sábado, 18 de setembro de 2010

Brilhantes Páginas na História da Medicina Árabe

A medicina foi uma das primeiras ciências que apareceram na civilização árabe islâmica, depois da ciência da religião e da própria língua árabe.
A evolução da medicina árabe e sua prosperidade são lembradas em várias ocasiões, o próprio profeta Maomé (Muhammad) diz: “Oh servos de Deus que estão doentes, o Deus poderoso não permitiu doença sem que a mesma tenha cura, aprenda de seu conhecimento e ignore a ignorância.” E disse o Imã AL shafaay: “Não conheço ciência, depois do Halal e do Haram (ciências da religião), mais nobre que a medicina.”
Dois médicos apareceram no seio do Islam, AL Hareth Ben kaldeh AL thaqafi e seu filho AL Nadir, da cidade de AL Taef. AL Hareth gozava de enorme prestígio e era chamado de “Médico dos Árabes”. Acompanhou o tratamento de importantes nomes como Saad ben Abi Waqas, conquistando para a medicina a atenção de Califas e Emires Omíadas e Abássidas,  o que constituiu um importante fator para o desenvolvimento e prosperidade da medicina.
Outro importante fator que ajudou a fazer a medicina árabe prosperar foi a tradução para a língua árabe de textos dos mais variados campos da medicina de outras civilizações, especialmente o que foi traduzido da medicina grega dos volumes de Hipócrates e Galeno, entre outros. Os grandes médicos , árabes e muçulmanos, eram unidos pela estrutura do conhecimento entre a filosofia e a medicina, assim como os médicos gregos.  Portanto a Filosofia era a origem e o critério para os médicos de então, o que fez com que tivessem uma visão holística do ser humano, capacitando–os acessar todos os elementos da estrutura humana com parte do sistema da medicina, pesquisando e elaborando o mecanismo de interação entre estes elementos.
Os filósofos árabes e muçulmanos até o século V da Higra (século XI d.C), acreditavam que a medicina não é uma ciência por sim mesma, sendo o estudo filosófico componente indispensável para que se tornasse completa. E talvez isto nos esclareça a razão da afirmação do filósofo AL Farabi (932 d.C), (Medicina Aplicada), no livro “Estatístico das Ciências” de que segundo a tradição árabe, ser filósofo era condição para ser médico, sendo uma característica árabe a distinção entre o Médico e alguém que praticava apenas o ato de “medicar”. O médico era considerado “sábio”, pois além de deter a técnica da medicina , detinha também o conhecimento filosófico, diferentemente de quem se utilizava apenas da técnica médica. Não há dúvidas de que feitos de médicos árabes e mulçumanos como Al Razi, Ibn Sina (Avicena) e Eben Rachid, dentre outros, os projetaram ao topo da história da civilização humana.
O Senso Crítico
Para construir uma clara imagem na história da medicina árabe, os médicos árabes se utilizaram do senso crítico. As traduções do grego, entre outras línguas, foi um fator relevante no início de sua ascensão, no entanto rapidamente assimilaram seu criticismo e corrigiram seus excessos, numa época em que ninguém ousaria criticar as opiniões dos médicos gregos como Hipócrates e Galeno. O médico árabe Dr. AL Razi (926 d.C ), no seu livro intitulado “Dúvidas sobre Galeno”, respondeu aos que o contestavam em sua crítica a Galeno dizendo:  Aquele que não ousa se utilizar da crítica, não pode ser considerado filósofo.
Também Ibn Sina no livro “Estatuto da Medicina” aponta várias contradições na medicina de Galeno; Por outro lado, Ibn Nafis , não hesitou em citar no livro “Estudo da Anatomia” o trabalho crítico de Galeno no campo da anatomia, e sua importância quanto à afirmação do senso crítico que guiou a medicina árabe a uma evidente independência dos conceitos da medicina grega.
Totalitarismo
A idéia que se destaca na medicina árabe totalitarista é a relação entre o que é material e o que é moral ou psicológico na vida humana, a chamada relação dialética. A medicina grega focava primeiramente nas causas físicas da doença, a medicina indiana nas causas mentais e psicológicas da doença, já a medicina árabe considera os dois lados juntos, com a mesma importância. Se o médico, por exemplo, falha no diagnóstico material, busca analisar também o lado psicológico. Há vários volumes psiquiátricos nos acervos da literatura médica árabe.
O médico “yohanna ben massouih” classificou em seu livro intitulado “ al Malikhouliah “ causas, sintomas e tratamentos. Assim como “Honein Ben Ishaac” também escreveu no livro intitulado “Tadbeer El Soudauin” e Al Razi, especialista em psiquiatria, escreveu o livro “A medicina Psiquiátrica” e continuou na mesma linha no livro “AL mansouri”, que trata das enfermidades do corpo ao mesmo tempo em que trata da alma.  Tais livros demonstram na história da medicina, o quão avançado estava à medicina árabe na área da psiquiatria.
Fairawoi Ibn Abi Asibah , enfatizou as habilidades de Ibn Sina neste campo ao relatar: “certo dia Ibn Sina (Avicena) me chamou a atenção para falar de um paciente que após o exame clínico teve certeza de que não sofria de nenhum mal físico, mas sim de males psicológicos. Ibn Sina mandou chamar o homem que conhecia todos os bairros da cidade e suas ruas, fez então que enumerasse todos os bairros da cidade, nome por nome, enquanto isso Ibn Sina media o pulso do paciente, sentia a variação da pulsação e percebia as mudanças na sua expressão. Durante o exame notou que o paciente era afetado quando ouvia o nome de um bairro em especial na cidade. Então Ibn Sina mandou que mencionasse os nomes das ruas daquele bairro até descobrir exatamente a rua que afetava o paciente... E assim por diante até chegar a mencionar a lembrança das casas e seus moradores individualmente, chegando ao nome de certa mulher. Então Ibn Sina concluiu que aquele homem a amava, e o tratamento ideal seria que se casasse com ela, somente assim, se curaria”.
A Tolerância e a Medicina
A tolerância sempre foi um feito essencial da sociedade árabe islâmica, em especial no campo da medicina, profissão que não pode ser restrita à religião, raça ou sexo, mas estudada e exercida para todos os que vivem nas regiões árabes, não importando quem seja o paciente.
Trabalharam nos califados Omíadas e Abássidas médicos de diversas nacionalidades e religiões, todos eram respeitados e admirados. No Califado Omíada de Damasco, por exemplo, havia médicos cristãos importantes como Ibn Athal, que tratava o próprio califa Ben Abi Sfian (60 Hegira / 680 d.C); O médico Ibn ِAbjar que trabalhou no palácio do califa Amer ben AbdelAziz ( 101 Hegira / 720 d. C ).  Também serviram no palácio Omíada médicos de diversas origens, como o cristão Jorjes Ben Bakhtisho, médico do califa Abi Jaafar AL Mansouri (158 Hegira / 775 d.C), e assim seguiram seus filhos e netos no serviço da família Abássida por mais de três séculos.
Os Abássidas também trouxeram médicos da Índia para Bagdá , o que favoreceu a tradução de literatura médica da língua Hindu para o Árabe.
Médicos judeus também trabalharam no palácio do Califado Fatímida no Egito, como Musa Ben Azar, seus filhos e netos, e médicos cristãos como Mansur Ben Sahlan.
Na Corte de Salah AL Din Al Ayoubi (Saladino), (589 Hegira / 1193 d. C), serviram diversos médicos cristãos, apesar do conflito com os cruzados, como Assad ben AL Mutran  e Abi al Faraj al Nassrani, além do famoso médico judeu Musa Bin Maimoun.
Os estatutos hospitalares árabes demonstravam importantes aspectos da tolerância na medicina árabe. Entre as normas está explicitamente descrita a não discriminação no tratamento de muçulmanos e não mulçumanos, árabes e não árabes.
As portas dos hospitais estavam sempre abertas para o tratamento de todos que viviam nas regiões árabes e islâmicas, não importando a raça ou a religião. Um fato histórico confirma isto; Durante uma epidemia deflagrada nos dias do Califa Abássida Muntaqadar Billah (320 Hegira / 932 d.C), o ministro Ali Bin Issa ordenou ao então ‘presidente’ dos médicos em Bagdá, Sanan Bin Tabet, o envio de médicos para cuidar dos pacientes nas vilas rurais. A equipe de médicos alcançou uma cidade rural chamada “sawar” habitada em sua maioria por judeus. Então os médicos escreveram pedindo autorização para se estabelecerem no local e tratar os habitantes, na resposta foram informados de que de acordo com os estatutos hospitalares de Bagdá, não se faz diferença no tratamento de muçulmanos e não muçulmanos, com isso estavam autorizados a tratar de todos, sem fazer distinções.
Presidente dos Médicos
O pioneirismo da ciência médica árabe foi constatado em diversos temas, um deles foi na criação do posto de “Presidente dos Médicos”. O primeiro a ocupar este posto foi o Califa Abássida Harun AL Rashid (193 Hegira / 809 d.C). O cargo de presidente permaneceu durante quase todas as eras da História Islâmica até os dias dos Mamelucos. O centro da presidência ficava na capital, Bagdá, e sua função era a administração dos médicos, hospitais e demais assuntos relacionados à saúde. O próprio Califa Abássida era quem apontava o presidente dos médicos.
Uma de suas importantes funções era a de aplicar exames de capacitação a farmacêuticos e médicos na época. O exame para farmacêuticos apareceu durante o governo do Califa AL Mamun (218 heriga / 832 d.C). Al Mamun foi o primeiro a ficar atento para supostos farmacêuticos charlatões, que receitavam remédios alternativos aos prescritos.
AL Mamum testou todos os farmacêuticos ao pedir um remédio que não existia, muitos afirmaram ter o remédio, mas trouxeram medicamentos diferentes. Desde então os farmacêuticos tinham de passar por exame para adquirir a licença para trabalhar.
Durante o Califado de AL Mutasim Billah (227 Hegira / 842 d.C), todos os farmacêuticos da região foram novamente Submetidos a um teste, os reprovados foram expulsos da cidade, os que insistiam em permanecer foram executados.
Já o exame para médicos começou na época do governo do califa Abássida, Al Montaqadar Billah, antes destes exames, para o exercício da profissão bastava conhecer tratamentos e ter lido algum livro de medicina de algum autor conhecido da época. Havia pessoas com capacidade e que exerciam a prática da medicina sem nenhuma restrição, mas com o passar do tempo, o caos tomou conta da profissão. Certa vez o califa soube da morte de um homem por erro médico em Bagdá, então promulgou a ordem que proibia outros doutores a exercerem a profissão antes de passarem pelo exame do Presidente dos Médicos, que então era Sanan Ben Tabet. Os aprovados no exame receberam um certificado que permitia o exercício da profissão. Alem de um manual listando as doenças e o tratamento correto para as mesmas.
Oitocentos e sessenta doutores foram aprovados. Alguns não foram submetidos aos exames devido à tradição e grande fama. Muitos deles já trabalhavam a serviço do califado por hereditariedade.
Os Hospitais
Os hospitais são uma maravilha a parte na história da medicina árabe, pois ofereciam um local de enorme efervescência cultural e científica, servindo a propósitos variados, além da atividade médica. Possuíam fontes, salões de leitura, bibliotecas, capelas e dispensários. As escolas médicas introduziram um grande número de drogas (químicas e herbáceas).
Entre os medicamentos introduzidos pelos árabes destacam-se o âmbar, almíscar, cravo-da-índia, pimenta, gengibre, noz-moscada, cânfora, sena, cassis e a noz-vômica. Desenvolveram métodos de extração, técnicas de destilação e cristalização, que possibilitaram o estudo e desenvolvimento de medicamentos até então desconhecidos, além de serem essenciais à formação da farmácia e da química.
Havia dois tipos de hospitais, Fixos e Móveis, e é importante notar que os árabes conheciam estes dois tipos de atendimento mesmo antes do aparecimento do Islã. Os historiadores são unânimes quanto ao primeiro hospital fixo construído durante o islã, durante o reinado do Califa Omíada AL Walid ben Abd Elmalek, na cidade de damasco, para o qual trouxe médicos famosos fornecendo a eles toda infra-estrutura disponível na época.
O mais famoso foi “AL Nuri”, na cidade de Damasco, construído pelo rei, Nur El din zanki (579 Hegira / 1174 d.C.). O primeiro hospital construído durante a era Abássida foi no governo do Califa Harun AL Rashid, na cidade de Bagdá, e seguiu-se o movimento de construção de hospitais na capital Abássida até o início do séculoX, somando aproximadamente oito hospitais. No Egito a construção de hospitais começou durante o governo de Amro Bin AL Aas. Mais tarde surgiu na região, talvez, o mais famoso hospital de então chamado “almansuri” também conhecido por “Qalaoun”, pois foi construído pelo sultão mameluco Al Mansour Qalaoun (1289 d.C).
Há registro de mais de 34 hospitais em todo território islâmico. O hospital de Bagdá, fundado pelo califa Al-Mutkadir, foi o maior do século X. Al-Razi praticou e ensinou nele. Foi onde implantou o princípio de se recolher e guardar o histórico clínico para ser utilizado em discussões de casos, no aprendizado.
O hospital de Damasco foi o mais suntuoso. Servia também de escola médica, com uma das maiores bibliotecas da época. Os convalescentes eram internados em pavilhões, organizados em orfanato, biblioteca e enfermarias especiais, que atendiam feridas, afecções oculares, diarréias, transtornos da mulher e febres. Cada paciente recebia uma ajuda de cinco moedas de ouro para cuidar da família até sua volta ao trabalho.
Todos tinham as portas abertas para paciente de todas as classes sociais e de todas as origens territoriais ou crença religiosa.
Hospitais Móveis
Os árabes foram realmente pioneiros em hospitais móveis, desconhecidos em outras civilizações. Tais hospitais eram transferidos de um lugar para o outro para cuidar das populações rurais. Estes hospitais continham uma equipe médicas e assistentes, equipados de instrumentos e remédios, transportados de uma vila pra outra em animais.
Este tipo de ‘hospital móvel’ era muito comum na época do Califado Abássida de Muntaqadar Bllah.

Ibn AL Siba relata em “Ayoun Alanba” (Olhos da Notícia), que o ministro Ali Bin Aissa escreveu um comunicado ao então presidente dos médicos em Bagdá, Sanan Ben Tabet, ordenando que fosse feito todo o esforço necessário para o atendimento da população, fornecimento de remédio e tratamento para todos, em todos os lugares.
Saúde dos Prisioneiros
Em tempos em que as prisões de outras nações pareciam mais “cemitérios Pra Vivos” , nas prisões árabes a saúde dos presos era inspecionada com freqüência, conforme ordens do Califa Muntaqader ao Presidente dos Médicos. As prisões tinham que ser inspecionadas para investigar a saúde dos presos, garantindo a eles o tratamento necessário. Evitando assim epidemias dentro e fora das prisões.
O impacto da medicina árabe na renascença ocidental
Enquanto a medicina Árabe vivia seus tempos áureos, a medicina ocidental vivia no obscurantismo e no subdesenvolvimento, baseando seus diagnósticos e tratamentos em mitos. O príncipe árabe Osama Bin Monqadhr, em suas notas, aponta as barbaridades praticadas pelos médicos europeus no tratamento dos seus doentes durante as cruzadas (sec. Xd. C) na região da Síria. Ele citou que na medicina européia prevalecia a idéia, de que as doenças eram causadas por espíritos maléficos como punição por pecados cometidos, conforme ensinava a Igreja na época, e que a cura era obtida não com tratamento ou remédios, mas com o perdão dado pela Igreja que proibia a medicação de seus fiéis e ordenava que fossem queimados os livros de medicina em circulação, considerados bruxaria e um desafio a Deus. No entanto, desde o séc. XI d.C. a medicina árabe começou a ter reflexos no ocidente, através da região da Sicília, Espanha e também pelo conhecimento adquirido pelos cruzados em regiões árabes.
Diversas obras foram traduzidas do árabe para o latim, uma figura importante neste processo foi “Constantino, o africano” (1087 d.C.), que comercializava remédios em Tunis. Ele importou para a Europa várias obras traduzidas do árabe para o latim. Quando se estabeleceu na Itália traduziu para o latim outras importantes obras de Ali bin Alabas, Ibn Jazar, Costa Bin Luka e Honein Ibn Sahac, alem dos volumes traduzidos do Grego de Galeno e Hipócrates.
Certamente as interpretações de Constantino foram à base da escola de medicina de Salermo em meados do séc. XI d.C, escola que se tornou uma ponte que trazia os conhecimentos da medicina árabe para a Europa.
Para o bem da civilização ocidental veio para a cidade de Toledo, Espanha, em meados do séc. XII d.C. um cientista chamado Girard Cremona 1187d.C (da cidade de Cremona - norte da Itália) a procura de um livro traduzido do árabe chamado “AL Mojsti” conhecido como “Alktab al Azzem” (O Grande Livro), do escritor Grego Ptolomeu. E se surpreendeu por encontrar em Toledo, vários outros manuscritos científicos remanescentes escritos em árabes, então se empenhou no estudo da língua árabe e na tradução destes achados para o latim, primeiramente com a ajuda de um assistente e depois sozinho. Ele que pretendia fazer apenas uma viagem curta a Toledo, acabou por permanecer lá por muitos anos até sua morte. Historiadores afirmam que Girard, traduziu sozinho um quarto de todos os livros traduzidos do árabe para o Latim, mais de oitenta livros sobre Medicina, Filosofia, Astronomia, Engenharia, Matemática entre outros.
Os primeiros livros de medicina traduzidos para o latim por Girard foram “alqanun” (A Lei) de Ibn Sina; “Madkhal Ila aL-tob” (Introdução à Medicina), do AL Razi ;  e “AL Jiraha” (A Cirurgia), de Zahraoui. Girard também traduziu um considerável volume de obras Gregas do árabe para o Latim, como as obras de Hipócrates e Galeno.
Historiadores concordam que dos árabes e de suas brilhantes obras de medicina traduzidas do árabe para o latim surgiram as bases para a renascença da medicina na Europa.
Com isso a medicina árabe teve bases sólidas, compreensivas e criativas e é das mais brilhantes páginas da história da civilização árabe, e de toda humanidade.
Os árabes não apenas legaram seus próprios conhecimentos para o mundo, como também possibilitaram a existência hoje dos conhecimentos gregos tanto na medicina como em outros campos científicos. Fato histórico que libertou o ocidente das “prisões” da idade média e o fez renascer pela difusão do conhecimento e do espírito crítico, preservados, elaborados ou implementados pelos árabes e divulgados para o ocidente permitindo a ascensão e a evolução da medicina para como a conhecemos hoje.

Fonte:  Arabesc
Original em árabe. Tradução: Jean Ajluni

CAMPANHA NACIONAL DE VACINAÇÃO CONTRA O GOLPE







Nas eleições de 2010 o Brasil corre o sério e real risco de novamente ser contaminado pelo vírus do golpe, desta vez tendo como vetores setores da ultradireita representados por emissoras de TV e rádio, jornais e “formadores de opinião", como religiosos das mais diferentes crenças, incitados principalmente pela candidatura de José Serra à Presidência da República. Por isso, leia com atenção e divulgue este aviso!

Sintomas
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· * Com o início da propaganda eleitoral diversas crises e acusações sem provas passaram a figurar por manchetes de jornais e destaques em TV
· * Com o crescimento de Dilma nas pesquisas, os ataques se intensificaram e jornais e TV só usam agenda negativa contra a candidata
· * Blogs e publicações a favor de Dilma passaram a ser acusados de “blogs sujos” enquanto blogs de ataque à honra e nome de Dilma proliferaram na rede
· * A venda ilegal de sigilo feita por encomenda na Delegacia da Receita em Mauá é transformada em “crise” contra a candidata
· * A quebra do sigilo de milhares de pessoas é transformada em acusação contra Dilma e a violação do sigilo de 60 milhões de outras, feita pela filha do candidato tucano e denunciada pela revista Carta Capital, é solenemente ignorada
· * José Serra transforma seu programa eleitoral na televisão em agenda diária de acusações e ilações falsas
· * A esposa do candidato José Serra, em campanha em Nova Iguaçu (RJ) acusa Dilma de “matar criancinhas”
· * Um ex-condenado com negócios nebulosos é transformado em herói da probidade e gera crise envolvendo a Casa Civil da Presidência para atingir Dilma

Indícios próximos

* Apesar da manutenção dos índices de votação de Dilma nas pesquisas, os tucanos prometem “bala de prata “ e mais baixaria e acusações
* Religiosos católicos e evangélicos distribuem vídeo acusando Dilma de crimes e misturando pedofilia, infanticídio, homossexualidade com a campanha do PT
* O candidato José Serra aumenta a agressividade contra jornalistas que lhe fazem perguntadas apontadas “incômodas” ou “inconvenientes”
* O presidente do PSDB Sérgio Guerra promete “campanha mais agressiva” até o dia da votação, vale dizer mais baixaria, crises e acusações inundadas
* Espalha-se pela internet a informação de que a campanha de Serra prepara uma acusação grave para a véspera da eleição quando não há mais tempo para se dar resposta e se esclarecer qualquer fato.

Vetores

Rede Globo de Televisão – Jornais “O Globo”; “Folha de S. Paulo”; “O Estado de S. Paulo” e revistas “Veja” e “Época”

Risco iminente

O vírus pretende espalhar o medo e a dúvida com base nas acusações falsas, gerando graves danos ao sistema democrático brasileiro e provocando assim o golpe tão esperado que desprezará o resultado da vontade popular e trará de volta ao poder a elite insensível e desumana que se empenhará na desnacionalização dos recursos nacionais;; na venda do patrimônio público; no desmanche das conquistas sociais do povo e na volta aos tempos da UDN da ditadura; do FHC e do FMI

Prevenção

* Divulge este alerta a todas as pessoas de seu relacionamento. Alerte quem você conhece sobre o risco das denúncias em véspera de eleição
* Não assista a TV Globo ou leia os jornais vetores entre o dias 1º e 3 de outubro
* Duvide de qualquer denúncia que surja após o fim do horário eleitoral gratuito quando os fatos não mais podem ser desmentidos em cadeia nacional de rádio e televisão.
* Vote por seu país e por sua independência, como cidadão, sem tutela e manipulação

Não querem só calar Carta Capital. Querem matá-la

 

Brizola Neto no Tijolaço

Os donos da grande mídia no Brasil adoram montar seminários para dizer que a liberdade de imprensa está ameçada no país. Seus argumentos são ridídulos e nem mesmo eles acreditam nisso, tanto que ousam as maiores irresponsabilidades com a certeza de que nada lhes acontecerá. Jornalistas estrangeiros, que trabalham em veículos respeitáveis, afirmam que o Brasil desfruta de uma liberdade de imprensa difícil de ver em outros lugares.
Se alguém acredita no apreço que esse grupo tem pela liberdade de imprensa ,veja o que acontece agora, quando a revista Carta Capital é intimada por ofício da procuradora eleitoral Sandra Cureau a apresentar a relação da publicidade e dos valores recebidos do governo federal em 2009 e 2010. Ninguém deu um pio. Pior ainda, nem uma linha. O assunto só circulou na blogosfera, já que a grande mídia tenta aparentar que Carta Capital não existe.
Se tal medida fosse tomada em relação à Veja ou Folha de S.Paulo, por exemplo, todos os jornais estariam escrevendo editoriais, o instituto Millenium já teria convocado o Reinaldo Azevedo e o Jabor para bradarem contra censura e o totalitarismo no país e a Sociedade Interamericana de Imprensa alardearia o fato além das nossas fronteiras.
É claro que dessa turma não podemos esperar nada. Mas temos que exigir que a sociedade e principalmente os órgãos de classe se manifestem. Cadê a Associação Brasileira de Imprensa? Onde estão os sindicatos de jornalistas? A Ordem dos Advogados do Brasil? É preciso denunciar a tentativa de censura que fazem a um veículo da imprensa brasileira que ousa desafiar a voz comum e pratica um jornalismo de personalidade e qualidade únicos.
Disse mais cedo: quem cria um estado de intimidação e vassalagem no Brasil não é o Estado, mas o statablishment, o poder empresarial.
Mino Carta, diretor de redação da Carta Capital, não pode ficar se defendendo sozinho, embora tenha talento bastante para isso, como ao responder a Bob Fernandes, do Terra Magazine, sobre a intenção do ofício da dra. Cureau. “A senhora Cureau entende que nós somos comprados pelo governo federal, via publicidade. Se ela se dedicasse, ou se dedicar, porém, à mesma investigação junto às demais editoras de jornais, revista, e outros órgãos da mídia verificaria, verificará, talvez com alguma surpresa, que todos eles têm publicidade de instituições do governo em quantidade muito maior e com valor maior do que Carta Capital.”
E ainda completou: “Aliás, me ocorre recordar que durante o governo tucano de Fernando Henrique Cardoso, dito FHC, fomos literalmente perseguidos pela absoluta ausência de publicidade do governo federal. E a pergunta que faço é a seguinte: então, alguém, inclusive na mídia, se incomodou com isso? Ninguém considerou esse fato estranho? Uma revista de alcance nacional não receber publicidade alguma enquanto todas as demais recebiam?”
A indagação de Mino Carta é óbvia. Se hoje a grande mídia busca silenciar Carta Capital, no governo dos tucanos ela tinha o apoio do governo para isso. Não só silenciá-la, mas se possível asfixiá-la economicamente até a morte.
Mas enganam-se. Em pouco tempo, se houver uma ação aguda de um governo comprometido com a liberdade de informação, e a internet chegar à toda a população, eles estarão reduzidos ao monopólio do…. nada…
Escrevam o que digo, vamos enfrentar uma batalha pesadíssima no Congresso para abrir a internet a todos os brasileiros. Os “donos” da informação farão de tudo – como vocês já viram que eles são capazes – para, em nome de sua arrogância empresarial, continuarem negando ao povo brasileiro o direito de saber a verdade.

Desvendando a Mídia Golpista...