sexta-feira, 10 de fevereiro de 2012

Algumas considerações sobre o Irão e a Síria*


James Petras
 
James Petras 
“Essa é outra armadilha em que caem os esquerdistas tontos, idiotas úteis que condenam sempre a Síria, sem entender que se trata de um esforço imperialista para repetir a experiência da Líbia, onde hoje o caos impera. O povo perdeu todos os benefícios e empregos que tinha durante o governo de Kadhafi. O mesmo poderá acontecer na Síria. Por esta razão, a maioria do país não quer esta intervenção”.

Actualmente, é recorrente que o Irão vai cortar as exportações de petróleo à Grécia, Espanha e Itália, como forma de antecipar o embargo anunciado pelos países europeus. Mais uma vez os países imperialistas da Europa estão tomando decisões que vão prejudicar o sul da Europa. Os países líderes não serão afectados por uma possível restrição sobre as exportações do Irão, pois recebem o seu petróleo da Arábia Saudita, da Rússia e de outras partes.
Por esta razão, agora existe um perigo. Caso a Europa anuncie um embargo contra o Irão, o mesmo irá cortar as exportações e colocar grande parte da Europa imersa numa crise ou, pelo menos, aprofundar a situação catastrófica existente.
Isso mostra que o Irão não está disposto a entregar-se aos países imperialistas. O Irão está capacitado para exportar petróleo para a Ásia, não dependendo da Europa. A Europa só constitui 18% do mercado do Irão. E, se os europeus impuserem um embargo, seguindo a liderança do império norte-americano, a China poderá comprar mais petróleo do Irão, assim como a Índia e outros países da Ásia.
Isso mostra, mais uma vez, que o Irão tem a capacidade de enfrentar o imperialismo, tomar medidas de defesa e contestar as agressões.
E, além disso, ouvimos muitas vezes falar do projecto de armas nucleares no Irão. Hoje, o Irão declarou estar disposto a aceitar que os investigadores das Nações Unidas tenham acesso a qualquer centro nuclear, interroguem qualquer cientista e possam investigar qualquer documento. Isso mostra a transparência do Irão e como as acusações, principalmente as movidas pelos EUA e por Israel, são falsas e fabricadas para montar campanhas de difamação. O Irão não possui programa nuclear, isso é consensual entre todos os especialistas.
Agora, o que dizem os Estados Unidos é que, no futuro, poderão ter… Como é que os EUA conhecem o futuro, quando não sabem nem como manejar as suas próprias políticas orçamentais do dia a dia? Aí, outra vez, devemos defender o direito do Irão em prosseguir como país independente, contra todas as agressões do mundo imperialista.
Isso não implica que devamos aprovar o carácter religioso que influencia a sua política. Uma coisa é que o Irão tenha que mudar sua forma de governar, outra coisa é os países imperialistas lançarem campanhas militaristas contra um país pacífico.
Isso leva-nos a outra contradição relacionada com a Síria. A Síria é um país independente, soberano e secular. Agora, encontra-se sob ataque armado. Ultimamente, as fotos publicadas nos jornais mostram pessoas encapuzadas, com metralhadoras, atirando sobre os soldados e contra o governo, ocupando os subúrbios de Damasco, a capital. Todas as sondagens e estudos de opinião mostram que na grande cidade de Alepo e também em Damasco a grande maioria está contra os terroristas, os mercenários tentam derrubar o governo através da força e da violência. Em todas as reportagens não são mencionados quantos civis estes terroristas matam, não são mencionados quantos soldados são assassinados. Só falam de vítimas. E vítimas, para eles, são apenas as da oposição e não as vítimas que apoiam o governo e os sectores militares.
Essa é outra armadilha em que caem os esquerdistas tontos, idiotas úteis que condenam sempre a Síria, sem entender que se trata de um esforço imperialista para repetir a experiência da Líbia, onde hoje o caos impera. O povo perdeu todos os benefícios e empregos que tinham durante o governo de Kadhafi. O mesmo poderá acontecer na Síria. Por esta razão, a maioria do país não quer esta intervenção.
E quero acrescentar uma coisa, pois muitos outros mostram que existem sírios nas ruas, protestando contra o governo. Historicamente, a conquista imperial no mundo passa pelo uso de mercenários… França, Inglaterra e agora os Estados Unidos utilizam colaboradores nacionais, internos e, especialmente, importam mercenários de outros países para fazer o trabalho sujo.
Tenho estado a ler uma história do império inglês e, na conquista do país hindu, foram centenas de milhares de mercenários quem conquistou a Índia. Depois, utilizaram os hindus para conquistar a África. E depois trataram de montar um ataque, no século XIX, para conquistar a América Latina, onde fracassaram.
Porém, esta é a utilização dos mercenários e, mesmo procurando dar-lhe uma roupagem progressista é uma táctica velha com 300 anos de uso, já que os países europeus, historicamente, costumam utilizar somente oficiais militares para dirigir tropas de mercenários e é isso que agora está a ser repetido.

*(Comentários para a CX36 Rádio Centenário, no Uruguai)
Tradução: Maria Fernanda M. Scelza (PCB)

DEUS SEGUNDO SPINOZA


“Pára de ficar rezando e batendo o peito! O que eu quero que faças é que saias pelo  mundo e desfrutes de tua vida. Eu quero que gozes, cantes, te divirtas e que desfrutes de tudo o que Eu fiz para ti.

Pára de ir a esses templos lúgubres, obscuros e frios que tu mesmo construíste e que acreditas ser a minha casa.

Minha casa está nas montanhas, nos bosques, nos rios, nos lagos, nas praias. Aí é onde Eu vivo e aí expresso meu amor por ti.

Pára de me culpar da tua vida miserável: Eu nunca te disse que há algo mau em ti ou que eras um pecador, ou que tua sexualidade fosse algo mau.

O sexo é um presente que Eu te dei e com o qual podes expressar teu amor, teu êxtase, tua alegria. Assim, não me culpes por tudo o que te fizeram crer.

Pára de ficar lendo supostas escrituras sagradas que nada têm a ver comigo. Se não podes me ler num amanhecer, numa paisagem, no olhar de teus amigos, nos olhos de teu filhinho... Não me encontrarás em nenhum livro!

Confia em mim e deixa de me pedir. Tu vais-me dizer como fazer meu trabalho?
Pára de ter tanto medo de mim. Eu não te julgo, nem te critico, nem me irrito, nem te incomodo, nem te castigo. Eu sou puro amor.

Pára de me pedir perdão. Não há nada a perdoar. Se Eu te fiz... Eu te enchi de paixões, de limitações, de prazeres, de sentimentos, de necessidades, de incoerências, de livre-arbítrio. Como posso te culpar se respondes a algo que eu pus em ti? Como posso te castigar por seres como és, se Eu sou quem te fez? Crês que eu poderia criar um lugar para queimar a todos meus filhos que não se comportem bem, pelo resto da eternidade? Que tipo de Deus pode fazer isso?

Esquece qualquer tipo de mandamento, qualquer tipo de lei; essas são artimanhas para te manipular, para te controlar, que só geram culpa em ti. Respeita teu próximo e não faças o que não queiras para ti. A única coisa que te peço é que prestes atenção a tua vida, que teu estado de alerta seja teu guia.

Esta vida não é uma prova, nem um degrau, nem um passo no caminho, nem um ensaio, nem um prelúdio para o paraíso. Esta vida é o único que há aqui e agora, e o único que precisas.

Eu te fiz absolutamente livre. Não há prêmios nem castigos. Não há pecados nem virtudes. Ninguém leva um placar. Ninguém leva um registro.

Tu és absolutamente livre para fazer da tua vida um céu ou um inferno.

Não te poderia dizer se há algo depois desta vida, mas posso te dar um conselho. Vive como se não o houvesse. Como se esta fosse tua única oportunidade de aproveitar, de amar, de existir. 

Assim, se não há nada, terás aproveitado da oportunidade que te dei.
E se houver, tem certeza que Eu não vou te perguntar se foste comportado ou não. Eu vou te perguntar se tu gostaste, se te divertiste... Do que mais gostaste? O que aprendeste?

Pára de crer em mim - crer é supor, adivinhar, imaginar. Eu não quero que acredites em mim. Quero que me sintas em ti. Quero que me sintas em ti quando beijas tua amada, quando agasalhas tua filhinha, quando acaricias teu cachorro, quando tomas banho no mar.

Pára de louvar-me! Que tipo de Deus ególatra tu acreditas que Eu seja?
Aborrece-me que me louvem. Cansa-me que agradeçam. Tu te sentes grato? Demonstra-o cuidando de ti, de tua saúde, de tuas relações, do mundo. Sentes-te olhado, surpreendido?... 

Expressa tua alegria! Esse é o jeito de me louvar.

Pára de complicar as coisas e de repetir como papagaio o que te ensinaram sobre mim. A única certeza é que tu estás aqui, que estás vivo, e que este mundo está cheio de maravilhas. Para que precisas de mais milagres? Para que tantas explicações?

Não me procures fora! Não me acharás. Procura-me dentro... aí é que estou, batendo em ti.

Baruch Spinoza.