quinta-feira, 26 de março de 2009

Jornalistas têm alergia à crítica?


Alguns jornalistas que trabalham na chamada grande imprensa de Porto Alegre parecem ter alergia à crítica. Com o crescimento da rede de sites e blogs que acompanham e comentam a cobertura diária da mídia, tem crescido também o número de processos contra os autores destes textos. O alvo mais recente desta alergia foi o jornalista Wladimir Ungaretti (foto), professor da Faculdade de Comunicação da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS).

A Justiça determinou que Ungaretti retirasse do site Ponto de Vista todo conteúdo que pudesse ser considerado ofensivo ao repórter fotográfico Ronaldo Bernardi, do jornal Zero Hora. Na ação que moveu contra Ungaretti, Bernardi reclamou, entre outras coisas, de sua identificação pelo apelido de “Fotonaldo”. A Justiça acolheu em primeira instância o pedido do fotógrafo e Ungaretti resolveu suspender temporariamente as atividades do site que faz uma análise crítica diária do jornal Zero Hora.

Outro caso é o do blog Nova Corja, que após sofrer processos do jornalista Políbio Braga, agora sofre uma ação judicial do jornalista Felipe Vieira, da Rede Bandeirantes. Ele reclama de constrangimentos que estaria sofrendo por causa de posts publicados há quase um ano no blog. A queixa-crime, por injúria e difamação, é dirigida contra Rodrigo Oliveira Alvares, Leandro Demori, Walter Valdevino Oliveira Silva, Mário Camera e Jones Rossi.

Durante décadas, os profissionais da chamada grande imprensa trabalharam sem o tipo de acompanhamento crítico diário que ocorre hoje na internet. E sempre tiveram posição contrária à censura de seus trabalhos. Agora, aparentemente, jornalistas podem engrossar a onda daqueles que querem impor “limites mais rígidos à internet. A linguagem adotada pela maioria dos blogs e sites alternativos é irreverente por natureza. Pois agora, a irreverência e o sarcasmo estão sendo tipificados criminalmente.

Estes jornalistas costumam reclamar dos “excessos” cometidos na internet, mas silenciam a respeito dos “excessos” cometidos diariamente pelos veículos em que trabalham. Consideram-se, muitas vezes, como paladinos da verdade, desvinculados dos esquemas de poder nos quais estão inseridas as empresas onde trabalham. A possível dimensão negativa da irreverência e do sarcasmo da linguagem na internet, com todos seus excessos e, por vezes, erros, é infinitamente menor do que o dano que muitos destes paladinos causam com seu trabalho deslumbrado e submisso a um esquema de poder ao qual, ingenuamente ou não, eles afirmam não servir.

Tigre céltico virou gatinho banguela


Irlanda resvala para o abismo econômico em 2009

O gráfico acima foi publicado pelo jornal francês “Le Monde”, de alguns dias atrás. Mostra a previsão da Comissão Européia de desempenho econômico de vários países da zona do euro-moeda. Chama a atenção a bancarrota anunciada da República da Irlanda, com crescimento negativo de 11% para o corrente ano.

Em pensar que a Irlanda já foi proclamada pela imprensa neoliberal como o “Tigre Céltico”, quando logrou crescer cerca de 9% ao ano, no período de 1995 a 2001.

Evidentemente um crescimento insustentável, episódico, artificial, porque baseado no receituário clássico do neoliberalismo mais ortodoxo: desregulação selvagem, radical encolhimento do Estado, liberação à entrada de capitais predadores, flexibilização total das leis trabalhistas, privatização de setores estratégicos, altas taxas de endividamento interno, hipertrofia no consumo de supérfluos, financeirização da economia produtiva, etc. Só um elemento dinâmico pode salvar a Irlanda, o fato de ter estimulado a alta tecnologia, em detrimento das indústrias de tecnologia obsoleta. Essa talvez seja a saída do velho tigre agora desdentado.

A propósito: gostaríamos muito de ouvir a voz doutoral do “comunicador” Lasier Martins, que ainda recentemente cantava a Irlanda em prosa e verso em suas “inteligentes” locuções no rádio e na tevê da RBS.

Estudantes gaúchos pedem "Fora Yeda" em atos em Pelotas, Santa Maria e Porto Alegre

Ato "Fora Yeda" realizado hoje em Pelotas (Foto: Jurandir Silva)

Do blog Caras-pintadas

Centenas de estudantes de escolas públicas e universidades de Porto Alegre devem reunir-se nesta quinta, 26, dia do aniversário de Porto Alegre, às 10h, na Praça Argentina. Os estudantes, que fazem parte do movimento intitulado “A volta dos Caras-Pintadas – Ella não pode continuar” vão exigir a saída de Yeda Crusius do governo do Estado. Conforme Rodolfo Mohr, um dos líderes do movimento e integrante do DCE da UFGRS, é necessário que os estudantes apresentem uma solução para a crise política do Estado.

“Na nossa opinião, a solução é a saída da governadora”, afirmou. Para Juliano Medeiros, representante da UNE, além de exigir a saída da Yeda, o ato tem o objetivo de “denunciar a governadora e pedir apuração das denúncias de corrupção”. A expectativa dos organizadores é reunir cerca de mil manifestantes.

O movimento deve sair da praça em caminhada até o Palácio Piratini. Os estudantes pretendem entregar aos líderes do governo a “Carta à Sociedade Gaúcha”, assinada por mais de 20 entidades estudantis de todo o Estado, em que denunciam a política de desmonte da educação no Estado e o envolvimento do governo em casos de corrupção, pedindo o “Fora Yeda”. A carta havia sido apresentada ao presidente da Assembléia Legislativa, deputado Ivar Pavan, no dia 5 de março, quando foi lançado o movimento dos Caras-Pintadas.

O ato que acontece hoje em Porto Alegre foi precedido por duas manifestações do movimento no Estado. Em Pelotas, cerca de mil estudantes e ativistas de movimentos sociais fizeram caminhada pelas principais ruas da cidade na manhã desta quarta. O ato encerrou em frente à 5ª Coordenadoria Regional de Educação, onde os manifestantes entregaram aos representantes do governo a carta à sociedade gaúcha. Para a tarde de hoje está prevista também manifestação em Santa Maria.


Estudantes tiveram audiência com OAB

Na manhã desta quinta uma comitiva formada por quatro integrantes do movimento dos Caras-pintadas do RS foi recebida na sede da OAB pelo coordenador da Comissão de Direitos Humanos da Ordem, Ricardo Breier.

Os estudantes pediram a Breier que a OAB acompanhe a manifestação desta quinta e seus possíveis desdobramentos, para garantir a liberdade democrática e a integridade física dos participantes . “O movimento está sentindo na pele a repressão da Brigada, que não é mais exceção. A repressão tem sido uma constante: assim foi no ato dos estudantes contra o aumento das passagens, na greve dos bancários e nas manifestações do CPERS. O que a gente está vendo é a escassez das garantias democráticas no Estado”, afirmou Mohr durante a reunião.

Para Breier, o tema é inédito na Ordem. “A OAB atua quando é provocada, até agora não fizemos nenhuma ação preventiva, é um fato novo”. Ele afirmou que vai levar o tema para reunião interna da Comissão de Direitos Humanos, e garantiu que a Ordem estará atenta à mobilização. Participaram da reunião Rodolfo Mohr e Adrian Dallegrave, estudantes da UFRGS, Juliano Medeiros, diretor da UNE e Rafael Lemes, representando a Federação Nacional dos Estudantes de Direito, FENED.

Também ocorreu um ato "Fora Yeda" em Santa Maria nesta quarta-feira. O jornalista Fritz Nunes relata:

Ato realizado ontem em Santa Maria (Foto: Fritz Nunes)

Cerca de 150 pessoas, em sua maioria estudantes e professores, participaram do ato de lançamento do Fórum Popular da Educação Pública Gaúcha, na praça Saldanha Marinho, centro de Santa Maria, no final da tarde desta quarta, 25. A atividade acabou se tornando um protesto contra o governo estadual. Dezenas de faixas e cartazes registraram em letras grandes o “Fora Yeda”. Pelo menos 15 entidades estavam representadas no protesto, conforme os organizadores. Entre essas, o 2º Núcleo do Centro dos Professores (CPERS), o DCE, a CUT, a Conlutas, o Movimento Nacional de Luta Pela Moradia e partidos de esquerda. Até os estudantes “cara-pintadas” reapareceram durante a manifestação no centro da cidade.