Um blog de informações culturais, políticas e sociais, fazendo o contra ponto à mídia de esgoto.
sexta-feira, 10 de julho de 2009
O fabuloso destino de Tom Harrell
Pico Petrolífero...um ano depois...
Dia do Pico Petrolífero: 11 de Julho
No dia 11 de Julho de 2008 o preço de um barril de petróleo bateu um recorde de US$147,27 na cotação diária. Naquele mesmo mês, a produção mundial de petróleo bruto alcançou um recorde de 74,8 milhões de barris por dia.
Durante anos, uma crescente legião de analistas tem argumentado que a produção mundial de petróleo atingiria o máximo em torno do ano 2010 e começaria então a declinar por razões que têm a ver com a geologia (nós descobrimos e já apanhámos a "fruta pendente mais baixa" do mundo em termos de campos petrolíferos gigantes), assim como a falta de equipamentos de perfuração e de geólogos e engenheiros de exploração com treino. O "Pico Petrolífero", insistiam os analistas, marcaria o fim da fase de crescimento da civilização industrial, porque a expansão económica exige quantidades crescentes de energia de alta qualidade.
Durante o período 2005-2008, quando o preço do petróleo subia firmemente, a produção permaneceu estagnada. Embora novas fontes de petróleo começassem a produzir, elas mal compensavam os declínios de produção devidos ao esgotamento dos campos existentes. Em meados de 2008, quando os preços do petróleo subiram à estratosfera, os produtores de petróleo respondeu ao incentivo óbvio de extrair todo o barril possível. As taxas de produção escalaram para cima durante um par de meses, mas então tanto os preços como a produção caíram quando a procura por petróleo entrou em colapso.
Desde então, com preços do petróleo muito mais baixos, e com crédito escasso ou indisponível, evaporaram-se mais de US$150 mil milhões destinados ao desenvolvimento de futura capacidade de produção de petróleo. Isto significa que se um novo nível recorde de produção fosse alcançado, novos declínios na produção dos campos existentes teriam de ser ultrapassados, ou seja, que todos aqueles projectos de produção cancelados, e muitos mais adicionalmente, teriam de ser activados rapidamente. Pode não ser fisicamente possível ultrapassar a situação neste ponto, dado o facto de que os novos "jogos" são tecnicamente exigentes e portanto de desenvolvimento caro, além de terem potencial produtivo limitado.
No dia 4 de Maio deste ano, a Raymond James Associates, um importante corrector especializado em investimentos em energia, emitiu um relatório em que declarava: "Com a produção de petróleo da OPEP tendo aparentemente atingido o pico no primeiro trimestre de 2008, e o da não-OPEP ainda mais cedo em 2008, o pico petrolífero mundial parece ter tido lugar no princípio de 2008". Esta conclusão é corroborada por um conjunto de outros analistas.
Talvez seja forçado dizer que o pico da produção ocorreu num momento identificável, mas atribuí-lo ao dia em que os preços do óleo atingiram o seu mais alto nível pode ser um modo útil de fixar o acontecimento nas nossas mentes. Assim, sugiro que recordemos o 11 de Julho de 2008 como o Dia do Pico Petrolífero.
Estamos a aproximar-nos do primeiro aniversário do Dia do Pico Petrolífero. Onde estamos agora? A economia global está estilhaços, os preços do óleo recuperaram-se um pouco (estão agora cerca da metade do nível a que chegaram em Julho de 2008). O consumo mundial de energia está baixo, o comércio mundial está baixo, a indústria da aviação está a contrair-se e a maior parte dos fabricantes de automóveis do mundo estão nas salas das urgências ligados a aparelhos.
É demasiado tarde para preparar para o Pico Petrolífero — um ano demasiado tarde, de facto. Agora o nome do jogo é adaptação. Estamos num ambiente económico inteiramente novo, no qual as velhas suposições acerca da inevitabilidade do crescimento perpétuo, e a utilidade de alavancar investimentos com base em expectativas de crescimento futuro, estão a explodir em chamas. Mesmo que a actividade económica suba um pouco, isto ocorrerá no contexto de uma economia significativamente mais pequena do que aquela que existia em Julho de 2008, e a escassez de energia rapidamente levará a que a maior parte dos rebentos verdes definhem.
É impossível dizer o que acontecerá no futuro quanto aos preços do petróleo. Evidentemente, preços muito altos matam a procura ao cortarem actividade económica. Portanto é possível que o barril do preço de petróleo possa nunca mais romper o recorde do ano passado. Por outro lado, se valor do dólar entrar em colapso, então o céu é o limite para preços em dólares por barril.
É mais fácil prever a tendência da oferta de petróleo: embora no futuro possamos ver o nível de produção elevar-se temporariamente de vez em quando, em geral ele estará baixo, em fase descendente a partir de agora.
Muito embora o Pico Petrolífero esteja agora no passado, a sua comemoração anual no Dia do Pico Petrolífero pode servir à importante finalidade de recordar-nos porque a nossa economia está a encolher e de concentrar os nossos pensamentos nos meios destinados a facilitar a transição para um mundo pós petróleo.
Quais são os modos apropriados de comemorar o Dia do Pico Petrolífero? Sugiro passar algum tempo na natureza, entrar num jejum de petróleo de 24 horas, ou organizar uma parada de bicicletas nas vizinhanças com um cozinhado feito com forno solar.
Marque no seu calendário. O que estará você a fazer a 11 de Julho?
http://www.thepetitionsite.com/1/peak-oil-day
O original encontra-se em http://www.postcarbon.org/peak-oil-day
Este artigo encontra-se em http://resistir.info/ .