Saudação de Alfonso Cano no 45º aniversário das FARC-EP
Nesta semana em que os media internacionais ao serviço da ditadura mediática imperialista procuram apresentar as FARC-EP como uma força beligerante exangue e em extinção, e censuram, por omissão, as pesadas baixas das forças repressivas colombianas nos seus combates com as FARC-EP («mais de 1.000 mortos e 1.100 feridos desde Janeiro de 2008 até 29 de Abril de 2009»), esta saudação do Comandante-Chefe daquelas forças revolucionárias reafirma, uma vez mais, as razões da justa confiança numa «democracia com justiça social e soberania na marcha para o socialismo» para a Colômbia.
Alfonso Cano* Camaradas: ao celebrar 45 anos de resistência à agressão oligárquica e ao mesmo tempo de luta das FARC-EP pelo poder político que construa democracia com justiça social e soberania na marcha para o socialismo, venho trazer-lhes a minha saudação bolivariana pleno de optimismo e confiança no triunfo.
A heróica resistência que desenvolvemos desde o primeiro dia em Marquetalia permitiu-nos forjar uma organização sólida, definida na sua concepção revolucionária, séria, capaz de enfrentar as inumeráveis ofensivas da reacção militarista e sair delas fortalecidos e ainda mais comprometidos, convictos que perante a violência, a corrupção, a indignidade e a ausência de escrúpulos da classe dominante colombiana o levantamento armado popular é a opção legítima.
Os nossos persistentes esforços para encontrar saídas políticas benéficas para o conjunto da sociedade e, em primeiro lugar, para o povo colombiano, foram sistematicamente sabotados por esta oligarquia sanguinária e rapace que só tem pretendido vergar a nossa vontade e decisão de luta, sem jamais ter considerado a possibilidade real de acordar saídas de fundo para os grandes problemas do país.
Apesar disso, continuaremos a lutar no espírito e na concepção de Manual e Jacobo, para forjar espaços de encontro com todos os que, como nós, estejam profundamente convencidos do transcendente que será construir cenários civilizados assentes no respeito mútuo, na perspectiva da convivência democrática da nossa sociedade.
Na ordem do dia encontra-se a troca de prisioneiros de guerra, ao que se opõe o presidente Uribe com diversos sofismas, como expressão da sua cega estratégia fascista e totalitária de PAZ ROMANA, o que derrotaremos entre todos os que consideramos viáveis as soluções políticas para os problemas estruturais do país.
A sua intransigência e falta de grandeza, tão aplaudida pelos militares de todos os matizes, leva-o a intrometer-se, em caprichosa e encolerizada atitude, à libertação unilateral do cabo do exército Pablo Emílio Moncayo, enquanto nas centenas de combates que diariamente se dão por todos o país aumentam os riscos para os prisioneiros e, caiem prisioneiros mais militares, que quiseram esquecer para não reconhecer a existência do grave conflito social e armado que sofre o nosso país.
Reafirmando os princípios revolucionários que sustentam a concepção e a prática das FARC-EP desde há 45 anos, bem como a nossa decisão de chegar até às últimas consequências pela pátria democrática, justa e soberana pelos quais lutamos saúdo calidamente neste aniversário os meus camaradas do Secretariado, do Estado-Maior Central, dos Estados-Maiores dos Blocos e Frentes, os membros dos Comandos Conjuntos, comandantes de colunas, redes urbanas e companhias, todos os comandos e o conjunto dos guerrilheiros, os milicianos e os militantes do PC, todo o Movimento Bolivariano, os nossos amigos e apoiantes, e incentivo-os a perseverar e incrementar esforços e criatividade na luta diária, nas trincheiras, em atalhos e veredas, nas prisões, nas universidades e colégios, nos sindicatos e nas fábricas, nos bairros populares e nas freguesias indígenas, nas diferentes reuniões, dentro e fora do país, com governos amigos ou com organizações e movimentos políticos, nas assembleias, nas mobilizações populares reivindicativas, nos tumultos, no cimo das cordilheiras, nas zonas costeiras ou nas inclementes planícies da nossa geografia pátria, no posto da guarda ou na sala de aula, na convalescença de malária ou na recuperação de alguma ferida, na parada de formação ou na tensa espera de uma emboscada, nas explorações e descobertas ou na transposição dos nossos caudalosos rios, no rigor e na transparência de uma reunião de célula ou na intensidade do combate, em todo o momento e perante qualquer situação, ali onde quer que seja que a luta nos tenha colocado, incentivo-os a actuar com a inteireza, o carácter e a responsabilidade com que o fizeram Manual, Jacobo, Raul, Nariño, Iván e todos os que deram o melhor de si por uma Colômbia socialista. Evocar Simón, Ivan Vargas, Sónia e todos os guerrilheiros presos no território nacional, como exemplo temperança revolucionária, particularmente nas mais adversas circunstâncias.
Tanta propaganda oficial contra nós, tão intensa luta ideológica para desvirtuar a nossa conduta é apenas o resultado do ódio e o medo que professa a oligarquia aos interesses populares que representamos, e a sua plena consciência que as FARC-EP são a verdadeira alternativa revolucionária. Porque hoje mais que nunca: «Manuel vive!»
Pela Nova Colômbia, a Pátria Grande e o Socialismo!
Jurámos vencer e venceremos
Revolucionariamente
Alfonso
* Chefe do Estado-Maior Central das FARC-EP
Tradução de José Paulo Gascão