sexta-feira, 25 de fevereiro de 2011

Gilberto Carvalho: “Política para salário mínimo até 2015 é vitória das centrais”


Ramiro Furquim/Sul21

Felipe Prestes no Sul21

O secretário-geral da Presidência, Gilberto Carvalho, teve encontro ameno ontem (24) à tarde com o governador Tarso Genro, no Palácio Piratini. Carvalho foi um dos convidados do governo para um seminário que discute a participação popular. Entre o encontro e o seminário, Carvalho concedeu coletiva em que minimizou possível estremecimento na relação entre governo e centrais sindicais.
Para o ministro, responsável pela relação entre governo e movimentos sociais, a aprovação da lei que permite ao governo reajustar por decreto o salário mínimo até 2015 é uma vitória para os trabalhadores, por que isso provavelmente acarretará ganhos reais nos próximos anos. “A política do salário mínimo é uma grande vitória das centrais. O Brasil tem crescido a uma média de 5% ao ano, nossa expectativa é que continue (crescendo nesta média), o que garante ao trabalhador uma recuperação real do salário mínimo”, afirmou.
Para Carvalho ao manifestarem sua contrariedade durante as votações no Senado e na Câmara, as centrais faziam seu papel, de reivindicar. Ele assegurou que os representantes dos trabalhadores devem ter papel central nas políticas do governo. “Embora tenham feito o barulho que era natural que fizesse – é o papel das centrais – o diálogo vai continuar. Nós não queremos as centrais apenas reivindicando, queremos que elas opinem e participem do conjunto das políticas do governo. O diálogo está muito acima desse incidente na questão do salário mínimo”.

Infiéis

Questionado sobre a atuação dos senadores gaúchos na discussão sobre o salário mínimo, Gilberto Carvalho exaltou o senador Paulo Paim, que votou com o governo, mas fez certo barulho antes da votação. “Vamos valorizar muito o gesto do Paim. Vai ser chamado para tratar os grandes temas do governo. A presidenta já tratou com ele alguns temas, como a questão da pequena e da micro empresa”, disse, prometendo também que o governo começará a discutir na semana que a valorização dos aposentados, um dos pleitos de Paim.
Quanto aos senadores Ana Amélia Lemos, que votou pelo salário mínimo de R$ 600, e Pedro Simon, que se absteve, Carvalho adotou postura dúbia. Primeiro, disse que os infiéis “sabem dos problemas que vão enfrentar”. Depois, disse que o governo espera contar muito com os dois senadores. “Tenho o maior respeito pelo senador Pedro Simon, a senadora Ana Amélia está começando uma carreira que nós sabemos que será brilhante”.

Fórum Social Mundial em Porto Alegre

Gilberto Carvalho garantiu que, caso o Fórum Social Mundial de 2013 seja sediado no Brasil, vai ocorrer em Porto Alegre. “Fizemos um acordo lá em Dacar. Se for no Brasil, será em Porto Alegre. Há um reconhecimento do êxito que os fóruns aqui tiveram e, portanto, a tendência é vir para cá”, revelou. A cidade de Salvador também pleiteia ser sede do evento.

McDonald´s: Maus tratos e superexploração


Nesta semana, nas bancas, o jornal Brasil de Fato traz uma grande reportagem sobre a superexploração e maus tratos que sofrem os jovens e adolescentes na maior rede fastfood do mundo. Confira a seguir trechos



Michelle Amaral
da Reportagem










“Uma vez eu estava com uma bandeja cheia de lanches prontos para serem entregues e escorreguei. Quando ia caindo no chão, meu coordenador viu, segurou a bandeja, me deixou cair e disse: 'primeiro o rendimento, depois o funcionário'”, conta Kelly, que trabalhou na rede de restaurantes fast food McDonald´s por cinco meses.
“Lá você não pode ficar parado, se sentar leva bronca”, relata Lúcio, de 16 anos, que há 4 meses trabalha em uma das lojas da rede na cidade de São Paulo. “Você não tem tempo nem para beber água direito”, completa José, de 17 anos. “Uma vez eu queimei a mão, falei para a fiscal e ela disse para eu continuar trabalhando”, lembra o adolescente. Maria, de 16 anos, ainda afirma que, apesar da intensa jornada de trabalho nos restaurantes, recebe apenas R$ 2,38 por hora trabalhada.
Os relatos acima retratam o dia-a-dia dos funcionários do McDonald´s. Assédio moral, falta de comunicação de acidentes de trabalho, ausência de condições mínimas de conforto para os trabalhadores, extensão da jornada de trabalho além do permitido por lei e fornecimento de alimentação inadequada são algumas das irregularidades apontadas por trabalhadores da maior rede de fast food do mundo.
Somente no Brasil, o McDonald´s tem mais de 600 lojas e emprega 34 mil funcionários, em sua maioria jovens de 16 a 24 anos.
As relações de trabalho impostas pelo McDonald´s são objetos de estudo de muitos pesquisadores. Do mesmo modo, pelas irregularidades recorrentes, a rede de fast food é alvo de diversas denúncias na Justiça do Trabalho.
Em São Paulo, o Sindicato dos Trabalhadores em Hotéis e Restaurantes de São Paulo (Sinthoresp), ao longo dos anos, tem denunciado as más condições a que são submetidos os funcionários do McDonald´s.
Recentemente, resultou em uma punição ao McDonald´s uma denúncia feita há quinze anos pelo sindicato ao Ministério Público do Trabalho (MPT) da 2ª Região, em São Paulo. Trata-se de um acordo que, além de exigir o cumprimento de adequações trabalhistas, estabelece o pagamento de uma multa de R$ 13,2 milhões.
Desse valor, a rede de fast food deve destinar R$ 11,7 milhões ao financiamento de publicidade contra o trabalho infantil e à divulgação dos direitos da criança e do adolescente durante os próximos nove anos. Além disso, a rede deve doar R$ 1,5 milhão para o Instituto de Medicina Física e Reabilitação do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (USP). O compromisso foi firmado em outubro de 2010 e passou a valer em janeiro deste ano.
As investigações realizadas pelo MPT a partir da denúncia do Sinthoresp confirmaram as seguintes irregularidades: não emissão dos Comunicados de Acidente de Trabalho (CAT); falta de efetividade na Comissão Interna de Prevenção de Acidentes; licenças sanitárias e de funcionamento vencidas ou sem prazo de validade, prorrogação da jornada de trabalho além das duas horas extras diárias permitidas por lei, ausência do período mínimo de 11 horas de descanso entre duas jornadas e o cumprimento de toda a jornada de trabalho em pé, sem um local para repouso.
O MPT também apontou irregularidades na alimentação fornecida aos trabalhadores: apesar de oferecer um cardápio com variadas opções, o laudo da prefeitura de São Paulo reprovou as refeições baseadas exclusivamente em produtos da própria empresa por não atender às necessidades nutricionais diárias. Em relação à alimentação, o McDonald´s chegou a ser condenado, em outubro de 2010, pela Justiça do Rio Grande do Sul a indenizar em R$ 30 mil um ex-gerente que, após trabalhar 12 anos e se alimentar diariamente com os lanches fornecidos pela rede de fast food, engordou 30 quilos. (A reportagem completa você lê na edição impressa número 417 do jornal Brasil de Fato).

























*Os nomes dos funcionários citados na matéria são fictícios.