniano, o ambiente parece mais com o País das Maravilhas de Lewis Carroll do que Moscou. Gradualmente, Aleksei é roubado de sua liberdade e de sua identidade, com direito à queda na toca do coelho.

O filme retrata de forma magistral o espírito da época, o sentido humano daquela sociedade no final dos anos 80. É para isto que precisamos de arte e de criadores que intuam os fluxos sociológicos e os sintetizem em sua expressão artística, e a nossa adorável arte cinematográfica foi premiada com uma peça maravilhosa, com humor inteligente e abordagem inusitada.

Muitos críticos vêm o filme como uma crítica ao período Stalinista, nada mais longe desta abordagem fácil, o filme retrata a URSS no período em que foi filmado, onde tudo era absurdo e disfuncional. Aliás, no período de Stalin foi o contrário, a URSS saiu de uma sociedade agrícola atrasada para uma superpotência industrial-nuclear, além de derrotar a Alemanha no meio do caminho. O filme não faz crítica ao autoritarismo.
O filme trata da história do engenheiro Aleksei Varakin de Moscou que chega a uma pequena cidade para solicitar alterações nos componentes que uma fábrica local fornece a sua empresa, e a partir de sua chegada para uma reunião com o diretor da empresa, iniciam-se eventos absurdos e o pobre engenheiro é envolvido em um turbilhão de situações sem nexo.
A sucessão de absurdos faz mímica com a URSS da época, é genial a abordagem. A URSS da época já havia perdido o sentido para seus cidadãos, caminhava lentamente por inércia, como uma lembrança de um passado perdido que não tinha mais razão.

A atmosfera da primeira cena do filme, o desembarque na estação, o céu enevoado, o homem parado, o trem, é uma introdução elegante para o ambiente bizarro do filme, mas a direção mantém sempre o ritmo, a sátira, o inesperado, um grande filme, um jeitão soviético, completamente distinto da rima e métrica que estamos habituados no ocidente, foi um prazer assistir.

Fontes: engajarte.blogspot e nytimes/movies.review


GOROD ZERO – 1990


Título original: Город Зеро (Gorod Zero)
Título em inglês: Zero City
Direção: Karen Shakhnazarov
Roteiro: Aleksandr Borodyanskiy e Karen Shakhnazarov
Gênero: Drama/ Comédia
Origem: União Soviética
Ano de lançamento: 1990
Música: Eduard Artemiev
Fotografia: Nikolay Nemolyaev
http://www.imdb.com/title/tt0095244/ - 7.4/10


Sinopse:

Engenheiro moscovita viaja para uma cidade interiorana com a missão de especificar para uma indústria local mudanças práticas nos aparelhos de ar condicionado que fabrica. Porém nesta cidade todos parecem ser loucos e ele acaba envolvido em um misterioso caso de suicídio. Curioso e inteligente filme do período da Perestroika, com roteiro surrealista.


Elenco:

Leonid Filatov - Aleksei Varakin
Oleg Basilashvili – o escritor
Vladimir Menshov – o fiscal
Armen Dzhigarkhanyan – o diretor da fábrica
Evgeni Evstigneev – o funcionário do museu
Aleksei Zharkov – o detetive
Pyotr Shcherbakov – o presidente do comitê
Yuriy Sherstnyov – o garçom
Yelena Arzhanik – a secretária


Informações do Arquivo:

Formato: AVI
Qualidade: DVDRip
Áudio: Russo
Legendas: Português/BR
Duração: 98 min
Cor
Tamanho: 1.45 GB em 5 partes

DOWNLOAD:

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SENHA PARA DESCOMPACTAR: acullen

Blogueiros e lideranças políticas avaliam a importância de encontro em São Paulo

Fukushima



Por Michael Löwy

Cada dia aparecem notícias mais assustadoras sobre a catástrofe nuclear de Fukushima. Pela segunda vez em sua história, o povo japonês é vítima da loucura nuclear. Não se sabe ainda a extensão do desastre, mas é óbvio que se trata de uma reviravolta. Na história da energia nuclear, haverá um antes e um depois de Fukushima.

Com Chernobil, o lobby nuclear ocidental tinha encontrado a resposta: é o resultado da gestão burocrática, incompetente e ineficaz, própria do sistema soviético. “Isso jamais aconteceria conosco.” De que vale esse argumento hoje, quando é a nata da indústria privada japonesa que está envolvida?

As mídias colocaram em evidência a irresponsabilidade, o despreparo e as mentiras da Tokyo Electric Power Company (TEPCO) – com a cumplicidade ativa dos órgãos de controle e das autoridades locais e nacionais –, mais preocupada com lucro que com segurança. Tais fatos são indiscutíveis, mas de tanto insistir nesse aspecto, arriscamos perder de vista o essencial: a insegurança é inerente à energia nuclear. O sistema nuclear é fundamentalmente insustentável, os acidentes são estatisticamente inevitáveis. Cedo ou tarde, outras Chernobils e outras Fukushimas acontecerão, provocadas por erros humanos, problemas de funcionamento internos, tremores de terra, acidentes de avião, atentados ou acontecimentos imprevisíveis. Parafraseando Jean Jaurés, pode-se dizer que o nuclear traz a catástrofe como a nuvem traz a tempestade.

Portanto, não é nenhuma surpresa o movimento antinuclear que está se mobilizando outra vez em grande escala, com alguns resultados positivos, como, por exemplo, na Alemanha. A palavra de ordem “Fim imediato da energia nuclear” se espalha como fogo. Entretanto, a reação da maioria dos governos – principalmente na Europa e nos Estados Unidos – é a recusa em sair da armadilha nuclear. Tenta-se acalmar a opinião pública com a promessa de uma “séria revisão da segurança de nossas centrais”. A MOCN, Medalha de Ouro da Cegueira Nuclear, merece ser entregue ao governo francês, do qual um dos porta-vozes, o senhor Henri Guaino, recentemente declarou que “o acidente nuclear no Japão poderia favorecer a indústria francesa, que tem na segurança sua marca principal”. Sem comentários…

Os nucleocratas – uma oligarquia particularmente obtusa e impermeável, afirmam que o fim da energia nuclear significaria o retorno à vela ou à lamparina. A simples verdade é que somente 13,4% da eletricidade mundial é produzida pelas centrais nucleares. Pode-se perfeitamente passar sem ela… É possível, bem provável mesmo, que, sob a pressão da opinião pública, em muitos países sejam consideravelmente reduzidos os projetos delirantes de expansão ilimitada da indústria nuclear e de construção de novas centrais. Mas pode-se temer que isso seja acompanhado de um retrocesso às energias fósseis mais “sujas”: o carvão, o petróleo off shore, as areias betuminosas, o gás de xisto. O capitalismo não consegue limitar sua expansão, ou seja, seu consumo de energia. E como a conversão às energias renováveis não é “competitiva”, pode-se prever uma nova e rápida subida das emissões de gás, aumentando o efeito estufa. O primeiro passo na batalha socioecológica para uma transição energética é a recusa desse falso dilema, dessa escolha impossível entre uma bela morte radioativa ou uma lenta asfixia por aquecimento global. Um outro mundo é possível!

Traduzido do francês por Leonardo Gonçalves.