quarta-feira, 6 de maio de 2009

Do blog do Bourdoukan...

Beduínos da Cisjordânia: "Resistiremos"!

Zeina Awad
, Al-Jazeera

Os beduínos de Umm Al Khayr, pequena aldeia a sudeste de Hebron, são provavelmente a comunidade mais vulnerável de todos os grupos de refugiados palestinos na Cisjordânia. Agora, estão tendo de lutar para conseguir continuar na terra onde vivem há muitas gerações.
Estão em luta judicial contra o exército de Israel, para demonstrar que a terra onde vivem é propriedade legal. Tentam, assim, impedir que passe por ali uma estrada chamada "estrada de patrulha de segurança", já planejada.

Dia 26 de abril, com a colaboração de ativistas israelenses contra a ocupação, os beduínos conseguiram bloquear o avanço da estrada e impedir que invada profundamente suas áreas de moradia. Detiveram os tratores e máquinas de demolição, que já chegam bem perto de suas casas.

Foi uma pequena vitória, mas todos sabem que é vitória apenas temporária.
"Querem construir uma estrada de patrulhamento e segurança, mas querem construí-la à nossa custa", disse a Al-Jazeera Eid al-Hathaleen, de 23 anos, cuja família vive na área que está agora sendo ocupada à força.

"Estão roubando nossa terra, e usam a segurança como pretexto. Não fomos nem avisados: de repente, apareceram as máquinas e começaram a cavar."

As 21 famílias que vivem em Umm Al Khayr fixaram-se lá quando os avós dos que lá vivem hoje tornaram-se refugiados, imediatamente depois da criação do Estado de Israel. Algumas das famílias – como a de Eid – compraram a terra quando a Cisjordânia estava sob governo da Jordânia, antes da Guerra dos Seis Dias, em 1967.

Pastagens e rebanhos

As porções de terra que foram ocupadas por Israel naquela área correspondiam às principais áreas de pastagens da comunidade, que dependia delas para a sobrevivência de seus rebanhos – que bebiam do poço ali existente – e eram essenciais à sobrevivência da comunidade.

As autoridades israelenses da ocupação proíbem os beduínos de ampliar as casas. Muitas famílias construíram banheiros externos, o que, para os israelenses, seria ilegal.

As famílias começaram a ter porções de terra confiscada em 1970, quando começaram a ser construídas colônias exclusivas para judeus a poucos metros das casas dos beduínos.
A região hoje está quase totalmente ocupada por uma colônia ilegal, Karmel, exclusiva para judeus. São os colonos mais violentos de toda a Cisjordânia, conhecidos por seus frequentes ataques à comunidade beduína, ataques que já são rotina na região: espancamentos, apedrejamento de casas e pessoas e roubo de rebanhos.

Propriedade contestada

Em 2004, as autoridades da ocupação começaram a construir também do lado palestino do muro que cerca Karmel, para expandir a colônia. Agora, Israel começou a construir uma chamada "estrada de patrulhamento" exatamente nessa área de terra dos beduínos.
Israel contesta judicialmente a propriedade da terra. Gayath Nasser, advogado que representa a família de Eid, solicitou à Corte Superior de Justiça israelense que ordene a imediata interrupção dos trabalhos de construção da estrada, até que a questão seja judicialmente decidida.

Mas Nasser diz que a corte está adiando a decisão e, até agora, não há qualquer resposta à ação impetrada pelos beduínos; assim, os trabalhos de construção prosseguem. Para o advogado, nenhuma sentença posterior, mesmo que favorável aos beduínos, conseguirá desfazer o dano já consumado à terra e à propriedade naquela região.

Al Jazeera procurou contato com as autoridades israelenses encarregadas da Cisjordânia, para ouvir o outro lado.

Fomos informados que só o exército estava autorizado a falar sobre o assunto. E o exército recusou-se a dar qualquer tipo de entrevista. Recebemos mensagem por e-mail, na qual se diz que a estrada é indispensável por razões de segurança e que o trabalho está legalmente autorizado.

Nas cortes de justiça

A questão, portanto, está posta em termos dos interesses dos beduínos contra os interesses do exército israelense. Nasser mostrou-nos os títulos de propriedade de al-Hathaleen e o mapa em que se detalham todos os lotes legais – documentos que, espera ele, comprovará que a área onde a estrada está sendo construída é propriedade legal da comunidade beduína. Ainda assim, tem poucas esperanças de que os beduínos consigam impedir a construção da estrada.

"É a justiça de Israel. Teríamos de poder discutir essas questões numa corte internacional", diz ele.

"A autoridade que avalia as ações de Israel na Cisjordânia não pode ser a autoridade do exército israelense de ocupação. A questão teria de ser julgada ou por cortes de justiça na Cisjordânia ou por uma corte internacional de justiça."

Além disso, a terra que está sendo invadida está dentro da "Área C", que constitui quase 60% da Cisjordânia e está toda incluída na área sobre a qual Israel tem controle como poder ocupante.

Eid prevê que a estrada dita "de segurança" estará pronta em poucas semanas. Quando estiver pronta, será fortemente protegida e exclusiva para judeus, mais uma estrada do apartheid. Apesar das dificuldades, os beduínos não desistirão da resistência e da ação judicial.

"Essa é a única terra que é propriedade dos beduínos", diz Eid. "Estamos aqui e ficaremos aqui, mesmo que tenhamos de enfrentar novas demolições e mais violência."

As similaridades entre Sionismo e Nazismo

Barone - blog escrevinhamentos

Um câncer vem se alastrando e corroendo os alicerces do debate sobre as políticas israelenses no Oriente Médio, em especial sobre sua postura em relação aos palestinos. Este câncer tem como objetivo destruir a fundamentação de qualquer argumento que contenha em seu bojo uma crítica a esta postura, classificando estes argumentos, sejam eles quais forem, como anti-semitas. Nos estágios mais avançados desta doença, a mais simples menção crítica a Israel é classificada como um ataque direto ao judaísmo, como uma atitude calcada na reafirmação do nazismo, como uma apologia ao anti-semitismo.

Este mal se alastrou de tal forma que até mesmo gente mais antenada com a questão refreia a língua na tentativa de ser “politicamente correto” e se adequar ao que convencionou-se como postura adequada na tratativa de assuntos que espetem Israel em suas feridas mais purulentas.

Dois temas são particularmente evitados: críticas ao sionismo e comparações entre este pensamento e o nazismo. Durante a última ofensiva israelense sobre a Faixa de Gaza, alguns levantaram a lebre, apontando as similaridades entre sionistas e nazistas. Prontamente seus argumentos foram condenados publicamente, não por falta de base, mas com a intenção correlacioná-los ao rol das idéias anti-semitas.

Este receio é a mola mestra das políticas israelenses de domínio sobre os palestinos. É a partir dela que os sionistas tomam a dianteira neste conflito, condenando os palestinos a uma existência a margem da civilização e entregando-os de bandeja para o fundamentalismo islâmico. Esta estratégia do quanto pior melhor, na qual Israel alimenta o ódio e a divisão entre os palestinos para justificar a ocupação ilegal da Cisjordânia, de parte de Jerusalém e do cerco à Faixa de Gaza, é a estratégia sionista para alcançar o objetivo final: a manutenção de todo o território onde hoje se encontra Israel, Cisjordânia e Faixa de Gaza sob o domínio do povo judeu e somente dele. O sionismo não prevê dois povos naquela região e isso já foi claramente explicitado por diversos políticos israelenses, entre eles o primeiro-ministro Benjamin Netanyahu e o ministro das relações exteriores, Avigdor Lieberman.

No entanto, não se pode condenar judeus ou israelenses por isso. Nem todos são adeptos declarados do sionismo. Muitos querem apenas (e tem todo o direito) de viver em segurança em sua pátria. Portanto, é preciso diferenciar claramente judaísmo e sionismo.

Penso que o judaísmo, como qualquer outra religião, deve ser respeitado e seus seguidores devem ter garantido o direito de professar sua fé. O sionismo, por outro lado, não é uma religião, mas um pensamento que se utiliza de um pilar religioso para alcançar objetivos políticos. Ora, sendo uma linha política, o sionismo é passível de controvérsias no campo ideológico. Haverá quem o defenda e quem o combata. E isso, de forma alguma, sigifica defender ou combater o judaísmo. É preciso separar as questões. Judaísmo é uma religião e seus praticante devem ser protegidos de quaisquer ações repressoras, racistas ou difamadoras. Sionismo é linha política, e como tal é passível de contestação.

Não podemos, então, aceitar a auto-censura que o lobby sionista tenta impor ao mundo, em especial quando elege assuntos proibidos, temas tabus.

SIONISMO E NAZISMO

Portanto, tracemos um paralelo entre o sionismo e o nazismo. Isso é possível? Vejamos. Quanto a seus objetivos, o sionismo preconiza a preservação e prosperidade do povo judeu, afastando a possibilidade de seu extermínio ou assimilação. Os nazistas, por sua vez, lutavam pela preservação e prosperidade da raça ariana, afastando a possibilidade de miscigenação com outras raças.

Para o sionismo, o Estado não é um fim, mas um meio para alcançar os seus objetivos. "Após nos tornarmos uma força poderosa, como resultado da criação do estado, nós aboliremos a partilha e nos expandiremos para toda a Palestina. (...) O estado será apenas um estágio na realização do sionismo e sua tarefa é preparar a base para nossa expansão por toda a Palestina", Ben Gurion, citado por Noam Chomsky, The Fateful Triangle: The United States, Israel and the Palestinians, Pluto Press, London, 1999.

Estado e Democracia

Da mesma forma, para os nazistas o Estado não era um fim, mas um meio para alcançar os seus objetivos. "Em geral, não se deve esquecer que a finalidade suprema da razão de ser dos homens não reside na manutenção de um Estado ou de um governo; sua missão é conservar a raça. E se esta mesma se achar em perigo de ser oprimida ou até eliminada, a questão da legalidade passa a plano secundário", Adolf Hitler, Minha Luta, cap. III.

Outro paralelo pode ser traçado sobre o conceito de democracia. A mídia sionista tem apresentado o Estado de Israel como a única democracia do Oriente Médio. Seria verdade se for considerado como democracia um sistema que privilegia grupos de cidadãos em relação a outros, como, por exemplo, a antiga democracia ateniense restrita aos eupátridas, a democracia branca sul-africana da época do apartheid e a estadunidense antes dos anos 60. A "democracia" sionista exige de antemão que os cidadãos não judeus reconheçam o Estado de Israel como sendo um estado judeu, ou seja, que reconheçam a si mesmos como cidadãos de segunda categoria. Isso implica em aceitar a "lei do retorno" a qual concede a qualquer judeu do mundo (que é assim reconhecido segundo as normas do judaísmo ortodoxo), independentemente de onde tenha nascido, o direito à cidadania israelense.

Em outras palavras, todos os milhões de judeus do mundo (que somam muito mais que a população judia do próprio Estado de Israel) podem tornar-se eleitores em caso de necessidade. É assim intolerável para o Sionismo a existência de uma maioria não-judia no Estado de Israel, exceto se dominada e submetida como eram os negros pelos brancos cristãos e judeus durante a vigência do apartheid sul-africano. O projeto original de Theodor Herzl era o de um estado administrado como uma empresa com um comando centralizado e restrito a judeus. Herzl, em sua obra O Estado Judeu, explicitamente rejeitou o sistema democrático para o Estado de Israel.

Ao contrário dos sionistas, que estabeleceram uma democracia de casta, os nazistas foram assumidamente antidemocratas ou, no dizer de Adolf Hitler, defendiam a "genuína democracia germânica de livre eleição do Führer, que se obriga a assumir toda a responsabilidade por seus atos". O sistema nazista baseava-se no militar, em que o líder tem todo o poder de decisão e comando em relação a seus subordinados e assume os méritos dos alvos alcançados e todas as responsabilidades pelos fracassos. Para o Nazismo só deve governar quem for capaz de arriscar sua própria vida para garantir sua posição de comando. A democracia para o Nazismo é a "ditadura do número", em que os mais simpáticos e não os mais capazes comandam. Para os nazistas, a democracia é um sistema em que os mais espertos e não os mais capazes, corajosos e honestos são os favorecidos.

Portanto, da mesma forma que o Sionismo, o Nazismo vê o Estado como um meio e não como um fim - no que os dois se distinguem do Fascismo, em que a instituição do Estado é posto como o alvo e o único capaz de administrar os conflitos internos. No Nazismo o alvo do Estado é a preservação da raça ariana, considerada ameaçada de destruição pela miscigenação com as demais raças, classificadas como inferiores pelos nazistas; no Sionismo o alvo é a preservação do povo judeu, ameaçado de destruição pelos gentios (os não judeus), seja pelo extermínio físico, seja pela assimilação.

Militarismo e Expansionismo

Outra similaridade entre nazismo e sionismo está no militarismo de sua sociedade. Para manter sua dominação, os sionistas necessitam de um poderoso sistema de dominação militar sobre a maioria palestina muçulmana, cristã e laica, somada a armas de propaganda. O Estado de Israel é o único país do Oriente Médio a ter armamentos nucleares e recebe anualmente dos EUA, além de apoio e proteção militar, bilhões de dólares.

Da mesma forma, uma das bases do Nazismo foi a crença de que o direito nasce da força e que a própria força já prova a quem pertence o direito de dominar: quem se deixa escravizar merece ser escravizado, defendiam. Os nazistas construíram para isso uma enorme máquina de guerra e o próprio Estado estruturou-se como uma organização militar.

Nazistas e sionistas compartilham a mesma estratégia expansionista. O ideal dos sionistas é refazer os limites que, segundo o Judaísmo, a Torá estabelece para o povo judeu viver. Esses limites hoje implicariam em tomar territórios que vão do Egito ao Iraque. Guerras expansionistas já foram empreendidas com este fim. Os nazistas, por sua vez, eram essencialmente expansionistas e defendiam que a segurança do Estado é tanto maior quanto for seu território. Como no Nazismo não há lugar para escrúpulos no que se refere a acumular poder.

Racismo: Semitismo e Arianismo

O Sionismo, como o Nazismo, defende que os judeus são uma raça. Embora os sionistas costumem declarar que o Sionismo seja um movimento não-religioso, o Judaísmo aceitar pessoas de todas as raças e terem os hebreus e os judeus durante sua história se miscigenado com muitas raças, isso pode estar ligado às crenças cabalísticas (a mística desenvolvida no Judaísmo da diáspora) de que os judeus possuem uma alma adicional, ao contrário dos gentios que só possuiriam uma alma animal e a outras tradições racistas - que não são aceitas por todos os judeus.

Jabotinsky, um líder de extrema-direita, defendia a superioridade racial do semita em relação aos demais povos do Oriente Médio. A luta contra o "anti-semitismo" é também, para alguns sionistas, uma luta de preservação racial. Em 1975, a Resolução 3379 Assembléia Geral das Nações Unidas classificou o Sionismo como racismo, entre outros motivos pelo forte apoio sionista ao apartheid sul-africano. Esta resolução, porém, foi revogada em 1991, por pressão dos EUA onde os sionistas têm forte presença meio à maior população judia do mundo e junto a várias igrejas cristãs que acreditam no direito judeu à Palestina.

Os nazistas acreditavam na superioridade racial ariana em relação às demais raças. Defendiam que entre os povos germânicos a raça ariana foi mais preservada da miscigenação com as "raças inferiores" do que em outras populações arianas da Europa e do mundo. Afirmavam que a superioridade da raça ariana manifesta-se nas várias civilizações que teriam criado no mundo antigo e no progresso científico e intelectual que as civilizações arianas conseguiram no mundo moderno.

O fato de os povos germânicos terem permanecido num estado próprio das sociedades pré-históricas até entrarem em contato com povos como os romanos e os semitas árabes e seu pouco progresso científico se comparado a povos ameríndios como os incas, maias e astecas, é justificado apelando-se para argumentos como as condições geográficas onde esses povos teriam vivido. O Nazismo propõe-se exatamente a impedir que a miscigenação do ariano continue a se dar, e vê nos judeus agentes interessados em promover essa "degradação" da única raça que, segundo acreditam, poderia impedi-los de dominar o mundo.

Limpeza étnica

Uma das bases do Sionismo é a crença de que judeus e gentios não podem viver em paz. Isso justifica para eles a expulsão sumária de não judeus. Golda Meir assim se expressou sobre isso: "Nós devemos perguntar a nós mesmos: 'Que tipo de Israel nós desejamos?' Eu digo: um Israel judeu, sem interrogações ou dúvidas. Um Israel judeu, sem o medo diário [de saber] se a minoria constitui agora cinco por cento ou não", citado em Davar, 6 de junho de 1969.

A propaganda sionista dissimula esse desprezo e xenofobia disfarçando-o como "valorização da diversidade" e estimulando outras sociedades a dividirem-se e isolarem-se em etnias.

Para o Nazismo todas as demais raças ameaçam a raça ariana, em especial pela miscigenação. O Estado deve garantir a homogeneidade da população: "(...) A organização de uma comunidade de seres moral e fisicamente homogêneos, com o objetivo de melhorar as condições de conservação de sua raça e assim cumprir a missão com que esta foi assinalada pela Providência. Esta e não outra coisa significam a finalidade e a razão de ser de um Estado", Hitler, MInha Luta, Cap. IV.

E então...?