segunda-feira, 20 de agosto de 2012

Ataques verbais acirram tensão entre Irã e Israel

Secretário-geral da ONU, Ban Ki-moon, critica palavras da liderança em Teerã. Presidente do Irã chamou Israel de "tumor canceroso". Tensão aumenta após mídia israelense dizer que Israel pode atacar Irã ainda este ano.
O secretário-geral da Organização das Nações Unidas (ONU), Ban Ki-moon, criticou duramente os recentes ataques verbais da liderança iraniana contra Israel. Nesta sexta-feira (17/08), Mahmoud Ahmadinejad, presidente do Irã, chamou Israel de "tumor canceroso", que logo desaparecerá. Dois dias antes, o líder espiritual do Irã, aiatolá Ali Khamenei, havia definido Israel como uma "excrescência artificial sionista".
"Ban condena essas declarações ofensivas e incendiárias", diz um comunicado divulgado por seu gabinete nesta sexta-feira. O texto pede também que todas as lideranças da região colaborem para diminuir as tensões entre as nações e evitar um agravamento da situação.
Neste sábado (18/08), um comandante iraniano de alta patente saudou um possível ataque aéreo israelense contra instalações nucleares do país. O general Amir Ali Hadschisadeh, afirmou que isso daria a seu país um motivo de retaliação contra Israel, "para se livrar para sempre" daquele Estado, informou a agência de notícias oficial Irna.
Segundo Hadschisadeh, comandante da Força Aérea da Guarda Revolucionária, no caso de um ataque de Israel, o Irã reagirá de forma "rápida, determinada e destrutiva".
Protesto contra Israel
United Nations (UN) Secretary-General Ban Ki-moon speaks at a joint news conference with Britain's Foreign Secretary William Hague, not pictured, at the Foreign Secretary's official residence in London Friday July 27, 2012. Ban said he was "deeply" concerned about reports of the possible use of chemical weapons by Syria, and demanded the government state it would not use them "under any circumstances". (Foto:Ki Price/AP/dapd) Ban Ki-moon considerou declarações iranianas "incendiárias"
Nesta sexta-feira, milhares de iranianos gritaram palavras de ordem como "morte à América, morte a Israel", em protestos organizados pelo governo iraniano. O presidente Mahmoud Ahmadinejad disse, em um discurso para os manifestantes, que não havia lugar para um Estado judaico no futuro do Oriente Médio.
Os ataques verbais ocorreram depois de a mídia israelense divulgar notícias de que Israel poderia lançar ataques contra instalações nucleares iranianas antes das eleições presidenciais norte-americanas, em novembro. O Ocidente suspeita que o Irã esteja trabalhando secretamente na produção de armas nucleares, o que Teerã nega.
Ataque ao Irã
O chefe do partido israelense Kadima, Shaul Mofaz, também se envolveu no debate, afirmando que um possível ataque contra o Irã não teria chance de sucesso sem o apoio dos EUA. Um esforço isolado das forças israelenses contribuiria, na opinião dele, somente para atrasar as ambições nucleares do Irã e resultaria em "desastre". O partido Kadima saiu em julho passado da coalizão de governo do primeiro-ministro Benjamin Netanyahu.
Segundo o ex-chefe da inteligência militar israelense Amos Jadlin, Barack Obama deve reforçar num discurso no Parlamento israelense sua rejeição a um Irã munido de armas atômicas.
"O presidente dos EUA deve visitar Israel e assegurar a seus líderes e, ainda mais importante, ao seu povo que é do interesse dos EUA impedir que o Irã tenha armas nucleares e que ele usará meios militares para isso, se necessário", escreveu Jadlin na edição deste sábado do jornalWashington Post.
Na opinião do israelense, somente assim Obama conseguirá tirar das autoridades israelenses o temor de que sejam abandonadas pelos EUA após renunciarem a uma ação militar contra o Irã. 
Os sociais-democratas alemães são a favor de que Berlim interceda junto à liderança de Israel com relação às ameaças de um ataque ao Irã. A chanceler federal Angela Merkel deve deixar claro, assim como os Estados Unidos, que um ataque teria consequências fatais e incontroláveis para toda a região, ressaltou o assessor para política externa do partido SPD, Rolf Mützenich.

MD/dpa/dapd/afp/rtr via DW-PORTUGUES
Revisão: Luisa Frey