quarta-feira, 29 de setembro de 2010

Entrevista interessante...

A bela é fera

Sérvia radicada no Brasil, Duda Yankovich superou guerras, adversários de mãos pesadas e empresários de mãos leves. Enfrentou preconceitos e nocauteou todos

Por: Andrea Dip

A bela é fera
Duda: Tive fratura no nariz e não disseram. Achei que eu tinha sinusite e era uma fratura aberta. Estava sem dinheiro, sem patrocínio, sem poder lutar... Entrei em depressão (Fotos: Jailton Garcia)
Faixa preta de caratê aos 14 anos, quatro vezes campeã absoluta de kick boxing em seu país, com um título mundial de boxe no currículo, a sérvia Duda Yankovich tem muita história para contar: sobre comunismo, as quatro guerras que conheceu de perto, a necessidade de competir – e ganhar – em todos os esportes que já praticou ao longo dos 33 anos de idade e, principalmente, sobre começar do zero.
Quando chegou ao Brasil, dez anos atrás, a bela já tinha se formado na escola de segurança internacional 007, trabalhado como segurança de boate e como dublê em filmes e comerciais de televisão. Apesar de ainda não ter conseguido a cidadania brasileira, foi a bandeira verde e amarela que ela levantou ao conquistar o título mundial de boxe em 2006.
Nesta entrevista, Duda falou sobre todas as formas de preconceito que já sofreu na vida: por ser muito nova, por ser do interior, por ser mulher, por ser bonita – e como nocauteou um por um, de saia, maquiagem e cabelo impecável nos ringues da vida. No auge da forma e da fama, a sérvia levou uma rasteira de um empresário sacana que a fez perder patrocínios, dinheiro, visibilidade e a pior parte: se machucar gravemente em uma luta mal arranjada.
Após um ano, Duda volta com tudo para o próximo desafio: o MMA, apresentação que une lutas como boxe, kick boxing e jiu jitsu. Para variar, vai ser uma das poucas mulheres a lutar nessa categoria. Mas para ela vai ser fácil. Afinal, para quem aprendeu a falar português sozinha, em apenas quatro meses, aprender a lutar jiu jitsu é sopa.

Onde você nasceu?

Em uma cidadezinha da Sérvia de 40 mil habitantes, Jagodina, a pouco mais de 100 quilômetros de Belgrado.

Você fazia esportes desde pequena?

Quando era bem pequena fiz natação, depois basquete, mas nunca gostei de fazer esportes por fazer: sempre competi. No começo da adolescência entrei para um grupo de dança folclórica, danças tradicionais da Sérvia.

Você nunca fez um esporte apenas por diversão?

Não consigo fazer por fazer. Mesmo com outras coisas na vida, do que eu gosto, levo a sério. Sempre fui boa aluna. Quando eu tinha de 11 para 12 anos, uma vizinha me pediu para ir com ela assistir a uma aula de caratê. Ela ficou algumas semanas, e eu fiquei seis anos. Com 14 anos, já era a mais nova faixa preta de caratê da história do país. Com 15 anos, deixei a minha cidade e me mudei para Belgrado, para fazer parte da seleção. A minha família não queria, mas persisti. Economizei dinheiro e paguei um internato. Nesse tempo, conquistei patrocínios e apoio do governo. Na época, meu país era comunista e eles incentivavam muito o esporte. Eu recebia um salário do governo porque era medalhista internacional. Todo mundo reclama do comunismo, mas eu acho que a pior época foi quando acabou o comunismo, em 1980, e começou uma briga pelo poder. Eu era muito pequena, mas me lembro que nunca faltava nada. Como esportista, fui muito apoiada.

Como foi a passagem para o kick boxing?

Eu estava desanimada. Não me deixavam competir fora porque eu era muito jovem. Então fui procurar alguma outra coisa para fazer. Eu treinava em um clube chamado Estrela Vermelha, que tinha vários outros esportes. Assisti a uma aula de kick boxing e gostei. No começo, sofria preconceito por parte dos treinadores, “você é menina, bonitinha, tem tanta coisa para você fazer...” Antes disso, já tinha sofrido preconceito por ser muito nova e por ser do interior, porque tinha sotaque. E adolescentes são muito cruéis. Nos primeiros meses eu chorava todos os dias, mas depois virei uma personalidade, e as pessoas não me olharam mais como a menina do interior, e sim como a atleta de seleção. O esporte sempre abre portas, né? No meu país é muito complicado você conseguir ver o mundo. Primeiro porque é cultural: as mulheres nascem para casar, ter filhos, às vezes ter um emprego, ou serem sustentadas pelo marido. Quando eu já morava no Brasil, ligava para a minha avó e ela dizia: “Tudo bem filha, você é campeã mundial, mas quando vai casar?”. Eu só me encaixava no esporte.

E no kick boxing você logo começou a competir...

Sim. No começo eu apanhei bastante. Vinha de um esporte sem contato para um de total contato. Como os treinadores não me ajudavam muito, foi difícil. Mas depois de um ano eles perceberam que não tinham como me tirar de lá, começaram a investir mais tempo em me treinar e rapidamente comecei a dar resultados. Fui campeã absoluta do meu país por quatro anos, participei de dois campeonatos mundiais entre 17 anos e 23 anos.

Nessa época você estudava?

Comecei a faculdade de educação física lá e terminei aqui no Brasil.
Meu pai e meu tio foram convocados várias vezes. Nunca sabíamos se voltariam. E a cultura do país é a de um lugar sempre em guerra. Olho por olho, dente por dente. Se você me faz algo, vai ter troco, mesmo que demore

Vivendo sozinha?

Sozinha desde os 16 anos. Eu não sou típica... Lá as mulheres casam cedo, para fugir de casa ou para constituir família. Eu tinha 13 ou 14 anos e já sabia que essa não seria a minha vida. Oportunamente, quando acabar a minha carreira, posso casar, ter filhos. Mas sempre achei que a gente tem mais a dar do que o que a natureza ou a cultura propõem. Porque isso todo mundo pode. Mas fazer escolhas é mais difícil. É mais fácil você seguir fazendo o que esperam de você.

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Você já viveu quatro guerras. Tem alguma imagem que ficou registrada na sua mente?

Nas três primeiras eu era bem nova. Então lembro apenas das filas enormes para comprar coisas, porque a gente tinha que estocar comida e água. Ficava a família inteira na fila, porque cada um tinha direito a uma quantidade limitada de comida. Meu pai e meu tio foram convocados várias vezes e nós não sabíamos se eles voltariam para casa. A cultura do meu país é a de um lugar que sempre viveu em guerra. O olho por olho, dente por dente. Se você me faz uma coisa agora, ela vai ter troco, mesmo que demore alguns anos.

Anotam no caderninho?

As pessoas são mais duras, mais defensivas. Me lembro que treinava kick boxing no porão de uma academia e um dia um cara chegou e gritou “Estamos em guerra!” e nós nem demos bola, até parece que um lugar entra em guerra assim. Quando saímos na rua, à noite, não tinha uma luz acesa, um carro, uma pessoa, nada. Às vezes, passava um carro com umas pessoas gritando “guerra!”, e só. E tinha aquela coisa de se enfiar em abrigos quando uma bomba era anunciada. No final, as pessoas nem iam mais para os abrigos, se acostumaram com aquilo. Em guerra nada funciona. Você não vive. Academia não funciona, empresas, escolas, nada. Imagina? Por isso eu decidi vir para o Brasil. Eu já tinha vindo em 1998 competir e fiz amigos. A guerra aconteceu em 1999. Não tinha perspectiva no meu país. Queria começar algo novo. Fui primeiro para Londrina (no Paraná) dar aulas de kick boxing. Percebi que ainda levava jeito para a coisa e voltei a competir. E estou aqui ainda.

É verdade que as meninas desistiam de lutar quando viam quem era a adversária?

Primeiro não me conheciam, porque eu era apenas treinadora. Mas quando eu voltei a competir, ganhava todas as lutas. E por nocaute. Aí ninguém mais se inscrevia. Não é que eu ganhava todas, não tinha contra quem lutar. Passei a me inscrever com outro nome, o sobrenome do meu marido brasileiro. Aí elas se inscreviam, mas quando subiam no ringue falavam “A Duda, não!” e desciam.

Você casou assim que chegou ao Brasil?
Eu cheguei e fui trabalhar na academia dessa pessoa, que eu já conhecia desde 1998 quando vim pela primeira vez. A gente começou a namorar. Casamos porque meu visto era de turista. Depois de três anos nos separamos. Só agora eu posso entrar com um pedido de naturalização.
Boxe era um esporte muito masculino. Eu lembro que ia visitar a academia de um treinador chamado Miguel de Oliveira, em Londrina, e ele falava: 'Não! Mulher não entra na minha academia!' Vai lá hoje ver quantas mulheres treinam

Mas você sempre lutou pelo Brasil.

Sempre. Mas só posso entrar com o pedido de naturalização agora, após dez anos de permanência sem interrupção. Eu gostaria muito, porque, sem ofensas, sou muito mais brasileira do que alguns brasileiros, porque eu optei por isso. Foi uma escolha minha.

Voltando para o ringue, como você foi do kick boxing­ para o boxe?

O boxe era um esporte extremamente masculino. Eu me lembro que ia visitar a academia de um treinador chamado Miguel de Oliveira, lá em Londrina, e ele falava: “Não! Mulher não entra na minha academia!” Vai lá hoje ver quantas mulheres treinam. Eu era treinadora da equipe de kick boxing, a gente foi para o campeonato brasileiro e levou 12 medalhas. Ninguém acreditava! Mas eu era muito rígida. Me chamavam de Frida, nazista, porque qualquer coisa eu apontava para o chão e  dizia: “Dez! (flexões)” e “Quem não quiser obedecer, a porta da academia está aberta”. Eu não podia dar muita folga para eles, ainda mais por ser mulher. Entre os alunos, tinha alguns que me agradeciam, dizendo que a vida mudou, que o casamento melhorou, que tinha parado de usar drogas... Isso me arrepia só de lembrar! E isso fazia com que eu me dedicasse mais, me esforçasse mais. Até hoje existe a academia, os atletas que eu formei dão aula, o sistema de treino ainda é o mesmo que eu deixei. Fico muito emocionada com isso.
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E o boxe?

Naquela época, mais ou menos em 2003, tinha um programa na televisão sobre boxe, do Luciano do Valle­, que tinha patrocínio de uma companhia aérea, o que é muito importante – aliás, eu faço um apelo para que haja mais patrocínio para o boxe. No programa sempre passavam lutas femininas e masculinas. Aí surgiu o convite e eu pensei: “Ah, não deve ser muito diferente”. Mas é completamente diferente. Não sabia como chegar na menina sem chutar. Mas quando eu cheguei, nocauteei. E toda semana eu ia lutar. Ninguém tinha dinheiro, a confederação não tinha dinheiro. No boxe tinha mulher pra caramba. Voltei nessa academia e o treinador falava “Se você quiser, fica aí no cantinho”. Aí fui crescendo, melhorando, fazendo luva com os caras. Até que em 2003 fizeram o primeiro campeonato feminino nacional de boxe e eu participei. Em 2004 e 2005 ganhei. Vim para São Paulo treinar com a seleção masculina porque não existia a feminina. Tinha dias em que eu chegava em casa tão cansada que desmaiava no sofá e acordava só no dia seguinte. Apanhava, chorava... Fui lutar o campeonato panamericano e peguei medalha de bronze. Fui pesquisar sobre a mulher que ganhou de mim, porque ela era um caminhão. Vi que ela viajava para lutar, tinha mais de 50 lutas fora. Então resolvi me profissionalizar. Quando você é profissional, o treino é diferente, você se prepara para lutar contra aquela pessoa. Você estuda, cria técnicas para aquela luta.

Aí que começa a história na verdade, né? Mas você começou várias coisas do zero...

Pois é, olha quantas vezes eu comecei do zero. Sempre quero desafios. Tive muita sorte também. Mas hoje acho que em qualquer lugar que eu me jogar, eu me adapto.

Você aprendeu a falar português sozinha?

Sozinha. Eu falava inglês muito bem, então colocava filmes em inglês com a legenda em português, em português com legenda em inglês, depois colocava português com a legenda em português. Demorei quatro meses para falar fluentemente. E terminei a faculdade de educação física aqui.

Como veio o título mundial de boxe?

Para você disputar o título mundial, precisa ter um certo cartel de lutas. Eu vim para São Paulo atrás do Miguel. A equipe não veio logo de cara. Você precisa mostrar resultados para que as pessoas te ajudem e precisa de ajuda das pessoas para mostrar resultados. Isso sempre foi muito ruim. Por exemplo, eu vou estrear no MMA, começar outra coisa, e os patrocinadores dizem: “estreia primeiro, e se você se sair bem nós te apoiamos”. Isso já me desanimou muito, já pensei em desistir.

Você passou aperto com um empresário sacana...
As pessoas, em qualquer área, querem ganhar dinheiro rapidamente, em vez de ganhar aos poucos de forma pensada. Faltou paciência e bom senso. No último ano do nosso contrato, ele marcava lutas para mim, eu me preparava pra caramba – isso exige investimento de tempo e dinheiro – e pouco antes ele dizia que a luta havia sido cancelada. Mas eu não sabia o que estava acontecendo realmente. Foi muito triste, cansativo. E perdi a atenção da mídia. Sem mídia e sem lutar, perdi patrocínios. Mas tive culpa também, porque a pessoa tinha um histórico e eu não fui pesquisar antes.
No meu país as mulheres nascem para casar, ter filhos, serem sustentadas pelo marido. Quando eu já morava no Brasil, ligava para a minha avó e ela dizia: 'Tudo bem, você é campeã mundial, mas quando vai casar?'
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Como você se machucou?

Eu estava há um ano sem lutar. O contrato tinha acabado, eu não tinha mais compromissos e precisava de dinheiro. Aí fechei uma luta que não era para fechar. Era uma menina muito boa, de duas categorias acima do peso, fora de casa. Mas eu não tinha escolha. Não valeu o cinturão mundial que eu tinha de defender, porque era outra categoria. Mas eu não pensei que poderia me machucar. E eu tinha de pensar nisso. Foi algo muito mais sério do que uma simples lesão. Tive uma fratura no nariz­, mas não me disseram que estava fraturado. Eu voltei para o Brasil com muita dor e achava que era sinusite. Tomava remédio e a dor não passava. Aí tive uma crise muito forte, queria cortar minha cabeça fora de dor. Tinha uma fratura aberta. Eu estava sem dinheiro, sem patrocínio, sem poder lutar... Entrei em depressão profunda.

Foi uma parada forçada.

Não sabia mais onde eu estava, quem eu era. Operei em outubro, pelo SUS, graças a pessoas a quem eu posso, devo e vou agradecer. Mas tive de pagar um monte de coisas, gastei o pouco dinheiro que tinha guardado, tive de entregar meu apartamento, meu carro. Não tinha ninguém ao meu lado. Tentava correr e não conseguia, qualquer toque no nariz sangrava e eu não queria mais sair de casa. Aí resolvi dar um tempo. Fui para a minha casa na Sérvia. Tinha até pensado em ficar por lá. Fui passar um tempo na Tailândia e pensei: ainda não é hora de parar.
Peguei minhas malas e voltei para cá. Mas quis mudar de paisagem e fui para o Rio. Tinha uma academia boa de treinamento, eu conhecia a equipe. Tive de começar praticamente­ do zero porque estava totalmente fora de forma. Aí fui convivendo com os atletas, fui melhorando e hoje acho que estou na minha melhor forma. Lutei há poucos meses com uma africana valendo o cinturão e perdi por pontos. Mas fiquei muito satisfeita com a minha performance. Treinei poucos meses para esta luta. Foram dez rounds.

E agora chega de boxe?
Não abandonei o boxe, mas recebi uma proposta para ir para o MMA e topei. Agradeço essa minha fase aos patrocinadores – Cerpa, Amazon Power –, à academia X-GYM, que me acolhe, e à dedicação do Josuel Distak, meu treinador, e do preparador físico Rogério Camões.

Eu nem sabia que tinha mulheres no MMA...

Tem poucas. E é um jogo de xadrez, como toda luta. Você tem de prever os movimentos, tem muitas regras, tem de pensar. Não são só dois caras se batendo. Hoje eu tenho preparador físico, técnico, parceiros de treino e psicólogo. As pessoas acham que atleta é saudável. É saudável nada! Vive no limite, machucado, cheio de dores... Mas o MMA talvez venha agora para coroar todos estes anos em diversas lutas. E lá vou eu começar tudo de novo.

Ruralistas investem pesado nas eleições

Por Altamiro Borges

O Portal Terra noticia hoje que a senadora Kátia Abreu, a demo que lidera os latifundiários, enviou ofício aos ruralistas pedindo doações para “senadores e deputados comprometidos com o setor”. Em anexo, também foi enviado boleto bancário para depósito na conta do Diretório Regional do DEM do Tocantins. A campanha financeira faz parte do movimento batizado de “Agricultura Forte”, que visa ampliar a bancada dos ruralistas no Congresso Nacional. O ofício garante que a verba arrecadada será totalmente destinada aos candidatos do setor, mas não cita quais.

Maracutaias e crimes eleitorais

Como observa o portal, a legislação eleitoral obriga a abertura de uma conta bancária específica para doações a candidatos e “proíbe que sejam feitas em contas preexistentes, como é o caso”. Na última sexta-feira (24), uma liminar expedida pelo Tribunal Regional Eleitoral (TRE) do Tocantins tirou do ar o site www.agriculturaforte.com.br, que também era usado para coletar doações. O TRE ainda pede o bloqueio de todos os recursos arrecadados pelo diretório do DEM e exige informações do partido sobre qual o volume de dinheiro arrecadado até o agora.

A liminar do TRE foi uma resposta a ação da coligação Força do Povo, que acusa a senadora de realizar “caixa dois”. Em nota pública, a coligação acusa a campanha “Agricultura Forte” de ser uma forma de arrecadar dinheiro para a candidatura para deputado federal de Irajá Abreu (filho da senadora). Na sua prestação de contas ao Tribunal Superior Eleitoral, entregue em setembro, Irajá declara que recebeu R$ 100 mil do DEM, de um total de R$ 710 mil já arrecadados.

Obstáculo à reforma agrária

Deixando de lado as possíveis maracutaias e ilegalidades desta campanha financeira, o que se nota no país todo é que as entidades ruralistas estão investindo pesado nestas eleições. Presidente da Confederação Nacional da Agricultura (CNA) e integrante da coordenação de finanças de José Serra, a senadora teme que uma mudança na correlação de forças no Congresso acelere os debates sobre reforma agrária, proibição do trabalho escravo e infantil, defesa ambiental, entre outros itens satanizados pelos demos. Daí o forte empenho para ampliar a bancada do latifúndio.

O jornalista Mauro Zanatta, em reportagem do jornal Valor de 14 de setembro, observa que a “bancada ruralista deve crescer de tamanho e ter ainda mais peso nas decisões da Câmara e do Senado... O núcleo mais ativo do ruralismo na Câmara, composto por 30 deputados, deve ser quase todo reeleito em outubro e terá reforços influentes para compor uma frente suprapartidária estimada em 100 parlamentares. No Senado Federal, alguns ex-governadores ajudarão a dobrar o tamanho de um dos maiores grupos de pressão em ação no Congresso”.

A pauta prioritária dos latifundiários

Apesar do barulho e do atraso que representa, a bancada ruralista conta hoje com cerca de 80 deputados e 15 senadores. Para ampliá-la, as campanhas estão sendo “vitaminadas por doações de empresas e associações corporativas do setor rural”, relata a matéria. Na pauta dos ruralistas estão, ainda de acordo com a reportagem, “a alteração do Código Florestal Brasileiro, a revisão dos índices de produtividade usados na reforma agrária e a renegociação das dívidas rurais”.

O cientista político Edélcio Vigna, do Instituto de Estudos Socioeconômicos (Inesc), avalia que a bancada deve crescer na próxima legislatura, o que dificultará avanços no campo. “Os ruralistas avançaram muito durante o governo Lula. Barraram a revisão dos índices da reforma agrária e a votação da PEC do trabalho escravo, e liberaram os transgênicos”, observa. No mesmo rumo, o diretor do Departamento Intersindical de Assessoria Parlamentar (Diap), Antônio Augusto de Queiroz, também projeta que “os ruralistas virão mais fortes, com reeleições e caras novas”.

Elites não subestimam as eleições

Esta perspectiva sombria confirma que as classes dominantes, incluindo seu setor mais atrasado e reacionário, não subestimam as eleições. Os ruralistas estão investindo pesado nesta disputa. E os movimentos sociais do campo? Será que os que lutam pela reforma agrária não têm o que fazer no parlamento? Não seria mais correto combinar as lutas sociais e institucionais, visando avançar nas suas conquistas? A carência de parlamentares comprometidos, de fato, com os explorados do campo e com a luta pela reforma agrária indica a urgência de se repensar tais questões.

The Guitar Trío - Friday Night In San Francisco - 1981


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1. a. Mediterranean Sundance
(Al di Meola)
b. Rio Ancho
(Paco de Lucia)
Paco de Lucia y Al di Meola

2. Short Tales of the Black Forest
(Chick Corea)
John McLaughlin y Al di Meola

3. Frevo Rasgado
(Egberto Gismonti)
John McLaughlin y Paco de Lucia

4. Fantasia Suite
(Al di Meola)
Paco de Lucia, John McLaughlin y Al Di Meola

5. Guardian Angel [Studio Recording]
(John McLaughlin)
Paco de Lucia, John McLaughlin y Al di Meola

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O discurso ocultado do presidente iraniano


por Mahmoud Ahmadinejad [*]

Os media corporativos dominantes fartaram-se de criticar o último discurso do Presidente do Irão. No entanto, que se saiba, nenhum deles publicou o texto integral do referido discurso. Este episódio mostra como funciona a barreira de ocultação dos factos e a desinformação. O palavrório do sr. Obama a criticar o discurso de Ahmadinejad foi amplamente exibido nos noticiários da TV portuguesa — mas não o próprio discurso criticado. Isso mostra bem a manipulação dos media dominantes. Não publicam textos, como este, que contenham demasiadas verdades. Falar do 11/Set, da espoliação do povo palestino ou das armas nucleares da entidade sionista é assunto tabu.
Ao publicar o discurso resistir.info está a cumprir o papel que deveria caber aos media que gostam de apregoar-se como "referência".
'Cartoon de Langer. Senhor Presidente,
Excelências,
Senhoras e Senhores,


Sou grato a Deus Todo Poderoso que me concedeu a oportunidade de estar mais uma vez perante esta assembléia mundial. Quero começar homenageando aqueles que perderam suas vidas nas terríveis cheias do Paquistão e expressar minha profunda simpatia às famílias que perderam seus entes queridos, assim como às pessoas e ao governo do Paquistão. Solicito a todos que ajudem seus irmãos, homens e mulheres, como um dever humanitário.

Permitam-me que agradeça a S.E. o Sr. Ali Abdussalam Treki, o Presidente da 64ª. Sessão da Assembléia Geral das Nações Unidas, por seus esforços durante seu mandato. Também quero cumprimentar S.E. o Sr. Joseph Deiss, Presidente da 65ª. Sessão da Assembléia Geral das Nações Unidas e desejar-lhe êxito.

No passado, eu lhes falei acerca de algumas esperanças e preocupações, incluindo crises familiares, segurança, dignidade humana, economia mundial, mudanças climáticas assim como a aspiração por justiça e pela paz duradoura.

Depois de cerca de 100 anos de dominação, o sistema do capitalismo e da ordem mundial existente demonstrou-se incapaz de fornecer soluções apropriadas aos problemas das sociedades, chegando assim ao seu fim. Tentarei examinar as duas causas principais deste fracasso e delinear algumas características da ordem futura ideal.

A) Atitudes e Crenças

Como estão cientes, os profetas divinos tiveram por missão conclamar todos ao monoteísmo, amor e justiça e mostrar à humanidade o caminho da prosperidade. Eles convidaram os homens à contemplação e ao conhecimento a fim de melhor apreciarem a verdade e evitarem o ateísmo e o egoísmo. A verdadeira natureza da mensagem de todos os profetas é única. Cada mensageiro endossou o mensageiro que o antecedeu e transmitiu as boas novas sobre o profeta que viria e apresentaria uma versão mais completa da religião de acordo com a capacidade do homem a esta época. Isso continuou até o ultimo mensageiro de Deus, que apresentou a religião perfeita e abrangente.

Em oposição a isso, os egoístas e os avaros são contrários a este chamado claro, revoltando-se contra a mensagem.

Nimrod se opôs a Hazrat Abraham, o faraó se opôs a Hazrat Moses e os avarentos se opuseram a Hazrat Jesus Christ e Hazrat Maomé (a paz esteja com ele). Em séculos recentes, a ética e os valores humanos foram rejeitados como sendo a causa do atraso. Eles foram inclusive retratados como opositores do conhecimento e da ciência devido às antigas aflições impostas ao homem pelos proclamadores da religião nas épocas obscuras do Ocidente.

A desconexão do homem com o Paraíso afastou-o de si próprio.

O homem, com seu potencial de entendimento dos segredos do universo, seu instinto pela busca da verdade, suas aspirações por justiça e perfeição, sua busca pela beleza e pela pureza e sua capacidade de representar Deus na terra, foi reduzido a uma criatura limitada ao mundo material com a missão de maximizar os prazeres individualistas. O instinto humano, então, substituiu a verdadeira natureza humana.

Os seres humanos e as nações consideraram-se rivais e a felicidade de um indivíduo ou de uma nação foi definida como confronto, eliminação ou supressão das outras. A cooperação evolucionária construtiva foi substituída por uma luta destrutiva pela sobrevivência.

O desejo pelo capital e pela dominação substituiu o monoteísmo, que é a porta para o amor e para a unidade.

A luta generalizada do egoísta com os valores divinos abriu caminho para a escravidão e o colonialismo. Grande parte do mundo está sob o domínio de alguns Estados ocidentais. Dezenas de milhões de pessoas foram escravizadas e dezenas de milhões de famílias foram despedaçadas por causa disso. Todos os recursos, direitos e culturas das nações colonizadas foram saqueados. Terras foram ocupadas e o povo nativo foi humilhado e dizimado.

Mesmo assim, nações se levantaram, o colonialismo foi rejeitado e a independência das nações reconhecida. Assim, a esperança por respeito, prosperidade e segurança renasceu nessas nações. No começo do século passado, discursos bonitos sobre liberdade, direitos humanos e democracia criaram a esperança de cura das profundas feridas do passado. Hoje, entretanto, não apenas aqueles sonhos não foram realizados como lembranças muitas vezes piores que as anteriores foram registradas.

Como resultado das duas guerras mundiais, da ocupação da Palestina, das guerras da Coréia e do Vietnam, da Guerra do Iraque contra o Irã, da ocupação do Afeganistão e do Iraque, assim como de muitas guerras na África, centenas de milhões de pessoas foram mortas, feridas ou deslocadas.

O terrorismo, as drogas ilícitas, a pobreza e a desigualdade social aumentaram. Os governos ditatoriais e golpistas na América Latina cometeram crimes sem precedentes com apoio do Ocidente.

Ao invés do desarmamento, expandiu-se a proliferação e o estoque de armas nucleares, biológicas e químicas, colocando o mundo sobre uma ameaça maior. Como resultado, os mesmos velhos objetivos dos colonialistas e dos escravagistas foram, mais uma vez, perseguidos,sob novo disfarce.

B) A gerência global e as estruturas de domínio

A Liga das Nações e, depois, as Nações Unidas, foram estabelecidas com a promessa de promover a paz, a segurança e a realização dos direitos humanos, o que de fato significa uma gestão global.

A governação do mundo pode ser analisada examinando-se três eventos:

Primeiro, o evento de 11 de setembro de 2001, que afetou o mundo todo por quase uma década.

Rapidamente, as notícias do ataque às torres gêmeas foram televisionadas usando numerosas imagens do incidente.

Quase todos os governos e personalidades conhecidas condenaram fortemente este incidente.

Mas então a máquina de propaganda começou a funcionar a pleno vapor; ficou implícito que o mundo todo estava exposto a um grande perigo, chamado terrorismo, e que a única maneira de salvar o mundo seria enviar forças ao Afeganistão.

Finalmente o Afeganistão, e logo após o Iraque, foram ocupados.

Por favor, notem que:

Foi dito que cerca de 3000 pessoas foram mortas em 11 de setembro, pelas quais estamos todos muito entristecidos. Mas, até afora, no Afeganistão e no Iraque centenas de milhares de pessoas foram mortas, milhões feridos e desalojados e o conflito ainda continua a se expandir.

Na identificação dos responsáveis pelo ataque, há três pontos de vista:

1 – Que um grupo terrorista complexo e muito poderoso, capaz de passar com sucesso por todas as camadas de inteligência e segurança americanas, efetuou os ataques. Este é o principal ponto de vista defendido pelos funcionários do governo americano.

2 – Que alguns segmentos dentro do governo dos EUA orquestraram o ataque para reverter o declínio da economia Americana e seus agregados no Oriente Médio a fim de salvar o regime sionista. A maioria do povo americano, assim como outros países e políticos, concordam com esta opinião.

3 – Foi levado a cabo por um grupo terrorista mas o governo americano apoiou e se aproveitou da situação. Aparentemente, este ponto de vista tem poucos defensores.

A principal evidência ligada ao incidente foram alguns passaportes encontrados no imenso volume de detritos, e um vídeo mostrando uma pessoa cujo domicílio é desconhecido, mas anunciou-se que a mesma havia estado envolvida em negócios petrolíferos com alguns funcionários americanos. Isso também foi encoberto, e se disse que devido à explosão e ao fogo nenhum traço dos atacantes suicidas foi encontrado.

Restam, todavia, algumas perguntas a serem respondidas:

1 – Não teria sido sensato que logo no início uma investigação completa tivesse sido conduzida por grupos independentes para identificar sem margem de dúvidas os elementos envolvidos no ataque, delineando-se em seguida um plano racional para tomar medidas contra eles?

2 – Assumindo o ponto de vista do governo americano, é racional deflagrar uma guerra clássica com movimentação generalizada de tropas que levaram à morte de centenas de milhares de pessoas para combater um grupo terrorista?

3 – Não seria possível ter agido da forma que o Irã agiu no combate ao grupo terrorista Riggi, que matou e feriu 400 pessoas inocentes no Irã? Na operação iraniana, nenhum inocente foi ferido.

Propõe-se que as Nações Unidas estabeleçam um grupo independente de pesquisa dos fatos envolvidos no evento de 11 d e setembro, de modo que no futuro não seja proibido que se expressem opiniões sobre isso.

Eu gostaria de anunciar que no próximo ano a República Islâmica do Irã sediará uma conferência para estudar o terrorismo e os meios de combatê-lo. Eu convido funcionários, acadêmicos, pensadores, pesquisadores e institutos de pesquisa de todos os países a participar desta conferência.

Em segundo lugar, está a ocupação dos territórios palestinos

O povo oprimido da Palestina tem vivido sob o domínio de um regime de ocupação por 60 anos, tendo sido privados de liberdade, segurança e direito à auto-determinação, enquanto aos ocupantes é concedido o reconhecimento. Diariamente, as casas estão sendo destruídas sobre as cabeças de mulheres e crianças inocentes. Pessoas estão privadas de água, comida e remédios em sua terra natal. Os sionistas impuseram cinco guerras devastadoras sobre os países vizinhos e sobre o povo da Palestina.

Os sionistas cometeram os mais terríveis crimes de Guerra contra o povo indefeso nas guerras contra o Líbano e contra Gaza.

O regime sionista atacou uma flotilha humanitária em flagrante desacato a todas as normas internacionais, e assassinou civis.

Este regime, que goza do apoio absoluto de algumas nações ocidentais, ameaça regularmente os países da região e continua a anunciar publicamente o assassinato de personalidades palestinas e outros, enquanto os defensores palestinos e aqueles que se opõe a este regime são pressionados, rotulados como terroristas e anti-semitas. Todos os valores, mesmo o da liberdade de expressão, na Europa e nos estados Unidos, estão sendo sacrificados no altar do Sionismo.

As soluções estão fadadas as fracasso porque o direito do povo palestino não está sendo levado em conta.

Teríamos testemunhado esses crimes horrendos se ao invés de reconhecer a ocupação, o direito soberano do povo palestino houvesse sido reconhecido?

Nossa proposição inequívoca é o retorno dos refugiados palestinos à sua terra e a indicação para votação do povo palestino no exercício de sua soberania, decidindo qual o tipo de governo que desejam.

Em terceiro lugar, está a energia nuclear

A energia nuclear é limpa e barata e uma dádiva dos céus que está entre as alternativas mais adequadas para reduzir a poluição gerada pelos combustíveis fósseis.

O Tratado de Não–proliferação (TNP) permite que todos os Estados-membros utilizem energia nuclear sem limites, e a Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA) foi constituída para fornecer apoio técnico e legal a todos os Estados-membros.

A bomba nuclear é a pior das armas desumanas e deve ser totalmente eliminada. O TNP proíbe seu desenvolvimento e armazenagem e defende o desarmamento nuclear. Não obstante, notem o que alguns membros permanentes do Conselho de Segurança, e detentores de bombas nucleares, têm feito:

Eles tem equiparado a energia nuclear à bomba nuclear, e distanciaram esta energia do alcance da maioria dos países ao estabelecer monopólios e pressionar a AIEA. Mas ao mesmo tempo eles continuaram a manter, expandir e aperfeiçoar os seus próprios arsenais nucleares.

Isso implicou no que se segue:

Não apenas o desarmamento nuclear não foi realizado mas também bombas nucleares têm proliferado em algumas regiões, inclusive no regime sionista ocupante e intimidador.

Eu gostaria de propor aqui que o ano de 2011 seja proclamado o ano do desarmamento nuclear e da "Energia Nuclear para Todos, Armas Nucleares para Ninguém". Em todos esses casos as Nações Unidas têm sido incapazes de tomar um curso efetivo de ação. Infelizmente, na década proclamada como "Década Internacional pela Cultura da Paz" centenas de milhares foram assassinados e feridos como resultado de Guerra, agressão e ocupação, e as hostilidades e o antagonismo crescem.

Senhoras e Senhores,

Bem recentemente o mundo testemunhou o ato feio e desumano da queima do Sacrado Corão. O Sagrado Corão é o Livro Divino e o eterno milagre do Profeta do Islã. Ele chama à adoração do único Deus, justiça, compaixão entre as pessoas, desenvolvimento e progresso, reflexão e meditação, defesa dos oprimidos e resistência contra os opressores: e nomeia respeitosamente os Mensageiros de Deus precedentes, como Noé, Abraão, Isaac, José, Moisés e Jesus Cristo (A Paz esteja com Eles) e os endossa. Eles queimaram o Corão para queimar todas essas verdades e boas opiniões. Todavia, a verdade não pode ser queimada. O Corão é Eterno porque Deus e a Verdade são eternos. Este ato e qualquer outro ato que aumente a divisão e as distâncias entre as nações são maus. Deveríamos sabiamente evitar brincar nas mãos de Satã. Em nome da nação iraniana eu presto respeito a todos os Livros Divinos e seus seguidores. Este é o Corão e esta é a Bíblia. Eu presto meu respeito a ambos.

Estimados Amigos,

Por anos a ineficiência do capitalismo e as estruturas e gestão atuais do mundo foram expostas, e a maioria dos Estados e nações tem estado em busca de mudanças fundamentais e da prevalência da justiça nas relações globais.

A causa na inaptidão das Nações Unidas é sua estrutura injusta. O principal poder está monopolizado no Conselho de Segurança devido ao privilégio de veto,e o principal pilar da Organização, ou seja, a Assembléia Geral, está marginalizada.

Nas décadas passadas, pelo menos um dos membros permanentes do Conselho de Segurança tem sido sempre parte nas disputas.

O privilégio do voto assegura impunidade à agressão e à ocupação. Como se poderia, assim, esperar competência quando tanto o juiz quanto o promoter são parte na disputa?

Se o Irã gozasse do privilégio do veto, o Conselho de Segurança e o Diretor-Geral da AIEA teriam tomada a mesma posição na questão nuclear?

Caros Amigos,

As Nações Unidas são cruciais para a coordenação da gestão global comum. Sua estrutura necessita reformas de modo que todos os Estados e nações independentes possam participar ativa e construtivamente na governança global.

O privilégio do veto deveria ser refogado, e a Assembléia Geral deveria ser o órgão supremo e o Secretário-Geral deveria ser o funcionário mais independente e todas as suas posições e atividades deveriam ser tomadas com aprovação da Assembléia Geral e deveriam ser direcionadas à promoção da justice e à eliminação das discriminações.

O Secretário-Geral não deveria poder ser pressionado por potências e/ou pelo país que sedia a Organização por sua defesa da verdade e administração da justiça.

Sugere-se que a Assembléia Geral deveria, dentro de um ano e no contexto de uma sessão extraordinária, finalizar a reforma da estrutura da Organização.

A República Islâmica do Irã tem sugestões claras a este respeito e está pronta a participar ativa e construtivamente deste processo.

Senhoras e Senhores,

Anuncio com clareza que a ocupação de outros países sob o pretexto de liberdade e democracia é um crime imperdoável.

O mundo precisa da lógica da compaixão e justiça e participação inclusiva, ao invés da lógica da força, dominação, unilateralismo, guerra e intimidação.

O mundo precisa ser governado por pessoas virtuosas como os Profetas Divinos.

Duas grandes esferas geográficas, ou seja, a África e a América Latina, têm passado por desenvolvimentos históricos nas últimas décadas. As novas abordagens nesses dois continentes, baseadas na elevação do nível de integração e unidade assim como na regionalização dos modelos de crescimento e desenvolvimento, têm trazido frutos consideráveis aos povos destas regiões. A consciência e a sabedoria dos líderes desses dois continentes tem vencido as crises e problemas regionais sem a interferência dominadora de potência não-regionais.

A República Islâmica do Irã tem expandido suas relações com a América Latina e a África em todos os aspectos, nos anos recentes.

E acerca do glorioso Irã,

A Declaração de Teerã foi um passo extremamente positivo nos esforços de construção da confiança que foi tornado possível através da admirável boa vontade dos governos do Brasil e da Turquia, juntamente com a sincera cooperação do governo iraniano. Apesar de ter a Declaração recebido de alguns reações impróprias, e ter sido seguida por uma resolução ilegal, ela é ainda válida.

Temos respeitado as regulamentações da AIEA até além de nosso comprometimento, mas nunca nos submetemos, nem jamais o faremos, a pressões ilegalmente impostas.

Tem sido dito que querem pressionar um diálogo com o Irã. Bem, em primeiro lugar, o Irã sempre esteve pronto para um diálogo baseado no respeito e na justiça. Em segundo lugar, métodos baseados no desrespeito a nações há muito tornaram-se ineficazes. Aqueles que usaram intimidação e sanções em resposta à lógica cristalina da nação iraniana estão na verdade destruindo o que resta de credibilidade do Conselho de Segurança e de confiança das nações neste organismo, provando uma vez mais o quanto é injusta a função do Conselho.

Quando ameaçam uma grande nação como o Irã, que é conhecida através da história por seus cientistas, poetas, artistas e filósofos, e cuja cultura e civilização são sinônimos de pureza, submissão a Deus e busca da justice, como poderão esperar que outras nações tenham neles confiança?

Nem é preciso dizer que métodos de dominação para gerir o mundo falharam. Não somente a era da escravidão e colonialismo e dominação do mundo passou, como o caminho para reviver antigos Impérios está fechado, também.

Anunciamos que estamos prontos para um debate sério e livre com os governantes americanos para expressão nossos pontos de vista transparentes em questões importantes para o mundo neste mesmo local.

Propomos aqui que, a fim de haver um diálogo construtivo, um debate livre anual seja organizado dentro da Assembléia Geral.

Em conclusão,

Amigos e Colegas,

A nação iraniana e a maioria dos governos e nações do mundo são contra a atual gestão discriminatória do mundo.

A natureza inumana desta gestão chegou a um beco sem saída e requer uma ampla revisão.

A reforma dos negócios humanos e a promoção da tranqüilidade e prosperidade requer a participação de todos, pensamentos puros e a a direção humana e divina.

Somos todos de opinião que:

A justiça é o elemento básico para a paz, segurança durável e difusão do amor entre pessoas e nações. É na justiça que a humanidade busca a realização de suas aspirações, direitos e dignidade, porque estaria se defendendo da opressão, humilhação e maus-tratos.

A verdadeira natureza da humanidade é manifestada no amor por outros seres humanos e amor por tudo o que é bom no mundo. O Amor é a melhor base para o estabelecimento de relações entre pessoas e entre nações.

Como disse Vahshi Bafqi, o grande poeta iraniano:
"Da fonte da juventude, beba mil goles,
Você morrerá da mesma forma se não se agarrar ao amor"
Na construção de um mundo pleno de pureza, segurança e prosperidade, os povos não são rivais mas companheiros.

Os que vêem sua felicidade apenas na infelicidade de outros e seu bem-estar e segurança apenas na insegurança alheia, aqueles que se consideram superiores a outros, estão fora do caminho da humanidade e no curso do mal.

Os recursos econômicos e materiais são apenas ferramentas para servir aos outros, para criar amizade e fortalecer as conexões humanas para a perfeição spiritual. Não são ferramentas de exibição ou meios para dominar outros.

Homens e mulheres complementam-se uns aos outros e a unidade familiar, com relações puras, amorosas e permanentes dos esposos no seu centro, é a garantia de continuidade e da formação das gerações, para prazeres verdadeiros, para espalhar o amor e para a reforma das sociedades.

A mulher é um reflexo da beleza de Deus e a fonte do amor e da afeição. Ela é a guardiã da pureza e do requinte da sociedade.

A tendência de endurecer as almas e o comportamento das mulheres as priva de seu direito verdadeiramente básico de ser uma mãe amorosa e uma esposa afetuosa. Isso resulta numa sociedade mais violenta com defeitos irreversíveis.

A liberdade é um direito divino que deveria servir à paz e à perfeição humana.

Pensamentos puros e a aspiração à retidão são as chaves para os portões de uma vida pura plena de esperança, alegria e beleza.

Esta é a promessa de Deus de que a Terra será herdada pelos puros e pelos justos, E as pessoas livres do egoísmo tomarão as rédeas do mundo. Então, não haverá nenhum traço de tristeza, discriminação, pobreza, insegurança e agressão. O tempo da verdadeira felicidade e do florescimento da verdadeira natureza da humanidade, do modo como Deus desejou, chegará.

Todos os que procuram justiça e todos os espíritos livres têm esperado por este momento e a eles foi prometido esta época gloriosa.

O homem completo, o verdadeiro servo de Deus e o verdadeiro amigo da humanidade cujo pai foi da geração do amado Profeta do Islã e cuja mãe vinha dos verdadeiros crentes em Jesus Cristo, esperará com Jesus, filho de Maria,e os outros justos para aparecer nessa época brilhante e auxiliar a humanidade.

Para recepcioná-los devemos unir fileiras e buscar a justiça.

Louvores ao Amor e adoração, louvor à justiça e à liberdade, louvor à verdadeira humanidade, o homem completo, o verdadeiro companheiro da humanidade, e a paz esteja com vocês e com os justos e os puros.

Obrigado.
Ver também:
  • Media Disinformation: The Facts About Ahmadinejad's UN Speech
  • 'We Will Not Accept the New Tone' from the IAEA
  • Le 11 septembre et "l’Inquisition américaine"
  • Ahmadinejad n’a jamais dit "Israël doit être rayé de la carte"
  • Négationnisme iranien
  • La campagne contre l’Iran et le droit international
  • Washington finit par reconnaître la vérité à propos du non existant programme d'armes nucléaire iranien
  • Ali Larijan: “Obama est un hors-la-loi international”

    [*] Presidente da República Islâmica do Irã. Discurso pronunciado perante a 65ª sessão da Assembleia-Geral das Nações Unidas, em 23 de Setembro de 2010.


    O original encontra-se em gadebate.un.org/... . Tradução de RMP.

    Este artigo encontra-se em http://resistir.info/ .