sábado, 18 de agosto de 2007

A critica é atualíssima.....

Vênus(globo) perde o laquê

Paulo Henrique Amorim

A tecnologia e a concorrência ameaçam o império da Rede Globo

O Boni está feliz da vida e trabalha na rua Lopes Quintas, Jardim Botânico, Rio. É onde fica a Vênus Platinada. Continua a trabalhar, porque a Globo não mudou nada, depois que ele deixou o comando da empresa. Na Globo, não existe “DB”, depois do Boni. A Globo continua na era do Boni.

Nas finanças, a Globo está ótima. Levantou a concordata de 2002, quando deu o calote numa dívida de 1,1 bilhão de dólares. A Globo acreditou em FHC e achou que o real valia um dólar. Endividou-se em dólares e...

(Interessante que, à exceção de CartaCapital, não me lembro de outro órgão de imprensa que noticiasse a concordata da Globo.)

Em abril deste ano, a Globo lançou perpetual bonds no mercado financeiro internacional no valor de 325 milhões de dólares, com juros de 9,375% ao ano. O lançamento era de 250 milhões de dólares, mas a procura foi tanta que a oferta teve de crescer 30%.

A recuperação financeira deve explicar a “nova independência” da Globo, exposta de forma exuberante na eleição de 2006, quando o Jornal Nacional levou a eleição para o segundo turno, como demonstrou, nesta CartaCapital, reportagem exemplar de Raimundo Rodrigues Pereira.

Porém, nem tudo são rosas.

O ano de 2006 demonstrou também que a Globo passou a enfrentar um ambiente político e empresarial mais hostil.


Vejamos:

• Pela primeira vez, desde que se tornou a Vênus Platinada, nos anos militares, a Globo passou a enfrentar, em 2006, um concorrente que tem grana. A Record.

• Pela primeira vez, a Globo enfrenta um concorrente que entrou de sola no filé mignon da tevê brasileira: o mercado de novelas, onde está 25% do faturamento da Globo. O concorrente é a Record.

• A Globo é como aquele campeão peso pesado, que ganhou peso, só enfrentava sparrings e há 15 anos luta do mesmo jeito. E por isso é vulnerável, nesse combate contra um jovem que tem grana no bolso.

• A Globo não tem mais tempo de “go global”. A certa altura, ela tentou ir para a Itália, mas, como me disse, um dia, Bettino Craxi, antes de uma entrevista em Nova York: “Mas, como? Eles resolveram enfrentar o Silvio (Berlusconi), logo o Silvio?” E a Globo deu com os burros n’água.

A Globo deveria ter sido uma forte vendedora no mercado de novelas e jornalismo nos países de língua portuguesa e espanhola fora do Brasil, sobretudo nos Estados Unidos.

Oitenta por cento das receitas da Globo saem da publicidade. A participação da televisão no bolo publicitário brasileiro (um total estimado de 18 bilhões de reais, em 2006) está em 60% há dez anos.

Ou seja, o Brasil ficou pequeno para a Globo. Porque, com os custos fixos que tem – por exemplo, ela tem 475 contratos de exclusividade, de longo prazo, com artistas e pessoal ligado à produção de conteúdo* – a Globo teria de amortizar uma parte disso no exterior.

Porém, a Globo ficou imprensada na província, entre as palmeiras do Jardim Botânico e o Sumaré, e não viu a banda passar. Quem viu foram os mexicanos, os venezuelanos, colombianos e os americanos.

Hoje, a Globo não é mais a primeira em audiência no público que fala português fora do Brasil. É a Record Internacional. Uma vez, sugeri a Walter Zagari, diretor-comercial da Record, o slogan: “No mundo já somos os primeiros. Só falta o Brasil”. A sugestão não foi aceita...

• A Globo também não tem mais como impedir o crescimento de concorrentes no próprio mercado de televisão. Por exemplo, ao longo de 16 anos, a Globo conseguiu conter o crescimento do mercado de tevê por assinatura. Ela sentou em cima do mercado, tomou conta dele e não deixou que competisse com a tevê aberta – ou seja, com a Rede Globo.

Não queria que a tevê por assinatura canibalizasse a Rede Globo.

O Brasil é o país ideal para a tevê por assinatura, por causa da alta urbanização. Com um buraco no chão, você atingiria uma infinidade de domicílios. (É só ver a penetração da tevê por assinatura em Buenos Aires.)

A hegemonia da Globo fez com que, 16 anos depois, a penetração da tevê por assinatura no Brasil fosse de 8% do mercado. A vítima foi a produção independente no Brasil. Não é à toa que o cinema brasileiro é o que é; a dramaturgia brasileira é o que é...

Por causa desse trancamento da produção independente – e da cumplicidade dos governantes brasileiros –, é possível à Globo produzir, ela própria, 88% do conteúdo do horário nobre.

É bom lembrar que, em Hollywood, 50% dos empregos são de pessoas que trabalham em produções independentes para as emissoras de tevê: seriados, soap-operas, sit-coms etc.

Com a eleição de 2006, porém, isso (a cumplicidade dos governantes) pode mudar.

O ambiente político mudou. A Globo não depende mais do governo como dependia antes. E dependeria muito, se o BNDES tivesse conseguido concluir, no governo FHC, uma operação de salvamento da Globo por conta de “um futuro aumento de capital”. Era um negócio tão bom que Roberto Civita, em entrevista que meu deu, quando eu trabalhava na TV Cultura, proclamou: “Assim, eu também quero”.

Aliás, ao inaugurar o Projac, FHC disse: “Eu tenho orgulho da Globo. Eu tenho orgulho do Brasil”. Nessa ordem.

O ministro José Dirceu bem que tentou, no programa Roda Viva, ao comparar a Globo à Varig, arrumar uma grana para a Globo. Mas não conseguiu. A Globo foi à luta e resolveu a reestruturação de sua dívida no mercado financeiro internacional.

Melhor para ela e melhor para o Brasil.

Porque o governo Lula também não deve nada à Globo. Ao contrário: o golpe do segundo turno ficou atravessado na garganta do governo.

  • Também o ambiente institucional, regulatório, se tornou mais escorregadio para a Globo.

Até agora, a Globo conseguiu, como demonstra o professor Murilo Ramos, da Universidade de Brasília, fazer com que o setor de radiodifusão fosse “o mais irregulado” do Brasil. Vale o que a Globo quer. Ou queria.

A começar pelo fato de o ministro das Comunicações não mandar mais. Pela primeira vez na Nova República, que começou com Antonio Carlos Magalhães no Ministério das Comunicações, o atual ministro das Comunicações, Hélio Costa (que, como eu, chefiou o escritório da Globo em Nova York), não manda sozinho no pedaço.

Quem manda mesmo é a chefe da Casa Civil, Dilma Roussef. Foi ela quem decidiu que o sistema da tevê digital seria o japonês. Se foi por causa da Globo, tenho as minhas dúvidas...

É exatamente esse ambiente “irregulado” que agora pode se virar contra a Globo. No saco de gatos que a Globo montou nem ela manda mais.

Como é que a Globo vai evitar que a Telefônica tenha uma tevê por assinatura?

E a Brasil Telecom, que fatura num trimestre o que a Globo fatura no ano? (Aliás, é bom lembrar que tenho – com muito orgulho – um site no iG, empresa controlada pela Brasil Telecom). E se a Brasil Telecom comprar uma tevê por assinatura?

A Globo vai cobrir os céus do Brasil e desligar o transponder?

Vejam que situação interessante, que me relatou um amigo que entende disso mais do que eu.

John Malone, da Liberty Media, e Rupert Murdoch, da News Corp, decidiram que um vai sair da empresa do outro. Malone vende a Murdoch as ações que tem na News Corp. E Murdoch vende a Malone as ações que tem na Liberty Media – e sai da DirecTV.

Malone fica com a DirecTV. Só que Malone não gosta de investir fora dos Estados Unidos. E pode querer vender a DirecTV, que opera na América Latina, a uma tele que opere no Brasil. Como é que fica? A Globo vai impedir que o John Malone, que mora na Califórnia, venda a DirecTV à Telefônica, que fica em Madri? Nem com a ajuda do Ricardo Teixeira e da Fifa.

E aqui entramos no interessante capítulo das novas mídias e da democratização da mídia. A assim chamada “mídia convencional” nunca mais será a mesma.

A internet já é mais lida que os jornais, no Brasil.

Não é preciso dizer que a receita publicitária dos jornais e revistas está em queda.

Revistas: tinham 8,8% do total do mercado publicitário em 1996, e está em 8,6% este ano.

A dos jornais desabou (o que explica, em parte, a fúria antigovernista deles): era de 25,6% em 1996, e passou para 15,7% do bolo publicitário em 2006. Queda de 10% em dez anos.

Ou seja, é mais promissor produzir aço em Pittsburgh, automóveis em Detroit e chapéu-coco em Londres do que produzir jornais no Brasil.

Outro dia, num seminário na Cásper Líbero, imaginei a primeira cerimônia luddista do século XXI: João Roberto Marinho, Roberto Civita, Otavio Frias Filho e Ruy Mesquita, no salão nobre da Fiesp, debaixo do busto do Conde Matarazzo, fazem uma fogueira para queimar os computadores de cem dólares do Nicholas Negroponte.

É porque a democratização da mídia vai se dar na Casas Bahia.

O governo Lula levou o computador à classe C. Com a “MP do Bem”, o acesso ao crédito (especialmente ao crédito consignado) e a massificação do cartão de crédito, inclusive na classe C, o consumo de computador começa a se democratizar.

As vendas de computador vão subir 47% em 2006. Serão vendidos 9 milhões de unidades. Metade disso foi consumida pelas classes C e D. Só o “computador para todos”, que o governo lançou por 1.400 reais, vendeu 380 mil unidades nos nove primeiros meses do ano.

Computador significa internet. O brasileiro fica 20h30 por mês na internet, 37 milhões de brasileiros acessam a internet. São os campeões do mundo. O comércio eletrônico vai bater o recorde em 2006.

Vamos falar agora de outro formato de computador: o celular.

No mesmo seminário na Cásper Líbero, Caio Túlio Costa, presidente do iG, lembrou que a derrota de Aznar e a eleição de Zapatero, na Espanha, em 2004, devem muito à infinidade de SMS que desmentiram a versão da tevê estatal de que o atentado ao metrô de Madri era obra do ETA, e não da Al-Qaeda, como depois se comprovou.

Além de mandar mensagens com a rapidez de um torpedo, o celular passou a baixar e-mails e dar acesso à internet, lembra o relatório de dezembro de 2006 da ITU, a International Telecommunication Union:

“Um em cada três seres humanos no planeta tem celular. E cada vez mais os celulares estarão equipados com câmeras digitais e capacidade para tocar música. Ou seja, o celular começa a se parecer mais com um computador do que com um telefone.”

No Brasil, a penetração do celular foi espantosa: hoje, há 100 milhões de celulares no País. E 60% dos donos de celular enviam e recebem mensagens de texto, torpedos. Com a massificação do celular, a democratização do “computador no celular” de que fala o relatório da ITU será um passo.

Como é que a Globo quer impedir a democratização da mídia? Através da treva tecnológica?

Esteve em tramitação no Congresso uma PEC do senador Maguito Vilela (PMDB-GO), que pretendia exatamente isso: devolver o Brasil à Idade da Pedra. Ou seja, que “o provimento de conteúdo” – em todas as mídias, inclusive no celular – só possa ser feito de acordo com a lei atual de radiodifusão – aquela que interessa à Globo. A nacionalização completa do conteúdo, de preferência por nacionais do Jardim Botânico, quer dizer, do Projac.

(Corre também de forma acelerada um projeto de lei do deputado Luiz Piahylino, não reeleito, com substitutivo de Nelson Marquezelli – PTB-SP –, com a mesma inspiração tenebrosa.)

Eu imaginei submeter, humildemente, ao senador Evandro Guimarães, ou melhor, Maguito Vilela as seguintes perguntas:

• Se a minha sogra argentina tirar uma foto do Pão de Açúcar com o celular e enviar por e-mail para a minha filha que está em Fortaleza, pode?

• Se o meu sobrinho baixar o último disco do Bob Dylan no iPod, ele pode ouvir sentado no McDonald’s da avenida Henrique Schaumann? Ou tem de ser no Habib’s?

• Se um turista tailandês usar uma camereta e filmar um engarrafamento na Marginal do Tietê, postar no YouTube e eu assistir no meu notebook quando estiver em Caruaru, pode?

• O senhor não vai deixar entrar no Brasil a Internet Protocol Television (IPTV), que na Coréia do Sul e em Hong Kong é uma brincadeira de criança? Ou seja, assistir à tevê, na telinha do celular, pode?

• O Mino Carta, em Gênova, pode fazer um post em seu blog, no iG, sobre a excelência do vinho espanhol? Ou só pode se for sobre o Miolo?

• Jamais teremos a digital wallet, a carteira digital, que a Nippon Telegraph and Telephone começou a distribuir no Japão? É um celular com as características de um cartão de crédito. Você compra o que quiser... com o celular. Pode, senador?

• Ou é melhor transferir o iG para Ciudad del Leste e começar a postar as minhas enquetes e os meus vídeos de lá. Senador, o senhor pretende construir um Muro da Treva, na Ponte da Amizade, com o logo da Globo, em cima, todo iluminado de azul?


Mídia, Guerra e Narcoparamilitarismo

As declarações de Nordier Giraldo, narcoparamilitar, demonstram que os meios de comunicação em poder da oligarquia se converteram em prostitutas que servem ao melhor apostador. El Tiempo e a guerra. A Revista Semana e o narcoparamilitarismo. O povo tem que construir seus próprios meios de comunicaçãao, escreve Allende La Paz.


Allende La Paz, ANNCOL

A primeira vítima da guerra é a verdade, é um axioma de Perogrullo. Tem sido sempre assim ao longo da história, muito mais agora com o mundo ‘globalizado’ onde se interconectam em questão de frações de segundo lugares tão distantes como Iraque e Colômbia, para dar dois exemplos.
Os meios de comunicação em poder da oligarquia justificam a guerra antecipada do estado contra o povo colombiano. A têm como indispensável para sanar as diferenças políticas e ideológicas entre os colombianos, quer dizer, entre a oligarquia que maneja as molas do poder e o povo que carece de tudo menos de ganas de viver. Além disso a guerra os enriquece.

El Tiempo e a guerra.

Enrique Santos Calderon: “… A um inimigo não convencional não se pode enfrentar com métodos convencionais. Há que colocar-se como ele. Não dar a cara, golpear no escuro…”


El Tiempo é talvez o mais claro expoente do papel que jogam os meios de comunicação burgueses na guerra. Utilizando diversas manobras trata de desinformar aos colombianos ao invés de cumprir a verdadeira função jornalística. Na guerra que avança a oligarquia colombiana e o império estunidense a verdade é a primeira vítima, como em toda guerra. E El Tiempo aplica com gosto – despudoradamente diz Antonio caballero – este principio. Recorre a todos os ardis conhecidos e por criar, aos existentes e aos imaginários.
Ivan Cepeda e Claudia Girón analizaram acertada e precisamente o movimento do diário dos Santos em exposição apresentada no Seminário ‘A memória frente aos crimes de lesa humanidade’, r4ealizado em Bogotá em homenagem a Manuel Cepeda vargas, nos dias 9 e 10 de agosto de 1995. Dizem eles:
Continuando, vamos assinalar cinco casos concretos tomados do periódico El Tiempo, nos quais ficam evidentes alguns aspectos da manipulação ideológica da informação:
I. Sátira, Demonização e Deformação da Oposição Política Legal.
A caracterização da oposição legal como parte do inimigo interno, é um mecanismo que se observa com freqüência nas páginas de El Tiempo. A legitimidade política de reconhecidas figuras da vida nacional e de numerosas instituições é posta em dúvida mediante diversos tratamentos da mensagem. Com este propósito se utilizam, por exemplo, a caricatura, a calúnia, a adjetivação em termos tendenciosos, o silencio e a minimização dos acontecimentos.

Caso nº 1:

Na edição de 19 de fevereiro de 1993 em El Tiempo, na página 5-A, aparece a caricatura titulada El Alquimista, na qual se ridiculariza e difama ao Dr. Alfredo Vasquez Carrizosa, Presidente do Comitê Permanente dos Direitos Humanos. Nesta chacota se satiriza a proposta de o Doutor Alfredo Vasquez candidatar-se ao Prêmio Nobel da Paz.
II. Insinuação de Advertência Explícita sobre o Extermínio dos Representantes da Oposição Política Legal.
O jornal El Tiempo, reiteradamente insinua, sugere ou adverte explicitamente, que pelas ações dos movimentos guerrilheiros, os representantes da oposição legal podem ser objeto de ações de extermínio; insinuação e advertência que gera um clima de tensão e ameaça permanente.

Caso nº 2

Segundo Enrique Santos Calderón: “… A um inimigo não convencional não se pode enfrentar com métodos convencionais. Há que colocar-se como ele. Não dar a cara, golpear no escuro…” (citado no Tribunal Permanente de los Pueblos: p. 497). No entanto, ao reportar o magnicídio contra Manuel Cepeda Vargas, na seção Coisas do Dia, sob o significativo título de Olho por Olho (El Tiempo, 11 de agosto 1994, pág. 4 A), se afirma que este diário nunca esteve de acordo com a retaliação que expressa o princípio da Lei de Talião. Que reza: “Olho por olho, dente por dente”.
III. Linguagem subliminar sobre o extermínio da Oposição Política Legal e da Violação dos Direitos Humanos.
Como complemento da manipulação direta e explícita do tema mencionado, este meio de informação faz uso de sofisticados mecanismos de caráter subliminar, que sob diferentes modalidades, nas que se destacam elementos de contraste formal e estrutural (a cor, a imagem, o tamanho, a dimensão e o aproveitamento espacial, a linguagem, etc.), gera manipulação psíquica a partir do impacto visual, o que se traduz em efeito de apropriação inconsciente por parte do leitor. Esta manipulação psíquica por um lado, dificulta ao receptor codificar e elaborar as mensagens, assimilando de forma separada os elementos que compõe a imagem, ao mesmo tempo em que conforma a estrutura total da mensagem desejada no inconsciente. A combinação de elementos totalmente contraditórios em um mesmo contexto, é uma das formas da manipulação subliminar.

Caso nº. 3

Na edição de 11 de fevereiro de 1993, de El Tiempo, na página 1-A, aparecem, uma ao lado da outra, duas noticias: A primeira “Carro-bomba: 16 mortos” e a segunda: “Carnaval sem o mico ao ombro”. Na primeira notícia se anuncia a morte de 16 pessoas como saldo do atentado contra a União Sindical Operária, perpetrado em Barrancabermeja. Na segunda, se dá conta do início do Carnaval de Barranquilla, fato que se ressalta com os rostos sorridentes das rainhas e a figura grotesca de um homem fantasiado de símio. O contraste entre a tragédia que afeta a uma organização sindical e a população em geral, e a alegria que transmite a outra noticia, é na realidade uma vulgarização que descontextualiza o fato violento e desvia a atenção do observador. A contradição se constitui em Isolante Emocional, em um inibidor da sensibilidade a partir do efeito grotesco que se produz.
Outros elementos, mais refinados e sutis, buscam impactar de forma integral o observador, a partir de uma estrutura formal compacta que envolve um nível de coerência ideológica mais complexo.

Caso nº 4

Na edição de abril de 1993 de El Tiempo, aparece no centro da página 4-A, uma fotografia na qual um homem limpa com um jato de água uma parede na qual estão pregados grandes cartazes com a legenda “Partido Comunista”. O título da fotografia é: “Eureca: Limpeza”. Assim mesmo na edição de 31 de dezembro de 1994, na página judicial aparece a noticia: “Vinculam irmão de ‘Rambo’ ao assassinato do Senador Manuel Cepeda Vargas”. Ocupando dois terços da mesma página, pode-se observar em primeiro plano e colorido, um aviso publicitário de reciclagem de desperdícios, com um grande título que diz: “Lixo”. Nestas mensagens subliminares, a eliminação física dos setores de oposição se insinua disfarçadamete como uma modalidade de Limpeza Social em nosso país, estabelecendo-se a impunidade e o esquecimento como formas de reciclagem da História.
IV. Normalização Subliminar da Corrupção Política.
As mensagens subliminares são utilizadas como mecanismo psicológico não só para justificar ou legitimar o extermínio da oposição política, como também para normalizar e naturalizar frente à opinião pública, aspectos da realidade colombiana como a corrupção da classe política e seus dirigentes.

Caso nº 5

No dia 16 de abril de 1993, na página 6-A, página dedicada às noticias políticas, se apresenta o aviso publicitário de uma telenovela, que cobre a metade da página. No dito aviso aparece um personagem fazendo um discurso, e a seu lado a seguinte mensagem: “Este é um político honrado que busca o bem comum, e é bem comum que sempre tire vantagem”. No resto da página aparecem noticias sobre a realidade política nacional e a fotografia de um conhecido dirigente. O aviso publicitário, que satiriza a corrupção administrativa através da frivolidade do personagem da telenovela, localizado ao lado da informação real sobre a atualidade política do país, apresenta este fenômeno como algo aceitável e culturalmente assimilado.
Apesar de haver sido enunciada esta tese em 1995 ainda hoje conservam enorme vigência. Vejamos o publicado em 11 de abril de 2007 que nos mostra que a tergiversação e a insânia são intrínsecas ao pensamento dos donos do que hoje se converteu na casa editorial El Tiempo, um enorme monopólio da comunicação que cresceu mamando dos dinheiros provenientes da guerra. Diz El Tiempo:
Guerrilha das FARC teria infiltrado polícia de Costa Rica para tráfico de armas.
Segundo o vice ministro de Segurança Pública do país, Rafael Gutierrez, cinco agentes foram detidos durante a localização de um carregamento de fusís, metralhadoras e 30 mil balas para Colômbia.
Gutiérrez disse a um correspondente do diário El Universal do México em Costa Rica que procederá uma limpeza no interior da corporação policial para erradicar os possíveis nexos com o grupo armado colombiano.
Segundo o ministério, o carregamento de armas ia ser transladado por terra para o Panamá, quando foi interceptado. Isso permitiu que identificassem a formação da célula ilegal, de cuja operação resultaram detidos os cinco policiais e três pessoas cujas nacionalidades não foram informadas.
Costa Rica erradicou em 1948 seu Exército para atribuir todos os poderes militares à Polícia Nacional.
O caso atual seria o segundo incidente deste tipo nesse país. Depois de em junho de 2006 uma rede de narcotraficantes colombianos, costarriquenhos e panamenhos, teriam subornado policiais em um caso de homicídio de um colombiano vinculado ao tráfico de drogas, assinala o diário mexicano em sua versão digital.
Apesar do que foi dito, não há nenhuma evidência que prove que o contrabando de armas haja sido realizado por membros das FARC, nem sequer que seu destino fosse esta organização insurgente armada. De onde se alimenta El Tiempo? De outro meio? E quem nutre esse meio? Supostamente os meios costarriquenhos.
Sabemos que ali em Costa Rica, agentes das agências dos EEUU pagam a jornalistas costarriquenhos para que qualquer interceptação de cocaína ou de armas se impute às FARC sem nenhuma prova. Como se pode ver não são mais que boatos, que uma vez levados a rodar são reproduzidos pelos diferentes países e são convertidos desta maneira em verdade. É o mesmo estratagema usado no Iraque e em todo o mundo.
É à sombra da guerra que EL Tiempo se converteu em casa editorial e hoje se dirige a converter-se em monopólio, alçado logicamente pelo regime narcoparamilitar que paga os favores recebidos e os declara isentos de imposto e contratos por 9 bilhões de pesos. Sempre me tenho perguntado: É ou não é uma forma de vender-se?
Revista Semana e narcoparamilitarismo
63 milhões recebeu a Revista Semana por publicar uma reportagem do señor Hernán Giraldo.
Hoje leio em El Heraldo – um diário local – que o sobrinho do capo narcoparamilitar Hernan Giraldo, que arrasaram Santa Maria e Magdalena em sua ‘confissão’ ante a prefeitura disse segundo o diário: “Se referiu a uma publicação da Revista Semana da edição de 02 de fevereiro de 2006, intitulada “O Senhor da Serra”.
…De acordo com Giraldo Giraldo, o semanário teria recebido 63 milhões para que enviasse algum de seus jornalistas à Serra Nevada e publicasse um artigo sobre o ‘Patrão’.
…O dinheiro foi enviado com José Gévez Albarracin (aliás o ‘grisalho’) em 30 de janeiro de 2006, antes da desmobilização. Se buscava que os meios de comunicação saquessem algo favorável porque se falava mal do senhor (Giraldo Serna)”.
Isso não é nada estranho. É a prostituição do nobre exercício do jornalismo. A Revista Semana – parte da casa editorial El Tiempo – atua permanentemente como porta-voz das forças militares e já vemos como se lucra ao realizar ‘reportagens’ para mostrar o poder dos grupos narcoparamilitares.
Este lucro, além de imoral e antiético, é criminoso. As vítimas produzidas pela turba assassina do capo narcoparamilitar Hernán Giraldo, são testemunhas de guerra que este ‘senhor’ como lhe chamam na Revista Semana, investiu – e investe – contra vítimas inocentes, inertes e desarmadas.
Também vemos que os diretores da Semana saem refutando as afirmações do narcoparamilitar Giraldo Giraldo, mas é extremamente gritante que nenhum dos meios em poder da oligraquia, nem sequer a mesma revista, haja feito uma reportagem a nível nacional destas ‘confissões’ de Giraldo. Informção oportuna, verídica?
Uma informação verídica
Da esquerda temos sempre denunciado o papel dos meios de comunicação jogam nas políticas dos estados e especialmente nos países onde se praticam guerras do estado contra o povo, no que se tem chamado acertadamente de Terrorismo de Estado. Esses meios se convertem em incitadores (atores) e beneficiários, ao tempo da guerra, transpassando todos os princípios éticos e desprezando os valores morais.
Por esta razão o povo deve construir seus próprios e , neste mundo globalizado, oportunos, rápidos e verdadeiros meios de comunicação, que lhe brinde informação objetiva ao povo e neutralize os propósitos midiáticos dos meios burgueses.
Devemos recordar o que nosso libertador Simon Bolívar dizia:
Em moral como em política há regras que não se devem transpassar, pois sua violação costuma custar caro.