sexta-feira, 17 de agosto de 2012

Escolas não estão preparadas para questões sobre orientação sexual, gerando preconceito e bullyng


Natasha Pitts
Jornalista da Adital

Nos meses de junho e julho, o Movimento de Integração e Liberação Homossexual (Movilh) do Chile fez uma pesquisa com 250 estudantes secundaristas de dez colégios e liceus da região metropolitana. A pesquisa deu origem a um estudo com informações específicas sobre bullying, discriminação homofóbica e transfóbica nas aulas e abordagem da diversidade sexual nos colégios. Movilh crê que conhecer a realidade sobre estes temas é fundamental para implantar políticas públicas.
O objetivo da pesquisa foi saber se os estabelecimentos oferecem aulas sobre sexualidade com enfoque nas minorias sexuais, se existem regulamentos que discriminem estudantes em virtude de sua orientação sexual, conhecer os eventuais preconceitos e também os níveis de aceitação dos estudantes em torno dos direitos das minorias sexuais nos campos do matrimônio e das relações sociais.
Entre os resultados encontrados e registrados no documento "Educação sexual e discriminação”, o Movimento revela que apenas 22,8% das aulas sobre sexualidade abordam a realidade de lésbicas, gays, bissexuais e transexuais. Movilh aponta que é necessário implementar medidas para corrigir esta deficiência, pois "toda vez que se traduz ou potencializa os preconceitos ou ignorância entre os/as alunos/as, isto alimenta o bullying e a discriminação”.
60,1% dos/as estudantes também disseram que em sua instituição de ensino há práticas ou regulamentos que barram as relações sociais entre pessoas do mesmo sexo. Com relação a esta situação, o Movimento aponta que é imprescindível avançar em orientações para acabar com essa problemática, que afeta de forma negativa a compreensão que um setor da população tem de si com relação ao meio.
Os/as estudantes também informaram que apenas 49,6% dos/as professores/as oferecem "sempre ou às vezes” aulas sobre sexualidade, sendo que nestes momentos são escassas as referências a lésbicas, gays, bissexuais e transexuais. Ainda com relação aos docentes, 21,2% dos estudantes escutaram "sempre ou às vezes” comentários discriminatórios por parte destes profissionais.
39% dos entrevistados também revelaram ter conhecimento de casos concretos de discriminação com relação à diversidade sexual. Já 33,2% afirmaram que "sempre (12%) ou às vezes (21,2%)” se pune aos responsáveis pelos atos discriminatórios.
Com relação aos conceitos pré-concebidos pelos/as alunos/as, a pesquisa revela que 38% disseram crer que lésbicas, gays, bissexuais ou transexuais estão mais predispostos a contrair doenças sexualmente transmissíveis. Apesar disso, um dado que segue na contramão do preconceito diz respeito à quantidade de entrevistados que se declarou a favor do matrimônio igualitário: 78%. Além disso, 83,6% falaram que entenderiam se um amigo/a fosse lésbica, gay, bissexual ou transexual.
"A pesar da ignorância dos estudantes em torno de alguns tópicos vinculados à diversidade sexual, existem maiores níveis de discriminação a lésbicas, gays, bissexuais ou transexuais, em práticas ou regulamentos das direções dos liceus ou de seus docentes que nos próprios companheiros”, arremata a organização.
A partir destes resultados, o Movimento concluiu que a educação sexual necessita ser oferecida aos estudantes com maior frequência e melhor qualidade, e também estar vinculada ao entendimento de direitos humanos, pois só assim será possível mostrar que as pessoas discriminadas merecem respeito e devem ser tratadas com igualdade social.

“Processo de paz entre Israel e Palestina não está indo bem”, diz comissário da ONU em Porto Alegre


Filippo Grandi se reuniu com o governador Tarso Genro na manhã desta quinta-feira (16) | Foto: Bernardo Jardim Ribeiro

Samir Oliveira no SUL21

O comissário geral da Agência das Nações Unidas para Assistência aos Refugiados Palestinos no Oriente Próximo (UNRWA), Filippo Grandi, está em visita oficial a Porto Alegre nesta quinta-feira (16). Após reunião com o governador Tarso Genro (PT) às 9h30 no Palácio Piratini, ele conversou com jornalistas e disse que as negociações de paz entre Israel e a Palestina não estão num bom momento.
“Temo que o processo de paz entre Israel e a Palestina não está indo bem. Até que esse processo reinicie e o problema dos refugiados seja discutido, será difícil encontrar uma solução”, disse o comissário geral da UNRWA. Ele ressaltou que a agência para refugiados se limita a dar assistência humanitária e oportunidades aos palestinos que vivem em assentamentos. “A solução para os conflitos é política e não somos uma agência política. Não participamos diretamente das negociações, mas observamos com cuidado”, explicou.
Desde que assumiu o comando da UNRWA em 2010, essa é a primeira vez que Filippo Grandi vem ao Brasil. A agência depende de doações internacionais e vem enfrentando sérios problemas financeiros, com um déficit de 69,4 milhões de dólares até abril de 2012.
Na reunião desta quarta-feira (15) com o ministro das Relações Exteriores, Antonio Patriota, o comissário geral da ONU para refugiados palestinos solicitou que o governo brasileiro torne permanentes e fixas as doações para a UNRWA. “Vim agradecer ao governo brasileiro pelas contribuições financeiras, que têm aumentado nos últimos dois anos. Discuti com o governo a possibilidade de tornar essas doações estáveis e previsíveis, para que o Brasil possa trazer seus recursos e sua voz no debate sobre os refugiados palestinos”, comentou Filippo Grandi.
Atualmente, os maiores doadores para a agência são os Estados Unidos, que injetaram 239 milhões de dólares em 2011. Em maio deste ano, o governo brasileiro já havia se comprometido a aumentar suas dações em 700% para o ano que vem, passando a contribuir com 7,5 milhões de dólares. A UNRWA auxilia cerca de 5 milhões de refugiados palestinos com programas de saúde, educação e assistência social. A maioria vive em assentamentos na Faixa de Gaza, na Cisjordânia, na Jordânia, na Síria e no Líbano.
“O Brasil é um bom lugar para os refugiados”, diz Filippo Grandi
Chefe da UNRWA elogiou acolhimento brasileiro a refugiados | Foto: Bernardo Jardim Ribeiro
Em conversa com jornalistas, o comissário geral da UNRWA disse que considera o Brasil um bom país para receber refugiados. “O Brasil é uma terra de imigrantes, é natural que seja um país aberto a pessoas que buscam refúgio e isso se aplica também aos palestinos. Estou confiante de que o Brasil é um bom lugar para os refugiados”, elogiou.
Durante o encontro com Filippo Grandi, o governador Tarso Genro se comprometeu a interceder junto à presidente Dilma Rousseff (PT) no apoio aos refugiados palestinos no Brasil. “Pode contar com o meu apoio pessoal e político, inclusive com uma declaração junto à presidente Dilma”, garantiu o governador. Tarso aproveitou a ocasião para anunciar que fará uma visita oficial a Israel no primeiro semestre de 2013 e que irá visitar, também, os líderes da Autoridade Nacional Palestina. “Fazemos questão de ir aos assentamentos para que não haja qualquer dúvida sobre a nossa posição e os nossos compromissos para a paz naquela região”, disse o petista.
Durante a reunião, o governador ainda assinou um decreto para a formação de um comitê que irá unificar a assistência dada pelo governo do Estado aos refugiados palestinos. De acordo com a embaixada da Autoridade Nacional Palestina em Brasília, cerca de 40 mil palestinos – a maioria, imigrante –vivem no Brasil. E dados do governo gaúcho apontam que o Rio Grande do Sul possui cerca de 250 refugiados colombianos e palestinos espalhados por 13 cidades.
Ainda durante a quinta-feira (16), Filippo Grandi se reúne com o prefeito de Porto Alegre, José Fortunati (PDT), no final da manhã e se encontra à tarde com líderes da Federação Árabe-Palestina do Brasil (FEPAL) e com organizadores do fórum Palestina Livre.