Outra Colômbia, de paz, é possível
Emir Sader - Carta Maior
O novo sucesso do processo de negociação política
na Colômbia, com a libertação de dois prisioneiros pelas Farc, como
resultado da atuação mediadora da senadora de oposição Piedad Cordoba,
com o apoio da Cruz Vermelha Internacional e do governo brasileiro,
confirmam que esse é o caminho de construção de um país pacífico, de
relações construtivas com seus vizinhos, incorporado aos processos de
integração regional.
Essa libertação demonstra como, mediante negociações e não a militarização dos conflitos, se podem obter resultados que conduzam, primeiro, a acordos de intercâmbio de prisioneiros, depois, a um processo mais prolongado e permanente de paz. Ainda mais que as Farc comunicaram que esta foi a última libertação unilateral de presos. A partir de agora a continuação do processo terá que ser dada pelo intercâmbio de prisioneiros entre os que estão em poder das Farc e os que estão em poder do governo de Uribe.
As Farc já concederam em relação a condições anteriores, quando solictavam um território desmilitarizado para fazer a troca, assim como a inclusão de dirigentes da organizacao que foram extraditados para os EUA. Uribe, pela primeira vez, não se mostrar frontalmente contra, enquanto seu candidato, Juan Manuel Santos, sim, rejeita completamente a possibilidade da operação. Uribe coloca como condição que os libertados pelo governo nao voltem a participar da luta armada, como se as Farc respondessem colocando como condição que os militares libertados não voltem a participar da repressão.
Mas pelo menos os termos de uma possível negociação estão colocados. Seria um passo novo, porque implicaria na participação do governo, com contrapartidas às libertações das Farc e contribuindo para um processo de pacificação do país.
A impossibilidade de Uribe ser candidato, por sua vez, tira por agora de cena, o personagem que protagonizou a “guerra infinita” do governo colombiano contra as Farc, que buscou impor uma solução militar ao conflito. Teve que ceder, primeiro, aceitando a intermeadiação de Hugo Chavez e de Piedad Córdoba, depois apenas da senadora, para um diálogo com as Farc. O candidato que ele apóia, Juan Manuel Santos, mantém posição rigidamente contra qualquer intercâmbio de prisioneiros, para tentar granjear votos, o que dificilmente lhe permitirá uma vitória no primeiro turno, previsão feita se Uribe fosse o candidato.
O que interessa é que a nova libertação de prisioneiros reafirma a via pacífica e de negociação política como a única que permite à Colômbia retomar uma convivência pacífica e democrática, concluindo décadas em que a violência foi um elemento constitutivo da vida desse país. Será também a forma de buscar políticas consensuais de combate ao narcotráfrico – que possam incluir a legalização do consumo de drogas leves, proposta que, até agora, tem a oposição de Uribe e de seu candidato.
A senadora do Partido Liberal Piedad Cordoba, apesar da brutal campanha de desqualificação realizada contra ela por médios do governo e da imprensa, sai fortalecida deste episódio e de todos os processos de libertação de prisioneiros, em que ela sempre teve o protagonismo ativo. O problema é, como ela mesma enfatiza, as Farc, responsáveis pela libertação de prisioneiros até aqui, decidiram que foi a ultima libertação unilateral, considerando que é suficientes para demonstrar sua boa vontade no caminho de negociações bilaterais. Agora caberia empreender o caminho das negociações bilaterais, em que países como o Brasil e uma dirigente política como Piedad Cordoba podem ter papel ainda mais decisivo.
Essa libertação demonstra como, mediante negociações e não a militarização dos conflitos, se podem obter resultados que conduzam, primeiro, a acordos de intercâmbio de prisioneiros, depois, a um processo mais prolongado e permanente de paz. Ainda mais que as Farc comunicaram que esta foi a última libertação unilateral de presos. A partir de agora a continuação do processo terá que ser dada pelo intercâmbio de prisioneiros entre os que estão em poder das Farc e os que estão em poder do governo de Uribe.
As Farc já concederam em relação a condições anteriores, quando solictavam um território desmilitarizado para fazer a troca, assim como a inclusão de dirigentes da organizacao que foram extraditados para os EUA. Uribe, pela primeira vez, não se mostrar frontalmente contra, enquanto seu candidato, Juan Manuel Santos, sim, rejeita completamente a possibilidade da operação. Uribe coloca como condição que os libertados pelo governo nao voltem a participar da luta armada, como se as Farc respondessem colocando como condição que os militares libertados não voltem a participar da repressão.
Mas pelo menos os termos de uma possível negociação estão colocados. Seria um passo novo, porque implicaria na participação do governo, com contrapartidas às libertações das Farc e contribuindo para um processo de pacificação do país.
A impossibilidade de Uribe ser candidato, por sua vez, tira por agora de cena, o personagem que protagonizou a “guerra infinita” do governo colombiano contra as Farc, que buscou impor uma solução militar ao conflito. Teve que ceder, primeiro, aceitando a intermeadiação de Hugo Chavez e de Piedad Córdoba, depois apenas da senadora, para um diálogo com as Farc. O candidato que ele apóia, Juan Manuel Santos, mantém posição rigidamente contra qualquer intercâmbio de prisioneiros, para tentar granjear votos, o que dificilmente lhe permitirá uma vitória no primeiro turno, previsão feita se Uribe fosse o candidato.
O que interessa é que a nova libertação de prisioneiros reafirma a via pacífica e de negociação política como a única que permite à Colômbia retomar uma convivência pacífica e democrática, concluindo décadas em que a violência foi um elemento constitutivo da vida desse país. Será também a forma de buscar políticas consensuais de combate ao narcotráfrico – que possam incluir a legalização do consumo de drogas leves, proposta que, até agora, tem a oposição de Uribe e de seu candidato.
A senadora do Partido Liberal Piedad Cordoba, apesar da brutal campanha de desqualificação realizada contra ela por médios do governo e da imprensa, sai fortalecida deste episódio e de todos os processos de libertação de prisioneiros, em que ela sempre teve o protagonismo ativo. O problema é, como ela mesma enfatiza, as Farc, responsáveis pela libertação de prisioneiros até aqui, decidiram que foi a ultima libertação unilateral, considerando que é suficientes para demonstrar sua boa vontade no caminho de negociações bilaterais. Agora caberia empreender o caminho das negociações bilaterais, em que países como o Brasil e uma dirigente política como Piedad Cordoba podem ter papel ainda mais decisivo.