quarta-feira, 24 de novembro de 2010

Relação com a mídia dominou entrevista de Lula aos blogueiros


Em entrevista a blogueiros, concedida nesta quarta-feira (24), o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, disse que, depois de “desencarnar” do cargo de presidente da República, pretende se tornar "tuiteiro" e "blogueiro". “Quero ficar quatro meses sem fazer nada quero desencarnar primeiro, para a gente começar a conversar. Pode ficar certo de que serei tuiteiro, blogueiro. Eu vou ser um monte de coisa que eu não fui até agora”, disse.

Em uma conversa de cerca de duas horas, Lula falou sobre eleições, reforma política, aborto e principalmente da relação com a mídia nos quase oito anos de governo.

Questionado por blogueiros, o presidente voltou a comentar a polêmica envolvendo a 1ª Conferência Nacional de Comunicação (Confecom), que traçou metas de regulação da mídia e foi boicotado pelas entidades que representam os principais grupos empresariais do setor. Segundo o presidente, a acusação de que o governo pretende censurar a imprensa é infundada.

"O (ministro da Comunicação Social) Franklin Martins, quando convocou a conferência internacional, trouxe Estados Unidos, Inglaterra, Alemanha, Espanha, Portugal e França, e todo mundo disse que lá tem regulação, sim, e não é crime. É crime ter censura. Mas ter regulação não é crime", afirmou.

O Presidente Lula disse que, a participação da sociedade nas discussões da Confecom dão respaldo ao governo para levar adiante as propostas debatidas no encontro. "Nós agora temos uma coisa dita pela sociedade brasileira que nos dá garantia de que nós não somos um governo maluco que inventou uma discussão porque quis investir", disse.

Lula disse ainda que pretende apresentar até o fim de seu mandato um esboço do projeto de lei que regula a atuação da imprensa. A responsabilidade de encaminhar o texto ao Congresso, entretanto, será de sua sucessora, a presidente eleita Dilma Rousseff. "Espero ter condições de apresentar um texto antes de terminar meu mandato e passar para Dilma. Ela certamente vai fazer o debate e levar para o Congresso Nacional", afirmou.

Esta é a primeira vez que o presidente Lula concede entrevista exclusiva a blogueiros. Internautas que acompanharam a entrevista também fizeram perguntas ao presidente pelo Twitter. Participaram como entrevistadores os blogueiros Altamiro Borges (Blog do Miro), Altino Machado (Blog do Altino), Conceição Lemes (Vi o Mundo), William Barros (Cloaca News), Eduardo Guimarães (Cidadania), Leandro Fortes (Brasília, Eu Vi), Pierre Lucena (Acerto de Contas), Renato Rovai (Blog do Rovai), Rodrigo Vianna (Escrevinhador) e Túlio Vianna (Blog do Túlio Vianna).

Confira abaixo os principais trechos.

Pós-governo
“Eu tenho vontade de trabalhar com as experiências bem sucedidas do Brasil. Tenho vontade de trabalhar na América Central, nos países menores do Caribe. Ajudar Gautemala, El Salvador, Nicarágua. Quero ver se eu dedico um pouco do meu tempo a levar algumas experiências de políticas nossas para ver se a gente consegue implantar na África.”

“Quero ficar quatro meses sem fazer nada quero desencarnar primeiro pra gente começar a conversar. Pode ficar certo de que serei tuiteiro, blogueiro. Eu vou ser um monte de coisa que eu não fui até agora."

Transição
“No dia 15 de dezembro, eu vou fazer uma coisa nova que ninguém fez. Nós estamos fazendo um balanço de tudo o que foi feito em todas as áreas do governo. Vamos registrar em cartório para que nenhum ministro me conte nenhuma mentira, seja de que fez ou de que não fez, para que a gente não saia falando coisas que não fez. Sabe, eu quero registrar em cartório para a gente deixar no Arquivo Nacional, na Biblioteca das Universidades, aquilo que foi a nossa passagem pelo governo”.

Eleições
“Eu não ia dar entrevista, mas aí quando vi a cena patética que estavam montando... Eu falei: a Dilma, mulher, não deve lembrar do jogo do Brasil de 1990. Ela não deve saber nada do tal do [Roberto] Rojas [goleiro da seleção do Chile]. Eu vou falar. Porque realmente foi uma desfaçatez. Eu perdi três eleições. Eu poderia perder a quarta, a quinta, jamais teria coragem de fazer uma mentira daquela. Eu fiquei decepcionado porque tentaram inventar uma outra história. Tentaram inventar um objeto invisível que até agora não mostraram. Não precisa disso. O Serra tem de pedir desculpa ao povo brasileiro. Porque ninguém pode brincar com o povo desse jeito”.

Aborto
“Enquanto cidadão, eu sou contra o aborto. Enquanto chefe de estado, eu tenho que tratar o aborto como questão de saúde pública, porque eu tenho que reconhecer que ele existe. Tem milhões de pessoas fazendo aborto, meninas fazendo aborto pelo interior do País, colocando foligem de fogão de lenha. Meninas furando o útero com agulha de crochê. O chefe de estado sabe que isso existe e não vai permitir que uma madame possa ir a Paris fazer um tratamento e uma pobre tenha que morrer na rua.”

Plano Nacional de Direitos Humanos
“Nós nos deixamos levar por setores que nos criticaram no relatório apresentado pela Comissão de Direitos Humanos, que não tinham lido o relatório de 1996 e o de 2000. Os dois feitos no governo Fernando Henrique Cardoso tratavam as coisas quase que do mesmo jeito. Um dia chamei o Paulinho Vanucchi [ministro da Secretaria de Direitos Humanos] aqui e disse: os mesmos veículos que estão te triturando não falaram nada quando foi feito o primeiro e o segundo [relatórios].”

Reforma política
“É inconcebível este país atravessar mais um período sem fazer a reforma política. Não é papel de quem está na Presidência. É papel dos partidos e do Congresso. No meu caso, [o papel] é convencer meu partido e, segundo, convencer os partidos de esquerda, porque muitos não querem. É preciso que as coisas aconteçam com a seriedade que nós queremos que aconteça no Brasil, sobretudo no financiamento de campanha. Eu prefiro o financiamento público, que a gente sabe quanto vai custar uma campanha. A companheira Dilma pode contar comigo. Eu vou estar muito mais livre para dizer coisas que eu não posso dizer com o papel institucional de presidente da República”.

Mídia
“Não existe maior censura do que a ideia de que a mídia não pode ser criticada (...). Quando você acusa uma pessoa, você tem de ter provas. Se der errado, peça desculpas. No Brasil, parece que é feio pedir desculpas. Eu lembro da Escola de Base de São Paulo, que é um marco. Quando eu deixar a Presidência eu vou reler, porque eu parei de ler revista, parei de ler jornal. Pelo fato de não os ler, eu não fico nervoso. Eu vou reler muita coisa porque eu quero saber a quantidade de leviandades, de inverdades que foram ditas a meu respeito. Apenas para gravar na história. Porque não foi fácil.”

“Precisamos ter certo controle sobre a participação dos estrangeiros [na mídia]. Isso é a minha tese. (...) Eu sou o resultado da liberdade de imprensa deste país, com todos os defeitos. Não temos de julgar. O que eles [mídia] se enganam é que pensam que o povo é massa de manobra como era no passado. E agora eles têm de lidar como uma coisa chamada internet. Quando um cidadão conta uma mentira, ele é desmentido em tempo real e tem de se explicar.”

Código Florestal
“Nós tínhamos feito praticamente um acordo ainda quando Minc [Carlos Minc, ex-ministro do Meio Ambiente] estava no Ministério do Meio Ambiente. Seria muito ruim para o governo, depois de debatido no Congresso, a gente fazer um projeto. Sei das críticas que fazem ao projeto. O que vier fora dos padrões que nós acordamos, se vier no meu governo, nós vetaremos, e, se for no da Dilma, tenho certeza de que ela vai vetar.”

Com informações do G1 e blog Amigos do Presidente Lula

Crise: não há apenas uma saída

José Paulo Gascão no Diario.Info
José Sócrates e Passos Coelho 
José Paulo Gascão denuncia neste texto uma das campanhas de desinformação em curso, a de que a única saída da crise é dentro do sistema capitalista. E depois de contactar que o capitalismo não é reformável, afirma: “Desenganem-se os que pensam que nos parlamentos se pode ir criando condições para reverter a situação. Particularmente com a ditadura mediática dos media apelidados de referência, os parlamentos são um instrumento do capital monopolista.”


«Hoje, Sócrates é já um cadáver político e muitos dos que estão calados apenas esperam que o desenvolvimento dos acontecimentos lhes diga o momento oportuno de reconhecer o óbito.
O cadáver político está aí, a família que o enterre.»
A frase em epígrafe, escrita em Fevereiro do ano passado, vinha ao arrepio das notícias e comentários dos media de referência. Então, os meios de comunicação ainda promoviam José Sócrates que, dando sequência ao trabalho iniciado por Mário Soares, completara já o processo de fusão ideológica do PS com a direita e consolidara a sua rendição incondicional ao capitalismo e ao neoliberalismo.
A profunda crise sistémica do capitalismo há muita prevista, uma crise económica, financeira, social, cultural e moral que varre o mundo, foi em Portugal agravada pelas consequências da adesão à União Europeia: destruição da agricultura e desmantelamento das pescas e da indústria transformadora…
A eleição em Março passado de Passos Coelho, tal como Sócrates um impreparado político, pouco culto, sem passado nem futuro políticos, não permitiu aos media começar de imediato a reflectir a retirada do apoio do grande capital a Sócrates. Era preciso que as medidas impostas pelos monopólios recaíssem sobre Sócrates, o chefe do turno cessante.
Ao reunir primeiro com Passos Coelho na sede do PSD, em 13 de Outubro último, seis meses e três PECs passados, e só no dia seguinte com Teixeira dos Santos (nestes casos nunca há dificuldades de agenda…), o grande capital quis dizer, inequivocamente, quem concitava agora seu apoio. A substituição de Sócrates pelo seu ministro das Finanças na reunião do dia seguinte foi o recurso diplomático para disfarçar o vexame.
Depois sim, a imprensa já podia dar continuidade à manobra. E deu: a maioria dos sábios económicos do costume que enxameavam a comunicação social foram substituídos, Sócrates deixou de ter os favores da imprensa que dele passou a fazer o retrato óbvio: o de um político impreparado, sem ideias nem convicções, que foi publicitariamente promovido como se de uma pasta dos dentes se tratasse. E muitos dos que ao longo dos últimos o incensaram passaram, sem pudor, a ser os seus mais cáusticos críticos.
A POLÍTICA EUROPEIA
PARA A RECUPERAÇÃO DO CAPITAL
O rebentar da crise e o seu desenvolvimento não destruiu apenas os mitos do desenvolvimento contínuo do capitalismo e o do seu benefício comum para o trabalho e o capital. Pôs também a nu que ela é uma consequência inevitável do próprio sistema capitalista, evidenciou as tensões entre os imperialismos norte-americano e europeu e evidenciou ainda a conflitualidade de interesses no seio da União Europeia.
No entanto, ainda não é claro para a uma parcela significativa da classe trabalhadora e do povo que a União Europeia, um instrumento do capital monopolista europeu, aproveita a crise do capitalismo para exigir aos governos uma redução drástica dos salários e dos direitos sociais conquistados ao longo de décadas. Como não está claro que o objectivo é a recuperação do capital fictício perdido com o rebentar da crise pela banca e por outros grupos monopolistas, à custa de um corte dos salários e pensões e uma diminuição crescente dos direitos sociais.
Para os grupos monopolistas e a União Europeia as medidas tomadas são ainda pouco. Se antes da aprovação do Orçamento de Estado (OE) na generalidade este era um «documento fundamental para acalmar os mercados», logo no dia seguinte á sua aprovação a Comissão Europeia, congratulou-se com a sua aprovação, mas não deixou de acrescentar que «era necessário uma redução do deficit mais rápida» e os juros da dívida pública começaram uma vez mais a subir.
Eram previsíveis estes comportamentos. Já no 1º dia de debate sobre o OE, na SIC notícias, Morais Sarmento (PSD) e Francisco Assis (PS) lamentavam o tom em que decorrera o debate, o que dificultava futuros acordos para novas medidas gravosas para a classe trabalhadora, tendo este último deixado escapar: «… até porque lá para Maio vamos ter que negociar outro PEC».
Antes mesmo do início da discussão do OE na Assembleia da República, à saída da reunião da Comissão Política onde Sócrates explicou o acordo PS/PSD Almeida Santos, presidente do PS, comentou: «Os sacrifícios que estão a ser exigidos ao povo não são sacrifícios incomportáveis. Oxalá que o país nunca tenha de enfrentar sacrifícios maiores. As crises não são só do governo, são do povo, e o povo tem que sofrer as crises como o governo as sofre»!
Michael Hudson, um insuspeito Professor da Universidade de Missouri, em 30 de Setembro resumia em New Economic Perspectives objectivo da UE nesta citação: «O objectivo é baixar os salários cerca de 30% ou mais, até níveis de depressão, pretendendo que isso “deixará mais excedentes” disponíveis para pagar o serviço da dívida. (…) Trata-se de um projecto de reversão da era das reformas democrático-sociais que a Europa conheceu no século passado».
—///—
Na sua queda, Sócrates arrasta o PS para uma derrota profunda e muitos do que estiveram anos calados acham que é este «… o momento oportuno de reconhecer o óbito» político do chefe até agora incontestado.
O governo dá crescentes provas de desagregação e até de desorientação: ministros e secretários de Estado desdobram-se em contradições, confrontos e disparates.
À classe trabalhadora e às restantes classes e camadas exploradas resta um caminho: lutar e aprender com a vida que o capitalismo não é reformável e nesta sua fase senil pode mesmo conduzir a Humanidade a uma nova barbárie.
Desenganem-se os que pensam que nos parlamentos se pode ir criando condições para reverter a situação. Particularmente com a ditadura mediática dos media apelidados de referência, os parlamentos são um instrumento do capital monopolista.
Como sem rebuço reconheceu o bilionário norte-americano Warren Buffet, numa frase que deve causar arrepios nos media portugueses, «Existe uma guerra de classes, é verdade, mas é a minha classe, a classe dos ricos, que está a fazer a guerra, e nós estamos a ganhá-la».
O caminho será provavelmente longo até que a classe trabalhadora inverta a situação e passe á ofensiva. No entanto, essa importantíssima alteração da correlação de forças só será possível quando, e enquanto, a luta e classes for conduzida nas suas três formas, teórica, política e económica, de forma coordenada e interligadas entre si.
Só assim poderá transformar-se a justa revolta de hoje contra a injustiça na luta pela transformação do país e do mundo.

Golpes e contragolpes na economia mundial

Existem temores de que se o caos monetário ou a guerra cambial não se solucionar, rapidamente o mundo deve enfrentar uma onda protecionista. O Instituto de Finanças Internacionais estima que cerca de 825 bilhões de dólares fluirão para os países em desenvolvimento este ano, um aumento de 42% em relação ao ano passado. Alguns países já introduziram mecanismos de controle de capitais. O Brasil triplicou o imposto aos estrangeiros que compram bônus locais. A Tailândia fixou um imposto de 15% sobre os juros e os rendimentos do capital em cima dos bônus tailandeses. A Coréia do Sul anunciou que estabelecerá novos limites no mercado futuro. O artigo é de Martin Khor, do South Center.

As últimas semanas viram o surgimento de um caos monetário que representa uma nova ameaça para as perspectivas de recuperação da economia mundial. Alguns dos países mais importantes estão tomando medidas para desvalorizar suas moedas a fim de obter vantagens comerciais. Se o valor da moeda de um país diminui, seus produtos de exportação ficam mais baratos e aumenta a demanda internacional. Por outro lado, as importações neste país ficarão mais caras, o que fomentará a produção local e melhorará a produção comercial. Mas os países que sofrem por causa destas políticas podem ir a forra, desvalorizando também suas moedas ou colocando barreiras ou altas tarifas alfandegárias em suas importações.

Isso pode levar a uma sucessão de desvalorizações competitivas como ocorreu nos anos 30, precipitando uma contração do comércio mundial e uma prolongada recessão. A situação atual é complexa e compreende ao menos três questões inter-relacionadas.

Em primeiro lugar, os Estados Unidos acusam a China de manter o yuan em um nível artificialmente baixo, o que – diz Washington – está causando seu enorme déficit comercial com a China. Um projeto de lei estadunidense está solicitando a aplicação de tarifas alfandegárias extras sobre os produtos chineses, enquanto a China assegura que isso vai contra as normas da Organização Mundial do Comércio (OMC) e que uma forte valorização do yuan seria desastrosa para sua economia e não contribuiria para corrigir o déficit estadunidense.

Em segundo, Washington está tratando de desvalorizar o dólar mediante uma nova rodada de “expansão quantitativa” nas qual o Banco Central gastará 600 bilhões de dólares para comprar bônus do governo e outras dívidas. Isso incrementará a liquidez no mercado, reduzindo as taxas de juro a longo prazo e, segundo se espera, contribuirá para a recuperação econômica.

Isso coloca os Estados Unidos na situação de ser acusado de provocar uma desvalorização competitiva. Além disso, essa nova liquidez se agregaria a uma onda de capitais que migram dos Estados Unidos, onde os rendimentos são muito baixos, para alguns países em desenvolvimento e emergentes. No passado, tais ondas de “dinheiro quente” foram bem recebidas pelos países receptores. Mas os países do Sur aprenderam com essas más experiências, quando repentinas entradas e saídas de capitais causaram sérios problemas como, por exemplo:

- A afluência de capital conduz a um excesso de dinheiro no país que o recebe, incrementando a pressão sobre os preços ao consumidor e alimentando as “bolhas de ativos” ou aumentos nos preços das casas e nas bolsas de valores. Essas bolhas cedo ou tarde explodirão, causando grande dano.

- A afluência de capitais estrangeiros fará com que a moeda do país receptor se valorize significativamente em relação a outras moedas. Nesse caso, as autoridades financeiras deveriam intervir no mercado para neutralizar essa valorização que encareceria as exportações nacionais.

- Os repentinos ingressos de capital também podem se converter em saídas repentinas de capital quando as condições globais mudam, como se viu na crise asiática de 1997. Isso pode causar uma desordem econômica, incluindo uma forte depreciação monetária, restrição de crédito, dificuldades na balança de pagamentos e recessão.

Recentemente o International Herald Tribune advertiu que Wall Street está comprando com avidez os ativos de economias emergentes e pediu as países em desenvolvimento que “prestassem muita atenção” e que “considerassem o controle de capitais para reduzir o ingresso desses capitais.

Em terceiro lugar, alguns países já introduziram mecanismos de controle de capitais. O Instituto de Finanças Internacionais estima que uma soma de 825 bilhões de dólares fluirá para os países em desenvolvimento este ano, um aumento de 42% em relação ao ano passado. O Brasil triplicou o imposto aos estrangeiros que compram bônus locais. A Tailândia fixou um imposto de 15% sobre os juros e os rendimentos do capital em cima dos bônus tailandeses. A Coréia do Sul anunciou que estabelecerá novos limites no mercado futuro e solicitou aos bancos que não outorguem empréstimos em moedas estrangeira.

Finalmente, existem temores de que se o caos monetário ou a guerra cambial não se solucionar, rapidamente o mundo deve enfrentar uma onda protecionista, seja elevando barreiras aduaneiras, seja mediante depreciações competitivas.

(*) Martin Khor é diretor executivo do South Center

Tradução: Katarina Peixoto