Os potes de ouro de Demétrio Magnoli
O professor- geógrafo-jornalista Demétrio Magnoli manifesta seguidamente espasmos "críticos" contra quem ele não concorda, sempre à esquerda,
Tarso Genro (*) no CARTA MAIOR
Como poucas pessoas sérias fora
da direita conservadora - comprometidas com a democracia e com a
república - dão importância para os seus artigos, o professor-
geógrafo-jornalista Demétrio Magnoli manifesta seguidamente espasmos
“críticos” contra quem ele não concorda, sempre à esquerda, para assim
manter-se saliente como “intelectual” ícone do mercado. Procede como
quem diz: “oi pessoal, eu continuo o mesmo, não esqueçam de mim outra
vez.” Fui, mais uma vez, vítima da sua “argúcia” intelectual, em
suposta crítica que faz ao meu artigo “Uma perspectiva de esquerda para o quinto lugar”. Respondo, com fundamentação, no mesmo tom que ele escreveu o seu ataque, sem fundamentação.
No seu texto, “O Graal de Tarso Genro” (F.S.Paulo, 01.02), Demétrio teve apenas uma manifestação de honestidade intelectual. E esta foi quando disse que o meu texto estava escrito “numa língua estranha, longinquamente aparentada com o português”. Acho que ele pensa isso mesmo. A sua dificuldade em entender o português simples e direto, usado por mim no texto, fica clara nas conclusões estapafúrdias produzidas sobre o que eu escrevi.
Quando falo em “honestidade”, faço-o não para absolvê-lo das manipulações grosseiras que fez das idéias que transmito, mas para reconhecer que o português que ele entende não está efetivamente presente na linguagem direta do meu artigo. Ele só entende um português mediado pelos verbos e adjetivos das agências de risco e pelas “mensagens” do mercado, com seus potes de ouro destinados aos seus mensageiros: uma linguagem só longinquamente aparentada com qualquer sistema discursivo democrático e humanista.
O centro do meu texto - escrito sem qualquer desrespeito a quem pensa diferente - é um convite para pensar o Brasil, dentro da democracia e da república, com direitos humanos e sustentabilidade. Defendi no artigo, para que não cheguemos em 2023 num quinto lugar na economia mundial sem melhorar em muito os índices de desigualdade social -principalmente nas áreas da saúde e educação- devemos buscar um caminho alternativo ao crescimento que se dá com aumento de concentração de renda. Isso está escrito no sétimo e no oitavo parágrafo do meu texto, publicado aqui na Carta Maior.
Quando Demétrio diz que o meu artigo explica que falta ao Brasil “um ente de poder capaz de reinventar a sociedade e guiar o povo até o futuro” (“o Partido-Estado”), aduzindo que esta é a minha posição sobre o assunto, já tinha gasto a sua cota de honestidade por artigo e passa a mentir desbragadamente. Ele alega que eu quero transferir para o Brasil, um modo de gestão política do Estado, que, no meu texto, apenas constato que foi o caminho escolhido pela direção chinesa.
O meu comentário sobre este assunto está no décimo sexto parágrafo do artigo criticado e é uma referência clara ao que aconteceu na China. Não é nem recomenda que seja uma receita, direta ou indireta, para o Brasil. Está expresso claramente, no início deste parágrafo o seguinte: “se quiséssemos enquadrar nas categorias do marxismo tradicional o que ocorreu na China...” e passo a aludir ao “Partido-Estado, ” no processo desenvolvimento chinês. Não faço, repito, qualquer recomendação, direta ou indireta, sobre a fórmula, que não poderia ser aceita em qualquer projeto democrático.
O resumo da fraude intelectual do articulista irado, porém, está no “lead” do seu texto assim redigido: “Democracia é o regime no qual governantes não podem tudo – e aí está o problema do Brasil, na opinião dele...”, ou seja, na minha opinião. Mentira. Essa não é a minha opinião. O que eu digo no artigo é exatamente o contrário: digo que a democracia exatamente “pode”, através de métodos democráticos, achar uma saída democrática para desamarrar o país de um sistema político falido. Digo, expressamente, no parágrafo 22 do meu texto: “o levantar de âncoras poderá ser uma nova Assembléia Nacional Constituinte, no bojo de um amplo movimento político –por dentro e por fora do Parlamento- (...) com os partidos à frente, sem aceitar as manipulações dos cronistas do neoliberalismo, abrigados na grande mídia.”
Creio, sinceramente, que o professor-geógrafo-jornalista, sentiu-se ofendido com a última frase da transcrição acima (“cronistas...abrigados na grande mídia”) e, a partir do seu desconforto, resolveu escrever sua diatribe, transferindo para mim determinadas posições sobre a questão “Partido-estado”, lidando com os fantasmas do seu trotskysmo abandonado. Na verdade, eu não acho nenhuma desonra trabalhar em qualquer órgão de imprensa, seja tradicional ou não, seja de direita ou não, bem como defender por convicção quaisquer posições políticas aceitáveis dentro da democracia. O que eu acho desonroso é deformar ou mentir sobre posições de adversários para tentar dar uma nova lustrada no já velho senso comum do neoliberalismo.
Na verdade, o articulista continua fazendo esforços para se credenciar, cada vez mais, com o que ele imagina ser um vasto público que odeia qualquer resquício do PT e da esquerda na política brasileira, oferecendo seus préstimos ao projeto demo-tucano. Não sei, sinceramente, se ele vai continuar tendo sucesso, pois até os neoliberais um pouco mais sensatos acham que vale a pena olhar todas as experiências modernas de desenvolvimento e que, para isso, não é preciso abrir mão da democracia política.
Finalizo refutando a mais idiota e irresponsável das suas conclusões, ou seja, que eu seria um pretendente a Duce, sonhando com uma “marcha sobre Brasília”: sou um homem de esquerda, não aceito nem tenho talentos para ser um “putschista” fascistóide. Jamais serei um pretendente a isso, mas acho que Demétrio já é um pequeno Mussolini, que, antes de ser Duce, já era um grande manipulador e caluniador dos seus adversários.
Demétrio Magnoli notabilizou-se fora da paulicéia, quando fui Ministro de Educação, pela empáfia com que escrevia contra o Prouni, contra as políticas de cotas para as comunidades indígenas e afrodescendentes, contra todas políticas educacionais que iniciaram no Governo Lula e proporcionaram um amplo acesso dos pobres às Universidades e Escolas Técnicas do país. Ou seja, sempre militou contra os projetos democráticos de Governo, que abriram novas perspectivas de vida para os “de baixo”, sempre jogando luz no lado clandestino da alma da direita: aquele que, tendo vergonha de defender as posições elitistas e reacionárias que estão na base do seu pensamento, faz da deformação do pensamento alheio a trilha aos potes de ouro oferecidos pelo mercado.
No seu texto, “O Graal de Tarso Genro” (F.S.Paulo, 01.02), Demétrio teve apenas uma manifestação de honestidade intelectual. E esta foi quando disse que o meu texto estava escrito “numa língua estranha, longinquamente aparentada com o português”. Acho que ele pensa isso mesmo. A sua dificuldade em entender o português simples e direto, usado por mim no texto, fica clara nas conclusões estapafúrdias produzidas sobre o que eu escrevi.
Quando falo em “honestidade”, faço-o não para absolvê-lo das manipulações grosseiras que fez das idéias que transmito, mas para reconhecer que o português que ele entende não está efetivamente presente na linguagem direta do meu artigo. Ele só entende um português mediado pelos verbos e adjetivos das agências de risco e pelas “mensagens” do mercado, com seus potes de ouro destinados aos seus mensageiros: uma linguagem só longinquamente aparentada com qualquer sistema discursivo democrático e humanista.
O centro do meu texto - escrito sem qualquer desrespeito a quem pensa diferente - é um convite para pensar o Brasil, dentro da democracia e da república, com direitos humanos e sustentabilidade. Defendi no artigo, para que não cheguemos em 2023 num quinto lugar na economia mundial sem melhorar em muito os índices de desigualdade social -principalmente nas áreas da saúde e educação- devemos buscar um caminho alternativo ao crescimento que se dá com aumento de concentração de renda. Isso está escrito no sétimo e no oitavo parágrafo do meu texto, publicado aqui na Carta Maior.
Quando Demétrio diz que o meu artigo explica que falta ao Brasil “um ente de poder capaz de reinventar a sociedade e guiar o povo até o futuro” (“o Partido-Estado”), aduzindo que esta é a minha posição sobre o assunto, já tinha gasto a sua cota de honestidade por artigo e passa a mentir desbragadamente. Ele alega que eu quero transferir para o Brasil, um modo de gestão política do Estado, que, no meu texto, apenas constato que foi o caminho escolhido pela direção chinesa.
O meu comentário sobre este assunto está no décimo sexto parágrafo do artigo criticado e é uma referência clara ao que aconteceu na China. Não é nem recomenda que seja uma receita, direta ou indireta, para o Brasil. Está expresso claramente, no início deste parágrafo o seguinte: “se quiséssemos enquadrar nas categorias do marxismo tradicional o que ocorreu na China...” e passo a aludir ao “Partido-Estado, ” no processo desenvolvimento chinês. Não faço, repito, qualquer recomendação, direta ou indireta, sobre a fórmula, que não poderia ser aceita em qualquer projeto democrático.
O resumo da fraude intelectual do articulista irado, porém, está no “lead” do seu texto assim redigido: “Democracia é o regime no qual governantes não podem tudo – e aí está o problema do Brasil, na opinião dele...”, ou seja, na minha opinião. Mentira. Essa não é a minha opinião. O que eu digo no artigo é exatamente o contrário: digo que a democracia exatamente “pode”, através de métodos democráticos, achar uma saída democrática para desamarrar o país de um sistema político falido. Digo, expressamente, no parágrafo 22 do meu texto: “o levantar de âncoras poderá ser uma nova Assembléia Nacional Constituinte, no bojo de um amplo movimento político –por dentro e por fora do Parlamento- (...) com os partidos à frente, sem aceitar as manipulações dos cronistas do neoliberalismo, abrigados na grande mídia.”
Creio, sinceramente, que o professor-geógrafo-jornalista, sentiu-se ofendido com a última frase da transcrição acima (“cronistas...abrigados na grande mídia”) e, a partir do seu desconforto, resolveu escrever sua diatribe, transferindo para mim determinadas posições sobre a questão “Partido-estado”, lidando com os fantasmas do seu trotskysmo abandonado. Na verdade, eu não acho nenhuma desonra trabalhar em qualquer órgão de imprensa, seja tradicional ou não, seja de direita ou não, bem como defender por convicção quaisquer posições políticas aceitáveis dentro da democracia. O que eu acho desonroso é deformar ou mentir sobre posições de adversários para tentar dar uma nova lustrada no já velho senso comum do neoliberalismo.
Na verdade, o articulista continua fazendo esforços para se credenciar, cada vez mais, com o que ele imagina ser um vasto público que odeia qualquer resquício do PT e da esquerda na política brasileira, oferecendo seus préstimos ao projeto demo-tucano. Não sei, sinceramente, se ele vai continuar tendo sucesso, pois até os neoliberais um pouco mais sensatos acham que vale a pena olhar todas as experiências modernas de desenvolvimento e que, para isso, não é preciso abrir mão da democracia política.
Finalizo refutando a mais idiota e irresponsável das suas conclusões, ou seja, que eu seria um pretendente a Duce, sonhando com uma “marcha sobre Brasília”: sou um homem de esquerda, não aceito nem tenho talentos para ser um “putschista” fascistóide. Jamais serei um pretendente a isso, mas acho que Demétrio já é um pequeno Mussolini, que, antes de ser Duce, já era um grande manipulador e caluniador dos seus adversários.
Demétrio Magnoli notabilizou-se fora da paulicéia, quando fui Ministro de Educação, pela empáfia com que escrevia contra o Prouni, contra as políticas de cotas para as comunidades indígenas e afrodescendentes, contra todas políticas educacionais que iniciaram no Governo Lula e proporcionaram um amplo acesso dos pobres às Universidades e Escolas Técnicas do país. Ou seja, sempre militou contra os projetos democráticos de Governo, que abriram novas perspectivas de vida para os “de baixo”, sempre jogando luz no lado clandestino da alma da direita: aquele que, tendo vergonha de defender as posições elitistas e reacionárias que estão na base do seu pensamento, faz da deformação do pensamento alheio a trilha aos potes de ouro oferecidos pelo mercado.
(*) Governador do Rio Grande do Sul