quarta-feira, 8 de agosto de 2007

Quinze anos depois, a Rússia é uma catástrofe social



O Partido Comunista da Federação Russa (KPRF, na sigla em russo), baseado em dados publicados pelas autoridades do país, fez um balanço dos últimos quinze anos da política social do regime burguês na Rússia. Os resultados demonstram a catástrofe social que se abateu sobre os russos. Leia abaixo o resumo do levantamento do KPRF.


Em 15 anos:


Surgiu uma ameaça real de catástrofe demográfica. A mortalidade supera em 1,6 vezes a natalidade.


O salário real em 2006 foi duas vezes inferior ao de 1990. As aposentadorias médias em 2,5 vezes. As bolsas estudantis 7 vezes. A aposentadoria média em Moscou chega hoje a 3,5 mil rublos (cerca de 100 euros).

Foram fechadas 70 mil indústrias.


O Produto Interno Bruto da Federação Russa é 2 vezes menor que em 1990.


Foi perdida a independência alimentar.


Foram deixados de cultivar 35 milhões de hectares. Cerca de 50% dos produtos alimentícios são importados. O consumo calórico caiu para um terço dos níveis de há 15 anos, enquanto o consumo de leite é duas vezes menor.


Na Federação Russa são cometidos 3 milhões de crimes por ano (Duas vezes mais que na antiga Rússia Soviética).


Foram registrados 4 milhões de alcoólatras e 1,5 milhões de viciados em drogas.


A população da Rússia diminuiu em 12 milhões de pessoas, dos quais a metade correspondem aos sete anos de poder da Era Pútin.


A esperança média de vida se reduziu em 10 anos. Até 70% das crianças nascem com diferentes patologias.


Diferença de renda: a correlação de renda entre os 10% mais ricos frente aos 10% mais pobres é, em Moscou, de 41 para 1 (Na antiga URSS era de 4 para 1). Um de cada quatro homens em idade de trabalhar está desempregado.


Devido à alimentação deficiente, a altura média dos russos caiu 1,5 centímetros. Até 15% dos que se incorporam às fileiras do Exército apresentam desnutrição. A capacidade física dos jovens se reduziu em 18%. A moças são ainda mais fracas.


O número de funcionários públicos se multiplicou por 2, superando os 3 milhões. O número de escolares se reduziu a 25% do número de 15 anos atrás, enquanto que o de crianças de rua já supera 4 milhões.


Veja o texto original (em russo) no site do KPRF

Fonte: vermelho

China condena ex-dirigente à prisão perpétua por corrupção

Pena que no Brasil a impunidade impera...


Hu Xing, ex-responsável pelo setor de transporte na província de Yunna, sudoeste da China, foi condenado à prisão perpétua nesta quarta-feira (8), após ser julgado culpado de corrupção. Depois de tentar a fuga, ele foi detido e extraditado de Singapura.


Com 49 anos, Hu aproveitou-se do cargo de subdiretor do Departamento Provincial de Transportes de Yunnan para obter subornos que somara mais de 40 milhões de yuans (cerca de R$ 10 milhões). Entre as propinas figura um apartamento no valor de 247 mil yuans (R$ 90 mil). "De acordo com sua confissão, Hu também usou seu cargo para beneficiar seus parentes em atividades comerciais", noticia a agência Xinhua.


"O ex-funcionário desapareceu em janeiro, quando as autoridades locais estavam investigando um importante caso de crime econômico e o haviam implicado como suspeito. Foi preso em Singapura, em 18 de fevereiro", prossegue a notícia.


Antes de assumir o cargo nos Transportes, em novembro de 2004, Hu foi vice-prefeito de Kunming, capital de Yunnan, tendo se encarregado da área de planejamento e construção.

Comunidade Software Livre e Lula iniciam revolução digital


Martelo batido: deve ser feita até o final de outubro a concorrência para a maior compra de computadores da história do País. O governo federal vai adquirir 150 mil laptops para distribuir a alunos e professores de 300 escolas públicas. A proposta nasceu da Comunidade Software Livre para promover uma verdadeira revolução digital no Brasil com a inclusão de milhares de estudantes no mundo da Web.



É muito em termos absolutos (imagine um Maracanã lotado de estudantes) e pouco em termos relativos (há cerca de 48 milhões de alunos e professores em escolas públicas). Mas é só o primeiro passo de um projeto que deve crescer e que tem um objetivo nada modesto: acabar com o fosso digital que separa ''conectados'' e ''não conectados'', e que deixa os últimos alijados da revolução tecnológica em curso no planeta.

Trata-se do programa ''Um Computador por Aluno'', coordenado por assessores diretos do presidente Luiz Inácio Lula da Silva e inspirado na organização ''One Laptop Per Child'' (OLPC), entidade que pertence a Comunidade de Software Livre e que promove o uso de computadores portáteis como ferramenta para revolucionar a educação em países pobres.

Laptop U$ 100,00


A OLPC está por trás do chamado ''laptop de 100 dólares'', aparelho de baixo custo idealizado nas pranchetas de cientistas do MIT (Massachussets Institute of Technology) e que está prestes a entrar em produção, com uma série de inovações tecnológicas. Seu custo, porém, foi recalculado para algo próximo de US$ 180.

Apesar de ter deflagrado a criação do programa no Brasil, a OLPC, com seu modelo XO, não tem mercado cativo - terá de concorrer com a Intel, que produz o Classmate PC, e a empresa indiana Encore, fabricante do Mobilis.

O governo deve estabelecer um preço máximo para a compra, além de exigir garantia de assistência técnica por três anos e uso exclusivo de software livre nas máquinas, disse José Luís Aquino, assessor da Presidência, em entrevista a Terra Magazine.

Concorrência

No início do ano, Cezar Alvarez, coordenador do projeto, disse que o preço de cada laptop ficaria ''em torno de US$ 200''. Se isso se confirmar, complica-se a situação da Intel, cujo Classmate custa aproximadamente o dobro.

De olho em um mercado que pode chegar a milhões de unidade, Intel e Encore tentaram ganhar a simpatia do governo com a promessa de montar no Brasil seus laptops - a OLPC, por sua vez, fará suas unidades em Taiwan. Mas o quesito ''produção nacional'' não terá peso na concorrência, afirma Aquino.

A OLPC é uma organização sem fins lucrativos, mas tambêm tem como prioridade vencer a concorrência - a eventual adoção do XO pelo país garantiria produção em escala, redução de custos (a meta de US$ 100 não foi abandonada) e visibilidade internacional para o projeto.

A entidade foi criada por Nicholas Negroponte, uma das estrelas do MIT, em 2005. Em poucos meses, o projeto de um laptop barato, resistente e inovador havia sido abraçada por empresas de tecnologia como AMD, Google e Red Hat.

Intel e Microsoft bombardearam a idéia desde o início - motivos econômicos não faltavam, dada a preferência pelo sistema operacional Linux e o uso dos chips da AMD. Depois de uma guerra verbal, a Intel hasteou recentemente a bandeira branca e até aderiu oficialmente à OLPC, provavelmente após negociar a utilização de algum de seus produtos no XO.

Rede ''mesh''

Desafiando os céticos, os designers e engenheiros da OLPC não só viabilizaram o barateamento radical dos laptops como ainda introduziram características exclusivas, como telas que podem ser lidas ao sol, uma nova interface gráfica e a chamada rede ''mesh''.

Numa rede mesh, cada laptop funciona ao mesmo tempo como receptor e emissor de sinais sem fio - computadores próximos conseguem ''conversar'', mesmo que ambas estejam desconectadas da internet.

Na prática, isso significa que os alunos podem fazer trabalhos em grupo e exibi-los em rede para toda a classe, por exemplo. Além disso, se houver conexão à internet, cada computador funciona como um difusor do sinal, o que amplia o alcance físico da rede.

Revolução didática

Ou seja, no lugar de livros didáticos os estudantes passarão a ter um laptop onde cada máquina é receptora e transmissora do sinal de rede de internet, sem ter a necessidade de um provedor intermediando o acesso a rede.

Com 150 mil máquinas recebendo e transmitindo sinais em diversas regiões do País a malha da rede engordará, pois além dos estudantes, qualquer computador com wireless (rede sem fio) poderá ter acesso a ela, mesmo sem pagar um provedor.

Mas esta é apenas a primeira etapa do projeto, o governo tem como meta chegar a 1 milhão de laptops. Até lá, lado a lado da superação da exclusão digital, estará dado outro desafio: afinal, como se darão as relações didáticas e pedagógicas na sala de aula quando esta terá como principal instrumento pedagógico um computador com acesso a rede?

Para responder esta pergunta estudantes universitários da área de educação se engajaram no projeto da OLPC. A expectativa é que para além da revolução digital, o ''Um Computador por Aluno'' também revolucione a educação no Brasil.

Fonte:Vermelho

Estados Unidos: o desgaste da ausência de direitos humanos


Virgílio Arraes

Na visão neoconservadora, a II Guerra do Golfo despertou posicionamentos antiamericanos mais incisivos, submersos temporariamente em função do ataque terrorista de 11 de setembro de 2001. Afirma-se que a postura dinâmica da política externa americana, voltada, em princípio, para o estabelecimento de democracias, conduz necessariamente a desgastes, materializados em posições hostis ao país. Seria o ônus natural da liderança dos Estados Unidos, ao ansiar por preservar a estabilidade do sistema internacional, principalmente após a extinção da União Soviética.

Distinga-se que, caso o governo norte-americano se mantivesse apático diante do cotidiano da comunidade global, manifestações de ressentimento ou de queixumes ser-lhe-iam também endereçadas por vários dirigentes de Estado, de maneira que, independentemente da posição adotada em sua política exterior, o descontentamento estará presente.

O que fundamenta a contrariedade em relação aos Estados Unidos não são antigos dissabores, da época da dicotomia da Guerra Fria, onde houve apoio, mesmo sem ser, às vezes, tão visível, a golpes de Estados e a ditaduras, em nome da contraposição ao comunismo – vide o caso da América do Sul nos anos 60 e 70. O abatimento advindo de tal comportamento orientaria o governo Carter a modificar a política externa, de sorte que se valorizassem mais os direitos humanos.

Contudo, na visão conservadora daquele período, o alvo da nova postura afastou o país dos aliados tradicionais enquanto reforçava os países comunistas, resguardados da influência das diretrizes da gestão Carter. Nesse sentido, os opositores – aboletados em seu maior número no Partido Republicano - reconheceriam que o número de países democráticos era pouco significativo, de maneira que o convívio com ditaduras ou tiranias faria parte do cotidiano da política internacional.

Premente se fez a necessidade de dividir, portanto, os países ditatoriais em dois campos, haja vista a impossibilidade de, no curto prazo, migrá-los - desde que aliados dos Estados Unidos - diretamente para a esfera democrática, em face da necessidade de anular o (filo)comunismo, o que acarretaria, por vezes, medidas extremadas, distantes dos padrões ambicionados pelo governo Carter.

A designação das ditaduras foi bipartite, de acordo com a visão da professora da área de Ciência Política de Georgetown, Jeane Kirkpatrick, no final da década de 70: autoritárias, caso os governos se vinculassem à esfera capitalista, e totalitárias, se conectadas à comunista. Além do mais, sinalizou-se que os países ocidentalizados seriam menos infensos a reformas políticas e econômicas, de modo que a conversão à democracia seria mais provável, mesmo que demorada.

Contemporaneamente, a inevitabilidade das ditaduras - ainda mais se localizadas na região médio-oriental - não é mais aceita pelos formuladores da política externa norte-americana desde o início dos anos 90, porquanto anacrônicas, isto é, resquícios indesejáveis de uma era finda politicamente em favor das democracias liberais.

Embora considerando inexorável a marcha da democracia, os planejadores estadunidenses encaram a presença de seu país como catalisador de tal processo, mesmo que implique privações imediatas para a sua população na forma de recursos econômicos e humanos – 3 mil e 614 baixas até o dia 26 de julho corrente -, como é o caso da segunda versão do conflito do Golfo.

Contudo, nenhuma das intervenções – Afeganistão ou Iraque – desaguou no aguardado pelo governo norte-americano. O resultado provisório indica a ampliação do grau de turbulência de toda a região e, por conseguinte, repúdio da população local. Além do mais, o desrespeito aos direitos humanos materializou-se na base de Guantánamo, minimizado posteriormente em virtude das constantes denúncias de organizações não governamentais e dos meios de comunicação.

Mais crítica, no entanto, é a base aérea de Bagram, situada no Afeganistão, onde as adversidades são de difícil registro e posterior publicidade, em função da precariedade do aparato administrativo, e de maior intensidade, em face das rivalidades étnicas e políticas das comunidades locais, suspeitosas de governos centrais, ainda mais apoiados, de maneira explícita, por um governo estrangeiro.

Mesmo a distância dificulta o encaminhamento aos meios de informação e não é possível acompanhar, de modo eficaz, se os depoimentos, por exemplo, são colhidos de acordo com as normas das convenções de Genebra ou da Contra Tortura – incorporá-las ao cotidiano militar não implica o reconhecimento imediato de status de prisioneiros de guerra.

Deste modo, o desgaste do poderio norte-americano não é gerado, a princípio, pela sua presença externa em si, mas pela postura desagarrada em relação a sua própria pregação política, onde se conjugam democracia e liberalismo, estando a primeira bem afastada do cotidiano do Iraque e do Afeganistão.

Virgílio Arraes é professor de Relações Internacionais na UnB.