segunda-feira, 23 de fevereiro de 2009

A triste (pra eles) ironia do capital e do mercado...

EUA liquidam bancos e avaliam estatização

FERNANDO CANZIAN

Os EUA liquidaram nos primeiros 40 dias deste ano o equivalente a mais da metade dos bancos fechados em 2008 inteiro, quando foram extintas 25 instituições, um recorde recente. Sete bancos foram fechados só na primeira semana de fevereiro, o maior número em um mês desde 1993.
Aos acionistas desses bancos, 13 médios e pequenos, foram impostas perdas totais, e suas agências, distribuídas entre os concorrentes, assim como as contas dos clientes. A expectativa é que até 1.000 dos 8.348 bancos dos EUA sejam liquidados nos próximos três anos pela FDIC, a agência federal que supervisiona o sistema.
Na semana passada, as ações dos quatro principais bancos dos EUA (Citigroup, Bank of America, JPMorgan Chase e Wells Fargo) derreteram na Bolsa de Valores de Nova York.
O Citi vale hoje 10% do que valia há um ano, e suas ações despencaram 44% na semana. Por trás da fuga dos investidores está o temor crescente de que algumas dessas instituições, espe cialmente Citi e Bank of America (BofA), sejam estatizadas. Se isso ocorrer, os acionistas perdem tudo.
O próprio presidente do Fed (o banco central dos EUA), Ben Bernanke, e o ex-presidente da instituição, Alan Greenspan, já consideraram abertamente a opção, pois o governo vai ficando sem alternativa para lidar com a virtual falência desses bancos, vistos como "grandes demais para cair". "Qualquer que seja a decisão, há um forte compromisso dessa administração de manter os bancos privados e de devolvê-los ao setor privado o mais rapidamente possível", declarou Bernanke.
Na sexta-feira, o presidente do Comitê de Bancos do Senado, o democrata Cristopher Dodd, disse que a estatização "não seria bem vinda". "Mas minha preocupação é que talvez sejamos obrigados a isso [estatizar], pelo menos por um período curto", afirmou.
Entre os republicanos, o senador Lindsey Graham afirmou que a opção de estatizar "deve estar sobre a mesa".
Na sext a, enquanto as ações dos bancos despencavam em Nova York, o porta-voz da Casa Branca, Robert Gibbs, procurou acalmar os ânimos dizendo que o governo de Barack Obama "acredita fortemente que o modo de irmos adiante é com um sistema bancário privado e suficientemente regulado".
Mesmo assim, as ações do conjunto de bancos listados na Bolsa de Nova York caíram 7%. As do Citigroup e Bank of America (BofA), cerca de 10%.
Citi, BofA, JPMorganChase e Wells Fargo já receberam US$ 140 bilhões em injeções de dinheiro público desde outubro (o maior acionista do BofA já é o governo dos EUA, com 6%). Apesar desses aportes, o valor de mercado dos quatro bancos encolheu em US$ 402 bilhões (um terço do PIB do Brasil) desde então.
Esses bancos concentram o grosso dos chamados ativos "tóxicos", que travaram o sistema financeiro americano e que são a causa da atual crise, considerada a maior desde os anos 1930. Os títulos "tóxicos" são resultado de emprést imos feitos pelos bancos sem garantias reais suficientes e largamente lastreados pelo setor imobiliário, onde os preços das casas estão em queda livre há dois anos. Em alguns casos, um único dólar em garantia real dada ao banco chegou a financiar outros US$ 35 em empréstimos.
Para voltarem à atividade normal, esses bancos precisam ser limpos desses ativos. O principal problema é que o governo não chegou ainda à conclusão de quanto pagar pelos títulos "tóxicos" e como proteger o contribuinte das perdas. Por isso, a opção pela estatização ganha força no país.
Se adotada, o governo não precisa "precificar" os ativos "tóxicos". Além disso, imporia perdas totais aos acionistas que fizeram apostas arriscadas, afastaria os dirigentes e poderia mais à frente, depois de limpo, revender o banco.
O maior temor dos EUA é que o país mergulhe em uma espiral recessiva parecida com a do Japão nos anos 1990. No país asiático, isso ocorreu justament e porque o governo demorou anos para atacar uma crise bancária de proporções mais modestas, mas parecida com a atual nos EUA. Outro exemplo mais ou menos da mesma época foi a Suécia, que resolveu estatizar bancos com problemas rapidamente, o que acelerou a saída da crise.

Trabalhador da Irlanda sempre atento...

Depois de manifestação de mais de cem mil pessoas, sindicatos ameaçam com greves



Mais de cem mil pessoas manifestaram-se Sábado (21 de Fevereiro) em DublinMais de cem mil pessoas manifestaram-se Sábado passado em Dublin, na Irlanda. O protesto foi convocado pelo Congresso Irlandês dos Sindicatos e visava combater uma nova contribuição social, que o governo quer impor aos funcionários públicos, sob pretexto de financiar as reformas. Os sindicatos ameaçam agora com greves, caso o governo não negoceie.

O governo irlandês quer impor uma nova contribuição sobre os salários de 350.000 trabalhadores da função pública, alegando que é uma medida para garantir a estabilização das finanças públicas.

A manifestação convocada pelo Irish Congress of Trade Unions (ICTU - Congresso Irlandês dos Sindicatos) mobilizou largamente os trabalhadores da função pública e nela Sally-Anne Kinahan, secretária-geral do ICTU afirmou:

"A nossa prioridade é garantir que as pessoas são protegidas, que os seus interesses são protegidos, e não os interesses das grandes empresas ou dos ricos".

Após a manifestação, o ICTU disse que espera até Terça feira que o governo declare que volta à mesa das negociações, caso isso não aconteça terá de enfrentar greves.

Os professores estão já a votar a possibilidade de convocarem uma greve de dois dias, enquanto outros sectores da função pública decidem também sobre a convocação de lutas.

www.esquerda.net

Homenagem a Sandino...

A 75 anos Sandino Vive e luta pela unidade dos povos latinoamericanos






Ricardo Zúniga García *

Tradução: ADITAL

Em 21 de fevereiro (1934), foi assassinado à traição o líder nacionalista latinoamericanista e antiimperialista Augusto Calderón Sandino.

Sandino alcançou reconhecimento nacional e internacional por conseguir, em um país onde as elites viam como natural ser submetidos ao protetorado do emergente império estadunidense, convocar um importante setor de mineiros, camponeses e artesãos; a defender a soberania nacional e a lutar por uma sociedade justa. Encabeçou a primeira experiência exitosa de guerra de guerrilhas no continente no século XX, conseguindo derrotar com um punhado de "pobres" o exército interventor dos Estados Unidos, de aproximadamente 5.000 homens dotados da tecnologia militar de ponta, na época. Isso representou uma verdadeira façanha, levando-se em consideração que Nicarágua naquele tempo contava com uma população rural e dispersa de 600.000 habitantes.


Porém, possivelmente, seu maior mérito tenha sido o de aglutinar, entusiasmar em torno a um projeto digno, que consistia em uma pequena terra para os camponeses, artesãos e operários, de uma economia autogestionária; um projeto e país soberano, que se viabiliza e consolida em um processo de unidade continental frente à agressão imperialista.

Sandino conseguiu levantar a autoestima de uma boa parte dos nicaraguenses, de tal maneira que, apesar de seu assassinato a traição por Somoza, em conluio com o governo estadunidense de então e da tentativa desses atores em ocultar sua trajetória e enterrar sua memória, ele pode renascer na consciência de seu povo e ser inspiração profunda especialmente nas décadas de 70 e 80 do século passado com o caminhar da Revolução Popular Sandinista; e continua inspirando hoje os nicaraguenses e latinoamericanos que tentam avançar rumo a Alba.

Há dois traços do pensamento de Sandino que conservam especial vigência: sua confiança em que são os operários e os camponeses, com sua força organizada, quem "irá até o fim", devido à sua constância na defesa de seus legítimos interesses. Y sua constante e insistente convicção de que é possível construir um mundo diferente ao da ordem capitalista imperialista, que concede às nações pequenas latinoamericanas a condição de "pátio traseiro" da nação imperial. Rebelando-se contra a mentalidade dominante da Nicarágua na época, onde boa parte da população, especialmente os intelectuais, via como muito natural; como algo imposto pela força ‘do destino’ que nosso país fosse um protetorado estadunidense. E o pior: viam isso como a melhor alternativa para o desenvolvimento econômico do país. Foram tão reiteradas as intervenções militares estadunidenses para proteger as empresas de economia de enclave ou para sustentar governos aliados servis que a maioria dos políticos tradicionais viam como um fato inevitável; a saída era acomodar-se e resignar-se.

Ante o espírito humilhado e servil da classe política de seu tempo, Sandino fez constantes chamados à solidariedade do povo latinoamericano com a luta de seu pequeno exército de artesão e camponeses. Conhecendo as diferentes tendências políticas dos presidentes dos países da América Latina de seu tempo, fez reiterados chamados à unidade latinoamericana a partir do sonho de Bolívar, propondo concretamente assumir o projeto da construção de um canal interoceânico cortando Nicarágua que fosse uma sociedade com capital majoritariamente latinoamericano. Apesar de não ter estudos acadêmicos, Sandino percebia com clareza que grandes projetos, como o canal interoceânico, os serviços públicos estratégicos deviam ser garantidos pelos Estados em função dos interesses de seus povos. Certamente, as cartas de Sandino aos governos da Região que nunca tiveram uma resposta oficial conhecida, hoje teriam uma acolhida positiva dos países signatários da Alba e de países que participam desse mesmo espírito, como Equador e Paraguai.

Sandino teve a virtude de unir solidamente a dimensão local da luta pela soberania popular e o respeito aos direitos humanos à terra e à liberdade de sua pequena Nicarágua, com a dimensão continental latinoamericana, com a qual se completava e articulava.

Sandino inicia sua luta partindo de sua própria experiência como trabalhador mecânico nas bananeiras estadunidenses em Honduras, na Guatemala e no México. Ele se nutre de sua experiência de luta, aprendendo com a história de luta dos trabalhadores organizados. Estuda disciplinadamente com os líderes sindicais da nascente revolução mexicana. E quando decide regressar a Nicarágua para iniciar sua luta, conta com as suas humildes economias no total de 5.000 dólares, reunidos após vários anos de vida austera e disciplinada. Depois juntaria outros recursos; porém, a base foi seus próprios recursos economizados com o trabalho realizado como operário.

Um conhecido programa de análise que se transmite na Nicarágua pela rádio La Primeirísima’ recorda a cada dia aos ouvintes uma frase de Sandino dirigida aos seus combatentes, que vai permanecendo na consciência de nosso povo: "Vocês são obrigados a divulgar juto aos povos da América Latina que entre nós não deve haver fronteiras. Pois, a Pátria Indohispânica começa no Río Bravo e termina nos confins da Patagônia".

Sandino tem muitas coisas a comunicar-nos ainda. Esperamos desenvolver, em artigos seguintes, elementos importantes de seu legado histórico. Também me parece oportuno comunicar a mensagem inicial de Sandino, o 'Manifiesto de San Albino, por Augusto C. Sandino'.


* Colaborador de Adital. Educador nicaragüense. Analista político.

Alma Da Terra [1982] Alma Da Terra


Créditos: Vinicius
Intérprete(s): Alma Da Terra
Álbum: Alma Da Terra
Ano: 1982
Selo/Gravadora: Vento De Raio
Nº de catálogo: LPVR 003


Produção Fonográfica: Vento de Raio Produção Artística Ltda.
Produção Geral: Toninho Barbosa e Alma Da Terra
Direção Musical e Arranjos: Alma Da Terra
Gravação e Mixagem: Toninho Barbosa
Corte e Prensagem: Ivan Lisnik - Polygram - RJ
Capa: Raul Varady (arte)/Sonia Regina (projeto gráfico e fotos)
Gravado Ao Vivo e Mixado no Estúdio da Sono-Viso do Brasil - RJ
(Dezembro/81 - Janeiro/82)


Integrantes:
Fábio Mattos Agra
Paulo Fernandes Martins
Antônio Augusto Ventura



1. Solto no Ar
(Fábio Mattos Agra / Antônio Augusto Ventura)
2. Vivença
(Fábio Mattos Agra / Antônio Augusto Ventura)
3. Pra John
(Fábio Mattos Agra / Antônio Augusto Ventura)
4. Tente Mais Uma Vez
(Paulo Fernandes Martins / Antônio Augusto Ventura)
5. Natural
(Fábio Mattos Agra / Antônio Augusto Ventura)
6. Cante Comigo
(Fábio Mattos Agra / Antônio Augusto Ventura)
7. Cabeça Feita
(Fábio Mattos Agra / Antônio Augusto Ventura)
8. Anjos de Cristal
(Fábio Mattos Agra / Antônio Augusto Ventura)
9. Alma da Terra
(Fábio Mattos Agra / Antônio Augusto Ventura)
10. Não Morra de Susto
(Fábio Mattos Agra / Antônio Augusto Ventura)

PARTE 1
PARTE 2