domingo, 4 de julho de 2010

A face visível do movimento pacífico palestino


A face visível do movimento pacífico palestino

O documentário "Budrus" conta a história da resistência pacífica da população de uma aldeia da Cisjordânia contra a invasão do muro de “segurança”, construído por Israel. A força do documentário reside no fato de que ele não mostra as típicas imagens da resistência palestina difundidas pelos meios de comunicação ocidentais. O filme teve êxito no Festival Internacional de Berlim e no de Silverdocs, em Washington, mas vem encontrando dificuldades para ser distribuído nos EUA. As manifestações em Budrus tiveram um certo êxito e conseguiram liberar 95% do território do povo que seria bloqueado pelo muro.

Ayed Morrar é um homem tranqüilo, de baixa estatura, com olhos amáveis, mas intensos, que olham o mundo através de seus óculos de arame. Seu rosto se converteu na cara da resistência palestina não violenta. Morrar é o personagem principal do documentário “Budrus” (dirigido por Julia Bacha, brasileira de 29 anos radicada em Nova York), de 2009, que narra a permanente resistência pacífica dessa aldeia da Cisjordânia à invasão do muro de “segurança”, construído por Israel. No filme, produzido pela Organização Just Vision, com sede em Jerusalém e Washington, pode-se ver dezenas de bandeiras palestinas em mãos de manifestantes que descem de alguns morros rochosos até a área onde há soldados e máquinas israelenses. Também se pode ver as raízes retorcidas de uma antiga oliveira, arrancadas por uma escavadeira, e os rostos dos manifestantes, alguns infantis, outros curtidos ou bronzeados, mas todos orgulhosos, desafiadores e determinados e não permitir que sejam expulsos de suas terras.
Julia Bacha, brasileira de 29 anos radicada em Nova York




A força do documentário reside no fato de que ele não mostra as típicas imagens da resistência palestina difundidas pelos meios de comunicação ocidentais. A fúria midiática se alimenta com imagens de homens mascarados, combatentes do Hamás (Movimento de Resistência Islâmica), com lenços verdes e jovens esquálidos jogando pedras contra grandes tanques israelenses. Em troca, os relatos da “coragem sem armas”, como denomina a produtora executiva de “Budrus”, Ronit Avni, não aparecem em primeiro plano.

O legislador estadunidense do Partido Democrata, Brian Baird, aplaudiu o chamado à não violência, incluída aí a declaração do presidente dos EUA, Barack Obama, em seu conhecido discurso do Cairo, em junho de 2009: “os palestinos devem abandonar a violência”. Para isso, é preciso de um líder como Mahatma Ghandi (1869-1948) ou Martin Luther King (1929-1968), assinalou Baird. E acrescentou: “Creio que estamos diante de um”, referindo-se a Morrar. Baird e o deputado democrata Keith Ellison participaram de uma das apresentações do filme a poucas quadras do Capitólio, acompanhados de Morrar, Avni e da diretora Julia Bacha. Os dois deputados distribuíram cópias do documentário na Câmara de Representantes. “Não sei se convencemos alguém, mas não vamos parar”, assinalou Ellison.

Baird e Ellison têm um papel ativo no conflito palestino-israelense. Ambos votaram contra uma resolução da Câmara de Representantes condenando o informe Goldstone e participaram da primeira delegação do Congresso dos EUA que viajou a Gaza após o ataque israelense de 27 de dezembro de 2008 a 18 de janeiro de 2009. O juiz Richard Goldstone dirigiu uma investigação sobre os crimes de guerra perpetrados pelo exército israelense durante a Operação Chumbo Fundido, que matou cerca de 1.400 pessoas e deixou mais de 5.000 feridos, a maioria civis.

Os dois legisladores são um elemento essencial da estratégia de divulgação de “Budrus” e de sua mensagem. O filme teve êxito no Festival Internacional de Berlim e no de Silverdocs, em Washington, na semana passada. No entanto, os realizadores não conseguiram uma distribuição massiva nos EUA. É um assunto delicado, explicou Avni. “Vão nos atacar em todas as frentes”, reconheceu.

A difusão do documentário coincide com a atenção que recebe na atualidade o conflito palestino-israelense que já dura 60 anos. A pressão pela situação nos territórios palestinos é cada vez maior. Isso pode ser visto pelo desacordo recente do presidente Barack Obama com o primeiro ministro de Israel, Benjamin Netanyahu, pelos assentamentos judeus na Cirjordânia, até o ataque das forças israelenses contra os ativistas do barco Mavi Marmara, que no dia 31 de maio rompeu o bloqueio imposto por Israel contra Gaza.

Há cada vez mais expressões não violentas de protesto contra as políticas israelenses nos territórios palestinos. Algumas delas são as manifestações contra a expansão de assentamentos judeus no bairro de Jeque Jarrah, em Jersusalém oriental, os contínuos protestos contra o muro por parte da população cisjordana de Bil’in e Na’alin, até as frotas humanitárias no final de maio.

Há protestos que atingem certo êxito. As manifestações em Budrus conseguiram convencer os israelenses a desviar o trajeto do muro que foi desviado para muito mais perto da Linha Verde, liberando 95% do território do povo. Mas outras não conseguem o mesmo êxito. Os protestos semanais realizdos em Jeque Jarrah desde novembro não conseguiram impedir o início, nesta semana, da construção de casas nos novos assentamentos judeus.

O documentário “Budrus” mostra como movimentos pacíficos conseguiram unir os manifestantes de diversas religiões e nacionalidades e garantir o respeito aos direitos humanos em protestos não violentos. Os realizadores combinam imagens tomadas por manifestantes que enfrentaram a polícia israelense da fronteira, com entrevistas com pessoas envolvidas no conflito de ambos os lados, incluindo um soldado israelense, que enfrenta o dilema de como lidar com manifestantes desarmados. Também utilizam imagens da cobertura midiática sobre o caso e procuram oferecer uma visão multifacetada sobre o conflito.

“Agora vimos outro tipo de israelenses”, assinalou Morrar, em alusão aos ativistas que protestaram com eles diariamente em Budrus. Cidadãos estadunidenses também se manifestaram em Budrus e em outros povoados próximos ao muro. Morrar disse estar orgulhoso pelo apoio destes cidadãos. O aspecto mais importante do documentário é, sem dúvida, Morrar, de voz suave mas clara, sentado frente a muita gente e a milhares de quilômetros do povo que tanto luta para salvar, e os realizadores do filme. É só um povo, só um homem, mas ele dá cara e voz a um movimento muitas vezes esquecido. “Budrus” estréia em Ramalah e em Jerusaláem no início de julho.

Tradução: Katarina Peixoto, na Carta Maior
Copa do mundo 2010: um olhar político em defesa de nossa América!

Por Sturt Silva*

Juro por Deus, juro por meus pais e juro por minha honra que não descansarei enquanto viver até que tenha libertado a minha pátria... [Poís] A unidade de nossos povos não é simples quimera dos homens, senão inexorável decreto do destino...

Simón Bolivar
A luta dos latinos americanos contra os velhos colonizadores e imperialistas de sempre

Neste ultimo sábado, dia 03 de julho, mais dois latinos deram adeus a copa de 2010 da África do Sul.
Pela manhã tivemos a derrota da Argentina por 4X0 diante da Alemanha. Pior que ver mais uma seleção de nossa America voltando para casa e ter que agüentar as provocações inúteis, de “brasileiros” contra nossos irmãos. Entretanto, pior ainda, é ver que tudo isso ajuda a repetir um discurso preconceituoso, em favor de uma rivalidade hipócrita, que é patrocinada, por grandes meios de comunicação e publicidade, que não atende os interesses desses dois povos, que afinal de contas, tem uma relação amistosa e fraterna em todas as areias. Porém com exceção, é claro, no futebol, até por que, é justamente, nesse setor, que se tem uma dominação sectária desses fanáticos, que impede, além de outras coisas, a união e a organização de nossa America, sobretudo no mundo do futebol. A todos os argentinos, meus sentimentos. Torci até o minuto final, infelizmente não deu. Que venha “2014”.
Mas o dia ruim, estava só começando para o futebol sul americano. À tarde assistimos a derrota do Paraguai diante da Espanha. Isso tudo depois da seleção paraguaia ter um gol anulado, pelo o árbitro da partida, um hondurenho e ainda ter desperdiçado um pênalti. No final do jogo, depois de vermos a seleção espanhola fazer um gol, só restou aguardar o apito final e solidarizar com o povo paraguaio a sua despedida da copa.
Assim como eu descrevi acima, os setores conservadores e dominantes, da sociedade brasileira, mostra que tem ódio e preconceito, não só do Maradona e companhia, eles também não perderam a oportunidade para debochar e desrespeitar dos paraguaios. [¹]
Então com as saídas de Brasil, Argentina e Paraguai, a tão sonhada e inédita “copa América” dentro de uma copa do mundo foi pro “ralo”. E pior, virou uma copa de potências européias, onde o provável é que uma delas vença o mundial, e use esse feito como discurso político para abafar a crise que esses países vivem, alienado, assim, parte do seu proletariado. Sem contar,que no campo futebolístico, recupera a hegemonia de títulos em relação ao continente latino americano.
Porém ainda resta uma última alternativa. Torcer pelo bicampeão do mundo (30-50), o Uruguai. Desde 70 que eles não iam tão longe no mundial. Só que agora foram calando a boca dos “especialistas” que sempre ignorarão os uruguaios como favorito, entretanto nunca deixarão de colocar como favoritíssima, a França, por exemplo, que só ganharia o seu título e com suspeitas de fraudes em 1998. [²]
A seleção uruguaia apesar de demonstrar que está melhor do que em outras edições é um pouco “inferior”, tanto na parte técnica como na física, em relação as suas adversárias. No próximo confronto, terça feira, contra as “laranjas mecânicas” terá que colocar o coração na ponta da chuteira e ter muita raça e amor ao seu povo para derrotar a Holanda. Essa partida deve ser encarada como uma “batalha” semelhante aos que seus libertadores tiveram no século XIX. O Jogo é dificílimo porém não impossível,até por que futebol bonito e merecimento eles tem e com sobra.

Mas por que então torcer pelos uruguaios?

Porque não é só apenas uma competição de futebol que está em jogo, o processo é muito mais complexo que podemos imaginar. Entre outras coisas o que está em jogo é a exportação de uma cultura dos “vencedores” com um discurso ideológico, que através do poder de propaganda dos organizadores e investidores fortalece mais ainda as ditaduras do capital e do mercado, presentes em todas as áreas no século XIX, inclusive no mundo do futebol. E que como de práxis, apropria do momento onde as massas estão fragilizadas, com uma grande dose de sentimentalismo e uma falta de pensamento critico para impor toda essa conjuntura de elementos, sem que haja uma reflexão daquilo que o povo passa a ingerir a partir desse momento.
O mundo deve impor contra esse tipo de imposição, considerando que o menos favorecido economicamente e culturalmente, o Uruguai, seja o apoiado nessa empreitada. Porém os latinos têm mais motivos para torcer em favor da seleção Uruguaia.
É hora de mostrar o valor da America latina diante de anos de sofrimento e opressão feita por essas mesmas nações que desde 1400 explorarão e aniquilaram quase toda nossa cultura nativa. É também hora de encarar o imperialismo e colonialismo que foram responsáveis por nosso sofrimento ao longo do tempo e que permanece até hoje, de frente, mas tendo a preocupação que o que estamos lutando é contra a dominação/exploração das elites desses países e não contra todo o proletariado europeu que também sofre.
Assim se pode usar o episodio para punir especificamente a política direitista da Alemanha que falseada de social-democracia, com toda certeza usará o título para desviar os problemas do país. Como punir as elites capitalistas da Espanha, que opressora de seus próprios povos (Bascos, Catalães e Galegos) terá nas mãos uma ótima oportunidade para desenvolver mais ainda sua política fascista, tanto no campo externo como no interno, e de brinde ganhará mais apoio popular podendo sair com a “santinha” da história.
Em termos de política no continente latino o Uruguaio é o único, agora, que representa a pátria grande de Bolívar e que tem no poder um governo progressista, de cunho socialista, bastante empenhado nos projetos do socialismo na America latina. Além disso, possui uma classe operária muito militante e consciente nas relações gerais do país. [³]
O que faz toda diferença para contrapor toda a essa imposição que o processo natural, de vitórias dos europeus, planeja executar.

Notas

[¹] O racismo das emissoras de TV do Brasil contra o povo paraguaio:
http://bulevoador.haaan.com/2010/07/03/o-nome-disso-e-racismo-vergonha-do-racismo-da-sportv-e-da-rede_globo/#more-14431
[²] A suspeita de venda do título do mundial de 1998:
http://blog.zequinhabarreto.org.br/2010/07/02/copa-1998-divulgado-o-escndalo-que-todo-mundo-suspeitava/
[³] A importância de torcer pelos países de classe operaria consciente:
http://ousarlutar.blogspot.com/2010/06/copa-do-mundo-e-os-marxistas.html


A Globo envergonha o Brasil com reporcagem preconceituosa contra Paraguai

Blog do Mello


O Canal SPORTV, das Organizações Globo (aquela que torceu contra a seleção e quer mandar no país), conseguiu se superar e dar uma verdadeira aula de reporcagem*: Dois apresentadores sem sal, um texto pretensamente irônico, mas na verdade preconceituoso e idiota, com uma narração primária. Tudo isso zombando de um país vizinho, onde vivem tantos brasileiros.

Confira, com um saco de vômito à mão.



* Reporcagem é o jeito PIG de fazer reportagem