sexta-feira, 12 de fevereiro de 2010

Reflexões sobre o FSM-2010...

10º FSM: sintomas de decadência
Escrito por Raúl Zibechi - Correio da Cidadania
 
Uma década é tempo suficiente – no terreno político-social – para o crescimento, maturidade e talvez decadência de um "movimento de movimentos" que se propôs a mudar o mundo. Ainda que seu declínio seja um dado da realidade, seus mentores podem contentar-se com que seu oponente, o Fórum Econômico de Davos, atravessa dificuldades ainda maiores.
 
Os sintomas são bem conhecidos: debater até o cansaço se o que está se fazendo tem sentido, se deve continuar pelo mesmo caminho ou mudar o rumo para alguma outra direção que permita encontrar soluções aos males e mal-estares que se notam. Com efeito, tanto o seminário ‘10 anos depois’ realizado em Porto Alegre, como o Fórum Temático, em Salvador, dedicaram boa parte de seu tempo a constatar a perda de vitalidade de um movimento que pretendeu ser a alternativa à globalização neoliberal.
 
Neste ano, o Fórum Social Mundial não contou com um evento central, mas realizou atividades em uma vintena de cidades de diferentes partes do mundo, entre elas as duas capitais estaduais brasileiras. A opção pela descentralização é um indicador de que os grandes eventos de dezenas de milhares de pessoas tiveram um papel importante em seu momento, no princípio da década, mas nesta etapa não teria sentido repeti-los, já que, segundo se pôde constatar nas últimas edições, o formato foi se desgastando.
 
Os eventos de Porto Alegre, a partir de 25 de janeiro, consistiram em um conjunto de debates entre intelectuais e membros de ONGs, com escassa participação dos movimentos sociais que são, na prática, a razão de ser do Fórum. Certamente, não era a intenção dos organizadores apostar pela massividade que arrastou mais de 150 mil pessoas nas edições anteriores, mas que nos debates de agora atraíram menos de 10% do anterior pico de participação.
 
Em Salvador, pelo contrário, no Fórum Temático realizado entre 29 e 31 de janeiro, a presença dos movimentos era esperada com certa expectativa. A opção por descentralizar o evento, com mesas de debates em hotéis da cidade e atividades dos movimentos relegadas ao recinto da universidade católica, teve efeito negativo para a participação social. Diferentemente do que ocorria em Porto Alegre anos atrás, quando a cidade girava em torno do Fórum alguns dias, na capital da Bahia as pessoas nem souberam do evento altermundialista.
 
Buscando novos rumos
 
A virada na situação política mundial e na América Latina parece estar na base de um certo desconcerto que se materializa na aparição de propostas notoriamente divergentes. Nas primeiras edições do Fórum, se registravam uma forte ascensão do conservadorismo comandado por George Bush, simbolizado nas invasões ao Iraque e Afeganistão. Nesse continente, estavam entrando governos de mudança e se verificava ainda uma onda de mobilização social que desembarcou com suas múltiplas cores nos eventos massivos de Porto Alegre.
 
A crise mundial, a vitória de Barack Obama na Casa Branca, o outono dos governos progressistas e de esquerda da região e a crescente desmobilização social pautam uma conjuntura bem diferente. O tom da Carta da Bahia, documento final aprovado por uma assembléia de movimentos, delata o novo clima. A declaração enfatiza o rechaço "à presença de bases estrangeiras no continente sul-americano", a defesa da soberania e das grandes jazidas de petróleo descobertas no litoral brasileiro.
 
A carta faz uma defesa cerrada do governo Lula. "No Brasil, muitos avanços foram conquistados pelo povo durante os sete anos de governo Lula". Menciona que ainda falta realizar reformas estruturais, mas conclama o apoio a diversos oficialismos "neste período de embate político que se aproxima", em clara alusão aos processos eleitorais vindouros.
 
Neste ponto, aparecem fortes divergências. O Movimento dos Sem Terra, muito crítico a Lula por não ter promovido a reforma agrária prometida, não mobilizou suas bases para o Fórum como em ocasiões anteriores. Em Salvador, o movimento mais forte é o dos Sem Teto, que em oficinas diferentes mostrou claros distanciamentos tanto com o governo federal como com o estadual, comandado pelo petista Jacques Wagner.
 
A distância, social antes que política, entre movimentos e governos foi uma das características do Fórum de Salvador. Um dos ‘intercâmbios’ com os movimentos se realizou em um hotel cinco estrelas, com a participação do governador Jacques Wagner, o ministro do Desenvolvimento Social, Patrus Ananias, e o Secretário Especial para Assuntos Estratégicos da Presidência, Samuel Pinheiro. Não era esse o melhor ambiente para movimentos de base que, como os de Salvador, são integrados em sua imensa maioria por negros pobres que vivem em favelas, e que são sistematicamente rejeitados nesses espaços.
 
Na visita que realizamos a três ocupações urbanas dos Sem Teto pudemos comprovar que as bases desses movimentos não tinham a menor idéia do que acontecia no centro da cidade, nem mostravam intenção de comparecer quando eram informados que deviam se registrar em outro hotel, também cinco estrelas, localizado no coração elitista da cidade racista. Se alguma vez os fóruns foram um autêntico encontro de movimentos sociais, na prática se transformaram em encontros de elites, intelectuais, membros de ONGs e representantes de organizações sociais.
 
Nas palavras de Eric Toussaint, membro do Conselho Internacional do FSM, um dado central é que o encontro "foi patrocinado pela Petrobras, Caixa, Banco do Brasil, Itaipu Binacional e contou com forte presença de governos". Ou seja, grandes multinacionais que estão também no encontro empresarial de Davos, onde Lula foi proclamado "estadista global". Em sua opinião, o núcleo histórico de fundadores do Fórum, no qual têm presença especial brasileiros vinculados ao governo, é o mais refratário a buscar outros formatos, que "se apóiem em forças militantes voluntárias e que se alojem em casas de ativistas".
 
Questão de Estado
 
Quanto ao formato, as propostas são muito variadas. O português Boaventura de Sousa Santos crê que o Fórum fracassou na Europa, Ásia e África ao não conseguir "conquistar o imaginário dos movimentos sociais e líderes políticos" como ocorreu na América Latina. Acredita que o FSM deveria ter comparecido com uma posição própria na Cúpula de Copenhagen e que o próximo encontro, em Dakar (Senegal) deverá "promover algumas ações coletivas" na direção de buscar "uma nova articulação entre partidos e movimentos".
 
Toussaint vai mais longe e aspira que os movimentos acolham a proposta lançada por Hugo Chávez, de lançar uma Quinta Internacional, que seria "instrumento de convergência para a ação e elaboração de um modelo alternativo". No outro extremo, o sociólogo brasileiro Emir Sader pensa que o Fórum já fracassou porque ao não estreitar vínculos com governos progressistas "ficou girando no vazio".
 
Dois assuntos seguem no centro dos debates, como essas posturas manifestam: a relação entre governos e movimentos e o grau de centralização e organização do qual o Fórum deve se dotar. Há quem, como Toussaint, defenda um modelo tradicional, que se resuma a uma "frente permanente de partidos, movimentos sociais e redes internacionais", porque é a melhor forma de impulsionar a mobilização. Acredita, por tabela, que o golpe de Estado em Honduras se consolidou porque a mobilização "foi totalmente insuficiente".
 
Sousa Santos joga mais lenha na fogueira ao abordar o outro assunto em debate. Sustenta que "agora existe um novíssimo movimento social, que é o próprio Estado". Defende sua tese assinalando que se o Estado for deixado livre à sua lógica, "é capturado pela burocracia e pelos interesses econômicos dominantes". Mas se os movimentos, que sempre trabalharam por fora dos Estados, levarem em conta como um "recurso importante" este Estado "pode ser apropriado pelas classes populares como está ocorrendo no continente latino-americano".
 
Em seu comunicado ao seminário "10 anos depois", Immanuel Wallerstein apresentou uma perspectiva que inclui uma variante mais, estirando as diferenças entre os militantes. Sustentou que os impactos maiores da crise virão nos próximos cinco anos, com um possível default da dívida dos Estados Unidos, a queda do dólar, a aparição de regimes autoritários, incluindo alguns países da América latina, e a crescente demonização de Obama nos EUA. Crê que estão se formando vários blocos geopolíticos que excluem Washington: Europa Ocidental e Rússia; China-Japão-Coréia do Sul; América do Sul, liderada pelo Brasil.
 
Neste cenário, opina que nas próximas duas décadas a esquerda social e política irão percebendo que "a questão central não é pôr fim ao capitalismo, mas organizar um sistema que o suceda". Neste lapso, a confrontação entre esquerdas e direitas, cujas forças se expandiram pelo mundo todo, será inevitável, mas não será uma batalha entre Estados, e sim "entre as forças sociais mundiais". E acredita, além do mais, que às esquerdas e aos movimentos "falta uma visão estratégica de médio prazo". Este último ponto se mostrou inteiramente correto, pelo menos no último Fórum Social Mundial.
 
Raúl Zibechi é jornalista uruguaio, professor pesquisador na Multiversidade Franciscana da América Latina e assessor de vários coletivos sociais.
 
Traduzido por Gabriel Brito.
Publicado originalmente em América Latina en Movimiento (http://www.alainet.org/).

Altamiro Borges: Os conspiradores se reúnem



Direita midiática conspira em São Paulo

 Altamiro Borges,em seu blog

No dia 1º de março, no Hotel Golden Tulip, na capital paulista, as estrelas da direita midiática estarão reunidas num seminário cinicamente batizado de “1º Fórum Democracia e Liberdade de Expressão”. Não faltarão críticas a Conferência Nacional de Comunicação, sabotada pelos donos da mídia, e às idéias democratizantes do Plano Nacional de Direitos Humanos. O presidente Lula ficará com a sua orelha ardendo. Será rotulado de autoritário, populista e de outros adjetivos. O evento tentará unificar o discurso da mídia hegemônica para a disputa presidencial de 2010.

Os inscritos que desembolsarem R$ 500 poderão ouvir as opiniões de famosos reacionários sobre as “ameaças à democracia no Brasil” e as “restrições à liberdade de expressão”. Marcel Granier, dono da golpista e corrupta RCTV, que teve sua outorga cassada pelo governo venezuelano, fará a palestra de encerramento. A lista de palestristas convidados causa náuseas: o fascistóide Denis Rosenfield, o racista Demétrio Magnoli, o pitbul Reinaldo Azevedo, o bravateiro Arnaldo Jabor, o líder da seita xiita Opus Dei, Alberto Di Franco, além de vários comentaristas da TV Globo.

O sinistro Instituto Millenium


O evento, que tem o apoio da Associação Brasileira de Empresas de Rádio e Televisão (Abert) e da Associação Nacional dos Jornais (ANJ), é uma iniciativa do sinistro Instituto Millenium. Esta entidade reúne poderosos banqueiros, industriais e barões da mídia e pretende ser um centro de aglutinação dos defensores da “economia de mercado”, como descreve seu sítio. Ela é presidida por Patrícia Carlos Andrade, que foi analista dos bancos Icatu e JPMorgan, e é filha do falecido jornalista Evandro Carlos de Andrade, um dos mentores da Central Globo de Jornalismo.

O instituto não tem nada de neutro ou plural. É controlado pelas corporações empresariais. Entre os mantenedores estão Jorge Gerdau, o barão da siderurgia, Sergio Foguel, da Odebrecht, Pedro Henrique Mariani, do Banco BBM, Salim Mattar, do grupo Localiza, e Marcos Amaro, da TAM. O gestor do fundo patrimonial da Millenium é Armínio Fraga, o ex-presidente do Banco Central na era neoliberal de FHC. Os barões da mídia têm expressiva presença na entidade. Entre os dez principais mantenedores estão João Roberto Marinho, das Organizações Globo, e Roberto Civita, da Abril. Seu conselho editorial é dirigido por Eurípedes Alcântara, diretor de redação da Veja.

A resposta dos movimentos sociais

O repórter Adriano Andrade, num excelente artigo para o jornal Brasil de Fato, demonstrou que o Instituto Millenium representa a nata da direita brasileira. Patrícia Andrade chegou a assinar o “manifesto contra a ditadura esquerdista na mídia”, escrito pelo fascistóide Olavo de Carvalho. A entidade também promove anualmente o risível “dia da liberdade de impostos”. Para o repórter, a Millenium lembra duas instituições que tiveram papel de relevo na preparação do golpe militar de 1964 – o Instituto Brasileiro de Ação Democrática (IBAD) e o Instituto de Pesquisa e Estudos Sociais (IPES), ambos financiados pelo governo dos EUA e pelos grupos monopolistas nativos.

O evento de 1º de março bem que mereceria uma resposta organizada dos movimentos sociais, alvo das manipulações constantes da mídia hegemônica. O demonizado MST, as ridicularizadas centrais sindicais, a estigmatizadas entidades estudantis, além das forças opostas a todos os tipos de discriminação, como a de gênero e a racial, poderiam aproveitar este evento conspirativo da direita midiática para protestar contra a “criminalização dos movimentos sociais e pela autêntica liberdade de expressão”. Nada mais democrático do que protestar contra a ditadura da mídia.

Holocausto como desculpa....sempre....


Holocausto
Pretexto para propaganda Israelense
Gideon Levy
“Como teria sido bonito se, neste dia internacional de lembrança, Israel tivesse aproveitado a altura para se examinar, fazer uma introspecção e perguntar, por exemplo, porque é que o anti-semitismo reapareceu no mundo precisamente no ano passado, um ano depois de termos lançado bombas de fósforo branco sobre Gaza. Como teria sido bonito se, neste Dia Internacional de Lembrança do Holocausto, Netanyahu tivesse anunciado uma nova política para integrar os refugiados em vez de os expulsar, ou se tivesse acabado com o bloqueio de Gaza».

Gideon Levy* - www.odiario.info


As personalidades importantes de Israel atacaram de madrugada numa frente alargada. O presidente na Alemanha, o primeiro-ministro com uma comitiva gigantesca na Polónia, o ministro dos estrangeiros na Hungria, o seu representante na Eslováquia, o ministro da cultura em França, o ministro da informação nas Nações Unidas, e até Ayoob Kara, membro druso do Knesset, do partido de Likud, em Itália. Estavam todos no estrangeiro a fazer discursos floreados sobre o Holocausto.

Quarta-feira foi o Dia Internacional de Lembrança do Holocausto, e há muito que não se assistia a um tal ímpeto de relações públicas por parte de Israel. O momento deste esforço invulgar – nunca houve tantos ministros dispersos pelo globo – não é uma coincidência. Quando todo o mundo fala em Goldstone [1], nós falamos do Holocausto, como para esbater o impacto. Quando todas as pessoas falam da ocupação, nós tratamos de falar do Irão como se pretendêssemos que elas se esqueçam.

Não vai servir de muito. O Dia Internacional de Lembrança do Holocausto já passou, os discursos em breve serão esquecidos, e a deprimente realidade quotidiana vai continuar. Israel não se vai sair com boa imagem, mesmo depois desta campanha de relações públicas.

Na véspera da partida, o primeiro-ministro Benjamin Netanyahu falou em Yad Vashem [2]. «Há perversidade no mundo», disse. «A perversidade tem que ser reprimida logo de início». Há pessoas que estão a «tentar negar a verdade». Palavras arrogantes, ditas pela mesma pessoa que ainda no dia anterior, num registo bem diferente, proferira palavras muito diferentes, palavras de verdadeira perversidade, perversidade que deveria ser cortada pela raiz, perversidade que Israel está a tentar esconder.

Netanyahu falou de uma nova «política de migração», uma política totalmente perversa. Juntou no mesmo saco malevolamente trabalhadores migrantes e refugiados miseráveis – avisando que todos eles punham Israel em perigo, que fazem baixar os nossos salários, que ameaçam a nossa segurança, que nos transformam num país do terceiro mundo e que introduzem drogas. Apoiou zelosamente o nosso ministro do interior, Eli Yishai, um racista que falou dos migrantes como responsáveis pela difusão de doenças como a hepatite, a tuberculose, a sida, e sabe-se lá que mais.

Nenhum discurso sobre o Holocausto poderá apagar estas palavras de incitamento e calúnias contra os migrantes. Nenhum discurso de recordação poderá disfarçar a xenofobia que impera em Israel, não só na extrema-direita e na Europa, como em todo o governo.

Temos um primeiro-ministro que fala sobre a perversidade mas está a construir um muro para impedir que os refugiados da guerra batam à porta de Israel. Um primeiro-ministro que fala sobre a perversidade mas é cúmplice de quatro anos de bloqueio a Gaza, deixando 1,5 milhões de pessoas em condições miseráveis. Um primeiro-ministro em cujo país os colonos perseguem e massacram palestinos inocentes sob o slogan «price tag», que também tem conotações históricas terríveis, mas contra os quais o estado praticamente não faz nada.

É este o primeiro-ministro de um estado que prende centenas de manifestantes de esquerda contra as injustiças da ocupação e da guerra em Gaza, enquanto concede amnistias em massa aos direitistas que se manifestaram contra o desligamento. No discurso de ontem, a comparação de Netanyahu da Alemanha nazi com o Irão fundamentalista não passou de propaganda barata. Conversa fiada sobre «a degradação do Holocausto». O Irão não é a Alemanha, Ahmedinejad não é Hitler e é tão enganador fazer uma comparação destas como comparar os soldados israelenses aos nazis.

O Holocausto não pode ser esquecido, e não é preciso compará-lo com outra coisa qualquer. Israel tem que participar nos esforços para manter viva a sua recordação, mas para o fazer tem que mostrar as mãos limpas, limpas da perversidade das suas próprias acções. E não pode levantar suspeitas de que está a utilizar cinicamente a lembrança do Holocausto para apagar e esbater outras coisas. Infelizmente, não é isso o que está a acontecer.

Como teria sido bonito se, neste dia internacional de lembrança, Israel tivesse aproveitado a altura para se examinar, fazer uma introspecção e perguntar, por exemplo, porque é que o anti-semitismo reapareceu no mundo precisamente no ano passado, um ano depois de termos lançado bombas de fósforo branco sobre Gaza. Como teria sido bonito se, neste Dia Internacional de Lembrança do Holocausto, Netanyahu tivesse anunciado uma nova política para integrar os refugiados em vez de os expulsar, ou se tivesse acabado com o bloqueio de Gaza.

Mil discursos contra o anti-semitismo não poderão apagar as chamas desencadeadas pela Operação “Cast Lead” (Chumbo Fundido), chamas que ameaçam não só Israel mas todo o mundo judeu. Enquanto Gaza estiver sob bloqueio e Israel mergulha na sua xenofobia institucionalizada, os discursos sobre o Holocausto não passarão de palavras vãs. Enquanto a perversidade andar por aqui à solta, nem o mundo nem nós próprios poderemos aceitar que se preguem sermões aos outros, mesmo que eles os mereçam.

Notas do tradutor:
[1] Relatório da missão das Nações Unidas para apuramento dos factos no conflito de Gaza, presidida pelo juiz Richard Goldstone, com data de 15.Set.2009 e intitulado “Direitos Humanos na Palestina e noutros territórios árabes ocupados”. Segundo as palavras de Goldstone, “A missão chegou à conclusão de que as Forças de Defesa de Israel praticaram acções equivalentes a crimes de guerra e, possivelmente, nalguns aspectos, a crimes contra a humanidade”.
[2] Yad Vashem (a "Autoridade de Recordação dos Mártires e Heróis do Holocausto”) é o memorial oficial de Israel para lembrar as vítimas judaicas do Holocausto. Foi fundado em 1953.


Este texto foi publicado em Há’aretz de 28 de Janeiro de 2010

* Gideon Levy é colunista de o diário israelense Há’aretz


Tradução de Margarida Ferreira