terça-feira, 19 de junho de 2012

O “turismo” dos terroristas de Israel


A BBC Brasil divulgou hoje uma nota horripilante. Segundo a sucursal do veículo britânico, “um campo de treinamento de tiro ao alvo localizado num assentamento israelense tem provocado polêmica ao oferecer aos visitantes um pacote de ‘turismo radical’ que inclui treinamento para ‘matar terroristas’. O campo Caliber 3, no assentamento de Gush Etzion, no território palestino da Cisjordânia, usa como alvo de tiros figuras em tamanho real portando tradicionais turbantes árabes”.

O local, com mais de 10 mil metros quadrados, também é usado para treinamentos militares do Exército e da polícia de Israel. O proprietário, Sharon Gat, justificou à BBC o seu projeto macabro. “Queremos que os judeus do mundo inteiro possam ver com seus próprios olhos que no Estado de Israel há organizações e pessoas que sabem ensinar autodefesa no mais alto nível”, afirmou.
"Um projeto sionista"
Ainda segundo o empresário, cerca de 5 mil “turistas” já frequentaram o curso, inclusive crianças. Os adultos atiram com armas e munição de verdade, em alvos de papelão ilustrados com o estereótipo de “terrorista”. As crianças utilizam armas de paintball. O preço do curso, de duração de duas horas, é 440 shekels (cerca de R$ 220) para adultos e 200 shekels (R$ 100) para crianças.
Sharon Gat, oficial da reserva do exército, é um sionista assumido e um empresário oportunista. Ele mesmo enfatiza que o Caliber-3 “é um projeto sionista, positivo e importante, que proporciona muito emoção para muita gente. O curso serve para turistas de todas as idades, que tenham interesse em aprender táticas antiterroristas”.
A própria BBC, no entanto, tratou as lunáticas e terroristas declarações do sionista como uma coisa exótica. Lamentável!

Akira Kurosawa:O Anjo Embriagado


O Anjo Embriagado
(Yoidore Tenshi)
KG por EceAyham
Poster
Sinopse
Yoidore tenshi é frequentemente considerado a primeira grande obra do diretor. Apesar de o roteiro, assim como todos os trabalhos de Kurosawa dos tempos da ocupação, ter sido forçado a ser reescrito devido à censura americana, Kurosawa sentiu que este foi o primeiro filme no qual ele conseguiu se expressar livremente. É uma história realista de um médico que tenta salvar um gangster (yakuza) com tuberculose. Este foi também o primeiro filme do diretor com Toshiro Mifune, que iria interpretar papéis importantes em todos os dezesseis próximos filmes do diretor, exceto um (Ikiru). Apesar de Mifune não ter sido escalado como protagonista em Yoidore tenshi, sua performance explosiva como o gangster dominou tanto o filme que ele desviou o foco do personagem principal, o médico alcoólatra interpretado por Takashi Shimura, que já tinha aparecido em alguns filmes de Kurosawa.

Entretanto, Kurosawa não queria abafar a imensa vitalidade do jovem ator, e o personagem rebelde de Mifune conquistou o público do mesmo jeito que a postura desafiadora de Marlon Brando iria arrebatar o público alguns anos depois. O filme estreou em Tóquio em abril de 1948 aclamado pela crítica e foi escolhido pelo grupo de críticos da prestigiosa Kinema Junpo como o melhor filme do ano, o primeiro dos três filmes de Kurosawa a receber essa honra. (Wikipedia)
Screenshots (clique na imagem para ver em tamanho real)

Elenco
Informações sobre o filme
Informações sobre o release
Takashi Shimura, Toshirô Mifune, Reisaburô Yamamoto, Michiyo Kogure, Chieko Nakakita, Noriko Sengoku, Shizuko Kasagi, Eitarô Shindô, Masao Shimizu, Taiji Tonoyama, Yoshiko Kuga, Chôko Iida, Ko Ubukata, Akira Tani, Sachio Sakai, Senkichi Ômura, Tateo Kawasaki, Mayuri Mokusho, Toshiko Kawakubo, Haruko Toyama, Yukie Nanbu, Sumire Shiroki

Vide IMDB para detalhes
Gênero: Policial
Diretor: Akira Kurosawa
Duração: 1h 38mn
Ano de Lançamento: 1948
País de Origem: Japão
Idioma do Áudio: Japonês
IMDB: http://www.imdb.com/title/tt0040979/
Qualidade de Vídeo: BR Rip
Container: MKV
Vídeo Codec: V_MPEG4/ISO/AVC
Vídeo Bitrate: 5932 Kbps
Áudio Codec: AC3
Áudio Bitrate: 448 Kbps
Resolução: 960x720
Aspect Ratio: 1.333
Formato de Tela: Tela Cheia (4x3)
Frame Rate: 23.976
Tamanho: 4.378 GiB
Legendas: No Torrent
Crítica
Yoidore Tenshi marca, para Kurosawa, o final, mas também o princípio de outra fase como realizador. Se desde Sugata Sanshiro (A lenda do Judo) de 1943, seu primeiro filme, até Subarashiki nichiyobi (Um domingo maravilhoso) de 1947, se retratava leves aspectos da vida quotidiana ou se faziam aventuras ligeiras com pouco significado, em Yoidore Tenshi perde-se essa, digamos, superficialidade existente. Foi com o aprimorar e o desenvolver tanto das técnicas como na complexidade das narrativas que em 1948 este filme foi possível ser feito.
Introduz, desde logo, uma dupla de actores que iriam resistir até 1965, e pertenciam (e pertencem) à elite de melhores actores do Japão (e do Mundo). São eles, Toshiro Mifune - que se estreia neste filme nas produções Kurosawa, e efectua um papel ao nível de Orson Welles em Citizen Kane - e Takashi Shimura, que levará a cargo o melhor papel da sua vida - o de Kanji Watanabe em Ikiru em 1952.
Reunidas as melhores condições para um filme de luxo, a narrativa é, também ela, um ponte forte, é através de metáforas e imagens que nos deixamos aperceber a forte mensagem do filme.
O Doutor Sanada (Shimura) é um bêbado e um alcoólico, que recebe, num hospital modesto e humilde, o yakuza boémio Matsunaga (Mifune). Sanada vai diagnosticar a Matsunaga uma tubercolose, e a partir deste momento, os dois tornam-se muito próximos; desenvolvendo a relação típica "Mestre" e "Díscipulo" típica de Akira Kurosawa.
Dois doentes que precisam um do outro - esta é uma completa metáfora para o Japão do pós-guerra, que se encontra decadente, destruído e apenas se quer evadir pelos vícios (alcoól para Sanada e festas e mulheres para Matsunaga). Sanada, encarregado de ser Mestre, é ainda a voz da Razão para o yakuza, que prefere o instinto, a festa, a libertação pagã e hedonista na cidade corrupta, suja e ocidentalizada. Assim, Matsunaga entra na fronteira da auto-destruição, querendo fugir dos problemas pelo que oferece prazer imediato, esquecendo a voz do Doutor, também ele, digamos, viciado e contraditório.
A profundidade que Mifune dá ao papel - a sua degenerescência premanente, o seu ar de doente gradual, as expressões que começam a congelar - e os sítios que ele frequenta - bares boémios de jazz, tango e charleston - profundamente influenciados pela maneira americana de viver são os índicios metafóricos de uma crítica social escondida. No filme não vemos, nem soldados americanos, nem qualquer referência a MacArthur ou política; mas observamos as vivências humanas das personagens que - levadas em rebanhos para caminhos sem saída - acabam como o buraco no chão, alagado pela borbulhante nojeira (talvez um índicio de uma bomba ou míssil) ao qual Matsunaga olha perplexo quando se sente triste.
O final do filme, é duro: Sanada, através do seu constante lema de recuperação, - força de vontade - consegue segurar-se e deixar a bebida, quanto ao yakuza, o caminho que escolheu e a fraca personalidade deixaram-no levar pelo vício das mulheres que não amam e das bebidas que queimam o estômago. O seu pesadelo, ao qual ele acorda numa praia dentro de um caixão e é perseguido por ele mesmo, realiza-se mesmo no final do filme quando o lodo americano o suga e engole a flor que lá foi perdida.
Assim, Yoidore Tenshi, alcança o estatuto de um dos melhores filmes de Kurosawa. Apresenta a reacção do pós-guerra de uma forma simbólica e imagética, mas também a atitude japonesa estóica de resignação e paciência. Mas a Razão não perdoa, e diz no filme: "Os japoneses amam sacrificar-se por coisas estúpidas."

Por Miguel Patrício

Em: http://retroprojecca...ore-tenshi.html
Coopere, deixe semeando ao menos duas vezes o tamanho do arquivo que baixar.

A QUEM INTERESSAR ASSISTIR SOLICITE O TORRENT POR EMAIL...
turcoluis@gmail.com

Dilma no pau-de-arara mineiro



Juremir Machado

Para quem gosta de insultar o bom senso com a conversa rasteira e reacionária sobre investigar e punir os tais dois lados, o jornal Estado de Minas traz um documento arrasador. Mostra como a atual presidente Dilma Rousseff foi torturada pela ditadura.

Quem pagou?

Quem foi punido?

Ninguém.

*

Documento traz detalhes da tortura sofrida por Dilma


Reportagem do EM que noticiou o julgamento em Juiz de Fora (Dilma aparece no banco dos réus, no alto à direita)  (Marcos Michelin/EM/D.A.Press - Reprodução)
“Me deram uma injeção e disseram para não bater naquele dia”, conta Dilm
A presidente Dilma Vana Rousseff foi torturada nos porões da ditadura em Juiz de Fora, Zona da Mata mineira, e não apenas em São Paulo e no Rio de Janeiro, como se pensava até agora. Em Minas, ela foi colocada no pau de arara, apanhou de palmatória, levou choques e socos que causaram problemas graves na sua arcada dentária. É o que revelam documentos obtidos com exclusividade pelo Estado de Minas , que até então mofavam na última sala do Conselho dos Direitos Humanos de Minas Gerais (Conedh-MG). As instalações do conselho ocupam o quinto andar do Edifício Maletta, no Centro de Belo Horizonte. Um tanto decadente, sujeito a incêndios e infiltrações, o velho Maletta foi reduto da militância estudantil nas décadas de 1960 e 70.

Perdido entre caixas-arquivo de papelão, empilhadas até o teto, repousa o depoimento pessoal de Dilma, o único que mereceu uma cópia xerox entre os mais de 700 processos de presos políticos mineiros analisados pelo Conedh-MG. Pela primeira vez na história, vem à tona o testemunho de Dilma relatando todo o sofrimento vivido em Minas na pele da militante política de codinomes Estela, Stela, Vanda, Luíza, Mariza e também Ana (menos conhecido, que ressurge neste processo mineiro). Ela contava então com 22 anos e militava no setor estudantil do Comando de Libertação Nacional (Colina), que mais tarde se fundiria com a Vanguarda Popular Revolucionária (VPR), dando origem à VAR-Palmares.
As terríveis sessões de tortura enfrentadas pela então jovem estudante subversiva já foram ditas e repisadas ao longo dos últimos anos, mas os relatos sempre se referiam ao eixo Rio-São Paulo, envolvendo a Operação Bandeirantes, a temida Oban de São Paulo, e a cargeragem na capital fluminense. Já o episódio da tortura sofrida por Dilma em Minas, onde, segundo ela própria, exerceu 90% de sua militância durante a ditadura, tinha ficado no esquecimento. Até agora.

Sede do Quartel General de Juiz de Fora, onde teriam ocorrido as sessões de tortura  (Roberto Fugêncio/ Tribuna de Minas)
Sede do Quartel General de Juiz de Fora, onde teriam ocorrido as sessões de tortura

Tortura psicológica
“Tinha muito esquema de tortura psicológica, ameaças. Eles interrogavam assim: ‘Me dá o contato da organização com a polícia?’ Eles queriam o concreto. ‘Você fica aqui pensando, daqui a pouco eu volto e vamos começar uma sessão de tortura.’ A pior coisa é esperar por tortura.”
Ameaças
“Depois (vinham) as ameaças: ‘Eu vou esquecer a mão em você. Você vai ficar deformada e ninguém vai te querer. Ninguém vai saber que você está aqui. Você vai virar um ‘presunto’ e ninguém vai saber’. Em São Paulo me ameaçaram de fuzilamento e fizeram a encenação. Em Minas não lembro, pois os lugares se confundem um pouco.”
Sequelas
“Acho que nenhum de nós consegue explicar a sequela: a gente sempre vai ser diferente. No caso específico da época, acho que ajudou o fato de sermos mais novos; agora, ser mais novo tem uma desvantagem: o impacto é muito grande. Mesmo que a gente consiga suportar a vida melhor quando se é jovem, fisicamente, a médio prazo, o efeito na gente é maior por sermos mais jovens. Quando se tem 20 anos o efeito é mais profundo, no entanto, é mais fácil aguentar no imediato.”
Sozinha na cela
“Dentro da Barão de Mesquita (RJ), ninguém via ninguém. Havia um buraquinho na porta, por onde se acendia cigarro. Na Oban (Operação Bandeirantes), as mulheres ficavam junto às celas de tortura. Em Minas sempre ficava sozinha, exceto quando fui a julgamento, quando fiquei com a Terezinha. Na ida e na vinda todas as mulheres presas no Tiradentes sabiam que eu estava presa: por exemplo, Maria Celeste Martins e Idoina de Souza Rangel, de São Paulo.”
Visita da mãe
“Em Minas, estava sozinha. Não via gente. (A solidão) era parte integrante da tortura. Mas a minha mãe me visitava às vezes, porém, não nos piores momentos. Minha mãe sabia que estava presa, mas eles não a deixavam me ver. Mas a doutora Rosa Maria Cardoso da Cunha, advogada, me viu em São Paulo, logo após a minha chegada de Minas. Hoje ela mora no Rio e posso contatá-la ”
Cena da bomba
 (Reprodução) 
“Em Minas, fiquei só com a Terezinha. Uma bomba foi jogada na nossa cela. Voltei em janeiro de 72 para Juiz de Fora (nunca me levaram para BH). Quando voltei para o julgamento, me colocaram numa cela, na 4ª Cia. de Polícia do Exército, 4ª Região Militar, lá apareceu outra vez o Dops que me interrogava. Mas foi um interrogatório bem mais leve. Fiquei esperando o julgamento lá dentro.”
Frio de cão
“Um dia, a gente estava nessa cela, sem vidro. Um frio de cão. Eis que entra uma bomba de gás lacrimogênio, pois estavam treinando lá fora. Eu e Terezinha ficamos queimadas nas mucosas e fomos para o hospital. Tive o
‘prazer’ de conhecer o comandante general Sílvio Frota, que posteriormente me colocaria na lista dos infiltrados no poder público, me levando a perder o emprego.”
Motivos
“Quando eu tinha hemorragia, na primeira vez foi na Oban (…) foi uma hemorragia de útero. Me deram uma injeção e disseram para não bater naquele dia. Em Minas, quando comecei a ter hemorragia, chamaram alguém que me deu comprimido e depois injeção. Mas me davam choque elétrico e depois paravam. Acho que tem registros disso no final da minha prisão, pois fiz um tratamento no Hospital das Clínicas.”
Morte e solidão
“Fiquei presa três anos. O estresse é feroz, inimaginável. Descobri, pela primeira vez, que estava sozinha. Encarei a morte e a solidão. Lembro-me do medo quando minha pele tremeu. Tem um lado que marca a gente o resto da vida.”
Marcas da tortura
“As marcas da tortura sou eu. Fazem parte de mim.”

 Escrito por Santana FM / Fonte Estado de Minas